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SYNODUS EPISCOPORUM
BOLETIM

II ASSEMBLEIA ESPECIAL PARA A ÁFRICA
DO SÍNODO DOS BISPOS
4-25 OUTUBRO 2009

A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz.
"Vós sois o sal da terra ... Vós sois a luz do mundo" (Mt 5, 13.14)


Este Boletim é somente um instrumento de trabalho para uso jornalístico.
A
s traduções não possuem caráter oficial.


Edição portuguesa

22 - 13.10.2009

SUMÁRIO

- DÉCIMA TERCEIRA CONGREGAÇÃO GERAL (TERÇA-FEIRA, 13 DE OUTUBRO DE 2009 - MANHÃ)
- AVISOS

DÉCIMA TERCEIRA CONGREGAÇÃO GERAL (TERÇA-FEIRA, 13 DE OUTUBRO DE 2009 - MANHÃ)

- INTERVENIENTES NA SALA (CONTINUAÇÃO)
- AUDITIO DELEGATORUM FRATERNORUM (III)

Às 09h00 de hoje, terça-feira 13 de Outubro de 2009, com o canto da Hora Terça, começou a décima tereceira Congregação Geral, para a continuação das Intervenções na Sala sobre o tema sinodal A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz “Vós sois o sal da terra ... Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13.14).

Presidente Delegado de turno S.Em. Card. Francis Arinze Prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (CIDADE DO VATICANO).

A esta Congregação Geral, que se concluiu às 12h30, com a oração do Angelus Domini, estavam presentes 222 Padres.

INTERVENIENTES NA SALA (CONTINUAÇÃO)

Nesta Décima Terceira Congregação Geral intervieram os seguintes Padres:

- S. E. R. Dom Ernesto MAGUENGUE, Bispo de Pemba (MOÇAMBIQUE)
- S. E. R. Dom Joachim KOURALEYO TAROUNGA, Bispo de Moundou (CHADE)
- S. E. R. Dom Servilien NZAKAMWITA, Bispo de Byumba (RUANDA)
- S. E. R. Dom Abraham DESTA, Bispo titular de Orrea di Aninico, Vigário Apóstolico de Meki (ETIÓPIA)
- Rev. Pe. Mamby Dominique BASSE, Sch. P., Superior-Mor dos Clérigos Regulares Pobres da Mãe de Deus das Escolas Pias em Senegal (Escálopios) (UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)
- S. E. R. Dom Manuel António MENDES DOS SANTOS, C.M.F., Bispo de São Tomé e Príncipe (SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE)
- S. Em. R. Card. William Joseph LEVADA, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (CIDADE DO VATICANO)
- S. E. R. Dom Matthias N'GARTÉRI MAYADI, Arcebispo de N'Djaména (CHADE)
- S. E. R. Dom Alick BANDA, Bispo de Solwezi (ZÂMBIA)
- S. E. R. Dom John Baptist ODAMA, Arcebispo de Gulu (UGANDA)
- S. E. R. Dom Martin MUSONDE KIVUVA, Bispo de Machakos (QUÊNIA)
- S. E. R. Dom Jean Claude RANDRIANARISOA, Bispo de Miarinarivo (MADAGASCAR)
- S. E. R. Dom Edward Tamba CHARLES, Arcebispo de Freetown e Bo (SERRA LEOA)
- S. E. R. Dom Zygmunt ZIMOWSKI, Arcebispo-Bispo emérito de Radom, Presidente do Pontifício Conselho para os Campo de Saúde (CIDADE DO VATICANO)
- Rev. Pe. Jan GEERITS, S.D.S., Administrador Apostólico da Administração Apostólica das Comores (UNIÃO DAS COMORES)
- S. E. R. Dom Liborius Ndumbukuti NASHENDA, O.M.I., Arcebispo de Windhoek, Presidente da Conferência Episcopal (NAMÍBIA)
- S. E. R. Dom Filomeno DO NASCIMENTO VIEIRA DIAS, Bispo de Cabinda (ANGOLA)
- S. E. R. Dom Joseph Shipandeni SHIKONGO, O.M.I., Bispo titular de Capra, Vigário Apóstolico de Rundu (NAMÍBIA)
- Rev. Pe. Zeferino ZECA MARTINS, S.V.D., Provincial da Angola da Sociedade do Verbo Divino (ANGOLA)
- S. E. R. Dom José Câmnate NA BISSIGN, Bispo de Bissau (GUINÉ-BISSAU)
- S. E. R. Dom Camillus Archibong ETOKUDOH, Bispo de Port Harcourt (NIGÉRIA)
- S. E. R. Dom Germano GRACHANE, C.M., Bispo de Nacala (MOÇAMBIQUE)
- S. E. R. Dom Basile MVÉ ENGONE, S.D.B., Arcebispo de Libreville (GABÃO)
- S. E. R. Dom Odon Marie Arsène RAZANAKOLONA, Arcebispo de Antananarivo (MADAGASCAR)
- S. E. R. Dom Daniel Marco Kur ADWOK, Bispo titular de Mossori, Bispo auxiliar de Khartoum (SUDÃO)
- S. E. R. Dom Felix Alaba Adeosin JOB, Arcebispo de Ibadan, Presidente da Conferência Episcopal (NIGÉRIA)
- S. E. R. Dom Gerard Tlali LEROTHOLI, O.MI., Arcebispo de Maseru (LESOTO)

Damos aqui os resumos das intervenções:

- S. E. R. Dom Ernesto MAGUENGUE, Bispo de Pemba (MOÇAMBIQUE)

A principal riqueza do continente, é constituída pela sua população, mormente pelos jovens, adoloscentes e crianças. A África é um continente com a população predominantemente mais jovem do mundo.
A juventude africana constitui um tesouro inestimável que não pode ser esquecido ou desperdiçado se se pretende garantir o futuro de desenvolvimento, reconciliação justiça e paz duradoiros na Africa.
Muitos jovens são induzidos para a prática da violência, prostituição, tráfico e consumo das drogas, crime organizado, conflitos partidários, étnicos e tribais; para o fundamentalismo religioso e seitas satânicas entre outros. À luz de tudo isso gostaria de sugerir:
- Da parte da Assembleia Sinodal, uma mensagem forte de confiança e encorajamento aos jovens, adolescentes e crianças como actores importantíssimos no serviço da reconciliação, justiça e paz.
- Denunciar como uma das injustiças mais gritantes a marginalização, manipulação, instrumentalização e violação dos direitos dos pequenos.
- A necessidade de um estudo sério sobre a questão da juventude africana, valendo-se das ciências humanas, para individuar os seus problemas mais actuais e determinar soluções efectivas a propor.
- As estratégias pastorais da Igreja e politicas dos governos devem ser concebidas tendo em conta os jovens para, assim, poder responder às suas necessidades não só matérias mas também espirituais.
- O desafio para Igreja, para os governos e para a sociedade africana em geral consiste em encontrar formas de estimular e aproveitar o grande potencial que a juventude africana representa.
- Gostaria de enfatizar a necessidade da educação e formação integral dos jovens que tenha em conta o contexto e a sua cultura de forma a habilitá-los a ser verdadeiros servidores da reconciliação da justiça e da paz.
- Rever os conteúdos e os métodos da catequese, bem como dos respectivos catecismos, sobretudo do catecumenato de forma a incluir a doutrina social da Igreja, uma formação à consciência critica, amor a vida, respeito e protecção da natureza.
- Urgência de uma pastoral de Cura, devido ao facto de larga maioria das crianças, adolescentes terem crescido em ambientes nada fáceis marcados por famílias destroçadas, hostilidades, guerras, violências e abuso dos direitos mais fundamentais que deixaram feridad profundas no ânimo.

[00237-06.05] [IN162] [Texto original: português]

- S. E. R. Dom Joachim KOURALEYO TAROUNGA, Bispo de Moundou (CHADE)

Na minha língua materna, há um provérbio que diz: «Proclamar a caridade com palavras torna a caridade obsoleta». Mas há um outro que diz: «O benfeitor que provê todos os dias às necessidades do necessitado torna-o preguiçoso». Os desafios da reconciliação, da justiça e da paz em África são imensos e as suas respostas complexas e dispendiosas como vimos graças à intervenção do Sr. Rodolphe ADADA sobre o Darfur. A extensão e a complexidade dos dramas e das tragédias em África exigem uma solidariedade internacional. E este é o caso, já que o essencial do empenho das Igrejas de África em todos os âmbitos, educação à cidadania e defesa dos direitos humanos fundamentais através das comissões justiça e paz, depende muito das ajudas das Igrejas da Europa e da América do Norte. No Chade, nos últimos anos, essas ajudas diminuíram drasticamente e tomou-se consciência do efeito perverso da dependência. Para corrigir o mal, prescreveu-se o remédio da mobilização dos recursos locais. Ma de onde podem vir esses recursos locais? Há, claro, o contributo dos fiéis, mas esse é um contributo muito modesto, quase insignificante em relação à extensão das necessidades. Para assegurar o complemento, sem o qual nenhuma obra pode funcionar, dirigimo-nos aos organismos internacionais cuja filosofia e objectivos nem sempre são compatíveis com as nossas convicções. Por isso, a Igreja em África parece uma mãe de família sozinha que tem de se prostituir para dar de comer, uma casa, educação e cuidados aos seus muitos filhos.
A Igreja em África tem de proclamar a reconciliação, a justiça e a paz. Mas deve fazê-lo através das obras. Para realizar essas obras, ela precisa de meios e ela não se deve baixar a procurar esses meios custe o custar.

