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SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA OS RELIGIOSOS E OS INSTITUTOS SECULARES

DOCUMENTOS SOBRE A VIDA E A MISSÃO DOS RELIGIOSOS

 

APRESENTAÇÃO

A Igreja, que sob o impulso do Espírito continuamente se renova, é o contexto vivo e dinâmico dentro do qual também a vida religiosa descobre estímulos e indicações para o próprio renovamento espiritual e apostólico.

O encontro, entre a missão da Igreja e a história do homem no mundo contemporâneo, tornou-se cada vez mais explícito e intenso, traçando caminhos novos de testemunho, de evangelização e promoção humana:

desde a constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo (Gaudium et Spes) até ao Sínodo dos Bispos (1971) sobre a justiça no mundo;

desde a Populorum Progressio (1967) até à Octogesima Adveniens (1971);

desde a Evangelii Nuntiandi, (1975) até à primeira Encíclica do actual Sumo Pontífice Redemptoris hominis (1979).

Cristo aparece cada vez mais como "centro do cosmos e da história" (RH, 1) e a missão da Igreja como um empenho apaixonado e infatigável em fazer que cada homem se encontre com Cristo, o Homem novo (Gaudium et Spes, 22; Redemptoris hominis, 8, 13-14).

E como os religiosos e as religiosas, pela sua mesma vocação, se encontram "nos pontos avançados da missão" da Igreja (Evangelii Nuntiandi, 69), a eles parece mais urgente dar resposta à "candente interrogação" da Exortação apostólica Evangelica Testificatio, para que a renovação deles se torne, por sua vez, estímulo de renovação para a Igreja e para o mundo (Evangelica Testificatio, 52).

A reunião plenária dos Padres da Sagrada Congregação para os Religiosos e os Institutos Seculares, nos dias 25 a 28 de Abril de 1978, dedicou por isso a atenção ao tema "Religiosos e Promoção humana", com referência ainda às expressões sócio-políticas. Pretendia-se oferecer, deste modo, critérios de discernimento correspondentes à natureza e à missão próprias da vida religiosa e, ao mesmo tempo, aos principais problemas que as situações de facto colocavam em maior evidência. O vasto inquérito preliminar demonstrava a oportunidade e a urgência de tais critérios.

Mas "a missão própria, confiada por Cristo à Sua Igreja, não é de ordem política, económica ou social; o fim que lhe propôs com efeito, de natureza religiosa" (Gaudium et Spes, 42). Isto deve encontrar um sinal particularmente saliente naqueles que da dimensão "religiosa" fazem a qualificação caracterizante das próprias opções e do seu nome mesmo, na Igreja e na sociedade (cf. Lumen Gentium, 44; Evangelica Testificatio, 7; Evangelii Nuntiandi,, 69).

Uma sucessiva reunião plenária, de 4 a 7 de Março de 1980, veio por isso dar plenitude de significado e de harmonia à missão dos religiosos e religiosas na Igreja, traçando as linhas de uma "dimensão contemplativa", que especifica com particular insistência e torna fecunda cada vida religiosa.

As preocupações derivadas, ainda esta vez, do inquérito preparatório, encontram-se reflectidas nas orientações que os Padres da Plenária consideraram como mais actuais; confortados, neste particular, pela mensagem que o Santo Padre quis enviar. Nela podemos ler uma síntese eficaz dos valores e das exigências de uma vida contemplativa que, para os Institutos de vida activa, comporta sobretudo busca de compenetração entre consagração e missão; e, para os Institutos especificamente contemplativos, a alegre convicção de uma opção que atribui constantemente à comunidade cristã "a parte melhor" (cf. Lc 10, 42).

Dois temas, portanto, que se apresentam como duas componentes substanciais e indivisíveis da vida e da missão dos religiosos na Igreja. As orientações, que as Plenárias da Sagrada Congregação para os Religiosos e os Institutos Seculares nos oferecem, e, pela sua complementaridade, são apresentadas juntas, vêm reafirmar e precisar o papel específico da vida religiosa na comunhão eclesial, que os precedentes critérios directivos de Mutuae Relationes, (14 de Maio de 1978) tinham aprofundado e descrito.

