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SYNODUS EPISCOPORUM

XIII ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DO SÍNODO DOS BISPOS

RELATÓRIO POST DISCEPTATIONEM
PRONUNCIADO PELO CARDEAL DONALD WILLIAM WUERL
NA ABERTURA DA DÉCIMA SEXTA
CONGREGAÇÃO GERAL (*)

Terça-feira, 17 de Outubro de 2012

 

Padres Sinodais
Irmãos e Irmãs no Senhor

«Sereis minhas testemunhas» (Act 1, 8).

O Sínodo sobre a nova evangelização para a transmissão da fé cristã iniciou com a celebração da liturgia Eucarística na praça de São Pedro. O nosso Santo Padre guiou-nos, recordando-nos que uma das ideias que sobressaíram do concílio Vaticano II, de grande relevância para a nova evangelização, é o conceito da vocação universal à santidade e o modo como cada cristão é, por definição, um protagonista na obra de evangelização. «Uma das ideias-guia do renovado impulso que o concílio Vaticano II deu à evangelização é a chamada universal à santidade, que como tal diz respeito a todos os cristãos (cf. Lumen gentium, 39-42)».

Os santos são evangelizadores que levam a Palavra de Deus ao mundo mediante o testemunho das suas vidas. Dois exemplos deste eficaz trabalho de inculturação do Evangelho são são João de Ávila e santa Hildegarda de Bingen, que foram declarados doutores da Igreja pelo Papa Bento XVI no início deste Sínodo.

Os nossos debates na sala foram inspiradas pelas palavras do Santo Padre. Na meditação para a oração de abertura, o Papa Bento XVI recordou-nos que a confessio é o primeiro dos dois pilares para a evangelização. Ou seja, devemos conhecer e proclamar a verdade de Jesus Cristo. Mas o segundo destes pilares é caritas, o amor. Só quando vivemos a palavra de modo inseparável do amor alcançamos a evangelização tão desejada por este Sínodo. «A fé tem um conteúdo: Deus comunica-se, mas este Eu de Deus mostra-se realmente na figura de Jesus e é interpretado na “confissão” que nos fala da sua concepção virginal do Nascimento, da Paixão, da Cruz, da Ressurreição» (Meditação, 8 de Outubro de 2012).

Também a 11 de Outubro, durante a celebração na qual foi proclamado o início do Ano da fé e recordado o cinquentenário do início do concílio, o Santo Padre indicou outra directiva importante para o nosso trabalho: «Havia durante o concílio uma propensão comovedora em relação à tarefa comum de fazer resplandecer a verdade e a beleza da fé no hoje do nosso tempo, sem a sacrificar às exigências do presente nem a manter ligada ao passado: na fé ressoa o eterno presente de Deus, que transcende o tempo e contudo pode ser acolhido por nós unicamente no nosso hoje irrepetível» (Homilia, 11 de Outubro de 2012).

Durante as semanas passadas ouvimos com atenção as reflexões sobre o que a nova evangelização significa e de que modo a Igreja pode enfrentar as preocupações que levaram o Santo Padre a esta chamada à nova evangelização. As meditadas intervenções dos padres sinodais, e também dos auditores, dos delegados fraternos e dos convidados especiais, enriqueceram as nossas sessões. O Ordo synodi episcoporum afirma que a tarefa do relator-geral é produzir a relatio post disceptationem que sintetize do melhor modo os debates para que o processo possa passar para a fase seguinte.

As reflexões a seguir pretendem ser um instrumento para ajudar o debate dos grupos linguísticos (círculos menores) enquanto preparam as propositiones para apresentar ao Santo Padre no final do nosso trabalho. A estas observações, acrescento alguns pontos que exigem ser desenvolvidos.

Nesta relatio resumo uma parte das observações apresentadas em relação aos seguintes temas:

1. a natureza da nova evangelização;
2. o contexto actual do ministério da Igreja;
3. as respostas pastorais às circunstâncias actuais, e
4. agentes e participantes na nova evangelização.