[00233-06.02] [IN165] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Servilien NZAKAMWITA, Bispo de Byumba (RUANDA)

A Igreja em Ruanda, em sua pastoral de reconciliação, de justiça e de paz depois dos trágicos acontecimentos do genocídio dos Tutsis e outras vítimas da guerra, e depois dos desafios que encontrou e que em parte superou, é convicta de que a obra da reconciliação seja uma iniciativa de Deus. Acredita ao mesmo tempo, que Deus decidiu colaborar com o homem para realizar este projecto de reconciliação. Tal convicção se deve às experiências e aos testemunhos de reconciliação que nós vivemos todos os dias no países, nas comunidades eclesiais de base, nos cárceres, nas ocasiões de orações de cura, etc.
Quando se reuniu a primeira Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, a Igreja em Ruanda estava ausente por causa dos motivos que vocês conhecem. Os bispos delegados da Conferência Episcopal de Ruanda foram impedidos por causa do grande genocídio que teve início em 7 de abril de 1994. Em três meses, mais de um milhão de pessoas inocentes foram mortas diante das televisões da comunidade internacional. Os soldados da MINUAR da ONU que estavam no local receberam ordem de retirada, abandonando a população civil à mercê dos assassinos armados de machetes, granadas, fuzis e outras armas.
Depois desta carnificina, quando a situação foi controlada pelas novas autoridades, a Igreja Católica iniciou uma pastoral de reconciliação.
Foram obtidos grandes resultados, além de confissões, perdão e reconciliação. As mesmas autoridades civis adotaram este método “Gacaca” para organizar tribunais populares nas colinas, que permitiram acelerar os processos de numerosos prisioneiros.
A Comissão Justiça e Paz em colaboração com outras comissões e outros organismos de pastoral, iniciaram este processo de reconciliação graças a diferentes programas de educação aos valores e à formação de agentes de reconciliação com métodos idóneos.
Nesta pastoral da reconciliação a Igreja Católica não trabalha sozinha, mas colabora em estreito contato com outras confissões religiosas e com instituições públicas e privadas que se ocupam da temática da reconciliação depois do genocídio, como a Comissão nacional para a unidade e a reconciliação, a Comissão nacional de luta contra o genocídio e a Comissão nacional para os direitos humanos, para citar algumas.
Existem ainda casos de traumas psicológicos, de deficiências físicas e mentais, de sofrimentos de todo tipo. As chagas do coração se cicatrizam com dificuldade, as bases das famílias se fragmentaram, provocando uma situação difícil de se organizar no atendimento a órfãos, viúvas e sem família. Existem os encarcerados que esperam pela justiça a fim de superarem o impasse, e entre eles existem certamente pessoas inocentes.
É preciso frisar que nesta obra de evangelização, alguns agentes de pastorais não atingiram ainda a liberdade interior, e isso não os permite realizar como deveriam a sua missão de agentes de evangelização. Um programa de enquadramento e de cura deve ser elaborado com meios adequados.

[00234-06.03] [IN166] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Abraham DESTA, Bispo titular de Orrea di Aninico, Vigário Apóstolico de Meki (ETIÓPIA)

As mulheres são pessoas engajadas em nossas Igrejas. O compromisso delas é sem dúvida testemunha disso. Penso que se forem dotadas de boa formação teológica e de formação no Código de Direito Canónico e na Doutrina Social da Igreja, elas podem desempenhar uma função mais significativa, além das actividades tradicionais que desenvolveram até agora como membros activos e integrais da Igreja.
Uma tal formação poderia aprofundar a sua consciência dos valores relativos à maternidade dentro do amplo espectro da história da salvação. Poderia contribuir, além disso, para guiar e enriquecer as suas escolhas específicas na planificação e aplicação de acções estratégicas para a reconciliação, a justiça e a paz nas famílias, nas pequenas comunidades cristãs, nas paróquias, nas dioceses entre outros.
A sua formação em teologia, no Código de Direito Canónico e na Doutrina Social da Igreja deveria consentir-lhes realizar uma tarefa específica e incomparável ao projectar programas de catequeses e pastorais adequados e importantes, em colaboração com os seus respectivos pastores e teólogos, para as crianças, os jovens, as mulheres e a família. Deveria permitir-lhes desenvolver uma consciência e uma compreensão mais profunda das matrizes de funções e relações no seio da hierarquia da Igreja, desempenhando assim um ministério adequado e profundo sobre a colaboração a serviço da reconciliação, da justiça e da paz.
Além disso, a formação das mulheres nos estudos teológicos, canónicos e na Doutrina Social da Igreja deveria permitir a elas descobrir fontes e instrumentos a fim de elaborar importantes programas de formação e de ajuda para a reconciliação, a justiça e a paz sobretudo no campo da família, das pequenas comunidades cristãs, das associações femininas cristãs, dos jovens e das diferentes associações de profissionais cristãos.
A função primordial das mulheres formadas e teologicamente preparadas, deveria se tornar um catalisador de mudança na percepção comum que as pessoas têm de suas mães e irmãs, e reforçar a sua capacidade a desempenhar a própria função ativa, recebida por Deus, participando da liderança e dos processos de decisão em todos os níveis da sociedade, a fim de promover uma autêntica reconciliação através da justiça e da paz em nossa sociedade africana. É importante sublinhar o fato que sem a plena participação das mulheres em seus diferentes níveis e capacidades, a obra de reconciliação, de justiça e de paz não poderá ser nunca completada e dar os devidos frutos em nossa Igreja e em nossa futura sociedade africana.

[00235-06.04] [IN167] [Texto original: inglês]

- Rev. Pe. Mamby Dominique BASSE, Sch. P., Superior-Mor dos Clérigos Regulares Pobres da Mãe de Deus das Escolas Pias em Senegal (Escálopios) (UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)

A paz durável passa pela educação. Esta é uma convicção partilhada pelos consagrados que têm por carisma a educação dos jovens.
Esta missão impõe-se hoje em dia num contexto onde o africano vive num meio económico, psicológico e sócio-político muitas vezes difíceis e que alimentam no jovem tensões internas que se traduzem no exterior como comportamentos absolutamente contrários ao espírito da paz e da reconciliação.
Hoje em dia, em África, o maior desafio do nosso tempo é a persistência e a preminência da cultura da violência no mundo da juventude e os estereótipos que lhe são propostos pela mídia, os políticos e todos os que dão a imagem de «sucesso social».
A violência também está próxima do jovem, já que presente nos efeitos desastrosos contínuos do conflito que destrói a vida familiar. Perante todas estas formas de violência familiar, o silêncio permissivo e a impunidade latente são os melhores meios de provocar revoltas.
Não esqueçamos que a pobreza que afecta os jovens é uma violência.
Perante esta situação, a educação à paz e à reconciliação é uma necessidade urgente, em todos os lugares onde os consagrados trabalham com os jovens. Nós consagrados devemos propor aos jovens o melhor da sociedade contemporânea.
Por isso nós propomos ao Sínodo:
- Que todas as estruturas eclesiásticas implementem um programa para a gestão dos conflitos, dinamizando o método da acção católica (VER-REFLECTIR-AGIR).
- Que sejam criados serviços de escuta onde os consagrados, formados nas técnicas de escuta activa, estejam disponíveis a acolher os jovens que sintam a necessidade de desabafar.
- Que as congregações religiosas em comunhão com a Igreja local crie estruturas que tenham como objectivo facilitar a inserção profissional dos jovens e o seu acesso ao trabalho e rendimentos decentes, organizando uma formação profissional adequada, um acompanhamento individualizado e a mobilização dos actores públicos, privados e sociais envolvidos.
- Que as nossas instituições educativas implementem um programa de educação aos valores baseado nos nossos valores culturais.