O Santo Padre examinou os documentos com vivo apreço pelo trabalho realizado e deu o próprio assentimento à publicação dos mesmos, fazendo votos por que esta ajude a tornar cada vez mais generoso, coerente e perseverante o compromisso das almas consagradas, a fim de corresponderem cada vez melhor ao divino chamamento e lhe viverem em alegria e fidelidade todas as dimensões.


RELIGIOSOS E PROMOÇÃO HUMANA

 

INTRODUÇÃO

Importância e urgência de uma adequada participação dos Religiosos na promoção integral do homem.

— As opções evangélicas da vida religiosa encontram estímulo de renovação nos "sinais dos tempos". Fenómenos que surgem, característicos da época moderna, constituem motivo de atento confronto para a missão da Igreja no mundo contemporâneo. Desenham lugares preferenciais de evangelização e de promoção humana.

— O ensino da Igreja, de facto, faz notar com evidência cada vez maior laços profundos entre as exigências evangélicas da sua missão e o empenho difundido entre os povos em favor da promoção das pessoas e de uma sociedade digna do homem.

"Evangelizar", para a Igreja, é levar a Boa Nova a todos os estratos da humanidade e, com o seu influxo, transformar por dentro a humanidade mesma: os critérios de juízo, os valores determinantes, as fontes inspiradoras e os modelos de vida, abrindo-os para uma visão integral do homem [1].

O cumprimento desta missão pede à Igreja que perscrute os sinais dos tempos e os interprete à luz do Evangelho, respondendo assim às perenes interrogações do homem [2].

— Desta dimensão profética são os religiosos chamados a prestar singular testemunho. A contínua conversão do coração e a liberdade espiritual, que os conselhos do Senhor estimulam e favorecem, tornam os religiosos presentes aos seus contemporâneos, e de tal modo recordam a todos não poder a edificação da cidade terrena deixar de ser fundada sobre o Senhor e para Ele dirigida [3].

E como a profissão dos conselhos une os religiosos de modo especial à Igreja [4], a eles é dirigida, com mais viva insistência e confiança, a exortação a uma esclarecida renovação aberta às necessidades dos homens, aos seus problemas e às suas investigações [5].

— Para além dos mesmos dramas sociais e políticos, de facto, a Igreja está consciente de ser enviada sobretudo para dar resposta decisiva às interrogações profundas do coração humano [6].

Por isso, os documentos mais recentes do Magistério, pretendem integrar adequadamente a evangelização e a promoção humana, declaram quanto é fecunda, para a comum missão da Igreja, a relação entre evangelização e vida religiosa [7]; e quanto tem contribuído, em todos os tempos, a obra dos religiosos para promover a elevação humana e espiritual dos povos [8].

Mas uma revisão profunda de mentalidade e de atitudes [9] impõe-se quando se quer dirigir o zelo de evangelização para o interior dos problemas concretos e muitas vezes absorventes da promoção humana.

Este caminho de "conversão", atingindo pessoas e opções preferenciais nas iniciativas apostólicas e nas obras, não podia deixar de reservar momentos de incerteza e dificuldade.

Por outro lado, até o repensamento doutrinal que, em várias partes do mundo, acompanhava o louvável esforço de participação nas complexas realidades da história, mostrava, juntamente com intuições positivas e .estimulantes, também visões limitativas e ambíguas.

A reflexão do Sínodo sobre a evangelização no mundo contemporâneo (1974) e, em seguida a este, a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, deram precioso contributo de clarificação e de orientação.

Especiais problemas e dificuldades encontravam as iniciativas de religiosos e religiosas quando procuravam exprimir-se, com formas mais pronunciadas de intervenção nas áreas mais feridas pela injustiça e pela opressão. Apreciações divergentes dentro das comunidades eclesiais e dos Institutos mesmos tornavam ainda mais árdua a busca de soluções.

Além disso, os mudados contextos sociais e políticos iam criando situações novas, muitas vezes inesperadas. As habituais expressões da vida religiosa, no estilo de presença e nas opções apostólicas, estavam submetidas a difíceis confrontos. A exigência de mais plena solidariedade com os homens do seu tempo, sobretudo com os mais pobres e marginalizados, lançava religiosos e religiosas a uma participação mais directa, que por vezes atingia o mundo do trabalho e até as realidades políticas.

