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SYNODUS EPISCOPORUM
BOLETIM

II ASSEMBLEIA ESPECIAL PARA A ÁFRICA
DO SÍNODO DOS BISPOS
4-25 OUTUBRO 2009

A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz.
"Vós sois o sal da terra ... Vós sois a luz do mundo" (Mt 5, 13.14)


Este Boletim é somente um instrumento de trabalho para uso jornalístico.
A
s traduções não possuem caráter oficial.


Edição portuguesa

14 - 09.10.2009

SUMÁRIO

- OITAVA CONGREGAÇÃO GERAL (SEXTA-FEIRA, 9 DE OUTUBRO DE 2009 - PARTE DA MANHÃ)
- COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO PARA A MENSAGEM
- COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO PARA A INFORMAÇÃO
- ERRATA CORRIGE (II)
- AVISOS

OITAVA CONGREGAÇÃO GERAL (SEXTA-FEIRA, 9 DE OUTUBRO DE 2009 - PARTE DA MANHÃ)

- INTERVENINETES NA SALA (CONTINUAÇÃO)
- AUDITIO DELEGATORUM FRATERNORUM (I)
- AUDITIO AUDITORUM (I)

Às 9 horas de hoje, dia 9 de Outubro de 2009, memória facultativa de S. Dionísio e companheiros, bispo e mártires, e de S. João Leornardo, sacerdote, na presença do Santo Padre, com o canto da Hora Terça, começou a Oitava Congregação Geral, para a continuação das intervenções na Sala sobre o tema sinodal A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz “Vós sois o sal da terra ... Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13.14).

Presidente Delegado de turno S.Em. Card. Théodore-Adrien SARR, Arcebispo de Dakar (SENEGAL).

Na abertura da Oitava Congregação Geral, o Secretário Geral do Sínodo dos Bispos comunicou a composição da Comissão para a Mensagem, publicada neste Boletim.

Durante o intervalo das 10h30 il Santo Padre Benedetto XVI recebeu em audiência os Círculos menores Gallicus A e Gallicus B.

Nesta Congregação Geral, que se concluiu às 12h30 horas, com a oração do Angelus Domini, estavam presentes 219 Padres.

INTERVENIENTES NA SALA (CONTINUAÇÃO)

Intervieram, portanto, os seguintes Padres:

- S. Em. R. Card. Tarcisio BERTONE, S.D.B., Secretário de Estado (CIDADE DO VATICANO)
- S. E. R. Dom Jan OZGA, Bispo de Doumé-Abong' Mbang (CAMARÕES)
- S. E. R. Dom Albert VANBUEL, S.D.B., Bispo de Kaga-Bandoro (REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA)
- S. E. R. Dom Jean-Baptiste TIAMA, Bispo de Sikasso, Presidente da Conferência Episcopal (MÁLI)
- Rev. Pe. Edouard TSIMBA, C.I.C.M., Superior-Geral da Congregação do Coração Imaculado de Maria (Missionários de Scheut) (UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)
- S. Em. R. Card. Christian Wiyghan TUMI, Arcebispo de Douala (CAMARÕES)
- S. E. R. Dom Claudio Maria CELLI, Arcebispo titular de Civitanova, Presidente do Pontificio Conselho para as Comunicações Sociais (CIDADE DO VATICANO)
- S. E. R. Dom Joseph KUMUONDALA MBIMBA, Arcebispo de Mbandaka-Bikoro (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)
- S. Em. R. Card. Renato Raffaele MARTINO, Presidente do Pontifício Conselho "Justiça e Paz" (CIDADE DO VATICANO)
- Rev. Pe. Gérard CHABANON, M. Afr., Superior-Geral dos Missionários da África (Padres Brancos) (UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)
- S. E. R. Dom Joachim NTAHONDEREYE, Bispo de Muyinga (BURUNDI)
- S. E. R. Dom Jean-Claude BOUCHARD, O.M.I., Bispo de Pala, Presidente da Conferência Episcopal (CHADE)
- Rev. Francesco BARTOLONI, C.PP.S., Moderador-Geral dos Missionários do Precioso Sangue (UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)
- S. E. R. Dom Robert Christopher NDLOVU, Arcebispo de Harare, Presidente da Conferência Episcopal (ZIMBÁBUE)
- S. E. R. Dom Evaristus Thatho BITSOANE, Bispo de Qacha's Nek, Presidente da Conferência Episcopal (LESOTO)
- S. E. R. Dom Franklyn NUBUASAH, S.V.D., Bispo titular de Pauzera, Vigário Apóstolico de Francistown (BOTSUANA)
- Rev. Pe. Jacob BEYA KADUMBU, C.I., Vigário Geral dos Josefinos da Bélgica (UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)
- S. E. R. Dom Cyprian Kizito LWANGA, Arcebispo de Kampala (UGANDA)
- S. E. R. Dom Jorge Enrique JIMÉNEZ CARVAJAL, C.I.M., Arcebispo de Cartagena na Colômbia (COLÔMBIA)
- S. E. R. Dom Velasio DE PAOLIS, Arcebispo titular de Telepte, Presidente da Prefeitura para os Assuntos Econômicos da Santa Sé (CIDADE DO VATICANO)
- S. E. R. Dom Joseph Mukasa ZUZA, Bispo de Mzuzu (MALÁUI)

Damos aqui a seguir os resumos das intervenções:


- S. Em. R. Card. Tarcisio BERTONE, S.D.B., Secretário de Estado (CIDADE DO VATICANO)

Na Exortação apostólica pós-sinodal Ecclesia in Africa, o Papa João Paulo II de venerada memória quis sublinhar como o Sínodo dos Bispos «constituía um instrumento propício para favorecer a comunhão eclesial» (nº 15). Esta comunhão afectiva e efectiva das Igrejas particulares com a Igreja universal encontra na acção dos Núncios Apostólicos uma ligação insubstituível e particularmente importante na realidade do Continente africano. Trata-se de uma rede de presença que não tem só o fim de promover e sustentar as relações entre a Santa Sé e as Autoridades estatais, mas quer, acima de tudo «tornar cada vez mais sólidos e eficazes os vínculos de comunhão entre a Sé Apostólica e as Igrejas particulares» (Cân. 364), através da assistência e do conselho que os Representantes Pontifícios prestam aos Bispos. Nesta ótica de comunhão é, portanto, colocada a missão diplomática da Santa Sé, que, sobretudo no curso do último decénio, favoreceu o surgimento de Acordos ou Convenções com Autoridades estatais.
Os Representantes Pontifícios dão voz ao Santo Padre, na defesa da dignidade da pessoa e de seus direitos fundamentais, assim como, em colaboração com os Episcopados, operam em defesa da liberdade religiosa e da promoção de um diálogo autêntico, seja com as outras Igrejas ou comunidades eclesiais, seja com os pertencentes a outras religiões, como também, naturalmente, com as Autoridades civis. Tal amor pelo homem, pela paz e a justiça, que quer olhar para a África «na luz de Deus», não pode senão mover os Representantes Pontifícios a testemunhar a solicitude do Santo Padre, e nele da Igreja universal, para o bem comum de cada País.

[00149-06.05] [IN115] [Texto original: italiano]

- S. E. R. Dom Jan OZGA, Bispo de Doumé-Abong' Mbang (CAMARÕES)

Esta segunda Assembleia sinodal para a África, para produzir os frutos esperados, deve passar - parece-me extremamente importante - através da família africana. Já que a formação de uma nova cultura de reconciliação, justiça e paz é por primeiro uma obra familiar, antes de ser social. Se estes três valores têm a sua origem e fundamento na família, a sua cultura pode estender-se para toda a sociedade africana.
A cultura da reconciliação distingue-se do acto de reconciliação, dado que este último é pontual e circunstancial, enquanto o primeiro é um estado mental, fundado sobre a promoção do amor, da caridade, da conversão, da misericórdia e de muitos outros valores. Este papel preponderante cabe primeiro aos pais e depois às instituições escolares, sociais e eclesiais, de acordo com o princípio de correcção fraterna: “Se o teu irmão pecar, vai corrigi-lo a sós...” (Mt 18,15-18).
A justiça é a reta apreciação, o reconhecimento, o respeito pelos direitos humanos e pelo mérito de cada um. A família é chamada a educar à verdadeira justiça, a única que conduz ao respeito da dignidade pessoal de cada um, como o Papa João Paulo II sublinha na Familiaris consortio.
Já Jesus havia dito: “se a vossa justiça não exceder a dos escribas e a dos fariseus...” (Mt 5,20s)
A cultura da paz na família africana era garantida pelo conselho dos pais e dos parentes, através da frequente realização da “palavre”, núcleo de felicidade na perspectiva individual e colectiva, em relação com Deus e os irmãos e irmãs: “bem-aventurados os que promovem a paz porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).