1. A natureza da nova evangelização

Dos debates sinodais sobressaiu muito claramente a ideia de que o fundamento da nova evangelização para a transmissão da fé é antes de mais a acção da Santíssima Trindade na história. Deus Pai envia o seu Filho, o qual leva consigo a verdadeira Boa Nova de quem somos no poder do Espírito Santo. A Igreja está envolvida neste movimento de Auto-revelação Divina que começa com a Bem-Aventurada Virgem Maria quando, sob a acção do Espírito Santo, recebe no seu seio a Palavra de Deus que se encarnou nela para se poder dar ao mundo inteiro. É a Palavra encarnada que oferece as suas palavras de vida eterna aos que n’Ele têm fé. Depois da sua morte e ressurreição, Jesus enviou a Igreja, sua esposa e seu novo corpo, ao mundo para continuar a sua missão evangelizadora.

«Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações... ensinando-lhes a observar todos os meus mandamentos» (Mt 28, 19-20).

Jesus libertou-nos do poder do pecado e salvou-nos da morte. A Igreja recebe dele não só a grande graça que o seu Senhor conquistou para ela, mas também o mandamento de partilhar e dar a conhecer a vitória de Cristo. Foi-nos ordenado de transmitir fielmente ao mundo o Evangelho de Jesus Cristo. A evangelização é a missão primária da Igreja.

Na sua meditação de abertura, o nosso Santo Padre recordou-nos que a Igreja tomou a palavra «evangelium» e interpretou-a duma maneira nova e vivificadora, e portanto, quando a proclamamos, participamos no mistério profético dos apóstolos, da Igreja.

Na mesma meditação, o nosso Santo Padre ressaltou a primazia de Deus na evangelização. Deus é aquele que fala e age na história. Nós, graças ao fogo do Espírito Santo, somos chamados a trabalhar humildemente com Deus mediante a nossa profissão de fé e de amor por meio da qual a Palavra de Deus nos atravessa para alcançar os outros.

A Igreja nunca se cansa de anunciar o dom que recebeu do Senhor. O concílio Vaticano II recordou-nos que a evangelização é o centro da Igreja. Na Lumen gentium, texto fundamental e coração da reflexão conciliar sobre a vida da Igreja, os padres conciliares frisaram que «este solene mandamento de Cristo de anunciar a verdade salvífica, a Igreja o recebeu dos apóstolos para prosseguir o seu cumprimento até aos confins da terra» (17).

O dever de anunciar a verdade salvífica não é só responsabilidade do clero e dos religiosos. Aliás, o Sínodo ressaltou o importante papel de cada discípulo de Cristo na missão de difundir a fé. O debate acentuou a participação decisiva e vital de cada católico na missão evangelizadora, sobretudo mediante o compromisso solícito e graças aos dons dos fiéis leigos.

Pergunta 1: Mediante o baptismo, todos os cristãos recebem uma vocação pessoal que lhes confere a dignidade de ser evangelizadores. Como pode a Igreja promover em todos os baptizados mais consciência da sua responsabilidade missionária e evangelizadora?

«Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre!» (Hb 13, 8) e portanto, renova «todas as coisas» (Ap 21, 5). Esta Boa Nova inclui os muitos momentos da evangelização. Um é a missão ad gentes, ou seja, o anúncio do Evangelho a quantos nunca ouviram falar de Jesus Cristo. Outro momento da evangelização é a catequese contínua e o crescimento da fé que normalmente faz parte do desenvolvimento cristão. Encontramos também depois a nova evangelização, que implica ir ao encontro dos que, tendo ouvido falar de Cristo, tinham começado a praticar a fé, mas por algum motivo abandonaram-na.

Pergunta 2: Uma actividade urgente, em geral no contexto da vida paroquial, implica o primeiro anúncio da fé e o seu desenvolvimento gradual. Como pode a comunidade cristã tornar-se mais consciente da importância desta actividade catequética e educativa?

2. O contexto actual do ministério da Igreja

Quando começámos os nossos trabalhos, fomos ajudados em grande medida pelas reflexões de bispos que representavam os cinco continentes, os quais falavam ao mesmo tempo dos desafios e da comunhão da Igreja. Todas as intervenções expressaram aspectos da situação actual, fazendo referência aos documentos sinodais continentais e às exortações apostólicas oferecidas pelo nosso Santo Padre, Bento XVI.

Mesmo sendo diversos nos pormenores, todos os continentes evidenciaram a necessidade da nova evangelização pois as suas culturas estão atingidas pelo processo de secularização, mesmo que se apresente de modos diversos de acordo com as áreas geográficas.