[00236-06.03] [IN168] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Manuel António MENDES DOS SANTOS, C.M.F., Bispo de São Tomé e Príncipe (SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE)

Como tornar a Palavra de Deus conhecida, amada e operativa na Igreja?
- Necessitamos, em primeiro lugar, de criar meios que levem todos os cristãos
a terem acesso à Sagrada Escritura. Para isso torna-se necessária a tal "vasta solidariedade" que permita reduzir substancialmente o preço das Bíblias.
- Há que apostar no desenvolvimento da pastoral bíblica.
- Levar os cristãos a lerem a Sagrada Escritura a partir de Jesus Cristo como Centro da revelação nela contida e luz que ilumina cada página do Livro Sagrado.
- Alimentados pela Palavra de Deus os nossos fiéis podem mais facilmente resistir às seduções dos novos grupos religiosos, muitos deles servindo-se exactamente de urna leitura fundamentalista da Bíblia para propagarem as suas ideias.
- A partir da fé em Jesus Cristo ressuscitado, vencedor do Reino do mal, podemos apresentar ao mundo caminhos de esperança, de paz, de libertação; caminhos que levem à libertação de medos ancestrais, como o do feitiço que tanto sofrimento semeia entre os nossos povos.
- A Palavra de Deus, lida e rezada, pode, sem dúvida, ajudar a construir urna cultura de família já que leva os cristãos a confrontarem-se com a Verdade e a necessidade de uma conversão de vida que os leve a viverem de acordo com os caminhos do Senhor.
- A Palavra de Deus dá significado à nossa luta contra a pobreza ao alimentar-nos da certeza de que o que fazemos ao irmão fazemo-lo ao próprio Cristo.
- A Palavra de Deus torna-nos instrumentos de reconciliação, de justiça, de paz.

[00243-06.04] [IN169] [Texto original: português]

- S. Em. R. Card. William Joseph LEVADA, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (CIDADE DO VATICANO)

Minhas observações hoje pretendem fornecer informações e oferecer encorajamento para o trabalho das Comissões Doutrinais das respectivas Conferências Episcopais na África.

[00271-06.04] [IN170] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Matthias N'GARTÉRI MAYADI, Arcebispo de N'Djaména (CHADE)

A guerra civil iniciou no Chade, em 1965, sob o regime do primeiro presidente que era cristão protestante originário do sul, François Tombalbaye. De 1979 até hoje a ruptura entre norte e sul se realizou sob os dois regimes sucessivos de Hissein Habré e Idriss Deby Itno, muçulmanos e originários do norte.
Há mais de 40 anos que se fizeram várias tentativas de reconciliação que nunca se concluíram e que não podem ser concluídos.
Do ponto de vista cultural, a maior parte das etnias do norte tradicionalmente guerreiras consideram a reconciliação um ato de fraqueza. O resultado é que nenhuma reconciliação é possível entre os “Goragnes” (a etnia de Hissein) e os “Zaghawa” (a de Idriss Deby Itno).
As sucessivas reconciliações do poder com as diferentes rebeliões se concluíram por meio de dinheiro. O dinheiro se tornou o único meio de reconciliação e a rebelião se tornou um negócio comercial: revolta-se , mas depois se reconcilia para obter dinheiro para a própria família, ou para ter acesso a cargo de responsabilidade no governo e obter mais armas.
A guerra e a miséria da maior parte da população do Chade permanecem para nós as maiores dificuldades e desafios. Além disso, a situação piorou com a chegada dos refugiados sudaneses e centro-africanos que se uniram aos desabrigados do Chade dentro de nosso território. Esperamos muito deste Sínodo e da Igreja universal.
Talvez um acordo entre Chade e Santa Sé ajudaria a reforçar a autoridade da Igreja no Chade em seu compromisso para a reconciliação, a justiça e a paz contra aquilo que o Santo Padre chamou de “vírus”, ou seja, o fundamentalismo religioso que ameaça a saúde da África em geral e também a do Chade em particular.
Em 2008, tivemos um início da jihad que estourou em Kouno, uma cidade do sul da arquidiocese de N’Djamena “a cerca de 150 quilómetros de Sarh”: por memória, tenho que sublinhar que alguns fundamentalistas do Chade foram citados entre os protagonistas da jihad que recentemente se espalhou pelo norte da Nigéria, em setembro de 2009.
Segundo a nossa constituição, o Chade é um estado laico e isto nos ajudou como Igreja a viver e a desempenhar livremente as nossas actividades, mas até quando? Esta laicidade está ameaçada e se o Chade se tornar um regime islâmico, toda a África central sofrerá as consequências.

[00272-06.02] [IN171] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Alick BANDA, Bispo de Solwezi (ZÂMBIA)

O testemunho de uma vida cristã é a primeira e insubstituível forma de missão.
Uma efectiva participação e colaboração dos leigos no trabalho de reconciliação, justiça e paz depende não somente de um laicato bem informado mas também de um laicato bem catequizado. Portanto, isso irá requerer um compromisso de vida e investimento pela Igreja na contínua formação do laicato que então se tornarão fidedignos, na vida privada ou pública, e estarão aptos a ser “sal da terra e luz do mundo” (cf. Mt 5,13-14 e “Ad Gentis Divinitus”, n. 11). Depois dessa premissa, desejo chamar atenção para o que segue:
Primeiramente, recomendo que um claro e forte chamado ecoe para um efectivo envolvimento do laicato no trabalho para a evangelização face a face à reconciliação, justiça e paz através de seus variados contactos, associações e movimentos.
Em segundo lugar, recomendo que em cada Diocese seja solicitado a instituição de um efetivo e responsável Conselho de Leigos para liderar o envolvimento do laicato, de forma que os leigos se sintam totalmente reconhecidos e aceitos junto ao clero e aos religiosos na tarefa da evangelização.
Em terceiro lugar, recomendo que cada Diocese faça um forte investimento em treinamento do laicato, especialmente com uma “nova catequese” sobre a Doutrina Social da Igreja.

[00273-06.05] [IN172] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom John Baptist ODAMA, Arcebispo de Gulu (UGANDA)

Falo a vocês especialmente por experiência pessoal da grande violência realizada às crianças em minha Arquidiocese. Esta violência é perpetrada por soldados das forças rebeldes do Exército de Resistência do Senhor (LRA), que nos últimos anos aterrorizou as pessoas e particularmente miravam as crianças.
As forças do LRA tomaram jovens garotos e garotas para os forçarem a se tornar crianças soldados, danificando suas mentes e espíritos em terríveis guerras. E as forças do LRA sequestraram jovens meninas como escravas sexuais, arruinando suas esperanças e futuros.
Sabemos que existem esses terríveis tipo de violência contra crianças, jovens mulheres e homens, em outras partes da África hoje onde guerras sem sentido e conflitos seguem, na República Democrática do Congo (RDC), no sul do Sudão, na África Central, por exemplo.
Mas há outra violência mais difundida que ocorre a cada dia no continente. Esta é a violência da fome, da falta de oportunidades educacionais, da escassez de adequados cuidados sanitários, e inadequadas condições de vida em favelas urbanas e campos de refugiados.
Certamente nosso Sínodo deve falar contra as situações políticas, económicas e sociais que fazem esse tipo de violência contra nossas crianças.
Mas deixe-me acrescentar já outro caminho no qual a violência é feita contra as crianças, e este é a chocante taxa de aborto que ceifa vidas inocentes mesmo antes de nascerem. Uma cultura de aborto, uma dinâmica de falta de respeito pelo nascituro, uma promoção dos “direitos” que constantemente permite a negação do direito à vida, é, então, outro sinal de violência contra a vida.
Quero sugerir dois grandes passos.
O primeiro é prometer a nós mesmos como Igreja na África estar atentos à “ética consistente” pelo respeito à vida.
Em nosso trabalho pelo desenvolvimento, pela reconciliação, pela justiça e a paz, estamos portando os valores de um respeito pela vida o qual é um forte testemunho contrário à violência e um vigoroso apoio das condições necessárias para a vida - amor familiar, comida, educação, cuidados sanitários, emprego, moradia, etc.
O segundo é dar um testemunho especialmente em relação aos direitos da mulher em sua dignidade dada por Deus. Digo isto porque há em torno a nós muitos que falam dos direitos da mulher de forma a violar os direitos de outros - especialmente os direitos dos nascituros. Nós, como Igreja católica devemos ser conhecidos como fortes defensores dos direitos da mulher - experimentar sua igualdade dada por Deus, exercitar seus muitos dons para o bem de nossas comunidades, para contribuir completamente para a missão da Igreja de partilhar a Boa Nova.

