EVANGELII GAUDIUM - page 113

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de Deus. O seu coração, esperançado na prática
alegre e possível do amor que lhe foi anunciado,
sente que toda a palavra na Escritura, antes de ser
exigência, é dom.
143. O desafio duma pregação inculturada con-
siste em transmitir a síntese da mensagem evan-
gélica, e não ideias ou valores soltos. Onde está a
tua síntese, ali está o teu coração. A diferença en-
tre fazer luz com sínteses e o fazê-lo com ideias
soltas é a mesma que há entre o ardor do coração
e o tédio. O pregador tem a belíssima e difícil
missão de unir os corações que se amam: o do
Senhor e os do seu povo. O diálogo entre Deus
e o seu povo reforça ainda mais a aliança entre
ambos e estreita o vínculo da caridade. Durante o
tempo da homilia, os corações dos crentes fazem
silêncio e deixam-No falar a Ele. O Senhor e o
seu povo falam-se de mil e uma maneiras directa-
mente, sem intermediários, mas, na homilia, que-
rem que alguém sirva de instrumento e exprima
os sentimentos, de modo que, depois, cada um
possa escolher como continuar a sua conversa. A
palavra é, essencialmente, mediadora e necessita
não só dos dois dialogantes mas também de um
pregador que a represente como tal, convencido
de que «não nos pregamos a nós mesmos, mas a
Cristo Jesus, o Senhor, e nos consideramos vos-
sos servos, por amor de Jesus» (
2 Cor
4, 5).
144. Falar com o coração implica mantê-lo não
só ardente, mas também iluminado pela integri-
dade da Revelação e pelo caminho que essa Pa-
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