Os sinais da nova evangelização em África, Ásia, Oceânia e Europa incluem uma multiplicidade de formas nas quais as pequenas comunidades cristãs se tornaram centros vivos de evangelização. A renovação das paróquias continua a ser um ponto central da renovação da Igreja. A acção dos leigos é um desenvolvimento essencial e fecundo. Alguns ressaltaram a forte tendência à globalização e os seus efeitos, sobretudo nos jovens. Ao mesmo tempo, todos frisaram que o centro da nova evangelização é Jesus.

Uma situação particularmente delicada emergiu das intervenções relativas ao Próximo Oriente. Foi-nos recordada a importância da presença dos cristãos naquela zona e que os católicos expressam gratidão profunda pela recente exortação Ecclesia in Medio Oriente e, em particular, pela visita do nosso Santo Padre ao Líbano, que foi um testemunho, muito apreciado, à Igreja daquela parte do mundo dominada pela influência muçulmana. Houve um esforço claro de promover o diálogo inter-religioso como instrumento de paz. Foram reconhecidas, também, as dificuldades que as comunidades cristãs devem enfrentar.

A presença do Patriarca Ecuménico, Bartolomeu I, do Arcebispo de Canterbury, Doutor Rowan Williams e dos delegados fraternos, testemunhou o forte compromisso ecuménico da Igreja católica, como foi observado por mais de um padre sinodal.

Pergunta 3. Muitas intervenções ressaltaram um consenso sobre o facto de que este é um momento de reexame do ministério da Igreja de uma forma que reconhece o novo contexto no qual a Igreja exerce o seu ministério perene de levar o Evangelho de Cristo ao mundo. Quais foram algumas das experiências fecundas desta actividade?

Muitos padres falaram do secularismo e da indiferença em relação à religião ínsitos na cultura de muitas partes do mundo. Por este motivo, a Igreja deve fazer face aos desafios de um mundo que procura noutras partes as suas fontes de inspiração.

Muitas intervenções fizeram notar a grande ignorância da fé e até dos seus rudimentos, que prevalece também naqueles países que têm uma longa história cristã.

Pergunta 4. Face à diminuição dos conhecimentos sobre o conteúdo da fé e à falta de apreço pela mensagem evangélica, quais novas iniciativas foram tomadas para promover um ensinamento claro, motivador e completo, sobretudo para os jovens?

A globalização apresenta também desafios excepcionais. A emigração e a imigração de grande número de pessoas causou o afastamento em relação aos contextos culturais, sociais e religiosos da sua fé. Muitos valores religiosos e humanos foram eclipsados pelo secularismo.

Grande parte da cultura de hoje apresenta uma visão que debilita o tecido social. Alguns padres apresentaram exemplos de violência local, e outros falaram de uma diminuição da liberdade religiosa. Tudo isto constitui um desafio que a Igreja deve enfrentar em muitas partes do mundo.

Muitos padres falaram da importância dos meios de comunicação social, sobretudo dos novos meios electrónicos, quando a Igreja se compromete no seu ministério de proclamação da Boa Nova. Alguns frisaram que não é suficiente apresentar simplesmente o cristianismo e os valores cristãos na internet ou em filmes religiosos. É necessário entrar na linguagem da nova mídia. A Igreja precisa de aprender a arte da comunicação da prática concreta das comunicações modernas.

Pergunta 5. O Sínodo frisou a gravidade dos desafios que a Igreja deve enfrentar hoje e que obstam à transmissão da fé, sobretudo a ausência de uma dimensão transcendental numa cultura secularizada. Quais podem ser os desafios da secularização e quais os remédios existentes ou potenciais?

3. As respostas pastorais às circunstâncias hodiernas

É necessário fortalecer a ideia de comunhão eclesial, de um vínculo com Deus e por conseguinte nosso como Igreja. Foi reafirmada a necessidade de nos dirigirmos aos sacramentos, sobretudo aos sacramentos da iniciação, da penitência e, sobretudo, de pôr no centro a Eucaristia.

A exigência suprema do nosso tempo é uma renovação espiritual que a Igreja está chamada a proclamar e realizar. A renovação espiritual é o elemento mais importante da nova evangelização, porque implica a renovação do encontro pessoal com Jesus Cristo e uma catequese que promova o nosso crescimento espiritual.

