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SYNODUS EPISCOPORUM
BOLETIM

II ASSEMBLEIA ESPECIAL PARA A ÁFRICA
DO SÍNODO DOS BISPOS
4-25 OUTUBRO 2009

A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz.
"Vós sois o sal da terra ... Vós sois a luz do mundo" (Mt 5, 13.14)


Este Boletim é somente um instrumento de trabalho para uso jornalístico.
A
s traduções não possuem caráter oficial.


Edição portuguesa

21 - 12.10.2009

SUMÁRIO

- DÉCIMA CONGREGAÇÃO GERAL (SÁBADO, 10 DE OUTUBRO DE 2009 - MANHÃ)- CONTINUAÇÃO
- DÉCIMA SEGUNDA CONGREGAÇÃO GERAL (SEGUNDA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2009 - TARDE)
- COLETIVAS DE IMPRENSA

DÉCIMA CONGREGAÇÃO GERAL (SÁBADO, 10 DE OUTUBRO DE 2009 - MANHÃ) - CONTINUAÇÃO

- AUDITIO AUDITORUM (III) - CONTINUAÇÃO

AUDITIO AUDITORUM (III) - CONTINUAÇÃO

Publicamos a seguir uma nova Síntese de uma intervenção no Auditio auditorum (III), em substituição do texto publicado no Boletim N. 16 de 10 de Outubro de 2009, a pedido do Auditor.

- Prof. Edem KODJO, Secretário-Geral emérito da Organização da Unidade Africana (O.U.A.); ex-Primeiro-Ministro, Professor de Patrologia no Instituto St. Paul de Lomé (TOGO)

A África deseja profundamente a reconciliação, a justiça e a paz. A Igreja em África e os seus cristãos são interpelados por essa missão mais do que os outros. Como reconciliar os Africanos entre eles?
O processo não é fácil. A Reconciliação é, antes de mais, uma atitude, uma disposição do coração, um olhar de amor para o outro, que pressupõe a conversão do ser inteiro, uma verdadeira «metanoïa», uma transformação total que só a graça, gerada pela oração, pode conceder. Sim, nós Africanos, devemos, antes que mais, reconciliar-nos com Deus, através da penitência e da oração.
A reconciliação com os outros pressupõe que se tenha a força e a coragem do perdão.
Na reconciliação humana tem um lugar central a confissão que leva à verdade, à indispensável verdade, e à justiça. Reconciliação, justiça, verdade encontram-se numa espécie de relação de tipo trinitário.
Os cristãos são formados para desenvolver esse papel? Nem sempre! E ainda menos os homens políticos cristãos. Sendo o coração humano obscuro por sua natureza e a política a maior das imundície, estão mais expostos que os outros à traição da sua fé. Não é suficiente denunciá-los e vilipendiá-los. É preciso mudar os seus corações. Aliás, eles não devem ser todos condenados. Julius Nyerere não poderia ser beatificado? É preciso rezar por eles. É preciso formá-los. Ora, a formação pós-catequética da nossa Igreja ainda está por fazer. O que se conhece verdadeiramente da Doutrina Social da Igreja nas esferas do Poder?
A Escola cristã deve ser re-cristianizada, o laicado valorizado, melhor associado, e deve ter um papel plenário.
É preciso que haja em todas as nossas dioceses capelanias para os homens políticos.
Em todo caso, os povos de África esperam deste sínodo uma mensagem forte para dizer chega aos desvios políticos e às manipulações de todos os tipos, ao desejo de ficar no poder enganando, à monopolização das riquezas por parte de alguns, à alienação dos nossos recursos minerais. À venda das nossas terras, às empresas capitalistas transnacionais, à destruição do nosso meio ambiente.
Os povos sabe, que a voz da Igreja é forte, que a voz do Santo Padre fala alto. Os povos conhecem o alto valor moral e espiritual da nossa Igreja. Eles estão à espera; não os decepcionem!

[00242-06.02] [UD014] [Texto original: francês]

DÉCIMA SEGUNDA CONGREGAÇÃO GERAL (SEGUNDA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2009 - TARDE)

- INTERVENÇÕES NA SALA (CONTINUAÇÃO)
- AUDITIO AUDITORUM (V)
- INTERVENÇÃO DO CONVIDADO ESPECIAL DR. JACQUES DIOUF, DIRETOR- GERAL DA FAO

Ás 16h30 de hoje, segunda-feira, 12 de Outubro de 2009, com a oração Pro felici Synodi exitu guiada pelo Santo Padre, teve início a Décima Segunda Congregação Geral, para a continuação das intervenções na Sala sobre o tema sinodal
A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz “Vós sois o sal da terra ... Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13.14).

Presidente Delegado de turno S.Em. Card. Théodore-Adrien SARR, Arcebispo de Dacar (SENEGAL).

Às 18h o Presidente Delegato concedeu a palavra ao Convidado Especial Dr. Jacques DIOUF, Diretor-Geral da FAO.

Nesta Congregação Geral que se concluiu às 19h com a oração do Ange­lus Domini estavam presentes 210 Padres.

INTERVENÇÕES NA SALA (CONTINUAÇÃO)

Intervieram os seguintes Padres:

- S. E. R. Dom Robert MUHIIRWA, Bispo de Fort Portal (UGANDA)
- S. E. R. Dom Kyrillos WILLIAM, Bispo de Assiut dos Coptas (EGITO)
- S. E. R. Dom Philippe RANAIVOMANANA, Bispo de Ihosy (MADAGASCAR)
- S. E. R. Dom Laurent MONSENGWO PASINYA, Arcebispo de Kinshasa (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)
- S. E. R. Dom Raymond Leo BURKE, Arcebispo emérito de Saint Louis, Prefeito do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica (CIDADE DO VATICANO)
- S. E. R. Dom Tesfaselassie MEDHIN, Bispo de Adigrat (ETIÓPIA)- S. E. R. Dom Norbert Wendelin MTEGA, Arcebispo de Songea (TANZÂNIA)
- S. E. R. Dom Krikor-Okosdinos COUSSA, Bispo de Iskanderiya dos Armênios (EGITO)
- S. E. R. Dom Denis WIEHE, C.S.Sp., Bispo de Port Victoria, Presidente da Conferência Episcopal (C.E.D.O.I.) (SEYCHELLES)
- S. E. R. Dom Ludwig SCHICK, Arcebispo de Bamberg, Presidente da Comissão "Weltkirche" da Conferência Episcopal Alemã (ALEMANHA)

Publicamos a seguir as sínteses das intervenções:

- S. E. R. Dom Robert MUHIIRWA, Bispo de Fort Portal (UGANDA)