[00252-06.03] [IN174] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Martin MUSONDE KIVUVA, Bispo de Machakos (QUÊNIA)

O empobrecimento é resultado da falta de necessidades básicas que são: comida, serviços sanitários, acesso a medicamentos, educação ou insuficiente conhecimento e paz. O resultado disso leva a altos níveis de ignorância, saúde pobre, problemas ecológicos como a destruição de florestas para pastos e assentamentos; actividades de mineração, assentamentos urbanos não planejados pressionando as infra-estruturas disponíveis como água, esgoto, rede de estradas e más práticas de agricultura, que são incompatíveis com a ecologia.
É necessário examinar os vazios em nosso processo político para mitigar a pobreza crónica manifestada em, doenças, insegurança alimentar, crime, falta de água potável. Certificar-se que a maioria dos pobres do Quénia possam estar aptos a terem segurança social irá requerer uma parceria integrada entre a Igreja, o governo, parceiros locais e internacionais. Todas as partes a que estão confiadas a protecção do bem-estar do povo devem ser competentes, responsáveis, acessíveis e receptivos à situação de grupos vulneráveis para atingir o desejado desenvolvimento humano integral.
Hoje, nosso povo no continente não pode encontrar suas necessidades básicas. Estamos falando de milhões que lhes falta o acesso à água potável, comida, protecção decente; estamos vendo o ressurgimento de doenças como a pólio que devia ter sido erradicada, estamos vendo fazendas de chá e café empobrecidas por causa de baixos lucros; e temos visto taxas de desemprego subindo. Isto faz com que muitos jovens fiquem à mercê da poderosa elite que os constringem às drogas e grupos de terroristas para protecção.
Proponho que como líderes da Igreja temos que dar o exemplo que o trabalho duro traz, de por em acção políticas que recompensem o bom trabalho. Temos que desencorajar a cultura da esmola e plantar a honestidade e responsabilidade entre os jovens.

[00253-06.02] [IN175] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Jean Claude RANDRIANARISOA, Bispo de Miarinarivo (MADAGASCAR)

O Instrumentum laboris fala dos jovens no âmbito da criação ou do consolidação de estruturas para a sua formação; fala em nomear capelães para o apostolado dos jovens e de coordenar a sua participação na vida da Igreja a nível nacional e internacional.
Agradeço o Servo de Deus Papa João Paulo II e o Papa Bento XVI pela solicitude para com os jovens, que são importantes agentes de testemunho de uma reconciliação que supera os confins dos continentes, das raças e das culturas. Isto é evidente nas ocasiões dos Dias Mundiais da Juventude. Esta experiência de Igreja Universal suscita nos nossos jovens o fervor para prossegui-la apesar das diversas tensões sócio-políticas no nosso país.
Em Madagáscar, após as recomendações da exortação pós-sinodal de criar e consolidar as estruturas para a pastoral da juventude, a Conferência dos bispos de Madagáscar reúne os jovens católicos do país a cada três anos.
Através desta experiência, pudemos constatar que os nossos jovens podem ser um dos melhores agentes de reconciliação se receberem uma formação, ajudando, através de um testemunho de vida cristã autêntica, os seus pastores e as pessoas mais adultas a aprofundar a sua fé através de uma catequese fundada na Palavra de Deus; a viver a fé através da oração e da celebração dos sacramentos, sobretudo o da Eucaristia e da Reconciliação: é edificante ver os jovens que se aproximam deste sacramento passar uma noite inteira ao ar livre diante do Santíssimo Sacramento. Ele ficam felizes em poder se reunir, partilhar as suas aspirações mais profundas, rezar juntos, aprofundar a fé para encontrar e testemunhar a todos os valores humanos e evangélicos.

[00254-06.03] [IN176] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Edward Tamba CHARLES, Arcebispo de Freetown e Bo (SERRA LEOA)

As multinacionais extratoras causam tanta injustiça na África que a Igreja não pode permanecer em silêncio sobre elas. Em seu desejo de explorar os ricos recursos minerais e naturais do continente, essas empresas podem fazer tudo, incluindo fomentar conflitos inter-étnicos, vender armas e munição, e destituir legítimos governos. Os Estados do Delta ricos em petróleo na Nigéria e nas regiões leste e sul da República Democrática do Congo são claros exemplos disso.
Confrontados por essas forças hostis, muitas Igrejas locais não podem fazer muito para se certificar que as empresas aceitem sua responsabilidade cooperada. Logo, estou apelando para que as Igrejas locais e as Conferências Episcopais das regiões afetadas intervenham para assegurar que justas políticas mineiras sejam estabelecidas para certificar que os Estados Africanos e suas populações se beneficiem de seus recursos naturais e minerais. Também apelo para as Igrejas locais nos países de onde essas multinacionais vêm que intervenham em favor da África e seu povo. Essas empresas podem levar para casa petróleo barato e madeira tropical barata, mas elas estão causando indizíveis sofrimentos para nosso povo na África. Em nome de Deus e de nossa comunhão eclesial, apelamos a vocês para nos ajudar a frear suas injustiças contra nosso povo.

[00255-06.02] [IN177] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Zygmunt ZIMOWSKI, Arcebispo-Bispo emérito de Radom, Presidente do Pontifício Conselho para os Campo de Saúde (CIDADE DO VATICANO)

O texto não chegou em tempo. Será publicado assim que for possível.

- Rev. Pe. Jan GEERITS, S.D.S., Administrador Apostólico da Administração Apostólica das Comores (UNIÃO DAS COMORES)

É verdade que na obra de evangelização das Comores existem obstáculos e limites mas, gostaria de partilhar convosco os cinco pontos sobre os quais se baseia a nossa missão mostrando ao mesmo tempo a riqueza e o sabor desta missão e concluindo com uma solicitação.
1. Revestindo-se de humildade e aceitando ficar sem os privilégios e o sucesso que o ambiente tradicional católico às vezes oferece, o missionário nas Comores aprende que no fim é o Espírito Santo que realiza e constrói o reino de Deus, inclusive lá onde parece inútil ou impossível segundo a lógica humana.
2. Nutrindo-se da oração, da Eucaristia e da graça de Deus que se manifesta na vida quotidiana nas Comores, o missionário participa na alegria que o nosso pastor Jesus prometeu aos apóstolos.
3. Dado que somos minoria, o perigo que as nossas pequenas comunidades católicas se fechem e se desencorajem é real. Todavia, a modicidade das nossas comunidades católicas exorta-nos exactamente a empenhar-nos de modo total na missão de ser sal da terra e luz do mundo.
4. Lamentando por não poder evangelizar com a boca e as palavras, nada nos impede de falar com as mãos, isto é de servir a população humildemente através de obras de caridade.
5. Cada homem é único e tem a faculdade de escolher livremente ser (ou não ser) a imagem do seu Criador. Deus constantemente nos convida e nos propõe dizer sim mas com uma paciência que vai além de nós, sem jamais obrigar ou forçar a sua criatura, como com o bom ladrão na cruz que disse sim no último minuto. Portanto, é uma injustiça obrigar outro homem a ser muçulmano e excluir a priori da salvação todos os que não abraçam o islã. Esta injustiça nunca pode conduzir a uma reconciliação e a uma paz profunda com os muçulmanos e um dia deverá ser reconhecida como um erro intelectual e de confissão quer da parte dos líderes quer dos fiéis, a fim de que no final este muro de separação desabe como outros no passado.

[00256-06.04] [IN179] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Liborius Ndumbukuti NASHENDA, O.M.I., Arcebispo de Windhoek, Presidente da Conferência Episcopal (NAMÍBIA)

Fundamentalmente a Namíbia goza de estabilidade política e económica, mas a Igreja é chamada a vigiar e a ser profética em relação à questão da reconciliação, à justiça e à paz. Depois da guerra, que se concluiu em 1989 e à qual seguiram eleições controladas pelas Nações Unidas, observámos três movimentos:
1. Não foi fornecido um espaço suficiente para que as partes precedentemente em guerra pudessem fazer conhecer as próprias feridas a fim de acelerar o processo de cura interna.
2. A justiça foi promovida através da distribuição igualitária dos recursos disponíveis, mas agora vemos formar-se uma grande desigualdade entre ricos e pobres.
3. A paz prosperou entre diversos povos do país.
Procurámos empenhar-nos em dois projectos, dos quais gostaria de fazer-vos partícipes:
1. Convidámos os sacerdotes, os religiosos e os fiéis a encorajar quer os fiéis quer as pessoas de boa vontade a exercer o próprio direito democrático ao voto para eleger como futuros líderes pessoas capazes de ser bons servidores e administradores e que na sua administração se preocupem em fornecer serviços de qualidade e em combater todas as formas de corrupção através da comissão anticorrupção já existente.
Encontrámo-nos com todos os partidos políticos para os exortar a apoiar o princípio da democracia na sua campanha eleitoral, num espírito de tolerância e respeito recíproco, a fim de conservar a nossa paz conquistada com grande fadiga, que é um bem caro, afirmando o facto de que em cada corrida tem sempre um vencedor e um perdedor e que este último deve aceitar o resultado com dignidade e humildade. Os líderes africanos devem por conseguinte aprender a ceder o poder com elegância.
2. Um ministério especial para os que praticam a prostituição, com um sacerdote competente na matéria. Em muitas situações estes trabalhadores do sexo, dos quais 80% é infectado pelo vírus da sida/vih, são obrigados pela pobreza a este estilo de vida e sofrem abusos sexuais por parte de pessoas bem remuneradas.