[00104-06.03] [IN074] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Albert VANBUEL, S.D.B., Bispo de Kaga-Bandoro (REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA)

Nestes últimos anos, durante as diversas crises sociopolíticas vividas pela República Centro-Africana, nunca deixamos de recordar os valores humanos e cristãos necessários para a convivência na paz. Em todos os momentos, a Igreja esteve presente e foi solidária com as alegrias e os sofrimentos do povo, desejando a sua autêntica felicidade e redenção. Os bispos da República Centro-Africana nunca deixaram de ver a aurora e o advento de uma era propícia de paz, de justiça e de reconciliação para todos.
A nossa Igreja conscientiza-se cada vez mais da existência de lacunas no seu interior e aspira intensamente à paz e à comunhão dentro da Igreja-Família. Infelizmente, alguns vêem motivos de desânimo e ocasionalmente rendem-se. É verdade, males-entendidos e gestos interpretados como ofensivos levaram alguns a sofrer. Todavia, chegou o momento de demonstrar-nos à altura dos desafios do mundo actual. Quando a injustiça, a corrupção, o egoísmo, as rebeliões... são unanimemente rechaçados, a nossa Igreja é chamada a dar o seu testemunho, segundo o Evangelho, que é Palavra de Vida: um testemunho de reconciliação, de justiça e de paz, mas, sobretudo, um testemunho de comunhão.
Nos últimos meses, deploramos os gestos de divisão entre os sacerdotes, entre os sacerdotes e os bispos, entre os sacerdotes e os leigos; certamente não é este o Evangelho que devemos anunciar. Fomos mandados para construir uma Igreja unida no Espírito de Deus, que nos guia. Não podemos, ao mesmo tempo, dilacerar o Corpo de Cristo.
O Ano Sacerdotal doado-nos pelo Santo Padre pode inspirar-nos e oferecer-nos uma orientação: fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote e fidelidade de todos os baptizados.
Todos aspiram a um tempo de paz, de justiça e de reconciliação. Os eventos que vivemos e que continuamos a viver nestes tempos demonstram que há sempre uma razão de esperar, e que depois da noite em que vivemos, virão a aurora e o dia.
Cada um de nós é frágil e pecador; mas juntos, devemos ouvir a Palavra de Deus, devemos vivê-la para construir, na comunhão, a nossa Igreja-Família.
Que Deus nos abençoe e nos doe a força da perseverança e do testemunho autêntico!

[00105-06.06] [IN075] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Jean-Baptiste TIAMA, Bispo de Sikasso, Presidente da Conferência Episcopal (MÁLI)

A Igreja no Mali trabalha ao lado de outros filhos da nação a fim de que no país se realize a paz profunda que todos esperam, não obstante as situações difíceis que estão a enfrentar.
Vivendo num regime de democracia, o país alterna os governos políticos sem lutas armadas. Contudo, às vezes, a democracia foi aviltada por manipulações da constituição e rebeliões armadas. No Norte do país as insurreições dos Tuaregues ameaçaram comprometer a paz nacional. Todavia, graças a uma verdadeira afeição ao valor da paz, a perda de vidas humanas foi limitada. As cerimónias simbólicas da reconquista da paz permitiram curar as feridas.
Em 2003, com a sua carta pastoral «E se reabilitássemos a política!», os bispos atraíram a atenção dos partidos políticos sobre a sua tarefa de educação dos militantes, de animação da cena política e de subordinação à primazia dos serviços à nação e não dos interesses de parte das coalizações ou dos seus membros.
Com uma taxa de crescimento de 5% em 2008, o Mali actualmente está a acumular riqueza; porém, a pobreza está em toda parte, com os seus corolários de corrupção e malversação; os pobres parecem ser presas fáceis da injustiça. Também a Igreja sofreu isto num conflito fundiário.
A Igreja faz-se presente, através dos seus organismos e as suas associações e o apoio dos seus parceiros no desenvolvimento, no âmbito da educação e da santidade. Este ano, Caritas Mali celebra 50 anos. São numerosas as ajudas nas emergências e os programas de promoção social e económica que testemunham o vínculo inseparável entre fé e acção.
Os líderes religiosos (católicos, protestantes e muçulmanos) tiraram vantagem do facto de que o Estado os convide aos encontros de reflexão sobre as grandes questões da sociedade para criar «a sagrada aliança dos religiosos». É um círculo de qualidade, no qual os líderes das comunidades religiosas, em caso de crise, realizam intercâmbios e decidem em conjunto as acções a favor da paz entre as suas respectivas comunidades, mas também entre determinados grupos sociais e o governo. Hoje, a questão da Sida está especificada entre as actividades da sagrada aliança.
Alguns movimentos sociais recentes, suscitados por um novo código das pessoas e da família, abriram um amplo espaço de reflexão sobre a lei, a democracia e os valores culturais, especialmente os religiosos.

[00128-06.03] [IN082] [Texto original: francês]

- Rev. Pe. Edouard TSIMBA, C.I.C.M., Superior-Geral da Congregação do Coração Imaculado de Maria (Missionários de Scheut) (UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)

Os homens e as mulheres comprometem-se, por vezes até ao seu martírio, por um mundo mais justo e solidário. As nossas populações conseguiram realizar reconciliações nacionais que servem hoje como exemplo para os outros continentes. O olhar que muitas pessoas dirigem para as sociedades consideradas incapazes de crescer deve mudar.
Ainda resta muito a fazer. As nossas bonitas declarações, os nossos documentos, não alteram automaticamente a realidade dos nossos povos. As mensagens de reconciliação, de paz, de justiça e de unidade não se destinam prioritariamente ao exterior. São também para nós mesmos, porque a crise de fora é também “ad intra”. A reconciliação não pode ser concretizada nos discursos e nas declarações. Ela é uma escolha de vida fundamental, que exige de nós uma conversão quotidiana, dentro da nossa Igreja e das nossas comunidades. A nossa missão de curar as relações entre as pessoas não pode ser desempenhada enquanto as nossas comunidades não praticarem o perdão autêntico, a busca da verdade, o desejo da justiça: a resumir, um amor autêntico numa verdadeira comunidade de irmãos e de irmãs... Não adiante falar da paz aos outros enquanto a verdadeira paz não reinar nas nossas comunidades.
Nós devemos renovar o modo de considerar os nossos compromissos religiosos. É indispensável pensar em tempos de formação permanente. É também indispensável promover um movimento eficaz de refundação.
Que as nossas escolas e universidades formem os corações e não apenas as mentes; que as fábricas de armas de guerra cessem de existir.

[00127-06.04] [IN083] [Texto original: francês]

- S. Em. R. Card. Christian Wiyghan TUMI, Arcebispo de Douala (CAMARÕES)

O pecado afasta o homem de Deus, tornando-o inimigo de Deus. Deus toma a iniciativa para salvar o homem. Este se dirige a Deus através da oração demonstrando o seu arrependimento. Os seus sacrifícios tendem “a acalmar Deus” irritado pela sua desobediência.
É em Jesus Cristo que o homem se reconcilia plenamente com Deus. Apagando a desobediência de Adão (Rm 5, 19), Jesus traz paz com o sangue da sua Cruz. Cristo realiza a reconciliação do homem com Deus.
Reconciliação com Deus em Jesus Cristo, os homens são irmãos e irmãs entre si. O acolhimento da Palavra de Cristo provoca os homens a deixarem-se reconciliar com Deus. Os fiéis em Cristo tornam-se missionários do perdão.
Assim por conseguinte, para reconciliar-se com o próximo, a reconciliação com Deus é uma preliminar inevitável. A reconciliação nas nossas famílias, e entre os povos da terra não é possível sem Deus. Só os homens reconciliados com Deus podem construir um mundo de paz e de justiça.

[00126-06.04] [IN084] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Claudio Maria CELLI, Arcebispo titular de Civitanova, Presidente do Pontificio Conselho para as Comunicações Sociais (CIDADE DO VATICANO)

A mensagem final da Primeira Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, acontecida em 1994, sublinhava os desafios da comunicação para a Igreja-Família de Deus na África acenando à necessidade de ser criativa no primeiro areópago do tempo moderno: “Enquanto formos somente consumidores neste setor, corremos o risco de mudar a cultura sem querer, ou mesmo sem saber.”