Falo sobre o grande desafio da pobreza à qual assisto no meu país, Uganda, em particular na minha diocese de Fort Portal, que tem uma população de cerca um milhão de católicos, com aproximadamente 2.000 catequistas. Acredito que a minha diocese, como muitas outras na África, tenha um grande potencial. Por exemplo, terrenos férteis nas áreas rurais, cidades pequenas e grandes. Mas na situação financeira actual, não somos capazes de desenvolver esta terra e sustentar-nos economicamente. Por isso continuamos a pedir ajudas financeiras às nossas Igrejas-irmãs na Europa, América e noutros países desenvolvidos, com a finalidade de poder construir igrejas, reitorias para as nossas paróquias, conventos, para ter meios de transporte a fim de poder desempenhar os nossos compromissos pastorais, etc. Certamente estamos agradecidos por toda a ajuda que recebemos.
Contudo, se quisermos ser uma Igreja madura, uma Igreja viva que seja auto-suficiente e se difunda, devemos tornar-nos também mais autónomos e depender dos recursos que nós mesmos conseguimos recolher, pondo-nos numa tal posição que possamos apoiar os programas da Igreja e oferecer uma justa retribuição aos nossos catequistas, religiosos e sacerdotes, pois isto poderia ajudá-los a não abandonar voluntariamente as nossas dioceses para procurar pastagens mais ricas noutros lugares. Além de tudo isto, devemos realizar programas para os jovens, a fim de que não sejam conquistados pelos muçulmanos ou pelas Igrejas pentecostais, que estão a investir milhões de dólares no nosso país para os atrair à sua religião.
Poderíamos manter um diálogo maior sobre o modo em que as nossas Igrejas ou dioceses-irmãs no mundo desenvolvido nos assistem? Por exemplo, ajudando as dioceses-irmãs e as conferências em relação às possibilidades de fazer investimentos para ser autónomas, de maneira a ser capazes de pagar um salário aos nossos agentes pastorais, especialmente os catequistas e outros? Conseguiremos idealizar sozinhos os programas pastorais, superando a síndrome de dependência que faz com que alguns doadores se sintam cansados? Deixai que a sabedoria do seguinte lema resuma a minha intervenção: «Dai um peixe a um homem e ele virá até vós todos os dias, mas dai-lhe um anzol e ele pescará sozinho todos os dias».

[00207-06.03] [IN155] [Texto original: inglês]


- S. E. R. Dom Kyrillos WILLIAM, Bispo de Assiut dos Coptas (EGITO)

Numa população de 80 milhões de pessoas, no Egito os cristãos são cerca de 10 milhões e desse número cerca de trezentos mil são católicos, divididos entre coptos católicos, que formam a maioria, melquitas, maronitas, sírios, arménios, caldeus e alguns latinos.
A Igreja Católica no Egito é uma pequena comunidade que mantém a própria característica de Igreja Universal; tem também as mesmas preocupações de todas as Igrejas na África, mesmo tendo a sua especificidade porque vive num contexto árabe-muçulmano diferentemente de outros países africanos.
Ela é também uma Igreja local rica de tradições, culturas, ritos e com uma liturgia própria. A Igreja no Egito está presente através de actividades sociopastorais realizadas nas dioceses, pelas congregações religiosas e por organismos leigos.
Esta presença se manifesta de vários modos:
- Damos prioridade à educação. Através da escola, formamos a criança à tolerância, ao respeito pelos outros e pelos valores humanos. Esta formação cria pontes entre os vários âmbitos religiosos e sociais.
- O desenvolvimento socioeconómico, como a promoção da mulher, a animação rural (alfabetização, saúde, micro-projectos, etc.).
Alguns desafios da Igreja Católica no Egito: o fundamentalismo religioso, a emigração dos cristãos, os refugiados, o trabalho ecuménico que deixa a desejar, a formação adequada dos sacerdotes, dos religiosos e das religiosas para enfrentar as mudanças da sociedade egípcia com suas novas exigências. Promover a comunhão entre os diferentes ritos e os novos movimentos no seio da Igreja.

[00225-06.03] [IN156] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Philippe RANAIVOMANANA, Bispo de Ihosy (MADAGASCAR)

Não se pode deixar de agradecer os organismos europeus, católicos e não, que ajudaram financeira e materialmente as Igrejas do hemisfério Sul e algumas dioceses a dotar-se desses meios. A Igreja na África está agradecida ao Norte pelas diversas ajudas.
Todavia, com frequência as ajudas estão ligadas às condições por parte dos doadores. Muitos programas da Igreja na África dependem ainda largamente das condições impostas pelos doadores. Esta situação corre o risco por um lado de impor uma hipoteca sobre a autonomia e a propriedade dos programas e por outro de levar à realização de projectos ou estruturas não adequadas à Igreja local e a quem ela deve beneficiar. Por isso são necessárias confiança e compreensão recíprocas de ambas as partes, para evitar presentes envenenados.
O investimento nos meios de comunicação social deve servir para alcançar as aldeias isoladas e cortadas fora do mundo; os camponeses, que constituem 85% da população, não têm acesso à informação e à formação, sendo assim privados dos direitos e deveres elementares de cidadãos e de cristãos, enquanto são chamados a ser artífices de reconciliação, de paz e de justiça.
A formação de pessoal para administrar esses meios altamente tecnológicos em contínua evolução é cara! A formação, que com frequência deve ser realizada na Europa, é uma necessidade, mas permanece fora das possibilidades económicas da diocese. Por outro lado, para bem evangelizar a mídia, é preciso que os animadores tenham uma sólida formação cristã. Esta é a condição para o bom êxito.
A realização de rádios diocesanas é dirigida antes de mais nada à comunhão em cada diocese. Mas a realização de uma rede satelitar contribuirá muito para os intercâmbios e a partilha a nível interdiocesano e nacional, através de um programa comum. Tem a missão de favorecer a comunhão no empenho de evangelização nas dioceses.

[00227-06.04] [IN158] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Laurent MONSENGWO PASINYA, Arcebispo de Kinshasa (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)

A paz vai junto com a justiça, e a justiça com o direito, e o direito com a verdade.
Sem a justiça, a paz social encontra-se numa má situação. É preciso, portanto, promover a todo o custo os Estados de direito, onde reine a primazia da lei, notadamente a lei constitucional; Estados de direito onde o arbitrário e o subjectivo não criam a lei da selva; Estados de direito onde a soberania nacional é reconhecida e respeitada; Estados de direito onde é dado a cada um, de forma equânime, o que lhe é devido.
Sem a verdade, é difícil assegurar a justiça e fazer falar a lei. A consequência disso será que, quer o direito quer o que não o é, terão o mesmo direito de cidadania; isso torna impossível uma ordem harmoniosa das coisas, ou «tranquilitas ordinis». «Onde há a verdade, há a paz» (Bento XVI).
É por isso que na busca de soluções de paz, todos os processos especificamente diplomáticos e políticos visam restabelecer a verdade, a justiça e a paz.
Cristo é a nossa paz, Ele fez a paz, proclamou a paz, porque Ele fez um só povo dos judeus e dos pagãos. Não deixando uns e outros nos seus privilégios e nas suas leis, mas abolindo a exclusão, abatendo o muro de separação cultural e social, destruindo o ódio que crucificou o seu corpo na cruz. Judeus e gentios deixaram de ser estranhos, afastados, e passaram a ser co-cidadãos dos santos, e uns e outros têm a mesma herança (Ef 3,6) pertenciam outrora a um só Israel. Fez também um homem novo, para os reconciliar ambos em Deus e lhes dar acesso ao Pai através do Espírito.
É suprimindo todas as barreiras, a exclusão, as leis discriminatórias no culto e na sociedade, e sobretudo eliminando o ódio, que se reconciliam os homens e se faz a paz.