— A importância e a urgência de uma adequada participação dos religiosos na promoção integral do homem solicitava, por isso, a Sagrada Congregação para os Religiosos e os Institutos Seculares a dedicar atenção particular ao papel específico que a vida religiosa reveste, nesta perspectiva, na missão da Igreja.

Pensava-se, assim, animar a generosa busca de renovação e oferecer, partindo das situações e das experiências, critérios de discernimento inspirados no Magistério da Igreja, na natureza e missão da vida religiosa, nos objectivos de uma evangelização intimamente relacionada com a promoção humana dentro das realidades da história de hoje.

— A Congregação plenária de 25 a 28 Abril de 1978 dedicou, por isso, o seu estudo a uma série de quesitos derivados do amplo inquérito internacional, em que tinham colaborado as Conferências Episcopais, os Representantes Pontifícios, numerosos Institutos masculinos e femininas e as Conferências dos Superiores e das Superioras Maiores.

— Quatro problemas, sobretudo, se apresentavam à reflexão da Plenária:

1) a opção em favor dos pobres e da justiça, hoje.
2) As actividades e obras sociais dos religiosos.
3) A inserção no mundo do trabalho.
4) O compromisso directo na "actividade política".

— As orientações que daí derivaram pretendem contribuir especialmente para o esforço de informação, de formação e de coordenação que diz respeito aos organismos responsáveis pela vida religiosa, na Igreja.

A eles, de facto, compete uma verificação de critérios e de opções que, tendo embora em conta os princípios e as orientações aqui recordadas, respondam às diversidades e complexidades das situações; de maneira que, nas várias nações, Conferências Episcopais e Conferências dos Religiosos possam avaliar, nos modos que pareçam mais adequados, o papel específico da vida religiosa no comum esforço de evangelização e promoção humana.

— O Magistério pastoral de João Paulo II, intervindo entretanto para iluminar e caracterizar, com renovados motivos de reflexão e estímulo, a presença e participação da Igreja na história do hoje, dá relevo a esta contemporânea dedicação aos problemas do homem e ao insubstituível encontro com Cristo e com o seu Evangelho.

Somos animados, portanto, a precisar as direcções de um caminho de evangelização e promoção humana que, por novo e especial título de consagração a Deus e ao seu plano na história do homem, compete, na Igreja, aos religiosos.

I. QUATRO PROBLEMAS PRINCIPAIS

1. O impulso para uma participação crescente e operosa, no contexto das actuais situações históricas dentro das quais se desenvolve a missão da Igreja, aparece em toda a parte como constante da renovação a que se dedicaram os religiosos:

— quer nos locais em que eles são chamados a prosseguir, através das obras do Instituto ou da Igreja local, uma missão "social" que é, ao mesmo tempo, profundamente "religiosa";
— como também onde as circunstâncias solicitam iniciativas novas que aproximam ainda mais da vida e dos problemas do povo.

Em todas as situações, todavia, aparece necessária uma atenta reflexão, com o fim de descobrir critérios e opções comuns.

Por isso, partindo dos quatro problemas principais que surgiram através do inquérito de que se falou, desejamos tirar algumas importantes indicações de apreciação e orientação.

Será mais fácil, depois, evidenciar os princípios gerais de discernimento.

1. A opção em favor dos pobres e da justiça, hoje

2. A missão profética de Cristo, "mandado para anunciar aos pobres a alegre mensagem" (Lc 4, 18), encontra viva ressonância na Igreja do nosso tempo.

Testemunham-no as numerosas intervenções pontifícias, as passagens precisas e iluminantes da constituição pastoral Gaudium et Spes que solicitam relações da mais intensa solidariedade entre a Igreja e a história dos povos. O Sínodo dos Bispos de 1971, no documento "Justiça no mundo", propôs a urgente tomada de consciência acerca desta medida da missão evangelizadora da Igreja.

A exortação apostólica Evangelii nuntiandi aperfeiçoou essas sugestões, convocando todas as componentes do Povo de Deus para assumirem as próprias responsabilidades a fim de atingirem a vida e a história dos "povos empenhados com toda a sua energia no esforço e na luta para vencer tudo o que os condena a ficarem às margens da vida" [10].