A exortação “Ecclesia in Africa” dedicou 11 artigos aos mídia e à comunicação social e fez deles um dos 5 pilares para a edificação da “Igreja - Família de Deus”. Depois do primeiro sínodo foram criadas faculdades de comunicação social no seio das universidades católicas, emissoras radiofónicas e televisivas. Hoje estão operando pelo menos 163 rádios espalhadas em 32 países (antes de 1994 eram apenas 15) que são geridas e animadas por dioceses, congregações e organizações católicas. Algumas dioceses possuem um site na Internet; inumeráveis são as publicações no âmbito regional, diocesano ou paroquial.
Em Agosto de 1999 o CEPACS publicou um plano pastoral continental intitulado “Para uma igreja comunicativa” onde foram incorporadas as recomendações da “Ecclesia in Africa”.
Não há dúvida que existem “evoluções positivas” mas o “Instrumentum laboris” confirma que não se deu muito seguimento às decisões tomadas. Até agora, muitos não sabem nada do plano pastoral do CEPACS publicado em 1999. Sem coordenação e planificação a comunicação (EIA nº 126) não pode ser eficaz: é necessário, portanto, estabelecer estratégias e planos pastorais regionais e nacionais, inimagináveis, porém, sem a presença de recursos humanos competentes.
Parece oportuno apoiar também as associações dos comunicadores católicos, “fornecendo uma saudável formação humana, religiosa e espiritual”. Penso na UCAP (União católica africana de imprensa) o ramo continental da UCIP.
As recentes tecnologias da informação dão lugar a uma nova cultura a que chamamos digital. É verdade que no grande contexto africano tal cultura é ainda pouco relevante mas os dados recentes demonstram que o crescimento é surpreendentemente rápido. Tudo isto coloca um desafio pastoral à Igreja na África: como dialogar, como estar presente, como evangelizar tal cultura?
É bom, por fim, sublinhar também a exigência de dar vida o mais depressa possível a uma agência de notícias continental para a Igreja na África.
No passado mês de Abril, o nosso Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, em colaboração com a AMECEA, organizou um seminário de estudo, para cerca de 80 jovens, sobre o tema da comunicação a serviço da justiça, da paz e da reconciliação. Esta primeira iniciativa responde à exigência de promover em todos os âmbitos a formação. O desafio ao qual me referia não se resolve só com instrumentos tecnológicos cada vez mais sofisticados mas, sobretudo, com pessoas formadas especialmente no setor da comunicação. Por este motivo o Pontifício Conselho está disponível para colaborar com as várias Conferências Episcopais fornecendo bolsas de estudo para favorecer a formação de sacerdotes e religiosos.
[00148-06.03] [IN114] [Texto original: italiano]

- S. E. R. Dom Joseph KUMUONDALA MBIMBA, Arcebispo de Mbandaka-Bikoro (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)

Depois da implantação da Igreja na África, especialmente na República Democrática do Congo, a educação escolar sempre se beneficiou da particular atenção dada pela Igreja. Para a Igreja, as escolas tanto de ensino fundamental, médio, quanto os institutos superiores e as universidades são lugares de apostolado. A Igreja lá investiu para assegurar uma formação integral do ser humano de acordo com a visão do Evangelho a fim de garantir o desenvolvimento humano e torná-lo capaz de pôr seus talentos serviço da comunidade.
No entanto, a crise multiforme ligada às guerras comporta consequências deploráveis no setor da educação. Tais consequências deploráveis correm o risco de perdurar por muito tempo se não estivermos atentos a isso. Uma educação mal assegurada compromete o futuro das novas gerações e sacrifica as potencialidades que poderiam servir a toda a nação. Isto é injusto e não garante a paz. Os jovens frustrados se tornam pescadores. Num clima de complacência gerado por práticas desonestas, a qualidade do ensino não é garantida. Os organizadores, os gestores e os parentes são conscientes que os diplomas emitidos não representam um nível intelectual e moral à altura das exigências do mundo científico e trabalhista. Naturalmente, a Igreja continua investindo uma boa parte de seus agentes que não são satisfeitos por estes resultados.
Para melhorar o desempenho da Igreja no âmbito escolar, propomos:
1) Imaginar um sistema de gestão escolar que garanta a liberdade da Igreja para uma formação qualitativa da juventude;
2) Solicitar uma parceria directa entre os organismos internacionais (UNESCO) e a Igreja para que os meios empregados na formação dos jovens possam real e directamente contribuir na educação da juventude.
3) Que as Congregações que possuem como carisma a educação possam investir mais nas escolas ajudando sobretudo às crianças pobres e nas emergência das classes sociais.
4) Que a formação possa garantir a criação de empregos.
Assim, faremos com que a Igreja na África possa realizar sua missão neste campo e construir o seu futuro; ela será então capaz de garantir a todos os jovens, as mesmas oportunidades e as mesmas chances para um futuro de justiça e de paz.

[00124-06.04] [IN086] [Texto original: francês]

- S. Em. R. Card. Renato Raffaele MARTINO, Presidente do Pontifício Conselho "Justiça e Paz" (CIDADE DO VATICANO)

Em seu discurso de encerramento da Conferência de Apresentação na África do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, (Dar-es-Salaam, Tanzânia, 27-30 de Agosto de 2008), o Cardeal Renato Raffaele Martino convidou os participantes a aplicar este documento com discernimento nas diferentes realidades socioculturais de seus países, sem esperar que outro o fizesse por eles em seu lugar, visto que é uma responsabilidade das Igrejas locais do Continente. É um prazer constatar que existem aqueles, que por meio de várias iniciativas, contribuem na difusão do Compêndio. E aos africanos se pede para que sejam sal da terra e luz do mundo neste belo continente, tão diferente e rico.Os Bispos são chamados a encontrar maneiras mais adequadas para a difusão e a interpretação correta da Doutrina Social, a fim de traduzi-la e ensiná-la também nas línguas africanas, em particular nas casas de formação sacerdotal e religiosa, também nas catequeses, nos centros e institutos católicos de ensino superior, nas associações trabalhistas, concretamente junto aos parlamentares, políticos e magistrados católicos.
O compromisso para a reconciliação, a justiça e a paz, e a tarefa de transformar as realidades sociais, não podem ser levados a bom termo sem a inspiração da Doutrina Social da Igreja, que caminha oferecendo sua luz para iluminar os caminhos do homem, da sociedade e da Igreja no coração do mundo de hoje.
Para favorecer um conhecimento profundo e uma melhor difusão desta doutrina, sugiro que se crie na África um Instituto Superior Católico de vocação continental e universal, especializado na formação social.

[00145-06.04] [IN087] [Texto original: francês]

- Rev. Pe. Gérard CHABANON, M. Afr., Superior-Geral dos Missionários da África (Padres Brancos) (UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)

Gostaria de desenvolver o tema do Diálogo Inter-religioso como caminho de reconciliação. O mapa de nosso mundo e da África em particular, está marcado por conflitos homicidas, alguns dos quais infelizmente, duram há muito tempo. Estou pensando concretamente na situação dos países dos Grandes Lagos, mas também em Darfur. Tais conflitos, quase todos, sem exceção, têm uma dimensão ou elementos religiosos.
O diálogo inter-religioso pode adotar, como bem sabemos, diferentes formas: desde o diálogo de vida ao encontro espiritual. É um caminho estreito, às vezes duro e perigoso, que requer, para começar, uma grande confiança no outro. Uma confiança que não é ingenuidade, mas o desejo de compreender, conhecer e amar. Parece-me que os fundamentos do diálogo inter-religioso são primeiramente, atitudes espirituais.
Este diálogo não está reservado aos especialistas. Encontra-se em grandes povos africanos, é cotidiano em numerosas famílias cristãs que partilham o mesmo teto, uma mesma cozinha com seus irmãos e irmãs muçulmanos. Os responsáveis pela Igreja devem ajudar estes cristãos, iluminá-los e convidá-los a caminhar juntos rumo a um futuro melhor. Todos temos necessidade disso, de passar por cima de um bom número de preconceito, de ideias pré-concebidas e propósitos alarmistas.
Gostaria na conclusão, de fazer uma proposta concreta. Numerosas Conferências Episcopais, dioceses, paróquias... formaram comissões de Justiça e Paz. Mas do que criar outra comissão para o Diálogo inter-religioso, eu sugeriria que as comissões de Justiça e Paz já existentes convidassem uma ou duas pessoas sensíveis às questões inter-religiosos, isso ajudaria a esclarecer, explicar e acompanhar esta dimensão essencial.