[00228-06.02] [IN159] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Raymond Leo BURKE, Arcebispo emérito de Saint Louis, Prefeito do Supremo Tribunal da Signatura Apostólica (CIDADE DO VATICANO)

A Igreja como Esposa de Cristo é espelho de justiça. Ela existe para anunciar e salvaguardar a verdade que, nas palavras do Papa Bento XVI, “somente é a garantia de liberdade (cf. Jo 8,32) e da possibilidade do desenvolvimento humano integral” (Caritas in veritate, n. 9). Seu ensinamento e disciplina sobre o Santo Matrimônio, pelo qual a família, primeira célula de Sua vida e da vida da sociedade é formada e nutrida, é fundamental para sua fidelidade como espelho de justiça no mundo.
O tribunal matrimonial, no qual o Bispo Diocesano exercita seu ofício de juiz em representação do fiel que acusa seu casamento de nulidade, é uma parte essencial do ministério de justiça da Igreja. Cada Bispo deve cuidar, portanto, para estabelecer e endireitar a ordem do tribunal matrimonial, uma responsabilidade que ele pode juntamente cumprir através de um tribunal interdiocesano.
Na cultura contemporânea, é essencial que a Igreja anuncie a verdade sobre a união conjugal entre um homem e uma mulher, que é, por sua verdadeira natureza, exclusiva, indissolúvel, e ordenada à procriação da descendência. A fiel observância da disciplina da Igreja sobre o casamento é um dos provados meios “para ajudar casais e guiar famílias nos desafios que eles encontram” e purificar a cultura secular de práticas de “casamentos forçados” e poligamia.
As decisões do tribunal matrimonial refletem ao fiel e à sociedade, em geral, a verdade sobre o casamento e a família. Os oficiais do tribunal devem, portanto, ser bem preparados através do estudo da lei canônica e pela experiência.
Através da celebração dessa especial assembleia, possa a Igreja, buscando do espírito peculiar da cultura africana, ser mais perfeitamente o espelho de justiça no que se refere ao casamento e à família pelo amor dos povos da África e, de fato, de todo o mundo.

[00229-06.02] [IN160] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Tesfaselassie MEDHIN, Bispo de Adigrat (ETIÓPIA)

Penso que não foi dedicada atenção suficiente à formação, que é um tema central para a Igreja na África enquanto realiza o seu serviço para a reconciliação, a justiça e a paz como «...sal da terra... e luz do mundo».
A Igreja desempenha a sua missão através das suas estruturas e instituições e mais concretamente por intermédio dos bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, catequistas e fiéis leigos que, no seu respectivo nível, devem ser guia e modelo nas comunidades cristãs, como «reconciliadores», «pessoas justas», «artífices de paz».
A formação dos sacerdotes é fundamental se se quiser realizar este objectivo.
Portanto, devemos garantir que a formação que concedemos aos nossos futuros sacerdotes e agentes de evangelização ajude-os a estar conscientes dos desafios e a ser ministros seguros de si, equilibrados e maduros, capazes de resistir e superar as graves turbulências do tempo.
Recomendações:
- há a forte exigência de compreender as pressões destrutivas e os desafios com os quais hoje se confrontam as nossas sociedades na África, com uma atenção especial pelas famílias e os jovens. Isto exige da Igreja a realização de programas de formação mais específicos.
- os programas de formação nos seminários maiores e nas casas de formação religiosas requerem grande atenção e uma intensa avaliação, com a finalidade de determinar-lhes a qualidade e a eficácia na formação dos membros da Igreja que possam ser testemunhas autênticas da reconciliação, da justiça e da paz.
- utilizar os nossos institutos de estudos superiores criando uma faculdade que desenvolva e integre nos próprios programas, relativamente aos mecanismos de reconciliação, as práticas melhores e os modos culturais africanos mais eficazes, para prover à formação de pessoal ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz, que poderia desempenhar o próprio serviço a nível nacional, regional e continental de acordo com as exigências.
- o apreço das diversidades nas nossas sociedades africanas é uma realidade que não pode ser subestimada.

[00226-06.03] [IN157] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Norbert Wendelin MTEGA, Arcebispo de Songea (TANZÂNIA)

Muitos de nossos povos são torturados, perturbados e assassinados simplesmente por causa de infundadas suspeitas maliciosas fomentadas por feiticeiras e curandeiros. Não há leis para defendê-los, os governos permitem, alguns líderes conspiram com os curandeiros, alguns governos os legalizam. Muitos líderes acreditam em feitiçaria, superstição e ocultismo. Requerido: Profunda evangelização, advocacia e voz profética para nossos governos.
A sobrevivência de nossos agricultores é precária. Geralmente seus apuros não figuram nos orçamentos de nossos governos e muito geralmente eles são trapaceados. A Igreja na África deve lutar pelos camponeses e pastores: Que eles devem ter seus direitos partilhados no orçamento, que infra-estruturas básicas e necessidades básicas para seu trabalho e produtos sejam garantidos, que acordos sejam feitos para mercados estáveis e bons, que o mercado interno seja protegido, e que eles devem ser incentivados a poupar e ter acesso a empréstimo através de cooperativas de micro-crédito.
Para nossos políticos a paz significa ‘uma silenciosa atmosfera que lhes permite roubar e gozar do dinheiro de seus países’. Para eles, liberdade e eleições justas significa ‘sucesso em trazer o povo às urnas em total ignorância de seus direitos inerentes’ e das manobras maliciosas dos candidatos’. Os políticos acreditam que sendo eleitos está dado um bilhete para roubar o país.
Amamos os muçulmanos. É nossa história e cultura viver com eles. Mas o perigo que ameaça a liberdade na África, a soberania, a democracia e os direitos humanos é primeiro o factor político islâmico, isto é, o plano tentado e o claro processo de ‘identificar o Islã com a política e vice-versa’ em cada um de nossos países Africanos. Por outro lado, está o factor monetário islâmico pelo qual grandes somas de dinheiro de países estrangeiros são derramadas em nossos países para desestabilizar a paz em nossas nações e para erradicar o cristianismo.
A etnicidade é um câncer que atormenta a África. Devemos imediatamente inculcar a reconciliação como nossa espiritualidade e vida como também nossa acção imediata.

[00230-06.02] [IN161] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Krikor-Okosdinos COUSSA, Bispo de Iskanderiya dos Armênios (EGITO)

Queria partilhar convosco o testemunho dado pela Igreja arménia que, depois do genocídio de 1915, está presente no mundo inteiro na diáspora.
Em 1915 os otomanos, possuídos pela inveja, massacraram o povo arménio presente na grande Arménia e na pequena Arménia (Turquia). Um milhão e meio de pessoas morreram nesse genocídio.
Os arménio partiram e dispersaram-se, primeiro no Médio Oriente e depois pelo mundo inteiro. Em todos os lugares onde se estabeleceu, a Igreja arménia foi acolhida e levou com ela a sua língua, a sua liturgia, a sua fé, as suas tradições e a sua cultura.
Em 2001 nós celebrámos os 1700 anos do baptismo da Arménia, e o papa João Paulo II beatificou o Arcebispo de Mardine, Ignace Maloian que, guiando o seu povo deu a sua vida para não renegar a sua fé em Cristo.
No momento em que este sínodo tem lugar, isto é, 94 anos depois desse massacre, segundo o exemplo de Cristo que perdoou os seus inimigos, os dirigentes do Estado arménio assim como os chefes das igrejas arménias (católica, ortodoxa e evangélica) fizeram um acto de perdão público para com os turcos. Nós fazemo-lo, pedindo aos turcos que reconheçam o genocídio, que prestem homenagem aos mártires e que concedam aos arménios os seus direitos civis, políticos e religiosos.
O caminho da reconciliação entre os dois estados já foi empreendido.
Por isso, eu faço um apelo aos dirigentes políticos para que eles apóiem o nosso encaminhamento para os turcos, com a Igreja universal e a igreja africana em perigo.