3. Os temas de uma "libertação evangélica" fundada no reino de Deus [11] devem, portanto, tornar-se particularmente familiares aos religiosos.

E, de facto, o testemunho de religiosos e religiosas que tomaram corajosamente parte no amparo dos humildes e na defesa dos direitos humanos, tornou-se eco eficaz do Evangelho e da voz da Igreja.

Fizemos todavia já notar que nem sempre as interpretações e as reacções despertadas, no interior quer das Igrejas locais quer das comunidades religiosas ou mesmo da sociedade civil, têm demonstrado idêntica sensibilidade e preocupação.

4. Alguns princípios-guias, por isso, pareceu conveniente procurá-los, para que a opção preferencial pelos pobres e a solicitude pela justiça correspondam às finalidades e ao estilo que são próprios da missão da Igreja e, nela, da vida religiosa.

a) Os religiosos encontram-se muitas vezes em condição de viver mais de perto os dramas que atormentam as populações a cujo serviço evangélico eles se consagraram. Até o carácter profético da viela religiosa lhes pede que "encarnem a Igreja enquanto desejosa de se abandonar ao radicalismo das Bem-aventuranças" [12]. Eles estão "muitas vezes nos pontos avançados da missão e assumem os maiores riscos pela saúde e mesmo pela vida delas" [13].
b) Este sincero desejo de servir o Evangelho e a promoção integral do homem requer que se coloque no centro de todas as preocupações a comunhão, que há-de ser construída com paciência e perseverança, procurando a verdade na caridade.
c) As Conferências dos Religiosos, respeitadoras do carisma de cada Instituto, podem desenvolver, nesta matéria, uma preciosa função de estímulo e equilíbrio, em ligação com as Conferências Episcopais [14], e particularmente com as Comissões "Justitia et Pax" e "Cor Unum".
Favorecer-se-á, deste modo, a superação de posições ambíguas, quer de uma pretensa e falaz neutralidade, como também de sectarismos unívocos e totalizantes. Além disso, as diversas condições de cultura e de sensibilidade, e não só de contextos sociais e políticos, encontrarão aqui a sede adequada para uma recíproca auscultação e para um consenso comunitário que dá garantia e mais segura eficácia.
d) Particularmente atenta e activa, esta presença de defesa e promoção da justiça, deveria manifestar-se naqueles sectores atormentados das "injustiças sem voz" a que se refere o Sínodo de 1971 [15].
Enquanto, de facto, algumas categorias sociais sabem dar-se estruturas vigorosas de protesto e de protecção, assistimos por outro lado a uma multidão de sofrimentos e injustiças que encontram limitada ressonância no coração de tantos contemporâneos nossos: o drama dos prófugos, dos perseguidos por causa das ideias políticas ou pela profissão da fé [16]; as violações do direito à vida nascente; as injustificadas limitações às liberdades humanas e religiosas; as carências sociais que aumentam os sofrimentos dos anciãos e dos marginalizados...
A Igreja quer ser, sobretudo para, eles, voz, consciência e esforço [17].
e) Mas o testemunho dos religiosos pela justiça no mundo, neles em primeiro lugar comporta uma constante verificação nas opções de vida, no uso dos bens e no estilo das relações. Porque, cada um, que tem a coragem de falar da justiça aos homens, deve, ele em primeiro lugar, ser justo aos olhos mesmos deles [18].

E aqui aparece a estimulante relação entre evangelização e promoção humana que deriva daquele "silencioso testemunho" que a Evangelii Nuntiandi, 69, nos apresenta como primeira e mais eficaz interpelação para o inundo e para a própria Igreja.

Nesta perspectiva encontra especial força de sinal e de fecundidade apostólica também o "papel desenvolvido na evangelização por religiosos e religiosas que se consagram à oração, ao silêncio, à penitência e ao sacrifício" [19].

De facto, a dimensão contemplativa, própria de toda a forma de vida dos religiosos, adquire neles características particularmente significativas, demonstrando que tal vida, em todas as suas formas, não só não torna as pessoas estranhas aos homens ou inúteis na cidade terrestre, mas pelo contrário permite tudo acolher, de modo mais profundo, na caridade mesma de Cristo [20].