[00257-06.04] [IN180] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Filomeno DO NASCIMENTO VIEIRA DIAS, Bispo de Cabinda (ANGOLA)

Quando da primeira assembleia Sinodal, em 1994, o meu país era ainda uma Nação em guerra. Na altura, a nossa Conferência Episcopal não deixou de apelar através de cartas pastorais, com determinação, à paz e à reconciliação entre os irmãos desavindos, mesmo se incompreendida por alguns. Neste longo processo destacamos os bons ofícios dos bispos da região (IMBISA) que propositadamente se deslocaram a Angola como facilitadores do processo. Internamente, a Conferência Episcopal lançou um movimento, ainda hoje activo, em favor da paz, o "Pro Pace", vocacionado a promover uma cultura de paz, desarmar as consciências, e formar agentes de paz. Por todo pais se sentiu a acção deste movimento. Com as outras denominações cristãs criou-se o comité Inter-Eclesial para a Paz em Angola (COIEPA), com o mesmo intuito. Assim, em muitas ocasiões, as Igrejas e comunidades cristãs em Angola puderam falar a uma só voz à Nação e ao mundo do drama da guerra e da urgência da paz.
Hoje, alcançada a paz, o grande desafio que se coloca é o da reconciliação nacional que não podemos identificar ou resumir com o fim da guerra, o período de vigência do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional, resultado dos acordos de Lusaka e a realização, o ano passado, de eleições legislativas. Estas são etapas de um processo que por si só não realizam a reconciliação. A reconciliação tem outras dimensões e é necessário percorre-las com a mesma audácia: a psicológica e a cultural, a económica e a politica, a social e a religiosa. Sim, são aspectos que não devem ser ignorados sob pena de nos enganarmos a nós mesmos e de estarmos a adiar ou preparar futuros conflitos.
Por isso, sentimos ser nossa tarefa, como Igreja, continuarmos a encorajar, favorecer e a trabalhar com os demais actores da vida pública por um verdadeiro estado de direito, mediante o necessário reforço das instituições democráticas, a promoção da boa governação, o combate às assimetrias entre cidadãos e entre as regiões, o funcionamento isento das instituições de administração da justiça e pela melhor distribuição da renda pública.

[00274-06.02] [IN181] [Texto original: português]

- S. E. R. Dom Joseph Shipandeni SHIKONGO, O.M.I., Bispo titular de Capra, Vigário Apóstolico de Rundu (NAMÍBIA)

Na Namíbia, o principal problema, relativo à saúde, é resolvido de qualquer modo através de subvenções governamentais. Portanto, as nossas instituições médicas e educativas são amplamente subvencionadas pelo governo. Por essa razão, especialmente nas áreas rurais os pobres recebem assistência médica sem pagar muito. Com a finalidade de assegurar subvenções governamentais regulares e a autonomia da Igreja na gestão de instituições de saúde segundo os parâmetros éticos da Igreja, em 1994 subscrevemos um amplo acordo com o governo, que depois foi revisto e integrado em 2008. A sua aplicação porém não é eficaz como esperávamos. Algumas partes ainda não foram actuadas. Temos também um programa muito amplo para a Vih/Sida.
O programa do governo, porém, é mais consistente, com maiores recursos financeiros, consultores estrangeiros e a possibilidade de utilizar os meios de comunicação nacionais: televisão, rádio e jornal. Portanto, há uma maior influência em relação a nós. Assim é difundida uma visão secular e relativista da sexualidade. Para eles, a primeira preocupação é a prevenção do contágio; assim é promovida uma confiança pouco realista da eficiência do preservativo. A ineficiência deste meio é intencionalmente ignorada ou explicada de modo muito vago. Desse modo, a promiscuidade é até mesmo encorajada, o que leva a um número maior de contágios. Outra questão que gostaria de citar é o que leio no relatório da OMS sobre o comércio de medicamentos com fins de lucro. Está escrito que a eficácia de alguns desses medicamentos não é demonstrada, todavia são vendidos na África para a experimentação. A dose de alguns deles é perigosa, e até mesmo não é a indicada na confecção, ou são completamente falsos.
Existem outros medicamentos não aprovados nos países onde são produzidos, que porém são vendidos na África (por exemplo, Depo Provesa). Fala-se que a África está muito exposta a este género de medicamentos por causa da limitada capacidade de analisar, testar e controlar o que está a acontecer. A esse respeito, a Igreja deve também exortar os governos a fazer com que os curandeiros tradicionais sejam também vistos como responsáveis pelas suas atividades e que revelem os procedimentos de tratamento e dos medicamentos por eles ministrados.
No que diz respeito às nossas escolas, também recebemos subvenções governamentais. Até o momento não chegamos a um acordo, mas estamos a negociar. As nossas escolas deram um grande contributo para a educação, contributo reconhecido até pelo governo. Nos últimos três anos, as nossas duas escolas de segundo grau obtiveram os melhores resultados nos exames nacionais. O nosso objectivo é ter uma excelente escola, onde seja possível ajudar as crianças dotadas a crescer através de uma instrução de qualidade. A este propósito gostaria de fazer uma observação pessoal: eu tinha companheiros de escola muito capazes, que contudo foram obrigados a deixar a escola por causa da pobreza, por falta de motivação ou por outras razões. A África não se pode permitir perder cientistas e artistas potencialmente excelentes.
Para que a Igreja possa continuar a empenhar-se no âmbito da saúde e da formação, são necessários sempre recursos financeiros. É muito importante encontrar modos eficazes e eficientes para obter esses recursos.

[00275-06.04] [IN182] [Texto original: inglês]

- Rev. Pe. Zeferino ZECA MARTINS, S.V.D., Provincial da Angola da Sociedade do Verbo Divino (ANGOLA)

A Conferência episcopal de Angola e São Tomé levou a cabo junto com a Comissão
de Justiça e Paz, a Rádio Ecclesia, emissora Católica de Angola e a Universidade Católica, a sua missão de mãe e educadora, de mediadora e de Conciliadora. Elaborou programas de Educação cívica, concretizados em encontros "Pró Pace".
Os encontros tiveram como destinatários a sociedade Civil, os actores políticos, pessoas de outras confissões religiosas e todo o povo de boa vontade. Foi, na verdade, um momento privilegiado, uma autêntica forja de diálogo; lançou-se a semente de reconciliação entre os irmãos desavindos. Como resultado, o processo eleitoral decorreu num ambiente de tolerância e paz.
Proponho que cada Conferência episcopal dos países africanos junto com as respectivas Comissões de Justiça e Paz e outras instituições ecclesiais elaborem um Programa "Pró Pace" a nível das Arquidioceses e Dioceses e que seja implementado no período que antecede as eleições.
Queria referir-me também aos trabalhadores Chineses que se encontram um pouco por toda a África. Certamente para o Estado chinês são trabalhadores que são enviados além-fronteiras para o aumento da sua hegemonia no panorama económico mundial. Para os nossos Estados, que os recebem não passam de mão-de-obra necessária para uma rápida reconstrução das infra-estruturas destruídas ao longo da guerra.
Proponho, por conseguinte, que as Conferências episcopais junto das dioceses onde se exije uma pastoral migrante se elabore um programa pastoral para aproximação do Evangelho de Cristo aos trabalhadores chineses e não só, nos Países africanos.

[00258-06.02] [IN183] [Texto original: português]

- S. E. R. Dom José Câmnate NA BISSIGN, Bispo de Bissau (GUINÉ-BISSAU)

Tentando responder aos desafios do presente, numa primeira fase, houve iniciativas pontuais de mediação para resolver esta ou aquela crise. Hoje, dada a permanência da instabilidade governamental e de outras fragilidades, fomos obrigados a criar uma Comissão Justiça e Paz com a missão não só de sensibilizar e formar as comunidades cristãs mas também de criar espaços de diálogo e oportunidades de colaboração com Líderes religiosos de diferentes confissões religiosas, com a Fundação (em formação) Voz di Paz, Sociedade civil, classe política, militares, associações de mulheres e de jovens.
Nesse esforço de formação das consciências em vista duma mudança de mentalidades e de comportamentos da qual possa nascer uma cultura da paz, a Rádio Sol Mansi (rádio eclesial) está a desempenhar um papel importantíssimo na divulgação mensagem evangélica e da doutrina social da Igreja. A qualidade dos programas difundidos têm granjeado a esta jovem rádio credibilidade e simpatia junto da população e da comunidade internacional particularmente aquando das últimas eleições realizadas no país.
Uma outra iniciativa digna de menção é um acordo de parceria estabelecido entre a Rádio Sol Mansi e uma rádio comunitária muçulmana.
A fé em Deus criador e Pai de todos os homens é uma riqueza "espiritual e cultural" comum a todas as etnias da Guiné-Bissau. Esse "património" comum tem facilitado o diálogo e a colaboração entre adeptos de diferentes credos (RTA, muçulmanos, protestantes e católicos). A construção da paz é uma tarefa que aproximou as confissões religiosas no mesmo impulso de salvaguardar os interesses superiores da nação. Depois de várias iniciativas tomadas de maneira informal e ad hoc, as principais entidades religiosas do país decidiram formalizar sua colaboração no seio de um Conselho para o diálogo ecuménico, inter-religioso e para a promoção da dignidade humana.
Trata-se de um espaço de diálogo e de concertação entre os responsáveis religiosos e tradicionais sobre as grandes questões da nação. Esta ONG de promoção da opinião e do homem tem por vocação colocar-se de maneira independente diante dos problemas nacionais e de agir como uma consciência activa dos dirigentes e da sociedade em vista da consolidação da paz.