[00240-06.02] [IN173] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Denis WIEHE, C.S.Sp., Bispo de Port Victoria, Presidente da Conferência Episcopal (C.E.D.O.I.) (SEYCHELLES)

As pequenas ilhas do Oceano Índico (Comores, Reunião,Maurício, Rodrigues e Seichelles), por causa de suas posições geográficas, a sua história e, em particular a sua população, são muito diferentes dos grandes países do continente africano, porque são tributárias não somente da África, mas também da Ásia e da Europa. Todavia, em nível pastoral temos em comum diferentes questões, por exemplo, alguns problemas relativos à família.
Os cristãos que se unem ao Caminho Neocatecumenal são profundamente transformados. No decorrer de minhas visitas pastorais com uma ou outra família fui testemunha da harmonia da relação entre o casal e da relação entre pais-filhos, e também da oração regular e profunda na família.
As “sessões CANA” organizadas pela Comunidade do Novo Caminho: cada vez participam cerca de vinte pessoas, que transcorrem juntos uma semana; são lhes propostos este período para que redescubram o significado verdadeiro de sua vida de casal e de família. Ao mesmo tempo, num outro lugar, os filhos destas famílias seguem um período de formação igual, com uma pedagogia própria para a idades deles. Durante o último dia da sessão, os pais e os filhos se reencontram para uma festa em família com todos os participantes. Sucessivamente, depois da sessão, são propostos aos casais diferentes actividades, entre elas a participação na “Fraternidade CANA”.
“Couples for Christ” (“Os casais para Cristo”), comunidade leiga que veio das Filipinas, propõe programas de formação não somente para os casais, mas também para os jovens que se preparam para o matrimónio, para os adolescentes e para as crianças. Os diferentes programas propostos são animados com cantos que agradam muito os jovens... e também aos que não são muito jovens.

[00231-06.03] [IN163] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Ludwig SCHICK, Arcebispo de Bamberg, Presidente da Comissão "Weltkirche" da Conferência Episcopal Alemã (ALEMANHA)

A parceria entre igrejas de diferentes continentes têm sido promovida. Essas parcerias não devem ser consideradas uma via de mão única. Elas têm que levar a uma troca de espiritualidade e também de dons materiais entre as igrejas particulares no mundo.
Essas parcerias têm que ser parcerias na oração, na troca de experiências e na solidariedade. Parceria significa mútua participação nas alegrias e nas tristezas de cada uma. Essas parcerias fortalecem as igrejas locais na fé, esperança e caridade (cf. Rm 1, 12). As parceiras podem ajudar-se umas às outras com sacerdotes, membros de ordens religiosas, especialmente irmãs, e peritos em diferentes áreas.
Por último porém não menos importante, no nosso mundo global as parcerias entre igrejas de diferentes continentes são necessárias para continuar o diálogo com uma única voz com os governos e as organizações políticas internacionais. Somente juntas as igrejas podem resolver com sucesso os grandes problemas de comércio justo, mudanças climáticas, não-proliferação de armas, exploração de recursos naturais, tráfico de escravos, problemas de emigração etc. As parcerias entre igrejas particulares no mundo ajudam as igrejas locais a serem melhores instrumentos de reconciliação, justiça e paz no mundo.

[00232-06.02] [IN164] [Texto original: inglês]

AUDITIO AUDITORUM (V)

Intervieram os seguintes Auditores e Auditoras:

- Dr. Alberto PIATTI, Secretario Geral da Fundação AVSI, Milano (ITÁLIA)
- Sr. Ermelindo Rosário MONTEIRO, Secretário Geral da Commissão Episcopal Justiça et Paz, Maputo (MOÇAMBIQUE)
- Sra. Barbara PANDOLFI, Presidente geral do Instituto Secular das Missionárias da Realeza de Cristo (ITÁLIA)
- Rev.da Irmã. Maria Ifechukwu UDORAH, D.D.L., Superiora Geral das Filhas do Divino Amor, Enugu (NIGÉRIA)

Publicamos a seguir as sínteses das intervenções dos Auditores e Auditoras:

- Dr. Alberto PIATTI, Secretario Geral da Fundação AVSI, Milano (ITÁLIA)

O maior tesouro da África é a sede de Significado, de espiritualidade de Deus - que não existe mais na farta Europa. A revelação que Cristo é a resposta a este desejo do ser humano, feito pelo seu criador para a sua realização; realização aqui e agora, na Santa Igreja.
Este é o fascínio da Fé que encontra e se propõe à liberdade do homem. Isto atrai os jovens. Eu digo ‘fascínio’ porque vivo com a minha esposa a aventura de crescer e educar 5 filhos (quase uma família africana).
O que os atrai é o fascínio da fé como conhecimento da realidade na sua verdade profunda, não certo de regras e de consequências éticas ou ambientais.
Permito-me por à vossa reflexão se esta tensão muitas vezes não parece ser uma premissa, mas depois na acção esta tensão não se mantém, se introduz um dualismo e um relativismo nas consequências operativas, em nossas obras. Assim, a nossa agenda muitas vezes parece coincidir com a agenda dos organismos internacionais e em particular das Nações Unidas, o prédio de vidro parece sempre mais o templo onde se celebra o rito da nova religião humanitária e relativista com o Secretário Geral de turno que assume as vestes de um papa leigo. Refiro-me para ser conciso a dois aspectos fundamentais de nossa expressão caritativa: educação e saúde.
Por isto, achamos que a educação permanente seja factor determinante da consciência dos fiéis orientados à relação entre Criador e criação também na acção. Não somente instrução formal. Mas aqui surge a pergunta: quais são os conteúdos educacionais transmitidos nas escolas católicas? Não podemos nos contentar com aquilo que prevê os objectivos do milénio
Menciono também a urgência que se tome consciência do valor da dignidade civil e social das obras da Igreja como contribuição ao bem comum segundo o princípio de subsidiariedade. A Igreja oferece educação primária a 50% da população escolar e 50% dos serviços sanitários de base em muitos Países do continente africano e isto não é reconhecido adequadamente.
Diante destas dimensões de serviço oferecido aos irmãos da Igreja, o fundo global para as três maiores doenças destina somente 3,6% de todos os recursos que administra a Faith Based Organization ao todo.
A Conferência Episcopal Ugandense tem, neste sentido, trabalhado maravilhosamente, mas muito se pode ainda fazer.

[00189-06.04] [UD021] [Texto original: italiano]


- Sr. Ermelindo Rosário MONTEIRO, Secretário Geral da Commissão Episcopal Justiça et Paz, Maputo (MOÇAMBIQUE)

A Igreja em África tem muitos desafios a enfrentar. Em Moçambique, por exemplo, durante e depois da guerra civil, a Igreja Católica colaborou, de diversas maneiras, para conscientizar as pessoas para o perdão e a reconciliação nacional e dessa forma recuperar o tecido humano e social do povo, em ordem à paz. Organizou a união de todas as suas forças vivas (leigos, religiosos, sacerdotes) para mobilizar a opinião pública sobre o perdão e reconciliação. Promoveu a educação do povo para a paz, através de pronunciamentos públicos dos seus Bispos em Cartas, Comunicados e Exortações Pastorais. Os próprios Bispos protagonizaram encontros sistemáticos de diálogo com as autoridades governamentais e com os responsáveis do movimento da Resistência Nacional para sublinhar que não eram as armas, mas o diálogo a via mais correcta para se alcançar a paz. A Igreja ainda formou mais de 2000 Integradores Sociais (Animadores da Reconciliação) que levaram a todo o país a mensagem do perdão e reconciliação para a paz. As sextas feiras eram dedicadas à oração pela paz. Em outras ocasiões havia oração ecuménica e inter-religiosa pela paz.
Face às novas realidades e novos desafios actuais há que ter em conta também aspectos internos da Igreja que possam constituir um contra-testemunho de reconciliação e de justiça dificultando assim, a edificação da paz.
Por tudo isto e muito mais, gostaria de sugerir aos nossos pastores que continuem persistentes no anúncio da verdade e na denúncia de tudo o que possa ferir a reconciliação, a justiça e a paz em África, porque o vosso empenho abnegado, senhores Bispos, é um exemplo que se vai multiplicar em cada um dos fiéis que vos foram confiados.
Sugiro também aos nossos pastores que potenciem cada vez mais e melhor as comissões de Justiça e Paz para que contribuam mais eficazmente, como sal da terra e luz do mundo, no serviço da reconciliação, justiça e paz.