2. As actividades e as obras sociais dos religiosos

5. As pluriformes actividades e obras que, na variedade dos carismas, caracterizam a missão dos religiosos, constituem uma das preeminentes mediações para a missão de evangelização e promoção que a Igreja desempenha no mundo [21].

Daqui a importância que o renovamento dos religiosos reveste para a renovação mesma da Igreja e do mundo [22].

Por isso a Evangelii Nuntiandi, 31, exorta a que se tenham em conta os laços profundos que existem entre evangelização e promoção humana. Esquecê-los quereria dizer ignorar "a lição que nos vem do Evangelho sobre o amor do próximo que sofre e que passa necessidade".

6. Abertos aos sinais dos tempos, os religiosos saberão procurar e cultivar uma novidade de presença correspondente à criatividade dos seus Fundadores e às finalidades originárias do próprio Instituto [23].

Em tal perspectiva tornam relevo algumas linhas de renovação:

a) As actividades e obras "sociais", que sempre acompanharam a missão dos religiosos, testemunham o seu constante compromisso em favor da promoção integral do homem.
Escolas, hospitais, centros de assistência, iniciativas destinadas ao serviço dos pobres, ao desenvolvimento cultural e espiritual dos povos, não só conservam a sua actualidade mas, devidamente actualizados, revelam-se muitas vezes como lugares privilegiados de evangelização, de testemunho e de autêntica promoção humana.
No serviço evangélico de tantas e tão urgentes obras de promoção humana e social, os religiosos traduzem em "sinal" convincente o dom de uma vida totalmente disponível para Deus, para a Igreja e para os irmãos [24].
b) O Espírito, que desperta formas e instituições sempre novas de vida consagrada como resposta às exigências dos tempos, anima também as já existentes para uma renovada capacidade de inserção, segundo a mudança dos contextos eclesiais e sociais.
c) Na Igreja aberta aos ministérios, num contínuo e ordenado crescimento comunitário [25], os religiosos podem descobrir novas formas de participação activa, envolvendo ainda mais a comunidade cristã nas suas iniciativas e obras.
Eles terão, assim, a oportunidade de valorizar o seu carisma específico como singular habilitação para promover "ministérios", correspondentes às finalidades apostólicas e sociais dos próprios Institutos.
d) A participação dos leigos nas actividades e obras dos religiosos, com o desenvolvimento da dimensão eclesial de co-responsabilidade numa missão comum, adquire novos espaços. Mais, com a adequada preparação, ela poderia realizar-se até na gestão de obras até agora confiadas só aos religiosos [26].
e) Os actuais contextos sociais, por outro lado, solicitam novas formas de solidariedade e participação. Um processo de transformação civil tende, em vários lugares, para desenvolver a responsabilidade de todas as componentes sociais, mesmo através de estruturas e organismos de participação. Todos os cidadãos estão, assim, empenhados em tomar parte activa nos problemas relativos à construção da convivência social.

Ao lado do contributo mais directo dos leigos, o testemunho e a experiência próprios dos religiosos podem, neste campo, contribuir validamente para orientar no sentido de soluções correspondentes aos critérios do Evangelho e às directrizes pastorais da Igreja [27].

3. A inserção no mundo do trabalho

7. A atenção pastoral da Igreja pelo mundo do trabalho manifestou-se em numerosas intervenções, que a encíclica Mater et Magistra retoma, inserindo-as nas perspectivas abertas às novas realidades económicas e sociais.

Diante de tão vasto sector da humanidade, que salienta vivamente a missão de toda a comunidade cristã, os religiosos experimentam uma exigência mais profunda de solidariedade e comparticipação.

Já pela sua opção de pobreza evangélica, eles se sentem particularmente obrigados a tomar os autênticos valores da comum lei do trabalho [28].

8. O Magistério dos Pastores descreveu com precisão, pelo que diz respeito aos presbíteros, as motivações, as condições iluminantes, que devei guiar tais opções de maior responsabilidade quanta à presença no mundo do trabalho [29].

É evidente que, quando se trata de religiosos presbíteros, valem também para eles estas directrizes. Mas, por causa da específica natureza da vida religiosa e do seu particular vínculo com a missão da Igreja [30], elas aplicam-se analogamente também a todos os outros religiosos e religiosas.

