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MENSAGEM DO PAPA PAULO VI
AOS FIÉIS PORTUGUESES POR OCASIÃO
DO PRIMEIRO CENTENÁRIO
DO SANTUÁRIO DO SAMEIRO

 

 

Amados filhos e filhas de Portugal!

Portugal, filho bem amado da Igreja Católica, deu testemunho da sua Fé, desde os alvores da sua existência. Já no berço de Guimarães propôs-se o ideal da expansão do Catolicismo, juntamente à dilatação do seu Reino.

Cristo e a Virgem Santíssima apaixonaram-no de zelo apostólico: gravou na sua Bandeira cinco Quinas, como símbolo das cinco Chagas de Jesus; consagrou-se, desde a sua infância, a Nossa Senhora e, oferecendo-lhe os seus filhos, o seu território, chamara-se « Terra de Santa Maria ». Cresceu e, cheio de «Cristãos atrevimentos» (1) rasgou «mares nunca dantes navegados» (2) para a fé e o Reino dilatar.

Caminhou firme na sua fé, através dos séculos, superando vendavais da História que abalaram tantos corações que, depois, se afastaram da Igreja Católica. Esta graça de preservação ― merecida pelo seu amor a Cristo e devoção à Virgem ―  foi constatada depois pelo Nosso Antecessor Bento XIV que concedeu a Portugal, com Breve Apostólico (3) o título de Fidelissime ―  na pessoa dos seus reis. (4)

Eis Portugal, a dar testemunho, mais uma vez, do seu amor à Virgem Santíssima, no momento em que Ela era exaltada numa das suas prerrogativas mais belas: a Sua Imaculada Conceição. Ela era e é a Padroeira de Portugal. Por isso, a «Casa Lusitana» (5), juntamente aos católicos do mundo inteiro, exultou de júbilo ao ser definido o dogma da Imaculada. E tão grande foi a sua alegria que quis concretizá-la na edificação de um monumento nacional para recordar aos vindouros este momento histórico mariano. Para a realização desta obra, tendo como principal promotor o Padre Martinho, foi escolhida a Montanha do Sameiro, sobranceira à Cidade dos Arcebispos, entre vós conhecida como Roma Portuguesa, dominando do outro lado a linda região de Guimarães, onde nasceu Portugal.

A Arquidiocese de Braga, de gloriosas tradições cristas, conserva bem vincada na alma dos seus fiéis a devoção a Nossa Senhora. No próprio rito bracarense, em vigor em toda a Arquidiocese, o culto mariano tem lugar preeminente.

Hoje concluís, amados Filhos e Filhas, de um modo tão solene, na presença de todo o Episcopado, a celebração do primeiro centenário do Santuário do Sameiro, precedida por uma semana de estudos marianos que se realizara na cidade de Braga. Quanto é consolador para Nos recordar que o Nosso Antecessor Pio IX, de venerável memória, depois de enriquecer esse templo de indulgências (6) benzeu ele mesmo a Imagem , de N. Senhora que ai tendes diante de vós. Quisemos também Nós participar do júbilo que neste momento vos inunda a alma, manifestando o vosso amor à Santíssima Virgem na homenagem que lhe estais a prestar. «Cantate Domino, benedicite nomini eius ... Adnuntiate inter gentes gloriam eius». «Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome ... Anunciai entre os povos a sua gloria». (7)

Ai, no extremo da Europa, «onde a terra se acaba e o mar começa» (8), está também o Nosso coração. Estamos convosco, unidos aos vossos Pastores para agradecer à Mãe de Deus a protecção que vos dispensou, durante os oito séculos da vossa história. Merecestes uma visita da Senhora no altar de Fátima. E mais um motivo para levantares hoje no Sameiro um hino de acção de graças à vossa Padroeira. «Canta te Domino». Cantai ao Senhor! Louvai a sua Mãe maculada! E daqui, da Cidade Eterna, o coração do Papa, que tanto vos ama, palpita em uníssono com o vosso.

Mas, amados Filhos e Filhas de Portugal Aderissimo, vós sois herdeiros de uma gloriosa história missionária. Levantai uma prece, juntamente Connosco, à Virgem Santíssima para que Ela suscite nas vossas famílias cristãs vocações missionárias, santas e zelosas que, trilhando os caminhos dos vossos antepassados, levem à África, à Asia, à América Latina, a Luz do Evangelho. Há tantas almas sequiosas da Verdade e os operários do Senhor são ainda tão poucos! «Adnuntiate inter gentes gloriam eius» !

Daqui, de tão longe, parece que ouvimos a vossa prece cantada em hino à Senhora: «Vela por nós filhos teus, Mãe de Jesus, nossa Mãe! Tu podes, és Mãe de Deus; e deves és nossa Mãe !». 

Sim! pedi a Nossa Senhora. Ela, como Mãe de Deus é poderosa; como nossa Mãe, terna e bondosa, escutará as nossas preces.

Em penhor deste Nosso voto, concedemos ao dilecto Legado Nosso, aos veneráveis Irmãos, Clero e Religiosos, ao Ex.mo Presidente da República, ao Ex.mo Chefe e membros do Governo, a todos os amados filhos de Portugal a Nossa paternal Bênção Apostólica.

 

1. Lus. 7, 14.

2 Id. 1, 1.

3. 23 Die. 1748

4. cfr. Bullarium Romanum, Venetiis, tip. Gatti, 1778, t.III, p.1.

5. Lus. 7, 14.

6. Cfr. Sec. Brey. 1870: Indul. Perp., 18 Feb. 1870

7. Ps. 95, 2-3.

8. Lus. 3, 20.

 

 


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