Pergunta 6. A proclamação do Evangelho é em primeiro lugar um tema espiritual radicado numa relação pessoal com Jesus Cristo através da Igreja. Qual é o melhor modo com que a Igreja pode criar espaço e momentos para um encontro com Cristo e promover melhor uma renovação espiritual, a conversão, a formação de fiéis para todos os baptizados?

O nosso compromisso pessoal não termina com a nossa iniciativa individual. A primeira carta de São Pedro recorda-nos que fomos «regenerados não de uma semente corruptível mas incorruptível, por meio da palavra de Deus viva e eterna» (1 Pd 1, 23).

O Espírito Santo reaviva o nosso compromisso ao procurarmos redescobrir a verdade expressa no credo. O Espírito fortalece-nos quando nos confiamos à vida de graça e de virtude prometida pelos sacramentos. O Espírito apoia a nossa confiança quando abrimos os pontos mais profundos dos nossos corações para que os seus dons nos tornem mais firmes na vivência da nossa fé. A nova evangelização deveria ser feita na sociedade na qual vivemos. A cultura é o âmbito da nova evangelização. A cultura refere-se ao agir quotidiano, às várias redes de compreensão e de significado que estão na origem dos numerosos contactos quotidianos entre a pessoa, a comunidade e a sociedade. A cultura forma um vínculo vital que relaciona a pessoa com a comunidade e a comunidade com a sociedade.

Neste sentido, a oportunidade de promover o Pátio dos Gentios foi indicada como uma grande contribuição à evangelização da cultura.

Outros recordaram ainda ao Sínodo que a atenção aos enfermos e aos sofredores é um elemento essencial da evangelização. Os doentes, os que são portadores de deficiência e os que têm necessidades especiais são contudo capazes de se tornarem agentes da evangelização.

Um dos temas recorrentes é a exigência de ressaltar o papel da Igreja como presença autêntica de Cristo no mundo de hoje. A Igreja não alheia ao plano salvífico de Cristo. Vários bispos falaram da necessidade de fortalecer o papel do magistério da Igreja em relação a quantos estão comprometidos no ensino da fé, quer a nível da reflexão teológica, quer no âmbito do ensino básico, superior ou universitário, assim como em todas as manifestações da catequese.

Pergunta 7. A vida cristã caracteriza-se pela transformação de toda a pessoa em resposta à vocação à santidade. De que modo a Igreja pode ajudar os baptizados a viver a fé cristã e a prestar um serviço de testemunho à força transformadora de Deus na nossa história?

Numerosas respostas de natureza pastoral mencionaram as obras de justiça social e as obras de caridade como características distintivas da vida e do ministério da Igreja. A capacidade da Igreja de cumprir as suas numerosas obras de amor, nos âmbitos da justiça social, do serviço, da atenção no campo da saúde ou da educação foram vistas como elementos da sua identidade e sinais nos quais os outros podem reconhecer a presença activa de Deus no nosso mundo.

Pergunta 8. O testemunho da caridade de Cristo, através das obras de justiça, de paz e de desenvolvimento, é um elemento da nova evangelização. De que modo a rica doutrina social da Igreja pode proclamar e testemunhar melhor a fé?

Muitos padres sinodais recordaram um novo Pentecostes, vendo na acção de hoje da Igreja, animada pelo Espírito Santo, um reflexo da energia da Igreja das origens, quando os apóstolos começaram a levar os primeiros discípulos ao Senhor. Muitos padres falaram do paralelismo entre aqueles dias e o nosso tempo actual. Neste contexto, foi sugerida uma consagração formal do mundo ao Espírito Santo.

Em toda a Igreja as paróquias são os lugares designados nos quais se realiza a maior parte da vida da Igreja. A importância das paróquias no desenvolvimento da nova evangelização foi ressaltada muitas vezes, porque trata o locus no qual se realiza grande parte da experiência das pessoas na Igreja.

Ao mesmo tempo, foi reafirmada a necessidade de frisar a importância das pequenas comunidades de fé como fundamentos para a acção da Igreja de hoje para realizar um novo Pentecostes.

Muitos padres sinodais chamaram a atenção para as pequenas comunidades, mesmo se acrescentaram que não se devem separar da mais ampla família paroquial. Cada pastor deve ter as condições para trabalhar com todos os que lhe foram confiados e não se limitar a uma pequena parte da grei.