[00259-06.02] [IN184] [Texto original: português]

- S. E. R. Dom Camillus Archibong ETOKUDOH, Bispo de Port Harcourt (NIGÉRIA)

Entre os valores culturais africanos compatíveis com a mensagem evangélica encontram-se o sentido da sacralidade da vida, o respeito e o cuidado pelos idosos, a solidariedade e a coexistência pacífica.
Por outro lado, entre as práticas culturais que não são compatíveis com a mensagem do Evangelho encontram-se as libações, o culto dos antepassados, os sacrifícios oferecidos a ídolos e divindades durante as festas tradicionais, a assunção da dignidade de chefe, os matrimónios e os funerais tradicionais.
Estas práticas culturais constituem obstáculos e desafios para a missão evangelizadora da Igreja na África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz.
Infelizmente, como indica o Instrumentum laboris (n. 95), a Igreja tem o problema de alguns sacerdotes, homens e mulheres consagrados e fiéis leigos que às vezes dão um mau exemplo com o seu envolvimento em práticas ocultas.
Portanto, peço aos Padres sinodais que dediquem atenção à formação dos seminaristas, dos sacerdotes, dos homens e mulheres consagrados e dos fiéis leigos, para um uso correcto dos sacramentais e da recepção dos sacramentos.
Na nossa diocese rural de Ikot Ekpena na Nigéria tornou-se um hábito iniciar o novo ano com uma Missa durante a qual se lê a Mensagem do Santo Padre para o Dia Mundial da Paz. No final da celebração, todos os chefes tradicionais e as suas famílias são abençoadas. Com a finalidade de se aproximar dos líderes tradicionais não católicos, os sacerdotes e os catequistas que são convidados às festas e aos funerais tradicionais são encorajados a aceitar o convite e a utilizá-lo como meio de evangelização. Graças a esta iniciativa, alguns seguidores da religião tradicional africana converteram-se à fé católica.

[00260-06.04] [IN185] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Germano GRACHANE, C.M., Bispo de Nacala (MOÇAMBIQUE)

A "implantatio Ecclesiae et Imperii, versus implantatio fidei", foi o caminho ou método que levou o Evangelho para Moçambique nos séculos XV e XVI, assim como para a maior parte da África, da América, do Extremo Oriente (Ásia) e Oceânia.
Este método da época constantiniana e post-constantiniana, retomado e reforçado no Sacro Império Romano Germânico, diminuiu a linha-limite entre as comunidades cristãs das catacumbas e o mundo pagão de então e constitui hoje uma das causas remotas mas fundamentais da falha ou brecha tectónica e basilar no edifício das igrejas na África, falha-brecha tectónica basilar que é a incoerência ou fosso profundo e vasto entre a fé e o testemunho de vida, entre a fé dos cristãos africanos e a sua cultura, entre a fé e o empenho moral, entre a fé cristã dos parlamentares africanos e o seu empenho político segundo o Evangelho: o fosso e o hiato dissonante existente, enfim, entre a fé proclamada com os lábios na fórmula do Credo na Missa Dominical e o estilo da vida e da cultura de todos os momentos no mundo do trabalho, da política, da economia, da cultura, da família e da sociedade fora das portas das nossas catedrais, igrejas paroquiais, capelas e comunidades africanas, tal como em todo o mundo moderno e hodierno.
Permito-me a liberdade de propor a esta augusta Assembleia Sinodal que o mesmo Sínodo faça uma menção directa e explícita à importância, necessidade e oportunidade do método e instituto catecumenal antigo, recomendado, aliás, e renovado pelo sagrado Concílio Vaticano II, como instrumento eficaz para restabelecermos nas nossas jovens igrejas missionárias africanas.

[00261-06.02] [IN186] [Texto original: português]

- S. E. R. Dom Basile MVÉ ENGONE, S.D.B., Arcebispo de Libreville (GABÃO)

A reconciliação continua a ser um mistério divino. Por isso, a Igreja tem o dever de traçar o seu caminho e de viver dela, resolvendo antes de tudo as próprias contradições antes de pregar aos outros. Mais ela será crível, mais saberá criar espaços de verdade, justiça e paz. Portanto, é urgente reforçar a comunhão e a colaboração efectiva dos Pastores entre si e com os fiéis, garantir a transparência e a gestão responsável dos bens da Igreja e assegurar a igualdade entre os diversos membros da comunidade eclesial.
A reconciliação é, ao mesmo tempo, um processo e um objectivo. Eis algumas propostas para a alcançar:
1. Evidenciar a dimensão escritural da reconciliação, da justiça e da paz;
2. Valorizar o sacramento da reconciliação individual e comunitária;
3. Encorajar os retiros fundamentais para os leigos;
4. Reforçar a pastoral para a família e os jovens;
5. Acompanhar com maior atenção os quadros que se ocupam quotidianamente da gestão da coisa pública;
6. Criar capelanias junto do Senado e da Assembleia nacional;
7. Organizar a formação permanente dos sacerdotes e dos leigos sobre a reconciliação, a justiça e a paz;
8. Enfim, criar espaços nos quais os sacerdotes possam escutar-se, concertar-se e partilhar as próprias experiências humanas, pastorais e espirituais.

[00262-06.03] [IN187] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Odon Marie Arsène RAZANAKOLONA, Arcebispo de Antananarivo (MADAGASCAR)

Nos últimos eventos que fizeram conhecer Madagáscar a nível mundial, e que nos fazem deplorar a perda de vidas humanas e danos materiais ingentes, fizemos apelo ao Conselho das Igrejas cristãs, conhecido pela sigla FFKM (que reúne católicos, luteranos, reformados e anglicanos). Deve ser observado que nos tumultos cíclicos que abalaram a grande ilha desde 1980, o FFKM foi um recurso para sair da crise que depois se concluiu com a assinatura do acordo entre as partes em conflito. Depois seguiram-se as eleições.
Como o FFKM foi escolhido como mediador?
Antes de tudo, observamos que a Conferência dos bispos de Madagáscar nunca deixou de dar o alarme para atrair a atenção do poder vigente. Com efeito, a maioria das pessoas tornava-se cada vez mais pobre enquanto a minoria enriquecia; verificou-se uma deriva ditatorial com a adopção de uma constituição sob medida do presidente, quando houve a venda de terrenos a companhias estrangeiras, para não falar das fraudes eleitorais...
Os líderes religiosos e os representantes de primeiro plano lançaram apelos à calma. Por sua vez, a Conferência dos bispos de Madagáscar criou uma unidade de crise para seguir a evolução dos eventos. A 6 de Fevereiro de 2009 conseguiu reunir em volta de uma mesa os representantes das duas partes adversárias.
Gostaria de extrair uma lição desta experiência de mediação:
1. Não se pode mediar sem uma precedente formação, caso contrário a falência é garantida;
2. Os mediadores devem permanecer unidos se quiserem levar a bom êxito o próprio trabalho;
3. Nestas negociações nunca há boa fé nem sinceridade e isto leva ao desânimo, contudo não é preciso abandonar a mesa das negociações;
4. A solidariedade da Conferência dos bispos do Madagáscar foi também um testemunho importante no meio da crise e é isto que faz a sua força;
5. Infelizmente o FFKM saiu ferido e diminuído desta experiência. Todavia, isto dá esperança e suscitou a organização de laboratórios de formação sobre o ecumenismo em toda a ilha. São financiados pelo Conselho Ecuménico das Igrejas de Genebra.