[00123-06.04] [IN088] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Joachim NTAHONDEREYE, Bispo de Muyinga (BURUNDI)

No Burundi, a dúplice experiência, contrastante, de uma guerra civil e da árdua tarefa de restaurar a paz através da reconciliação na justiça nos convenceu da exigência de trabalharmos juntos, a nível regional e inter-regional. Embora diversa de um país para o outro, a história dos conflitos sociopolíticos na nossa região apresenta factores comuns e constantes, que impõem a necessidade de conjugar e coordenar os esforços na busca da reconciliação e da paz.
Assim sendo, como membros da Conferência dos Bispos Católicos do Burundi, encorajados pela experiência realizada com a Conferência Episcopal da Tanzânia desde 2002 na pastoral dos refugiados e das pessoas deslocadas por causa da guerra, nós desejamos propor que esta assembleia renove a recomendação já proposta pela Ecclesia in Africa, de uma “solidariedade pastoral orgânica” (EA, 131-135). A nível regional e inter-regional, devemos priorizar um trabalho de sinergia mediante organismos efectivos de análise das situações e de coordenação das actividades, assim como mecanismos apropriados de controle e avaliação.
Em relação à Região dos Grandes Lagos, reiteramos à ACEAC e à AMECEA, como também às Conferências Episcopais do Quénia, de Uganda, da RDC e da Tanzânia, a nossa proposta de realizar em breve, uma Conferência Internacional sobre a paz e a reconciliação nesta região. A Conferência daria-nos a ocasião para discutir juntos sobre a actuação prática desta recomendação e o nosso dever comum de ser sal e luz no âmbito da Conferência permanente promovida pelos nossos políticos, para a segurança, o desenvolvimento, a democracia e o bom governo na região.

[00122-06.04] [IN089] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Jean-Claude BOUCHARD, O.M.I., Bispo de Pala, Presidente da Conferência Episcopal (CHADE)

Nós afirmamos e repetimos neste Sínodo que a Igreja-Família de Deus é o lugar e o sacramento do perdão, da reconciliação e da paz, mas em que modo ela exerce este ministério? Qual é a relação entre os diversos pronunciamentos ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz e o exercício do ministério sacramental mesmo? Na vida dos cristãos e das comunidades, qual é a relação entre o exercício deste “ministério da reconciliação” (2 Cor 5, 18) do qual eles são os primeiros depositários, como membros da Igreja, e a celebração na Igreja do sacramento da reconciliação para si mesmos? Em outras palavras, o sacramento, como celebrado em nossas comunidades, é o resultado e a fonte do ministério da reconciliação? Uma Igreja reconciliada que seja também reconciliadora? Ou este sacramento não está a tornar-se uma espécie de rito, realizado rapidamente para cumprir uma norma com Deus, ao invés de ser aquilo que diz o apóstolo Paulo: “Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos fez aptos para ser ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica” (2 Cor 3, 5-6).
A realização deste sínodo sobre a Igreja na África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz deve ser, para as nossas comunidades e as nossas Igrejas, uma ocasião para renovarmos a maneira de viver o sacramento do perdão e da reconciliação? É necessário que este sacramento seja vivido, individual e comunitariamente, “no Espírito que dá a vida”.

[00121-06.04] [IN090] [Texto original: francês]

- Rev. Francesco BARTOLONI, C.PP.S., Moderador-Geral dos Missionários do Precioso Sangue (UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)

A Igreja africana vê que a reconciliação é primeiramente a obra de Deus em Cristo. Neste sentido a reconciliação é mais uma espiritualidade do que uma estratégia, mas deve ser uma espiritualidade que leve os membros da Família de Deus na África a tornarem-se embaixadores de Cristo (2Cor 5,20) capazes de criar um espaço para a verdade, a justiça, a salvação e o nascimento de uma nova criação (2Cor 5,17). Essa é a espiritualidade que guia também a Igreja que, como embaixadora de Cristo, deve comprometer-se no diálogo com a espiritualidade dos povos que professam o Islã e as religiões africanas tradicionais.
Mas a África não é somente um lugar de sofrimento e exploração; é também um continente onde muitos de seus países estão experimentando um rápido desenvolvimento social e económico. A Igreja tem uma importante oportunidade para encorajar e guiar este desenvolvimento através da formação de uma liderança boa e honesta que trabalha para a felicidade e para o crescimento social de toda a população de seu país sem distinção de raça, religião e status social. Devemos encorajar o povo africano a reconhecer e aceitar que ele tem, com a ajuda de Deus, a habilidade de criar seu próprio futuro. Aqui a Igreja tem a oportunidade de perorar a importância incessante das dimensões espirituais da cultura, que por muito tempo estiveram no centro da cultura africana.
A Igreja africana deve dar testemunho da reconciliação ocorrida através de Cristo e do seu ministério de reconciliação. Podemos fazer isso, ante de tudo, testemunhando que vivemos como uma comunidade de fé reconciliada. Não pode haver autêntica proclamação de reconciliação sem esse primeiro passo (53). O caminho para a reconciliação na África tem início com o reconhecimento da nossa necessidade de sermos reconciliados como Igreja. O Corpo de Cristo, que é a Igreja africana, deve estar unida no amor de Cristo. Devemos ser modelo de unidade no qual todos os membros do corpo estão dispostos a compartilhar o sofrimento de um desses, justamente como partilhamos a alegria um do outro (1Cor 14,26). Neste sentido, manifestamos o poder unificador das águas do baptismo e do Precioso Sangue de Cristo e podemo convidar todos a participar no mistério de redenção de Cristo.

[00120-06.03] [IN091] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Robert Christopher NDLOVU, Arcebispo de Harare, Presidente da Conferência Episcopal (ZIMBÁBUE)

Todos na Igreja, independentemente de sua posição ou status têm o dever e a responsabilidade de ser agentes de evangelização e de testemunho cristão. O mesmo vale também para as instituições eclesiais. Os Bispos devem ser agentes proféticos da Palavra em nosso conturbado continente da África. Devem falar em nome dos oprimidos que invocam o seu Senhor a fim de que os liberte. No cumprimento de seus deveres, eles devem também dar o bom exemplo de paternidade na Igreja - Família de Deus e a unidade da família cristã. Eles devem também trabalhar em maior contacto com os seus sacerdotes, que são, antes de mais nada, seus principais colaboradores no trabalho da evangelização. Uma área de preocupação, na minha opinião, é o aberto apoio de alguns sacerdotes e religiosos a partidos políticos. Isto tem como consequência a divisão das comunidades cristãs que eles servem. Também não é raro ouvir que alguns sacerdotes não dão suporte às actividades de Justiça e Paz em suas paróquias. É, portanto, vital que os candidatos ao sacerdócio dominem a Doutrina Social da Igreja durante seus anos de formação. Penso que a Igreja não investiu o suficiente nessa área. O clero também precisa de um contínuo entendimento das necessidades de cura em todos os âmbitos do sofrimento humano; seja nos conflitos familiares, conflitos étnicos ou traumas do pós-guerra.
Os fiéis leigos estão melhor posicionados para serem efectivos agentes de reconciliação, justiça e paz nas comunidades. Mais e mais contínua formação é necessária para torná-los agentes mais equipados. A formação pode ser realizada através de programas de Pequenas Comunidades Cristãs ou através da actividade de grémios e associações.
Os católicos geralmente têm medo de se engajar activamente e positivamente na política. Algumas vezes, quando eles se engajam activamente na política tornam-se agentes de destruição como recentemente testemunhamos em meu país, o Zimbábue.
Nossa esperança é que o Sínodo sugira possíveis meios de como podemos melhorar nossas sociedades através da genuína reconciliação e trabalhando para uma justiça e paz sustentável em nosso amado continente.

[00119-06.03] [IN092] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Evaristus Thatho BITSOANE, Bispo de Qacha's Nek, Presidente da Conferência Episcopal (LESOTO)

A Igreja no Lesoto, como muitas outras Igrejas locais em África, está empenhada nos campos da saúde, da instrução e do serviço aos pobres.
O Lesoto é católico por cerca de 50% e a Igreja possui a maioria das escolas no país. Dadas estas premissas, poder-se-ia esperar que os princípios católicos prevalecessem no desenvolvimento do país. Ao contrário, as pessoas acolhem qualquer coisa que lhes consinta levar o pão à mesa, mesmo que se oponha ao magistério da Igreja.
Muitos países africanos assinaram o Protocolo de Maputo e o Lesoto não faz excepção. Não obstante os serviços oferecidos pelos nossos hospitais católicos são apreciados por muitas pessoas, tememos que inúmeros abortos são realizados nas clínicas particulares.
O que a Igreja do Lesoto tem urgente necessidade para continuar a prestar o seu serviço aos pobres é que as Igrejas irmãs dos países desenvolvidos pressionem os seus governos a fim de que não imponham ideologias que são estranhas aos africanos.
Neste período de transição rumo à independência financeira, a África ainda precisa do apoio das Igrejas irmãs do mundo desenvolvido.