Pergunta 9. As paróquias e as pequenas comunidades cristãs têm um papel decisivo na nova evangelização. De que modo podem a paróquia e as pequenas comunidades promover melhor e coordenar as iniciativas pastorais para a nova evangelização? De que modo as práticas pastorais habituais na vida quotidiana destas comunidades cristãs podem tornar-se momentos da nova evangelização?

Ouvimos falar da educação para a fé como ponto de partida da renovação ou do fortalecimento da nova evangelização, do modo para voltar a pôr o mundo em contacto com Jesus Cristo. Alguns padres detiveram-se no aspecto educativo, com atenção particular aos jovens, como um elemento constitutivo da nova evangelização e sobre como seremos capazes de caminhar rumo ao futuro para reconduzir as pessoas à experiência de Cristo. Os padres sinodais ressaltaram a exigência de encontrar modelos práticos e concretos para oferecer aos jovens uma adequada na fé. É muito evidente que estes momentos incluem a instrução de crianças e adolescentes.

Pergunta 10. Desde a publicação do catecismo da Igreja Católica foram feitos grandes progressos na renovação catequética. Como pode a Igreja projectar um programa de catequese que seja ao mesmo tempo fundamental e completo, e que inspire a busca da verdade, do bem e da beleza? Os jovens são o futuro da Igreja. De que modo pode a Igreja educá-los e catequizá-los melhor sobre a grandeza de uma relação com Jesus Cristo através da Igreja, comprometendo-os a dedicar mais plenamente as suas vidas a Ele?

Nesta perspectiva, houve quem falou de uma insistência maior sobre o ministério dos catequistas. Os catequistas podem ser de grande ajuda para a nova evangelização e sobretudo no contexto das famílias, quando transmitem a fé aos seus filhos.

Pergunta 11. Os catequistas desempenham um papel fundamental na transmissão da fé. Talvez tenha chegado o momento de lhes conferir um ministério institucionalizado, estável na Igreja? De que modo pode a Igreja assistir melhor os catequistas no seu ministério, que é tão importante?

Alguns padres sinodais mencionaram a necessidade de restabelecer a tradição querigmática católica a fim de falar com coragem da Palavra de Deus, oportuna e inoportunamente, de retomar a voz profética da Igreja, de discernir os sinais dos tempos que nos chamam a uma nova evangelização e de nos comprometermos na proclamação de uma resposta católica a estes sinais dos tempos.

Na mesma perspectiva, muitos padres sinodais ressaltaram a importância da piedade popular como expressão de fé por parte do povo de Deus.

Houve grande consenso sobre a validade da peregrinação, sobretudo aos templos marianos. Este fenómeno constitui uma grande possibilidade para a evangelização.

Por fim, foi reconhecido que a nova evangelização não é só um programa momentâneo, mas um modo de olhar para o futuro da Igreja e de nos vermos todos comprometidos no convite, dirigido antes de tudo a nós próprios, a uma renovação da fé e depois a todos os que nos circundam numa aceitação jubilosa da vida em Cristo Ressuscitado.

4. Agentes e participantes na nova evangelização

Foi dedicada atenção ao papel da família, que representa o instrumento graças ao qual a fé é transmitida até nas situações mais difíceis. É preciso encorajar a vida familiar, sobretudo hoje, quando sofre muito devido às pressões da nova visão secularizada da realidade.

Pergunta 12. Como Igreja doméstica, a família é indispensável não só para a transmissão da fé, mas também para a formação da pessoa humana. De que modo a Igreja pode apoiar e guiar melhor a família no seu ministério decisivo em relação à proclamação do Evangelho e assumir um papel mais activo na transmissão da fé e dos valores humanos?

O Sínodo falou também do papel fundamental das mulheres na vida da Igreja e do lugar que a mãe ocupa na família, na transmissão da fé.

Uma iniciativa pastoral sistemática e coerente exige a formação permanente e contínua dos sacerdotes para a compreensão da proclamação jubilosa do Evangelho numa época na qual escasseia a formação sobre o mistério de Cristo.

Quantos se preparam para o sacerdócio devem ser formados para compreender a natureza particular do seu ministério e a sua relação com a evangelização. Devem ser formados também para reconhecer que dedicarão as suas existências ao serviço da Igreja como presbíteros celibatários.