[00263-06.03] [IN188] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Daniel Marco Kur ADWOK, Bispo titular de Mossori, Bispo auxiliar de Khartoum (SUDÃO)

Como parte do próprio empenho pastoral na busca da paz, os bispos do Sudão propuseram a si mesmos e aos seus fiéis a visão de um país mais humano, no qual as pessoas possam viver em harmonia e onde não existam guerras, opressão, violência, ódio tribal/étnico, injustiça, violação dos direitos humanos e discriminação por motivos religiosos.
A assinatura do Acordo de paz (CPA) entre o Norte e o Sul do país a 9 de Janeiro de 2005 marcou uma viragem na história desta atormentada nação. Até agora este acordo é o melhor de todos os que foram estabelecidos entre as partes em conflito desde a independência do Sudão em 1956. Para a maior parte, o acordo reflecte as mencionadas preocupações sugeridas pelos bispos, uma visão do Sudão em que todos sejam tratados de igual modo, a prescindir da cor, da raça ou da fé religiosa.
Dada a crise política vivida actualmente, o Sudão tem poucas opções entre as quais escolher:
- ou a subdivisão do país em diversos Estados, tendo em vista a insistência sobre o sinal da unidade que não reconhece outra religião senão o Islão ou outra cultura que a árabe e a negação do acesso aos direitos políticos, económicos e civis. Esta forma de unidade envolverá sempre o país em conflitos infinitos.
- Se a unidade do país representa a melhor escolha, então o governo deve reformar de modo autêntico a sua estratégia política adoptando uma constituição e um sistema de governo do Estado leigos, para consentir a todos os cidadãos experimentar um sentido de pertença sem preconceitos. Este esforço não só aliviaria a tensão entre os muçulmanos, mas também em outras regiões como o Darfur, o Kordofan do Sul e o Nilo Azul do Sul. Estas três regiões são prevalecentemente muçulmanas, mas se sentem excluídas como os cristãos do Sul do tipo de união que o governo de Cartum procura formar. Esta opção está em curso há 55 anos.

[00264-06.03] [IN189] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Felix Alaba Adeosin JOB, Arcebispo de Ibadan, Presidente da Conferência Episcopal (NIGÉRIA)

É justo que nós exortemos os nossos líderes nacionais e as organizações internacionais a salvarem a África para a posteridade. Todavia, o meu ponto de vista, muito meditado, é que o segundo Sínodo especial deve demonstrar uma preocupação muito séria pelo futuro da fé e da doutrina católica no continente africano e nas ilhas adjacentes. Como justamente indicado pelo Cardeal Peter Kodwo Turkson na Relatio mencionada anteriormente, o “discurso sobre a fluorescente Igreja na África (hoje) oculta o facto que em extensas áreas ao Norte do Equador, a Igreja existe fadigosamente. Na África, a Igreja que cresce de modo extraordinário encontra-se geralmente ao Sul do Saara”. O Norte, no entanto, é a terra de muitos santos e mártires; o refúgio da Sagrada Família. A terra que alimentou o Menino Jesus encontra-se hoje quase privada da presença da Igreja fundada por Cristo! A mesma situação pode verificar-se na Igreja hoje florescente do Sul do Saara se não fizermos do aprofundamento da fé a prioridade pastoral deste Sínodo. “É melhor prevenir que remediar”.
Numerosos Padres sinodais falaram-nos sobre o risco incumbente para a nossa fé. À parte o aspecto sociopolítico, as democracias frágeis, a corrupção e muitos outros males, fomos igualmente informados sobre as estratégias dos movimentos pentecostais contra as Igrejas cristãs tradicionais. Sabemos que estes ataques dividem e atraem os nossos membros mais vulneráveis - adolescentes e jovens adultos. É deles que provêm o nosso clero e as pessoas consagradas. Eles serão os pais, as mães, os políticos e os profissionais do futuro dos nossos países. Mas, infelizmente, muitos deles têm uma fé superficial e um crescimento doutrinal carente.
A Igreja, Família de Deus em missão na África, deve fornecer, através deste Sínodo especial, os meios e os instrumentos para transmitir a fé com uma catequese melhorada, com uma sólida formação doutrinal e sobre as Escrituras. Isto é urgente para que a Igreja, ao Sul do Equador, não se transforme, em poucos anos, como a Igreja do Norte do Equador.

[00265-06.04] [IN190] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Gerard Tlali LEROTHOLI, O.MI., Arcebispo de Maseru (LESOTO)

A Igreja Católica no Lesoto é abençoada com vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. Anunciamos, com satisfação, que a Igreja é uma Igreja-Missão, que se está a tornar missionária. Ela começou a enviar alguns filhos e filhas noutros países e continentes, por exemplo, à África do Sul, Namíbia, Botsuana, Paraguai, Haiti e França: a maior parte desses grupos são constituídos por religiosas.
O Lesoto necessita de ajuda em termos de reconciliação, de justiça e de paz principalmente na esfera sociopolítica. O tema da reconciliação, da justiça e da paz é pertinente e relevante, mas é sobretudo necessário e urgente para o país. O Lesoto é uma das jovens democracias emergentes no continente. A partir da sua independência, em 1966, viveu momentos de agitação política e de conflitos ásperos, por vezes degenerados em golpes de Estado e em derramamentos de sangue, como em 1970, 1986, 1994 e 1998.
O Lesoto sofre por dois graves males: as divisões políticas e as religiosas. Ambos estão tão entrelaçados que é quase impossível distingui-los. Desde as primeiras eleições gerais, em 1966, vige no país uma “cultura” que definiria de“conflito pós-eleitoral”.
O processo eleitoral normalmente tem andamento tranquilo até o momento do voto. O reconhecimento dos resultados eleitorais é sempre motivo de contrastes, com violentas manifestações de descontentamento por parte dos partidos derrotados. Noutras palavras, não há vitória e nem derrota dignas.
Assim, todo o período político pós-eleitoral é repleto de tensões, de rivalidades e de intermináveis acusações. Uma das causas do problema é a carência de estratégia no procedimento de voto. O clima de tensão política, alimentado pela intolerância religiosa, agrava a situação. Cada vez que há um impasse, o Conselho lesotiano cristão das Igrejas é chamado a mediar. O tema do Sínodo contribuirá muito com a Igreja no Lesoso, constantemente envolvida em esforços de mediação para levar a reconciliação, a justiça e a paz neste amado país.

[00266-06.04] [IN191] [Texto original: inglês]

AUDITIO DELEGATORUM FRATERNORUM (III)

Depois do intervalo, interveio o seguinte Delegado fraterno

- Sua Graça Michael KEHINDE STEPHEN, Diocesie de Ibadan, Arcebispo da Igreja Metodista de Nigéria (NIGÉRIA)

Publicamos a seguir a síntese da intervenção do Delegado fraterno:

- Sua Graça Michael KEHINDE STEPHEN, Diocesie de Ibadan, Arcebispo da Igreja Metodista de Nigéria (NIGÉRIA)

Desejo expressar a minha gratidão e a da Igreja que eu represento, a Igreja Metodista da Nigéria, pelo convite estendido a mim para participar neste Sínodo Episcopal Especial com este importante tema A IGREJA EM ÁFRICA, AO SERVIÇO DA RECONCILIAÇÃO, DA JUSTIÇA E DA PAZ...
Trago-vos as saudações do Conselho Mundial Metodista que acabou de concluir o encontro de seu Comité Executivo em Santigo do Chile. O Conselho quis que eu usasse a oportunidade deste encontro para saudar mais uma vez o evento monumental da assinatura do Documento sobre a Justificação pela Fé na última Conferência Metodista em Seul, na Coreia do Sul em Julho de 2006. O Conselho espera num movimento mais rápido sobre outros temas e sinceramente espera que as conversações possam também existir em um nível bilateral na África.
Permitam-me também trazer saudações do Conselho Mundial das Igrejas especialmente do Comité de Continuação sobre o Ecumenismo no Século XXI no qual sirvo como Moderador, e agradecer ao Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos por seu serviço a este Comité e pelo compromisso de acolher este encontro em Roma em Janeiro de 2010.
O Comité de Continuação sobre o Ecumenismo no Século XXI tem como sua responsabilidade a tarefa de articular mais claramente a visão comum da Igreja no que se refere à unidade e assegurar maiores coerências do movimento ecuménico em resposta à mudança das realidades globais, incluindo membros de igrejas do Conselho Mundial das Igrejas (WCC), da Igreja católica romana, de igrejas pentecostais, organizações ecuménicas juvenis, organizações ecuménicas regionais, comunhões cristãs mundiais, conselhos nacionais de igrejas, ministros especializados, organizações ecuménicas internacionais e comunidades ecuménicas renovadas. Esperamos contar com seu continuado apoio quando nos movermos para o próximo estágio do aprofundamento das reflexões teológicas sobre as visões e valores e o desenvolvimento concreto de recomendações para a acção de igrejas e parceiros ecuménicos.
Os temas assinalados no documento Instrumentum laboris dão uma visão exaustiva dos muitos desafios que a Igreja enfrenta hoje na África. Contudo, para mim, quando os temas da Reconciliação, da Justiça e da Paz são dirigidos com toda sinceridade de propósito, como aparenta ser o propósito desse encontro, então que a Igreja dê um exemplo de si própria como um Corpo vivo a serviço de toda a humanidade e de toda criação. O tema da Justiça é de particular interesse. Acredito que a verdadeira justiça é demonstrada quando Ministros e líderes falam contra o mal, sem considerar perdas e danos pessoais. Pastores, clero e leigos, são responsáveis por exercer a justiça na Igreja. Isto é particularmente necessário na África hoje. Onde há a justiça, a paz é possível, e isto permite que cumprimento da imagem de Deus seja revelado através do Espírito Santo no contínuo trabalho de santificação.
Permitam-me concluir lembrando-nos o desejo de toda comunidade ecuménica que é sempre bom e prazeroso quando os irmãos vivem juntos em unidade.
Talvez o resultado desta deliberação nos leve juntos ao serviço da Reconciliação, Justiça e Paz na África e no mundo inteiro.