[00190-06.03] [UD022] [Texto original: português]

- Sra. Barbara PANDOLFI, Presidente geral do Instituto Secular das Missionárias da Realeza de Cristo (ITÁLIA)

A presença dos membros dos Institutos Seculares está escondida, aceitando a precariedade da vida cotidiana, ao lado dos outros, sem protecção nem privilégios, à procura de caminhos e de soluções que muitas vezes são apenas prováveis, vivendo com o desejo de fraternidade universal.
Por isso, a vocação dos Institutos seculares mostra a exigência da promoção de um laicado maduro, que possa contribuir para a edificação de uma sociedade civil baseada nos valores humanos do cristianismo.
Na busca da justiça e da paz, sobretudo, a experiência dos leigos consagrados, inseridos nos vários âmbitos da vida social, pode favorecer micro-processos de reconciliação, contribuir para uma consciência crítica, encontrar, à luz do Evangelho, vias alternativas de justiça e partilha.
A nossa vida e experiência leva-nos a olhar o mundo e a história com discernimento e sentido crítico, mas também com uma visão positiva que parte da certeza que, seja onde for, se podem encontrar os sinais e os germes da presença de Deus, que pedem para ser reconhecidos, promovidos e acompanhados, assumindo como próprio o estilo do diálogo e da testemunha.
Se a mulher é um eixo fundamental da sociedade africana, muitas vezes é-lo de forma “escondida”, não oficial e reconhecida, entre dificuldades e preconceitos.
Já que a maioria dos Institutos seculares, os Institutos femininos, são em África, é urgente a exigência de favorecer e promover a valorização da mulher, e não apenas como esposa e mãe, mas como pessoa capaz de responsabilidade e autonomia nos vários âmbitos da vida social e é urgente a sua presença na Igreja, presença específica e não apenas subordinada.
Se a primeira fractura do género humano, causada pelo pecado, foi a entre homem e mulher, um dos sinais da paz e da reconciliação talvez possa ser justamente a promoção de uma real responsabilidade partilhada e de um efectivo reconhecimento da igual dignidade entre homens e mulheres, para lá de qualquer domínio e discriminação.
Talvez tenha chegado o momento de a mulher, muitas vezes, tradicionalmente, sujeita ao homem, poder estar verdadeiramente, em todos os âmbitos da vida social e eclesial, ao mesmo nível do homem, em diálogo com ele.
É neste sentido que o Evangelho se pode tornar uma real força de mudança.

[00191-06.03] [UD023] [Texto original: italiano]

- Rev.da Irmã. Maria Ifechukwu UDORAH, D.D.L., Superiora Geral das Filhas do Divino Amor, Enugu (NIGÉRIA)

Apoio o que disse Sua Excelência Bom Adewale Martins, bispo da Nigéria, que sugeriu um plano para a juventude - mas acrescento que essa atenção deve ser dada também às crianças. A Holly Childhood Association está fazendo um grande trabalho já em muitos de nossos países mas uma direcção mais focada deve ser dada a esses programas para que eles aprendam mais sobre a cultura cristã e os valores católicos. Um programa pode ser dirigido pelas dioceses para usar em Escolas Católicas para instrução religiosa. Isso então significa que uma maior atenção deve ser dada à formação espiritual das crianças em ensino fundamental e médio. Um programa planejado para actividades com jovens nas Universidades irá então ser uma continuação do trabalho começado nos níveis fundamental e médio. Quando, portanto, candidatos para a vida religiosa e para o sacerdócio vierem da sociedade nos próximos dez anos, a formação será bem mais fácil.
Sobre as pessoas consagradas como indicado no Instrumentum Laboris nos números 113 e 114, eu concordo com a apresentação de Sua Eminência Cardeal Francis e acrescento que todos os agentes de evangelização nos vêem como jogadores da equipe da Igreja - Família de Deus para um efectivo e positivo testemunho e não como competidores. A Ir. Felicity Harry fez o ponto da situação para as pessoas consagradas mas eu desejo sugerir, em acréscimo, que encontros regulares para o diálogo e a partilha de ideias sejam organizados por sacerdotes diocesanos e pessoas consagradas trabalhando nas dioceses. Tais ocasiões podem também ser usadas para pôr em prática workshops sobre espírito de equipe e trabalho em equipe para todos os agentes de evangelização.
Muitas congregações nativas de religiosas agora juntam-se aos trabalhos de missão ad-intra e ad-extra e são confrontadas com o desafio da falta de adequado suporte da Igreja - família de Deus para seu trabalho. Proponho que alguma atenção seja dada a esse tema pelos nossos Padres Sinodais.

[00192-06.03] [UD024] [Texto original: inglês]