[00118-06.03] [IN093] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Franklyn NUBUASAH, S.V.D., Bispo titular de Pauzera, Vigário Apóstolico de Francistown (BOTSUANA)

O Botswana é um pequeno país democrático estável com bom governo e sistema legal. Somos um país médio que atrai pessoas de outros lugares da África. Somos um paraíso de paz e não temos experiência de guerra ou conflitos em nossa nação. Existe um bom número de refugiados buscando abrigo. Temos paz por causa de nosso tradicional mecanismo do kgotla, quer dizer, a corte do legislador onde o diálogo é respeitado. Nossa crença é que as maiores guerras são feitas de palavras. A Igreja introduziu esta prática cultural nas paróquias para ajudar a fazer e a promover a paz e o entendimento.
Justamente agora, há uma tensão em nosso recursos, no mercado de trabalho e nos serviços sanitários por causa do influxo de pessoas devido à situação sócio-política da região. Estamos preocupados com a xenofobia devido ao presente clima económico. A igreja deve estar com o povo promovendo paz e irmandade. Não há necessidade de que as minorias usem a violência para expressas suas preocupações.
A SIDA é um desafio para os países do Sul da África. O Botswana está trabalhando duro através da educação para prevenir novas infecções. O tratamento está disponível para os cidadãos, mas infelizmente não para os refugiados e os estrangeiros que vivem no país. A SIDA devastou as bases da sociedade do Botswana. Tem o potencial de ser usada como arma de guerra e conflitos. Como você perdoa alguém que deliberadamente infecta você com o vírus mortal.
A Igreja católica está somente há 81 anos no Botswana com aproximadamente 4% pertencentes à igreja. Nossas instituições educacionais contribuíram para a educação e formação da liderança no país, contribuindo assim para a prevalência da cultura de paz.
A Igreja também trabalha ecumenicamente com o Conselho Mundial das Igrejas e outras ONG’s para aliviar o sofrimento e promover a irmandade, dessa forma eliminando a necessidade de lutar por escassos recursos. Buscamos ser sal para preservar a paz sendo fiéis a nossas práticas culturais que promovem a paz. A igreja na África pode aprender das experiências no Botswana para promover a paz.

[00117-06.03] [IN094] [Texto original: inglês]

- Rev. Pe. Jacob BEYA KADUMBU, C.I., Vigário Geral dos Josefinos da Bélgica (UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)

O primeiro sínodo africano definiu as Comunidades Eclesiais Vivas (CEV) uma prioridade pastoral da Igreja na África. Por isto, a Igreja na África não pode acolher os desafios da reconciliação, da justiça e da paz transcurando a experiência e a ajuda destas pequenas comunidades.
Elas são lugares de prevenção e de resolução de conflitos, lugares em que o mistério de Cristo se revela e se torna uma realidade conhecida, crível e vivida. Nestas comunidades, reinam a gratuidade, a solidariedade, um destino comum; cada um é convidado a construir a Família de Deus, família completamente aberta ao mundo e que não exclui ninguém.
Infelizmente, esta visão está bem longe de ser real como demonstram alguns massacres e destruições na África nas quais estão envolvidos alguns membros da CEV. A sinceridade de sua fraternidade e de sua solidariedade é colocada em discussão. É então necessário e urgente que a fraternidade humana da CEV deixe de se fundamentar no sangue para enraizar-se na fé em Jesus Cristo. Além do sacramento da reconciliação, instrumento privilegiado de reconciliação com Deus, consigo mesmo e com os outros, as CEV vivem outras experiências de reconciliação, como a “palabre”, que não podemos subestimar.
Enfim, as CEV continuam sendo os lugares de celebração e de vida das virtudes teologais.

[00116-06.05] [IN095] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Cyprian Kizito LWANGA, Arcebispo de Kampala (UGANDA)

Para cumprir a visão da Caritas África, que é ter vida em plenitude (Jo 10,10), consideramos que nossa missão é levar o testemunho do amor de Deus (At 1,8) trabalhando para o desenvolvimento integral do ser humano com prioritária atenção aos pobres e aos mais necessitados. A África é diariamente confrontada com enormes desafios e muito largos segmentos de populações de muitos países da África estão sofrendo com conflitos, instabilidade social, guerras, bem como desastres naturais e calamidades como a seca, cheias e ciclones. Doenças, incluindo o HIV/SIDA, malária e outras que são menos conhecidas, também estão causando muitas dificuldades às pessoas e às famílias.E toda nação, a Caritas está presente para dirigir esses vários temas e levar alívio aos mais vulneráveis membros da sociedade. O papel da Caritas, porém, não é somente intervir em situações de emergência e dar assistência. Seu papel vai além desse estágio. É chamada também para contribuir no desenvolvimento integral do indivíduo. Essa combinada missão da Caritas é geralmente mal entendida mas é bem posta em prática na África.
Uma rápida olhada sobre o trabalho realizado pelas organizações Caritas na África mostra claramente o vasto espectro de todas as actividades que têm lugar em cada e em toda nação. Fortalecimento de comunidades, educação e treinamento para desenvolvimento em áreas rurais, auxílio sanitário, administração do meio ambiente, capacidade de construção e apoio ao desenvolvimento, treinamento para gerenciamento da manutenção da vida, treinamento governamental, aconselhamento psico-social são algumas das actividades que são comuns em muitas organizações da Cáritas na África. Dessa forma, elas contribuem completamente para a reconciliação e para a melhoria da justiça social em seus respectivos países.
O trabalho de muitas organizações Caritas nacionais na África é suportado pelos parceiros da Caritas de países desenvolvidos de outras regiões do mundo. Essa parceria mais efectiva é altamente recomendável. Como uma confederação, partilhamos valores e princípios comuns, respeitamos a dignidade do ser humano, acreditamos na solidariedade e na partilha, dedicamo-nos e estamos convencidos de que a subsidiariedade é a chave para uma cooperação harmónica entre os parceiros.

[00115-06.03] [IN096] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Jorge Enrique JIMÉNEZ CARVAJAL, C.I.M., Arcebispo de Cartagena na Colômbia (COLÔMBIA)

Milhares e milhares de seres humanos da raça negra chegaram à toda a América para serem vendidos e condenados a trabalhar até a morte.
Cartagena teve a infeliz sorte de ser um dos portos principais deste infame comércio, mas teve a grande sorte de acolher o grande testemunho de santidade do jesuíta São Pedro Claver, apóstolo dos escravos, cujo corpo repousa em nossa Catedral. Ele viveu para protegê-los, guiá-los na fé e ensinar a eles o amor a Deus, o amor de Deus, amor que sem dúvida os ajudou a sobreviver para hoje expressá-lo na perspectiva da fé cristã.
Pedro Claver esperava os “navios negreiros” numa ótica diferente daqueles que negociavam com eles. Para os comerciantes chegavam “escravos para o trabalho”, mas para o apóstolo chegavam “filhos de Deus” que queriam entender toda a verdade do Evangelho. Então o Negro cresce na Fé e a vive, mas se pergunta porque o companheiro que professa a mesma fé use o chicote, e não encontra resposta.
Todo este capítulo da “História Universal da Infâmia”, com a chama Sábato, aconteceu 15 séculos depois da vinda de Nosso Senhor Jesus e faz parte da escuridão que devemos superar a fim de atingir maiores níveis de dignidade, os mais elevados num mundo “falsamente globalizado”.
A África é a “Grande Pátria” de todas as nossas negritudes, do Canadá até a Terra do Fogo, incluindo toda a maravilha da presença desta raça nas Antilhas e no Caribe.
Muitas coisas que tornam grande o Continente Americano foram possíveis unicamente por causa da contribuição dos negros, herdeiros de tantas riquezas ainda hoje desconhecidas, herdeiros de uma grande abundância de símbolos que com o tempo teriam enriquecido a mensagem cristã, herdeiros daquela alegria com a qual os seus antepassados abraçaram a fé, não importa quanto a vida seja dura com eles. A história da África na América não uma história de ontem, é um hoje vivente!
Por este motivo acredito que este Sínodo tenha que dizer uma palavra às “Negritudes” americanas (espero que tenham notado que uso a palavra “americano” para designar toda a América, a do norte, a central, a das Antilhas, a caribenha e a do sul). Grande parte do coração deles está vivo e continuará vivendo na África, por isso perceberão e viverão como próprio o que acontece naquele continente.