Pergunta 13. O sacerdote desempenha um papel insubstituível na evangelização e na transmissão da fé. Como pode a Igreja promover um imperativo missionário renovado no ministério dos sacerdotes?

A Igreja foi abençoada pelo ministério e pelo testemunho de homens e mulheres na vida consagrada, os quais continuam a levar o amor de Cristo ao mundo através de numerosas actividades diversas. A vida consagrada é em si um sinal que indica aos outros a verdade do Evangelho.

Muitos focaram o papel dos leigos na obra para a nova evangelização. A todos os níveis: nas áreas profissionais da educação, do direito, da política ou das actividades económicas, assim como em todos os âmbitos que vêem comprometidos os leigos, a tarefa de cada um dos católicos é de recordar ao povo a prática da fé, com a palavra, mas também e sobretudo com as obras, com a acção e com o modo de viver.

Pergunta 14. O laicado é indispensável para a nova evangelização. Como pode a Igreja integrar de modo mais pleno os leigos na organização da Igreja local, para que os leigos e as leigas se comprometam ao lado dos sacerdotes na evangelização da comunidade?

Não faltaram intervenções que esclareceram também o fenómeno das migrações, tão difundidas hoje em dia. Acontece muitas vezes que os católicos chegam a um contexto novo e deixam de ser activos na sua fé. O acolhimento e a sua inserção na comunidade podem ser formas de nova evangelização.

A insistência sobre Maria, Mãe da Igreja e da nova evangelização como modelo e padroeira dos nossos esforços, foi feita em várias intervenções. Sobretudo, a sua fé estimula-nos a responder do mesmo modo. Foi graças à sua fé que a Palavra de Deus entrou no nosso mundo. À imitação de Maria, podemos realizar, graças à nossa fé e ao nosso testemunho de vida no Espírito, uma mudança no mundo no qual vivemos.

Agora que começamos o nosso trabalho para determinar as proposições que guiarão os esforços deste Sínodo, a fim de apresentar ao Santo Padre um quadro de referência para a sua reflexão, parece que chegou o momento de enumerar alguns dos temas possíveis:

1. a intervenção gratuita nas nossas existências do amor de Deus expresso de diversas formas, mas de maneira definitiva e plena na sua Palavra feita carne, Jesus Cristo;
2. o dom do Espírito Santo, que ilumina as nossas mentes e fortalece os nossos corações para aceitar a Palavra de Deus e vivê-la;
3. Cristo é o sujeito da nossa fé e o encontro pessoal com Ele convida-nos a tornar-nos seus discípulos;
4. encontramos Cristo na sua Igreja e mediante a sua Igreja, que é o seu novo Corpo;
5. Cristo e o seu Evangelho estão no centro da proclamação da Igreja;
6. todos os fiéis: leigos, religiosos e clero, são chamados a abrir-se a um novo Pentecostes nas suas vidas;
7. a transmissão do conteúdo da fé, o credo, é tarefa de cada um, mas sobretudo das famílias, das paróquias e das pequenas comunidades;
8. a paróquia é o lugar onde a maioria experimenta a vida da Igreja;
9. alguns temas da nova evangelização são a família, o matrimónio, a formação da fé, a liberdade religiosa, a solicitude pelos pobres e o papel dos leigos;
10. deverão ser recordadas as expressões concretas da obra evangelizadora da Igreja que parecem ter obtido sucesso.

Conclusão

O crescimento da semente exige tempo. A acção intencional e deliberada de uma iniciativa diligente e coerente em relação aos católicos inactivos a nível pessoal lançará novas sementes, enquanto renovamos os nossos esforços para proclamar a Palavra de Deus e propô-la de novo aos que agora estão distantes da Igreja.

O Semeador confia-nos as sementes. Já conhecemos as nossas dificuldades, tensões, preocupações, pecados, assim como a nossa debilidade humana. A semente é o início da fecundidade. Plantar a semente exige que vivamos a Palavra de Deus e a partilhemos com alegria.

Maria, Estrela da nova evangelização e exemplo para cada discípulo, missionário e evangelizador, interceda por nós, a fim de que o trabalho deste Sínodo produza frutos abundantes para a glória de Deus e a salvação de homens e mulheres. Obrigado!

 

 

(*) L'Osservatore Romano, ed. em Português, n. 43, 27 de Outubro de 2012

 

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