INTERVENÇÃO DO CONVIDADO ESPECIAL DR. JACQUES DIOUF, DIRETOR- GERAL DA FAO

Inicialmente, gostaria de saudar-vos com grande respeito e cordialidade.
É para mim uma grande honra ter sido convidado a intervir diante desta augusta Assembleia e sinto uma grande emoção. Desejo expressar-vos a minha profunda gratidão por vosso convite, pois o interpreto como extraordinário. Participar das vossas reflexões sobre alguns dentre os problemas cruciais do mundo, especialmente a insegurança alimentar, tema para o qual fui convidado a abordar, é um singular reconhecimento.
O nosso diálogo não poderia ser concebido sem a intermediação da palavra que simboliza o humano, pois é também o vector da mensagem universal da paz, da solidariedade e da fraternidade.
Vossa reunião solene realiza-se sob o signo da trilogia: “Sínodo”, “Bispo”, “Africano”.
Ao ter o grande privilégio de tomar a palavra diante do Santo Padre, devo inspirar-me nas fontes da sabedoria antiga para evitar aventurar-me no labirinto intelectual dos dois substantivos: “Sínodo” e “Bispo”. Assim sendo, ousarei enfrentar somente o caminho menos dificultoso do substantivo: “africano”.
África significa, antes de tudo, valores comuns de civilização baseados numa consciência histórica de pertença a um único povo. Este povo, que partiu da região dos Grandes Lagos durante a pré-história para fugir da desertificação, fundou, ao longo da proto-história, as civilizações sudanêsa-nilótica e egípcia. A ocupação estrangeira do Egipto, no século VI, provocou as migrações rumo ao Sul e ao Oeste, a partir do vale do Nilo. Desde o início do primeiro século, até as invasões ultramarinas, sucederam-se os grandes impérios e os reinos florescentes: Gana, Nok, Ifé, Mali, depois Songhai, Haoussa e Kanem-Bornou, Zimbábue e Monomotapa, Congo. Estes valores baseiam-se numa consciência geográfica, um território em forma de triângulo, delimitado pelos Oceanos Atlântico e Índico, e pelo Mar Mediterrâneo.
A África, martirizada, explorada, espoliada pela escravidão e pela colonização, mas hoje politicamente soberana, não deve recuar no retrocesso e na negação, mesmo tendo o dever da memória. A África deve ter a grandeza do perdão e continuar a desenvolver uma consciência cultural baseada na própria identidade, que repele a assimilação alienante. Deve aprofundar os conceitos operativos de negritude e de africanidade, inclusive a diáspora, que se fundamentam no enraizamento, mas também na abertura.
Estes valores reflectem-se numa expressão artística (pintura, escultura) que acentua as formas e as dimensões, sobretudo para transmitir mensagens de amor ou manifestar emoções que superam as oposições dicotómicas. Eles expressam-se também mediante a música e a dança, mais marcados pelo ritmo e improvisação do que por lirismos e solfejos. Estes valores também produziram um tipo de arquitectura caracterizada pelo paralelismo assimétrico, no qual dominam pontes, triângulos e cilindros que contrastam com os ângulos, rectângulos, quadrados e cubos em equilíbrio em relação aos eixos centrais característicos dos edifícios dos outros continentes. Este terreno cultural é o torrão sobre o qual a África deve construir o seu futuro em harmonia com os demais povos do planeta Terra.
A África sempre foi apresentada a partir do ponto de vista das suas dificuldades, mas é uma terra cheia de futuro, que nos próximos quarenta anos experimentará um forte crescimento demográfico. Em 2050, contará dois bilhões de habitantes - o dobro dos atuais -, superará a Índia (1,6 biliões) e a China (1,4 biliões), e representará o maior mercado do mundo.
Com 80% dos recursos mundiais de platina, 80% de magnésio, 57% dos diamantes, 34% do ouro, 23% da bauxita,18% do urânio, 9% do petróleo e 8% do gás, a África é ineludível no desenvolvimento económico do planeta. Apesar disso, este potencial mineiro e energético não será realidade se não for disponibilizado para a emancipação económica dos seus povos e a África não se libertar do jugo da fome e da desnutrição. Para isso, deve viver na paz e na unidade. A gestão da coisa pública nos Estados deve ser realizada na democracia, na transparência, na primazia do direito e na aplicação da lei por parte de uma justiça independente, diante da qual todos os cidadãos são responsáveis por seus actos. A economia deve criar riqueza e prosperidade em benefício do povo, especialmente das pessoas mais pobres e vulneráveis. A segurança alimentar é indispensável para a redução da pobreza, a educação das crianças e a saúde da população, mas também para o crescimento económico duradouro. Condiciona a estabilidade e a segurança do mundo. Quando em 2007 e 2008, verificaram-se as “rebeliões da fome” em 22 países de todos os continentes, a estabilidade dos governos vacilou. Todos realizaram que a alimentação também é uma questão social de primeira ordem e um factor essencial da segurança social.
Em 1996, a cimeira mundial da alimentação organizada pela FAO comprometeu-se solenemente a reduzir à metade a fome e a desnutrição no mundo. Foi criado um programa finalizado à segurança alimentar duradoura. Este compromisso foi ratificado pela Cimeira do Milénio do ano 2000, pela Cimeira mundial da alimentação cinco anos mais tarde, em 2002, e pela Conferência de alto nível da FAO sobre a Segurança Alimentar mundial, em Junho de 2008.
Infelizmente, os dados recentemente colectados pela FAO sobre a fome e a desnutrição no mundo revelam que a situação actual é ainda mais inquietadora do que em 1996. A insegurança aumentou em todas as partes do mundo ao longo dos últimos três anos, em consequência da crise mundial de 2007-2008, provocada pelo repentino aumento dos preços dos géneros alimentícios e agravada pela crise financeira e económica que atinge o mundo há mais de um ano. Todas as regiões do planeta foram afectadas. Pela primeira vez na história da humanidade, o número de pessoas que sofrem a fome alcançou o bilião, ou seja, 15% da população mundial.
Não obstante os importantes progressos registrados em muitos países, o estado da insegurança alimentar é muito preocupante na África. O continente conta actualmente 271 milhões de pessoas subalimentadas, isto é, 24% da população, o que representa um incremento de 12% em relação ao ano anterior. Ademais, dentre os trinta países do mundo em situação de crise alimentar que actualmente necessitam de ajuda urgente, vinte se encontram na África.
Os resultados obtidos pela agricultura africana nas últimas décadas foram insuficientes. O crescimento da produção agrícola (2,6% por ano entre 1970 e 2007) foi compensado com o aumento populacional (2,7% no mesmo período); motivo pelo qual a disponibilidade alimentar per-capita não aumentou. Contudo, a agricultura representa 11% das exportações, 17% do PIB do continente, e sobretudo, emprega 57% da mão-de-obra. Continua sendo um sector económico essencial e um factor de equilíbrio social sem equivalentes.
A este propósito, a contribuição da mulher africana na produção e no comércio agrícolas, assim como o seu papel na manutenção de toda a família, também são elementos essenciais. Com efeito, nenhuma iniciativa para enfrentar o problema da insegurança alimentar na África pode ter sucesso se não considerar esta realidade económica e social.
A África precisa modernizar os seus meios e as infra-estruturas de produção agrícola. O emprego de adubos modernos é insuficiente. São utilizados apenas 16kg de adubos por hectare das terras cultiváveis, contra os 194kg usados na Ásia e os 152kg na América Latina. Essa percentagem é menor na África subsaariana, com 5kg por hectare. O uso de sementes seleccionadas, que levaram ao êxito a Revolução Verde na Ásia, é muito reduzido na África. Apenas um terço das sementes é submetido ao sistema de controle da qualidade e à certificação.
O continente carece por completo das infra-estruturas de transporte, dos meios de armazenamento e de condicionamento. As estradas rurais estão a nível da Índia no início da década de 70. As perdas nas colheitas de alguns produtos agrícolas variam de 40 a 60%.
Na África, só 7% das terras cultiváveis são irrigadas, em vez dos 38% na Ásia. Este índice cai até 4% na África subsaariana, onde, em 93% das terras, a vida, ou seja, a sobrevivência das populações, depende da chuva, um factor cada vez mais aleatório, visto o aquecimento climático. Todavia, o continente utiliza apenas 4% das suas reservas de água, enquanto a Ásia o faz em 20%. Além disso, o comércio dos produtos agrícolas intra-africanos ainda é relativamente limitado. Apesar da existência de 14 associações económicas regionais, apenas 14% das importações dos principais produtos alimentares para a África provêm da região, índice que se reduz a 6%, no que se refere aos cereais. O comércio intra-regional dos produtos agrícolas na África, como noutros países, com outros produtos, deveria ser mais encorajado, pois desempenha um papel determinante na segurança alimentar do continente.
Os agricultores africanos precisam melhorar as suas condições de vida. Devem poder viver dignamente, trabalhando com os meios da sua época. Necessitam de sementes de alto rendimento, de fertilizantes, de rações animais e adubos modernos. Não podem continuar a trabalhar a terra como na Idade Média, com utensílios tradicionais, em condições aleatórias, a mercê dos caprichos do clima.
Digo e repito que é impossível vencer a fome e a pobreza na África sem aumentar a produtividade agrícola, pois a extensão das superfícies começa a encontrar os seus limites, por causa do impacto da desflorestação e das agressões a ecossistemas frágeis.
Em Julho de 2003, os Chefes de Estado e de governo da União Africana adoptaram o Programa Detalhado de Desenvolvimento da Agricultura Africana (PDDAA), preparado com o apoio da FAO e completado por documentos sobre a pecuária, as florestas, a pesca e a hidrocultura. Imediatamente depois, 51 países africanos pediram o apoio da FAO para implantar o Programa. Foram elaborados programas nacionais de investimento de médio prazo e projectos de investimento num total de aproximadamente dez biliões de dólares estado-unidenses.
Obviamente, a questão da água é essencial, e o será ainda mais no futuro, em consequência do aquecimento global, que terá um impacto especialmente negativo sobre as condições da produção agrícola na África. Segundo o Grupo inter-governamental de especialistas da ONU sobre a evolução do clima (GIEC), os rendimentos dos cultivos pluviais na África podem reduzir-se de 50% de hoje até 2020. Por este motivo, a FAO, com a colaboração do governo líbio, organizou uma reunião dos Ministros da Agricultura, dos recursos hídricos e da energia, a realizar-se em 2008, em Sirte. Os governos africanos, com o apoio da FAO, aprovaram um pacote de projectos num total de 65 biliões de dólares estado-unidenses, para programas a breve, médio e longo prazo de irrigação e de hidro-energia, específicos para cada país.