[00137-06.03] [IN098] [Texto original: espanhol]

- S. E. R. Dom Velasio DE PAOLIS, Arcebispo titular de Telepte, Presidente da Prefeitura para os Assuntos Econômicos da Santa Sé (CIDADE DO VATICANO)

O tema da justiça ocupa um posto fundamental na reflexão desta assembleia. Ele está no título, e percorre também todo o texto do Instrumentum laboris, como também da Relatio ante disceptationem.
A vida cristã tem na raiz o amor cristão, que Jesus apresenta como sinal da sua presença em seus discípulos (cf. 13, 25). Mas a realização do testemunho do amor passa necessariamente através do testemunho da justiça.
O conceito rigoroso de justiça, que pertence à antiguidade e foi elaborado e aperfeiçoado pela tradição cristã como virtude, que dá a cada um o que lhe é devido, faz parte do património cristão; aliás, na fé cristã recebe um novo esplendor, porque na fé cristã resplende de modo luminoso a dignidade da pessoa humana, com a série de direitos e deveres, que são um prolongamento. A justiça assim, como estrada do amor e caminho do amor, e, portanto, aberta à gratuidade e ao amor, conserva um seu papel específico, como sublinha o Santo Padre Bento XVI na Encíclica Caritas in Veritate, n. 6.
A justiça deve ser traduzida na prática; aliás, é a prática que constitui a verificação da doutrina que se enuncia. Seria vão proclamar os direitos, se eles não fossem protegidos com meios adequados. A justiça instaura-se com uma recta administração da justiça, que assegura dentro de uma comunidade o suum para cada um dos fieis. Isto pressupõe que existam e venham rectamente usados meios adequados, se respeitem as leis da Igreja, através dos organismos competentes, particularmente através dos tribunais previstos pela legislação canónica. A justiça é garantida quando todos se submetem à mesma lei da Igreja e se respeitam os direitos de todos. Exige-se, sobretudo, que o exercício da autoridade seja verdadeiramente evangélico, como serviço às pessoas, segundo o ensinamento de Jesus e sob seu exemplo. Como os discípulos se reconheciam pela prática do amor evangélico, assim o exercício da autoridade de modo evangélico se reconhece pelo facto que é atuado à imagem do Filho do homem que veio não para ser servido, mas para servir e doar a própria vida.

[00138-06.03] [IN099] [Texto original: italiano]

- S. E. R. Dom Joseph Mukasa ZUZA, Bispo de Mzuzu (MALÁUI)

Para promover a reconciliação, a justiça e a paz, a Igreja católica deve trabalhar em conjunto com as outras Igrejas cristãs e com os muçulmanos. No Malavi, a Igreja católica oferece serviços médicos e educativos, orientados ao desenvolvimento e à administração pública, mediante os seguintes organismos ecuménicos e inter-religiosos:- Comissão para os Negócios Públicos (PAC), que se ocupa de educação cívica, direito, constitucionalismo e boa governação.
- Comissão cristã para os Serviços (CSC), que se ocupa de desenvolvimento.
- Associação cristã de saúde do Malavi (CHAM), que coordena e oferece consultoria às Igrejas em matéria de saúde.
- Associação dos Educadores cristãos do Malavi (ACEM), que coordena as actividades educativas das Igrejas.
- Associação inter-religiosa do Malavi para o tratamento da Sida, que coordena e apoia as comunidades de fé que se ocupam de Vih!Sida.
- Centro Ecuménico de Consultoria (ECC), que se ocupa de formação à consultoria, sobretudo em matéria de Vih/Sida.
Enquanto estamos gratos por trabalhar juntamente com estas instituições ecuménicas e inter-religiosas, devemos reconhecer que ainda persistem desconfiança e má vontade. É um desafio, mas nós continuamos a trabalhar juntos pelo bem da nossa gente e da nossa nação, o Malavi, o Coração ardente da África.

[00139-06.03] [IN100] [Texto original: inglês]

AUDITIO DELEGATORUM FRATERNORUM (I)

Successivamente, interveio o seguinte Delegado fraterno:

- Sua Graça Bernhard NTAHOTURI, Arcebispo da Provinça da Igreja Anglicana do Burundi (BURUNDI)

Damos aqui a seguir os resumos da intervenção do Delegado fraterno:

- Sua Graça Bernhard NTAHOTURI, Arcebispo da Provinça da Igreja Anglicana do Burundi (BURUNDI)

O tema escolhido para o Sínodo é um tema que diz respeito à África de hoje. Por meio desta Assembleia, a Igreja (católica) mostra os desafios de sua obra pastoral em favor da sociedade africana. A Igreja convida todos os seus membros e os outros cristãos, como também outros fiéis e pessoas de boa vontade, a uma dinâmica orientada para a revelação de Deus criador e salvador da humanidade; um Deus de amor e fonte da vida, para transformar as situações que o africano é chamado a viver.
Quando olhamos ao nosso redor, no profundo da África, vemos numerosas situações preocupantes, como a degeneração generalizada da qualidade de vida, a insuficiência dos meios para a educação dos jovens, a falta de serviços sanitários e sociais elementares, sem contar a persistência de doenças endémicas, a terrível epidemia da SIDA, o horror das guerras fratricidas alimentadas pelo tráfico de armas sem escrúpulos, o espetáculo vergonhoso e humilhante dos refugiados e desabrigados, etc.
A África está caminhando rumo ao crescimento, não esta parada. A África está caminhando em várias direcções: política, económica, social e cultural, e sobretudo espiritual. A África é um continente de oportunidade. A Igreja-família de Deus na África deve ser caracterizada pelo sentido profundo de uma fraternidade que vai além dos limites da própria família, da própria tribo ou etnia, rumo à via sacra que leva a Cristo, plenitude de vida. Como Ele está vivo, nós viveremos e os membros da família ecuménica responderão “presente” no encontro da fraternidade.

[00147-06.03] [DF002] [Texto original: francês]

AUDITIO AUDITORUM (I)

Por fim, intervieram os seguintes Auditores e Auditoras:

- Rev.da Irmã. Felicia HARRY, N.S.A. (O.L.A.), Superiora Geral das Irmãs de Nossa Senhora dos Apôstolos (GHANA)
- Rev. Pe. Seán O’LEARY, M.Afr., Diretor do Institudo “Denis Hurley Peace” (ÁFRICA DO SUL)
- Rev.da Irmã. Pauline ODIA BUKASA, F.M.S., Superiora Geral das Irmãs “Ba-Maria”, Buta Uele (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)
- Rev.da Irmã. Geneviève UWAMARIYA, Irmã de Santa Maria de Namur (RUANDA)

Damos aqui a seguir os resumos das intervenções dos Auditores e das Auditoras:

- Rev.da Irmã. Felicia HARRY, N.S.A. (O.L.A.), Superiora Geral das Irmãs de Nossa Senhora dos Apôstolos (GHANA)

Colaboração é a palavra-chave na busca da Igreja pela reconciliação, paz e justiça na África hoje. Nós, as mulheres religiosas da África queríamos ver mais colaboração entre nós e as Autoridades da Igreja nos nossos esforços colegiais para levar a mensagem de Cristo a nosso povo. A colaboração não somente quando já se tomaram decisões que estão para ser implementadas, mas que façamos parte do processo de tomada de decisões, então trazendo nosso “génio” feminino de gentileza, ternura, e abertura na escuta da palavra e no serviço aos outros (cf. Art. 114, Instr. Lab.) para levar a verdadeira vida às paróquias onde trabalhamos. Para além de ensinar o catecismo a crianças, decorar as igrejas paroquiais, limpar, recuperar e costurar vestimentas nós, mulheres religiosas da África gostaríamos de ser parte de vários conselhos paroquiais. Nós não queremos permanecer na periferia do corpo principal da paróquia, queremos ser parte integrante desse corpo. Nós não queremos tomar a responsabilidade do pároco, apenas queremos ser parceiros iguais na vinha do Senhor; queremos partilhar da responsabilidade da Igreja de assegurar a reconciliação, paz e justiça em nosso continente.
O adágio “a caridade começa em casa” não está fora de lugar nesse contexto. Se nossa Igreja na África espera por reconciliação, paz e justiça em nosso continente, devemos começar por nós próprios. Como podemos fazer isso?
Algumas sugestões aqui:
Nenhum grupo deve sentir-se superior para dominar
Deveria haver uma mudança de mentalidade no que se refere à mulher, especialmente à mulher religiosa em nossa Igreja na África.
Deveria haver a conversão do coração de todos.

[00129-06.04] [UD001] [Texto original: inglês]

- Rev. Pe. Seán O’LEARY, M.Afr., Diretor do Institudo “Denis Hurley Peace” (ÁFRICA DO SUL)

O Denis Hurley Peace Institute (DHPI) foi criado pela Conferência dos Bispos Católicos do Sul da África (SACBC) para partilhar com outros a trágica história do passado da África do Sul, um passado que estava baseado em um racismo constitucionalizado; o milagre da transição para uma verdadeira democracia e os árduos desafios de construção, reconstrução e reconciliação, que está no coração do trabalho da Igreja na África do Sul hoje.
A experiência nos mostrou que o enorme impacto que a Igreja católica tem no continente, é raramente sentido em situações de conflito. As tentativas da Igreja de intervenções em conflitos permanecem fragmentadas. Precisamos suportar mais os Bispos e dioceses no fronte dos conflitos. Nesta sala há uma riqueza de experiências de pessoas de áreas de conflito que mantiveram seus corações e de seu povo vivos com esperança, por longos anos, em situações próximas do desespero. Aqui estão nossos heróis não cantados!
A sugestão da Conferência dos Bispos Católicos do Sul da África faz isso para identificar pessoas chave (Bispos, Clérigos, Religiosos e Leigos) que poderiam ser treinados para intervir no monitorização da paz, em negociações de paz e na sustentação de frágeis estruturas de paz. Na deflagração de qualquer conflito ou potencial conflito, duas ou três dessas pessoas treinadas poderiam+ ser convidadas para intervir no país em questão, primeiramente para dar um suporte à Igreja local. A ideia deveria ser sempre dar suporte à Igreja local.
Isto poderia vir a ser nosso verdadeira grupo de ‘Anciãos da Paz’ e poderia ser estabelecido como uma consequência directa dessa Assembleia de agosto.
Não esperando para dar ao Pontifício Conselho “Justiça e Paz” mais trabalho, mas eu veria ele como a mais competente autoridade na Igreja para organizar essa iniciativa.