[00276-06.02] [DF004] [Texto original: inglês]


AVISOS

- COLETIVAS DE IMPRENSA
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- COBERTURA DE TV AO VIVO
- NOTICIÁRIO TELEFÓNICO
- HORÁRIO DE ABERTURA DA SALA DE IMPRENSA DA SANTA SÉ

COLETIVAS DE IMPRENSA

A segunda Coletiva de Imprensa sobre os trabalhos sinodais (com a tradução simultânea em italiano, inglês, francês e português) realizar-se-à Quarta-feira 14 de outubro 2009 (após a Relatio post disceptationem), por volta das 12h45, na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé. Participarão:

- S. Em. R. Card. Wilfrid Fox NAPIER, O.F.M., Arcebispo de Durban (ÁFRICA DO SUL), Presidente Delegado
- S. Em. R. Card. Théodore-Adrien SARR, Arcebispo de Dakar, Primeiro Vice-Presidente do Simpósio das Conferências Episcopales da África e Madagascar (S.E.C.A.M.) (SENEGAL), Presidente Delegado
- S. Em. R. Card. John NJUE, Arcebispo de Nairóbi, Presidente da Conferência Episcopal (QUÊNIA), Presidente de Comissão para a Informação
- S. E. R. Dom Manuel António MENDES DOS SANTOS, C.M.F., Bispo de São Tomé e Príncipe (SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE), Membro de Comissão para a Informação
- Rev. Pe. Federico LOMBARDI, S.I., Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé (CIDADE DO VATICANO)

A terceira Coletiva de Imprensa sobre os trabalhos sinodais (com a tradução simultânea em italiano, inglês, francês e português) realizar-se-à Sexta-feira 23 de outubro 2009 (após a Nuntius), por volta das 12h45, na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé. Participarão:

- S. E. R. Dom John Olorunfemi ONAIYEKAN, Arcebispo de Abuja (NIGÉRIA), Presidente de Comissão para a Mensagem
- S. E. R. Dom Youssef Ibrahim SARRAF, Bispo do Cairo dos Caldeus (EGITO), Vice- Presidente de Comissão para a Mensagem
- S. E. R. Dom Francisco João SILOTA, M. Afr., Bispo de Chimoio, Segundo Vice-Presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (S.E.C.A.M.) (MOÇAMBIQUE), Membro de Comissão para a Mensagem
- Rev. Pe. Federico LOMBARDI, S.I., Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé (CIDADE DO VATICANO)

A quarta Coletiva de Imprensa sobre os trabalhos sinodais (com a tradução simultânea em italiano, inglês, francês e português) realizar-se-à Sábado 24 de outubro 2009 (após a Nuntius), por volta das 12h45, na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé. Participarão:

- S. Em. R. Card. Peter Kodwo Appiah TURKSON, Arcebispo de Cape Coast, Presidente da Associação das Conferências Episcopais da África Ocidental (A.C.E.A.O./A.E.C.W.A.) (GANA), Relator Geral
- S. E. R. Dom Damião António FRANKLIN, Arcebispo de Luanda, Presidente da Conferência Episcopal (ANGOLA), Secretário Geral
- S. E. R. Dom Edmond DJITANGAR, Bispo de Sarh (CHADE), Secretário Geral
- Rev. Pe. Federico LOMBARDI, S.I., Director da Sala de Imprensa da Santa Sé (CIDADE DO VATICANO)

Os fotógrafos e operadores audiovisuais (cinegrafistas e técnicos) para obter a autorização de acesso devem dirigir-se ao Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.

“BRIEFING”

O oitavo “Briefing” para os grupos linguísticos será realizado (nos lugares e com os Assessores de Imprensa indicados no Boletim N. 2) quinta-feira 15 de Outubro de 2009, por volta das 13h10.

Recorda-se que os fotógrafos e operadores audiovisuais (cinegrafistas e técnicos) para obter a autorização de acesso (muito limitado) devem dirigir-se ao Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.

Os próximos “Briefing” terão lugar, geralmente às 13h10:
- Sábado 17 de Outubro de 2009
- Terça-feira 20 de Outubro de 2009

“POOL”

São previstos “Pools” de jornalistas credenciados para entrar na Sala do Sínodo, possivelmente, para a oração de abertura das Congregações Gerais no início da manhã, nos seguintes dias:
- Quinta-feira 15 de Outubro de 2009
- Sábado 17 de Outubro de 2009
- Terça-feira 20 de Outubro de 2009
- Sexta-feira 23 de Outubro de 2009
- Sábado 24 de Outubro de 2009

No Escritório de Informação e Credenciamento da Sala de Imprensa da Santa Sé (na entrada, à direita) serão colocadas à disposição dos jornalistas listas de inscrição aos “Pools”.

Para os “Pools” os fotógrafos e os operadores TV devem dirigir-se ao Pontifício Conselho das Comunicações Sociais.

Os participantes nos “Pools” devem estar às 08h30 no Setor Imprensa, montado diante da entrada da Sala Paulo VI, de onde serão acompanhados por um membro da Sala de Imprensa da Santa Sé (para os jornalistas) e por um membro do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais (para os fotógrafos e operadores TV). É solicitado um traje apropriado à circunstância.

BOLETIM SYNODUS EPISCOPORUM

O próximo Boletim, com o texto da Relatio post disceptionem, que será apresentada pelo Relator Geral, S.Em. Card. Peter Kodwo Appiah TURKSON, Arcebispo de Cape Coast (GHANA) na Décima Quarta Congregação Geral desta tarde, terça-feira 13 de Outubro de 2009, estará à disposição dos jornalista credenciados na abertura da Sala de Imprensa da Santa Sé, amanhã de manhã.

O texto da Relatio post disceptionem (na versão integral em italiano, inglês, francês, espanhol e português) está à diposiçãp dos jornalistas credenciados com EMBARGO às 16.00 horas na Sala de Imprensa da Santa Sé.

COBERTURA DE TV AO VIVO

Serão transmitidas, ao vivo, através de monitores na Sala das Telecomunicações, na Sala dos jornalistas na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé:
- Terça-feira 13 de Outubro de 2009 (16h30): Parte da Décima quarta Congregação Geral durante a qual será apresentada a Relatio post disceptationem
- Domingo 25 de Outubro de 2009 (09h30): Solene Concelebração da Santa Missa de encerramento do Sínodo (Basílica de São Pedro)

Eventuais variações serão publicadas quando for possível

NOTICIÁRIO TELEFÓNICO

Durante o período sinodal estará em função um noticiário telefónico:
- +39-06-698.19 com o Boletim ordinário da Sala de Imprensa da Santa Sé;
- +39-06-698.84051 com o Boletim do Sínodo dos Bispos, parte da manhã;
- +39-06-698.84877com o Boletim do Sínodo dos Bispos, parte da tarde.

HORÁRIO DE ABERTURA DA SALA DE IMPRENSA DA SANTA SÉ

A Sala de Imprensa da Santa Sé, por ocasião da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos permanecerá aberta conforme o seguinte horário, de 2 a 25 de outubro de 2009:
- Terça-feira 13 de Outubro: 09h – 20h
- De quarta-feira 14 de Outubro a sábado 17 de Outubro: 09h – 16h
- Domingo 18 de Outubro: 11h – 13h
- De segunda-feira 19 de Outubro a sábado 24 de Outubro: 09h – 16h
- Domingo 25 de Outubro: 09h – 13h

Os funcionários do Escritório de informação e credenciamento estarão à disposição (na entrada à direita):
- Segunda a sexta-feira: 09h – 15h
- Sábado: 09h – 14h

Eventuais mudanças serão comunicadas, quando for possível, através de anúncios no quadro de avisos da Sala dos jornalistas na Sala de Imprensa da Santa Sé, no Boletim da Comissão para a informação da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos e na área Comunicações de serviço do site de Internet da Santa Sé.

 

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- Índice Boletim Synodus Episcoporum - Assembleia Especial para a África - 2009
 
[Espanhol, Francês, Inglês, Italiano,
Plurilingüe, Português]

- Índice Sala de Imprensa da Santa Sé
 
[Alemão, Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Português]

 

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