Por outro lado, não podemos alcançar os nossos objectivos se não dispormos de recursos económicos suficientes. Com efeito, o problema da segurança alimentar neste mundo é antes de tudo uma questão de mobilização política a alto nível para que tais recursos sejam disponibilizados. É uma questão de prioridade diante das necessidades humanas fundamentais.
Recorda-se que a cada ano, as ajudas à agricultura dos países da OCDE somam 365 biliões de dólares estado-unidenses, enquanto as despesas para armamentos chegam a 1.340 biliões de dólares, no mundo. Além disso, desejo ressaltar que os financiamentos necessários para a luta contra a fome seriam de 83 biliões de dólares por ano, provenientes dos orçamentos dos próprios países em desenvolvimento, dos investimentos privados, de modo especial, dos próprios agricultores, e enfim, das ajudas públicas ao desenvolvimento.
O que constatamos hoje é o resultado das decisões fundamentadas em motivações materialistas, em detrimento dos referenciais éticos. Vemos condições de vida injustas e um mundo desigual, no qual um número restrito de pessoas enriquece-se cada vez mais enquanto a maioria da população está a empobrecer.
Existem na terra meios económicos suficientes, tecnologias eficazes e recursos naturais e humanos para eliminar definitivamente a fome no mundo. Existem a níveis nacional e regional planos, programas, projectos e políticas para alcançar este objectivo. Em alguns países, de 2 a 4% da população é capaz de produzir nutrimento para toda a nação e também de exportar. Enquanto isso, na maioria dos outros, de 60 a 80% da população não tem condições nem mesmo de satisfazer a mínima parte das necessidades alimentares do país.
Na década de 70, o mundo destinou 17% das ajudas públicas ao desenvolvimento para evitar os riscos da penúria na Ásia e na América Latina. Tais recursos foram necessários para reconstruir os sistemas de irrigação, as estradas rurais e os meios de armazenagem, assim como os sistemas de produção das sementes, as fábricas de fertilizantes e de alimentos para os animais. Foram a base da Revolução Verde.
Os recursos para desenvolver a agricultura africana devem provir, antes de tudo, dos orçamentos nacionais. Em Julho de 2003, em Maputo, os chefes de Estado e de governo africanos se comprometeram a aumentar o item relativo à agricultura, em seus orçamentos, em pelo menos 10%, nos cinco anos sucessivos. Somente 5 países respeitaram aquele compromisso até hoje; todavia, noutros 16 verificaram-se progressos.
Em conformidade com os compromissos de Monterrey de 2002 e de Doha de 2008, a Ajuda pública ao desenvolvimento deve aumentar. A tendência à reduzir a ajuda ao desenvolvimento destinada à agricultura, que caiu de 17% em 1980 para 3,8% em 2006, deve ser invertida. Hoje, a média é de 5%, não obstante 70% dos pobres do mundo tenham a agricultura como meio de subsistência, pois produz alimentos, renda e trabalho. Os mesmos objectivos de crescimento devem ser adoptados para os financiamentos dos bancos regionais e sub-regionais, assim como das agências de ajudas bilaterais.
Enfim, os investimentos do sector privado no sector agrícola e alimentar devem ser encorajados por quadros jurídicos estáveis. A colaboração entres os sectores privado e público deve ser reforçada, no contexto de uma parceria que evite as armadilhas do intercâmbio desigual. Por isso, é necessário adoptar e aplicar um código internacional de boa conduta sobre os investimentos estrangeiros destinados à agricultura.
Apesar deste difícil contexto de crise económica, nos últimos dois anos, a FAO mobilizou todos os meios técnicos e financeiros disponíveis para enfrentar a crise alimentar.
Além da assistência oferecida no âmbito de programas nacionais e regionais de segurança alimentar e dos projectos urgentes aplicados para amenizar os efeitos dos furacões e das outras catástrofes naturais, a 17 de Dezembro de 2007, a FAO lançou a sua “Iniciativa de luta contra o aumento dos preços das reservas alimentares”. Seu objectivo é facilitar o acesso dos pequenos agricultores às sementes, aos fertilizantes, aos utensílios agrícolas e aos equipamentos para a pesca. O orçamento actual dos diversos projectos incluídos nesta iniciativa para a África soma 52 milhões de dólares estado-unidenses. Além disso, em 16 países africanos, estão a ser actuados projectos da FAO, num total de 163,4 milhões de dólares estado-unidenses, com o apoio da União Europeia, no âmbito da “Facilitação de um bilhão de euros”. Estes recursos são colocados à disposição dos países em desenvolvimento para ajudá-los a enfrentar a crise alimentar. Trata-se, agora, de ampliar, aprofundar e incrementar estes programas e projectos.
Hoje, o fluxo dos migrantes clandestinos que fogem da fome e da pobreza traz às fronteiras da Europa austral o triste espetáculo dos sonhos rompidos de homens, mulheres e crianças em busca de uma melhor condição de vida. Muitos deles encontram um trágico fim, muito distante dos horizontes e das pessoas a eles queridos.
Otimista por natureza, eu acredito vivamente que os investimentos e a formação, produzirão, amanhã, um refluxo da maré, levando os filhos e as filhas da África rumo às terras férteis e à água abundante do continente estrutural; acredito num futuro radioso de trabalho e de prosperidade para aqueles que foram longamente marginalizados e, principalmente as mulheres, que têm tudo para ser o celeiro do mundo.
Uma planta livre da fome pode fazer um milagre da fé inabalável na omnisciência de Deus e a condição indefectível na humanidade. Apreciei a iniciativa de segurança alimentar do G8 de L’Aquila, do qual participei, em Julho passado, que pela primeira vez, deu destaque ao desenvolvimento agrícola de médio e longo prazo dos pequenos produtores dos países em desenvolvimento. É importante não contar apenas com a ajuda alimentar de breve prazo, certamente indispensável nas numerosas crises causadas por catástrofes naturais e conflitos, mas que não pode assegurar a alimentação cotidiana do bilião de pessoas que sofrem a fome no mundo.
O compromisso assumido naquela ocasião, de mobilizar para a segurança alimentar 21 biliões de dólares estado-unidenses em três anos é um sinal encorajador, desde que, desta feita, seja actuado concreta e rapidamente.
Por muitos anos, defendi, sem grandes resultados, o investimento na pequena agricultura dos países pobres, para encontrar uma solução duradoura ao problema da segurança alimentar. Logo, estou particularmente satisfeito que hoje, os responsáveis do G8 tenham aderido a este ponto de vista.
Certo da perspectiva de mobilizar ainda mais meios, à altura da questão, o Conselho da FAO decidiu convocar uma cimeira mundial sobre a segurança alimentar a nível de Chefes de Estado e de governo, na sede da FAO em Roma, de 16 a 18 de Novembro de 2009. É oportuno criar um amplo consenso sobre a erradicação definitiva da fome no mundo, para permitir a todos os povos da terra beneficiar do “direito à alimentação”, que é o direito fundamental do homem. De minha parte, estou convencido, porque seu que é tecnicamente possível, estabeceler este objetivo para 2025, como já o fizeram os responsáveis hispano-americanos para a América Latina e o Caribe.
De todas as feridas que o continente africano vive, a fome permanece o mais dramático e intolerável. Qualquer compromisso pela justiça e pela paz na África é inseparável da exigência de progresso na realização do direito à alimentação para todos. A este respeito, recordo a mensagem de Sua Santidade Bento XVI, em Junho de 2008, na Conferência de alto nível sobre a segurança alimentar, promovida pela FAO, que declarava, em particular: “é preciso reafirmar, com força, que a fome e a subalimentação são inaceitáveis num mundo que dispõe, na realidade, de níveis de produção, recursos e conhecimentos suficientes para colocar fim a tais dramas e às suas consequências”.
Estas palavras demonstram, se ainda fosse necessário, a semelhança entre os pontos de vista da Igreja Católica e da FAO sobre este problema fundamental. A Igreja sempre teve como tarefa aliviar a miséria dos mais necessitados e o lema da FAO é "Fiat Panis", "Pão para todos".
Santo Padre, na sua última encíclica "Caritas in veritate" o senhor sublinha que qualquer decisão económica tem consequências de carácter moral. E é precisamente a este nível que devemos elevar-nos, pois, como o senhor escreve, Léopold Sédar Senghor - permiti-me citá-lo aqui - disse: "É preciso acender a lâmpada do espírito para que não apodreça o lenho, não crie mofo a carne...".
A FAO esforça-se, com os meios dos quais dispõe, e apesar das limitações e obstáculos que pode encontrar, em mobilizar todos os actores e pessoas com poder de decisão para a luta contra a fome e em desenvolver programas voltados a melhorar a segurança alimentar, prioritariamente nos países mais vulneráveis. O que nos anima é a face deste homem, desta mulher, desta criança que nós olhamos nos olhos, com a barriga vazia, esperando o seu pão cotidiano e cuja tristeza e desespero obsessionam os nossos sonos agitados. É o princípio da "centralidade da pessoa humana" que o senhor, Santo Padre, tão oportunamente recordou na sua encíclica.
A visão de um mundo liberado da fome é possível, se existe uma vontade política a nível mais alto. De facto, numerosos países na África conseguiram reduzir a fome: os Camarões, o Congo, a Etiópia, o Gana, a Nigéria, o Malavi, o Moçambique e Uganda.
As grandes forças espirituais e morais são, pela nossa acção, um sustento inestimável, pois a tarefa é, de facto, gigantesca e as nossas capacidades de acção nem sempre estão à altura da vontade que nos anima. Jamais teremos muitos meios para satisfazer o "direito à alimentação para todos".
Desejo também prestar homenagem à acção da Igreja no território, ao lado dos pobres. Os missionários, as religiosas e muitas comunidades desenvolvem frequentemente um trabalho difícil, às vezes ingrato, mas sempre útil, ao lado de organizações inter-governativas, de ONGs e da sociedade civil. Desejo saudar estes homens e estas mulheres que eu vi agir em muitos países com discrição e eficiência.
Gostaria sobretudo de destacar a convergência dos ensinamentos religiosos, em especial, da Igreja Católica e do Islã, sobre a necessidade de vigiar na gestão racional dos recursos com base numa estratégia de acção respeitosa das pessoas e dos bens deste mundo, distante dos excessos e dos desperdícios. Todos estes ensinamentos ressaltam o papel fundamental da responsabilidade social, recomendando a solicitude para com os mais necessitados. A Doutrina Social da Igreja é, deste ponto de vista, um contributo essencial.
Permiti-me concluir esta intervenção citando este versículo do Alcorão: "Quando queremos destruir uma cidade, ordenamos àqueles que ali vivem no bem-estar, de entregarem-se à iniquidade" (Sura Al-Isra, verso 16).
Possa, o nosso mundo, evitar este naufrágio!.