[00130-06.02] [UD002] [Texto original: inglês]

- Rev.da Irmã. Pauline ODIA BUKASA, F.M.S., Superiora Geral das Irmãs “Ba-Maria”, Buta Uele (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)

A mulher africana é marginalizada a todos os níveis. É quase excluída do processo global do desenvolvimento do continente. É vítima dos usos e costumes ancestrais e é ela, actualmente, quem carrega o peso de todos os conflitos armados que dilaceram a África e, em particular, a República Democrática do Congo. Neste momento, em que a Igreja na África se empenha a trabalhar pela reconciliação dos seus filhos e filhas, a mulher já não pode ser ignorada. Ela tem um grande papel a desempenhar.
Nos nossos dias, o dinamismo e a determinação das mulheres a providenciar sobrevivência das próprias famílias, a permanecer com os filhos e educá-los, é um recurso que deve ser capitalizado para o seu pleno envolvimento no processo da reconciliação em vista de paz verdadeira.
Embora reconhecendo os esforços que já pusestes em acto a favor da dignidade da mulher, nós, as vossas mães e mulheres consagradas, pedimos a vós, Bispos nossos pais nesta Igreja-Família, para que promovais a dignidade da mulher, garantindo-lhes os espaços necessários a fim de que possa desenvolver os próprios talentos dentro das estruturas eclesiais e sociais; promovais
as associações ou as ONGD femininas que já lutam pela promoção da mulher através da alfabetização e da educação; retomai e criai escolas da Igreja católica a fim de garantir aos jovens uma educação para os valores cristãos, africanos e humanos capazes de consolidar a estrutura familiar; denunciai todas as violações feitas contra a mulher, as crianças e a todo o povo e dizei a alta voz aos autores desta tragédia, a níveis nacional e internacional, a grave responsabilidade que têm diante de Deus e da história. E que a justiça seja feita.

[00131-06.03] [UD003] [Texto original: francês]

- Rev.da Irmã. Geneviève UWAMARIYA, Irmã de Santa Maria de Namur (RUANDA)

Compartilho convosco minhas experiência de reconciliação com os presumíveis culpados pelo genocídio. Farei-vos partícipes dos frutos do meu testemunho junto deles e de suas vítimas sobreviventes.
Sou uma sobrevivente do genocídio dos Tutsis de Ruanda, em 1994.
Grande parte da minha família foi massacrada na nossa igreja paroquial. Ao ver este edifício, sentia-me horrorizada, revoltava-me, e quando encontrava-me com os presos, sentia repugnância e raiva.
Enquanto vivia neste estado de espírito, aconteceu uma coisa que mudou a minha vida e as minhas relações. No dia 27 de agosto de 1997, às 13h, fui levada por um grupo da associação católica "Damas da Misericórdia divina" a dois cárceres da região de Kibuye, a minha cidade natal, para preparar os presos para o Jubileu do ano 2000. Elas diziam: “Se matastes, empenha-te a pedir perdão à vítima sobrevivente, desse modo, ajudas a libertá-la do peso da vingança, do ódio e do rancor.
Se és vítima, empenha-te a oferecer o teu perdão àquele que te ofendeu; assim o ajudas a libertar-se do peso do seu crime e do mal que tem consigo”.
Esta mensagem teve um efeito inesperado para mim e em mim...
Depois disso, um dos presos se levantou, com os olhos cheios de lágrimas e caiu em joelhos, suplicando a voz alta: "misericórdia". Fiquei petrificada ao reconhecer um amigo de minha família, crescido conosco, com quem havíamos dividido tudo.
Confessou-me que havia matado meu pai e contou-me os detalhes sobre a morte de meus familiares.
Um sentimento de piedade e de compaixão tomou conta de mim. Ajudei-lhe a levantar, beijei-o e disse-lhe, em soluços: “Tu eras meu irmão e continuas a sê-lo”.
Senti, então, aliviada de um grande peso... Recuperei a paz interior e agradeci a esta pessoa, que ainda estava entre meus braços.
Com grande surpresa, ouvi-lo gritar: “a justiça pode fazer seu trabalho e condenar-me à morte, mas agora, sinto-me livre!”.
Eu também queria gritar para quem ouvisse: “Vens e veja aquilo que me libertou, tu também podes libertar a recuperar a paz interior!”
A partir daquele momento, a minha missão foi percorrer quilómetros, a levar a correspondência dos presos que pediam perdão aos seus sobreviventes. Entreguei 500 cartas; e levava também as respostas dos sobreviventes aos presos, que se transformaram em meus amigos e irmãos... Isto permitiu encontros entre os carnífices e as vítimas. Muitos gestos concretos selaram as reconciliações:
- Os presos construíram um vilarejo para as viúvas e os órfãos do genocídio;
- Também foi erguido um memorial diante da igreja de Kibuye;
- Em várias paróquias, foram criadas associações dos ex-detentos com os sobreviventes, e funcionam muito bem.
Desta experiência, eu deduzo que a reconciliação não significa apenas reunir duas pessoas ou dois grupos em conflito. As pessoas devem vencer o amor e deixar que ocorra a cura interior, que permite a libertação recíproca.
Aqui reside a importância da Igreja no nosso país, em sua missão de oferecer a Palavra: uma palavra que cura, liberta e reconcilia.

[00132-06.04] [UD004] [Texto original: francês]

COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO PARA A MENSAGEM

Publicamos a seguir a lista dos nomes dos Membros da Comissão para a Mensagem, eleitos na Sexta Congregação desta manhã, quinta-feira 8 de Outubro de 2009, acrescida dos 2 Membros de nomeação pontifícia

Presidente
- S. E. R. Dom John Olorunfemi ONAIYEKAN, Arcebispo de Abuja (NIGÉRIA)

Vice-Presidente
- S. E. R. Dom Youssef Ibrahim SARRAF, Bispo do Cairo dos Caldeus (EGITO)

Membros
- S. Em. R. Card. Polycarp PENGO, Arcebispo de Dar-es-Salaam, Presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (S.E.C.A.M.) (TANZÂNIA)
- S. E. R. Dom Robert SARAH, Arcebispo emérito de Conakry, Secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos (CIDADE DO VATICANO)
- S. E. R. Dom Fidèle AGBATCHI, Arcebispo de Parakou (BENIN)
- S. E. R. Dom Cornelius Fontem ESUA, Arcebispo de Bamenda (CAMARÕES)
- S. E. R. Dom Francisco João SILOTA, M. Afr., Bispo de Chimoio, Segundo Vice-Presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (S.C.E.A.M.) (MOÇAMBIQUE)
- S. E. R. Dom Maurice PIAT, C.S.Sp., Bispo de Port-Louis (ILHAS MAURÍCIAS)
- S. E. R. Dom Nicolas DJOMO LOLA, Bispo de Tshumbe, Presidente da Conferência Episcopal (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)
- S. E. R. Dom Giorgio BERTIN, O.F.M., Bispo de Djibouti, Administrador Apostólico "ad nutum Sanctæ Sedis" de Mogadiscio (SOMÁLIA)
- S. E. R. Dom Maroun Elias LAHHAM, Bispo de Tunis (TUNÍSIA)
- Rev. Pe. Kieran O'REILLY, S.M.A., Superior-Geral da Sociedade das Missôes Africanas (UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)

COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO PARA A INFORMAÇÃO

Presidente
- S. Em. R. Card. John NJUE, Arcebispo de Nairóbi, Presidente da Conferência Episcopal (QUÊNIA)

Vice Presidente
- S. E. R. Dom Claudio Maria CELLI, Arcebispo titular de Civitanova, Presidente do Pontificio Conselho para as Comunicações Sociais (CIDADE DO VATICANO)
Membros
- S. E. R. Dom Antoine NTALOU, Arcebispo de Garoua (CAMARÕES)
- S. Em. R. Card. Armand Gaétan RAZAFINDRATANDRA, Arcebispo emérito de Antananarivo (MADAGASCAR)
- S. E. R. Dom Cyprian Kizito LWANGA, Arcebispo de Kampala (UGANDA)
- S. E. R. Dom Manuel António MENDES DOS SANTOS, C.M.F., Bispo de São Tomé e Príncipe (SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE)
- S. E. R. Dom Daniel Marco Kur ADWOK, Bispo titular de Mossori, Bispo auxiliar de Khartoum (SUDÃO)

Membros ex-officio
- S. E. R. Dom Nikola ETEROVIĆ, Arcebispo titular de Sisak, Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos (CIDADE DO VATICANO)
- S. E. R. Dom Damião António FRANKLIN, Arcebispo de Luanda, Presidente da Conferência Episcopal (ANGOLA)
- S. E. R. Dom Edmond DJITANGAR, Bispo de Sarh (CHADE)

Membro e Secretário ex-officio
- Rev. Pe. Federico LOMBARDI, S.I., Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé (CITADE DO VATICANO)


ERRATA CORRIGE (II)

As correções publicadas na Errata Corrige do Boletim n.14 foram citadas directamente nos relativos Boletins publicados nestas páginas internet.

AVISOS

- CALENDÁRIO
- COLETIVAS DE IMPRENSA
- “BRIEFING”
- “POOL”
- BOLETIM SYNODUS EPISCOPORUM
- COBERTURA DE TV AO VIVO
- NOTICIÁRIO TELEFÓNICO
- HORÁRIO DE ABERTURA DA SALA DE IMPRENSA DA SANTA SÉ

CALENDÁRIO

Hoje, sexta-feira, 9 de Outubro, às 18h00 durante a Nona Congregação Geral intervirá o Convidado Especial, Mr. Rodolphe Adada, Representante Especial Conjunto do Secretário Geral das Nações Unidas e do Presidente da Comissão da União Africana no Darfur (Sudão), para referir sobre os esforços de paz na região do Darfur, que dizem respeito a vários Países africanos. O texto da intervenção estará à disposição dos jornalistas credenciados na Sala de Imprensa, a partir das 14.00, sob Embargo até às 19.00 horas.

“Laudate Dominus omnes gentes” é o título do “Concerto para a África”, previsto para domingo, 11 de Outubro às 18h30, na Pontifícia Univeridade Gregoriana de Roma. Estarão presentes S.E.R. Dom Nikola Eterović, Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, o Ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Franco Frattini, a Ministra italiana da Educação, da Universidade e da Pesquisa, Mariastella Gelmini. As músicas serão executadas pelo Coral Univeristário de Roma e pela Orquestra Nacional dos Conservatórios, com a direção do Maestro Bruno Aprea e do Maestro Massimo Palombella. O programa muscial prevê: Canto gregoriano, “Victima paschali laudes”; Giovanni Pierluigi da Palestrina, “Credo” (da Missa “Papa Pacelli”); Wolfang Amadeus Mozart, Sinfonia em Dó n. 41 K.551 “Júpiter”; Robert Schumann, Sinfonia em Mi bemol Op 97 “Renana”. O concerto é organizado pela Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, e pelos Ministérios italianos dos Negócios Estrangeiros, da Educação, da Universidade e da Pesquisa, por ocasião da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos.

[00013-06.08] [00000] [Texto original: italiano]

COLETIVAS DE IMPRENSA

A segunda Coletiva de Imprensa sobre os trabalhos sinodais (com a tradução simultânea em italiano, inglês, francês e português) realizar-se-à quarta-feira 14 de outubro 2009 (após a Relatio post disceptationem), por volta das 12h45, na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Os nomes dos participantes serão comunicados quando for possível.

Os fotógrafos e operadores audiovisuais (cinegrafistas e técnicos) para obter a autorização de acesso devem dirigir-se ao Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.

As sucessivas Coletivas de Imprensa serão realizadas:
- Sexta-feira, 23 de outubro 2009 (após o Nuntius)
- Sábado, 24 de outubro 2009 (após o Elenchus finalis propositionum)

“BRIEFING”

O Quinto “Briefing” para os grupos linguísticos será realizado (nos lugares e com os Assessores de Imprensa indicados no Boletim N. 2) amanhã, sábado, 10 de Outubro de 2009, por volta das 13h10.

Recorda-se que os fotógrafos e operadores audiovisuais (cinegrafistas e técnicos) para obter a autorização de acesso (muito limitado) devem dirigir-se ao Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.
Os próximos “Briefing” terão lugar, geralmente às 13h10:
- Segunda-feira 12 de Outubro de 2009
- Terça-feira 13 de Outubro de 2009
- Quinta-feira 15 de Outubro de 2009
- Sábado 17 de Outubro de 2009
- Terça-feira 20 de Outubro de 2009

“POOL”

São previstos “Pools” de jornalistas credenciados para entrar na Sala do Sínodo, possivelmente, para a oração de abertura das Congregações Gerais no início da manhã, nos seguintes dias:
- Sábado 10 de Outubro de 2009
- Segunda-feira 12 de Outubro de 2009
- Terça-feira 13 de Outubro de 2009
- Quinta-feira 15 de Outubro de 2009
- Sábado 17 de Outubro de 2009
- Terça-feira 20 de Outubro de 2009
- Sexta-feira 23 de Outubro de 2009
- Sábado 24 de Outubro de 2009

No Escritório de Informação e Credenciamento da Sala de Imprensa da Santa Sé (na entrada, à direita) serão colocadas à disposição dos jornalistas listas de inscrição aos “Pools”.

Para os “Pools” os fotógrafos e os operadores TV devem dirigir-se ao Pontifício Conselho das Comunicações Sociais.

Os participantes nos “Pools” devem estar às 08h30 no Setor Imprensa, montado diante da entrada da Sala Paulo VI, de onde serão acompanhados por um membro da Sala de Imprensa da Santa Sé (para os jornalistas) e por um membro do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais (para os fotógrafos e operadores TV). É solicitado um traje apropriado à circunstância.

BOLETIM SYNODUS EPISCOPORUM

O próximo Boletim, com os resumos das intervenções pronunciadas na Sala pelos Padres Sinodais na Nona Congregação Geral, será publicado na abertura da Sala de Imprensa da Santa Sé, sábado, 10 de Outubro de 2009.

COBERTURA DE TV AO VIVO

Serão transmitidas, ao vivo, através de monitores na Sala das Telecomunicações, na Sala dos jornalistas na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé:
- Sábado 10 de Outubro de 2009 (18h): Oração do Terço com os Universitários dos Ateneus Romanos (Sala Paulo VI)
- Domingo 11 de Outubro de 2009 (10h): Solene Concelebração Eucarística com Canonização dos Bem-aventurados Zygmunt Szsezęsny Feliński, Francisco Coll y Guitart, Jozef Damiaan de Veuster, Rafael Arnáiz Barón e Marie de la Croix (Jeanne) Jugan (Praça São Pedro)
- Terça-feira 13 de Outubro de 2009 (16h30): Parte da Congregação Geral durante a qual será apresentada a Relatio post disceptationem
- Domingo 25 de Outubro de 2009 (09h30): Solene Concelebração da Santa Missa de encerramento do Sínodo (Basílica de São Pedro)

Eventuais variações serão publicadas quando for possível

NOTICIÁRIO TELEFÓNICO

Durante o período sinodal estará em função um noticiário telefónico:
- +39-06-698.19 com o Boletim ordinário da Sala de Imprensa da Santa Sé;
- +39-06-698.84051 com o Boletim do Sínodo dos Bispos, parte da manhã;
- +39-06-698.84877com o Boletim do Sínodo dos Bispos, parte da tarde.

HORÁRIO DE ABERTURA DA SALA DE IMPRENSA DA SANTA SÉ

A Sala de Imprensa da Santa Sé, por ocasião da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos permanecerá aberta conforme o seguinte horário, de 2 a 25 de outubro de 2009:
- Sábado 10 de Outubro: 09h -19h
- Domingo 11 de Outubro: 09h – 13h
- Segunda-feira 12 de Outubro: 09h – 16h
- Terça-feira 13 de Outubro: 09h – 20h
- De quarta-feira 14 de Outubro a sábado 17 de Outubro: 09h – 16h
- Domingo 18 de Outubro: 11h – 13h
- De segunda-feira 19 de Outubro a sábado 24 de Outubro: 09h – 16h
- Domingo 25 de Outubro: 09h – 13h

Os funcionários do Escritório de informação e credenciamento estarão à disposição (na entrada à direita):
- Segunda a sexta-feira: 09h – 15h
- Sábado: 09h – 14h

Eventuais mudanças serão comunicadas, quando for possível, através de anúncios no quadro de avisos da Sala dos jornalistas na Sala de Imprensa da Santa Sé, no Boletim da Comissão para a informação da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos e na área Comunicações de serviço do site de Internet da Santa Sé.

 

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- Índice Boletim Synodus Episcoporum - Assembleia Especial para a África - 2009
 
[Espanhol, Francês, Inglês, Italiano,
Plurilingüe, Português]

- Índice Sala de Imprensa da Santa Sé
 
[Alemão, Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Português]

 

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