[00224-06.03] [RE000] [Texto original: francês]

COLETIVAS DE IMPRENSA

A segunda Coletiva de Imprensa sobre os trabalhos sinodais (com a tradução simultânea em italiano, inglês, francês e português) realizar-se-à quarta-feira 14 de outubro 2009 (após a Relatio post disceptationem), por volta das 12h45, na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé. Participarão:

- S. Em. R. Card. Wilfrid Fox NAPIER, O.F.M., Arcebispo de Durban (ÁFRICA DO SUL), Presidente Delegado
- S. Em. R. Card. Théodore-Adrien SARR, Arcebispo de Dakar, Primeiro Vice-Presidente do Simpósio das Conferências Episcopales da África e Madagascar (S.E.C.A.M.) (SENEGAL), Presidente Delegado
- S. Em. R. Card. John NJUE, Arcebispo de Nairóbi, Presidente da Conferência Episcopal (QUÊNIA), Presidente de Comissão para a Informação
- S. E. R. Dom Manuel António MENDES DOS SANTOS, C.M.F., Bispo de São Tomé e Príncipe (SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE), Membro de Comissão para a Informação
- Rev. Pe. Federico LOMBARDI, S.I., Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé (CITADE DO VATICANO)

A terceira Coletiva de Imprensa sobre os trabalhos sinodais (com a tradução simultânea em italiano, inglês, francês e português) realizar-se-à Sexta-feira 23 de outubro 2009 (após a Nuntius), por volta das 12h45, na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé. Participarão:

- S. E. R. Dom John Olorunfemi ONAIYEKAN, Arcebispo de Abuja (NIGÉRIA), Presidente de Comissão para a Mensagem- S. E. R. Dom Youssef Ibrahim SARRAF, Bispo do Cairo dos Caldeus (EGITO), Vice- Presidente de Comissão para a Mensagem
- S. E. R. Dom Francisco João SILOTA, M. Afr., Bispo de Chimoio, Segundo Vice-Presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (S.E.C.A.M.) (MOÇAMBIQUE), Membro de Comissão para a Mensagem
- Rev. Pe. Federico LOMBARDI, S.I., Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé (CITADE DO VATICANO)

A quarta Coletiva de Imprensa sobre os trabalhos sinodais (com a tradução simultânea em \pard softlineitaliano, inglês, francês e português) realizar-se-à Sábado 24 de outubro 2009 (após a Nuntius), por volta das 12h45, na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé. Participarão:

- S. Em. R. Card. Peter Kodwo Appiah TURKSON, Arcebispo de Cape Coast, Presidente da Associação das Conferências Episcopais da África Ocidental (A.C.E.A.O./A.E.C.W.A.) (GANA), Relator Geral
- S. E. R. Dom Damião António FRANKLIN, Arcebispo de Luanda, Presidente da Conferência Episcopal (ANGOLA), Secretário Especial
- S. E. R. Dom Edmond DJITANGAR, Bispo de Sarh (CHADE), Secretário Especial
- Rev. Pe. Federico LOMBARDI, S.I., Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé (CITADE DO VATICANO)

Os fotógrafos e operadores audiovisuais (cinegrafistas e técnicos) para obter a autorização de acesso devem dirigir-se ao Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.

 

 

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