As características próprias da vocação e missão ds religiosos sugerem, além disso, alguns critérios que podem motivar e guiam a eventual presença deles no mundo do trabalho:

a) a fidelidade dinâmica às intenções pelas quais o Espírito suscitou os seus Institutos na Igreja [31];
b) a busca de um testemunho dos valores evangélicos que restituem dignidade ao trabalho e atestam as verdadeiras finalidades dele [32];
c) o compromisso de consolidar as dimensões "religiosas" que vêm qualificar a profissão deles e demonstram a força atractiva do reino de Deus acolhido pelos mesmos em toda a sua radicalidade [33];
d) uma partilha fraterna, que a experiência quotidiana comunitária na vida religiosa sustém e desenvolve, manifestando a novidade do amor de Cristo em construir a solidariedade entre os homens [34].

9. Critérios específicos de opção e comportamento são depois requeridos até pelos modos de participação.

Apresentam-se, de facto, duas formas de inserção no ambiente de trabalho, com características que merecem reflexão distinta:

I. — A escolha de uma profissão civil exercida nas condições sociais e econômicas dos outros cidadãos (em escolas, hospitais...).

Em vários países mudaram as condições políticas que a impõem, como no caso de nacionalização e portanto de gestão estatal das obras.

As vezes são os renovamentos legislativos ou as necessidades internas do Instituto religioso que levam a uma presença equiparada à dos leigos, a fim de que prossigam as próprias actividades apostólicas.

Também a busca de modos novos de presença sugeriu experiências de inserção nas comuns estruturas sociais.

Seja como for, a atenção às finalidades gerais da vida religiosa e às específicas do próprio Instituto pede que estas novas situações sejam confrontadas com as exigências comunitárias e com o compromisso de obediência e de pobreza religiosa.

De facto, uma profissão civil compromete o religioso no plano mais directamente individual e fá-lo depender mais de organismos e estruturas externas ao seu Instituto, criando além disso uma relação nova entre trabalho e salário. São alguns dos aspectos que os responsáveis dos Institutos devem ter presentes ao apreciarem estas opções. Exigem, de facto, uma capacidade de discernimento que salvaguarde e valorize a finalidade religiosa para a qual são tomados.

II. — A inserção na "condição operária", juntamente com os valores que pretende realizar, apresenta problemas característicos.

Os religiosos-operários entram, de facto, num "mundo" com as suas leis, as suas tensões e, hoje sobretudo, com os seus fortes condicionamentos devidos a ideologias predominantes e a lutas sindicais muitas vezes difíceis e ambíguas.

Pode acontecer, por isso, que, no participar da condição operária para ser nela testemunha da solicitude pastoral da Igreja [35], o religioso se encontre absorvido numa visão do homem, da sociedade, da história e até do mundo do trabalho, que não corresponda aos critérios de juízo e às directrizes de acção social do Magistério. Daí deriva que uma simples missão exige particulares atenções e garantias [36].

10. Mais ainda, a participação em actividades sindicais recorda a exigência de um conhecimento lúcido das perspectivas pastorais, mas também dos limites e dos riscos de instrumentalização que podem derivar dessas perspectivas para a vida e a actividade dos religiosos.

Algumas precisações devem, portanto, guiar a reflexão a este propósito:

a) No campo dos princípios, não aparece incompatibilidade intrínseca entre a vida religiosa e a actividade social mesmo a nível sindical. Por vezes a participarão nas actividades sindicais pode resultar, segundo as diversas legislações, necessariamente relacionada com a presença no mundo do trabalho; por outro lado, tal participação pode ser sugerida pela solidariedade na legítima defesa dos justos direitos [37].
b) Interferências políticas, todavia, levantam muitas vezes problemas não fáceis. Será necessário apreciar estas situações segundo critérios apropriados à "actividade política" (cf. art. seg.). Particular atenção seria então necessária perante ideologias promotoras da chamada "luta de classes". O ensinamento de Octogesima Adveniens (26-36) tornar-se-ia, em tal eventualidade, mais que nunca necessário.
c) De experiências até agora verificadas podem-se, além disso, deduzir princípios de comportamento que orienteis as finalidades e o estilo de semelhantes opções. Precisamente no interior de uma componente que tanto influi na vida social, como e o mundo operário, os religiosos trazem consigo valores humanos e cristãos que às vezes os obrigarão a rejeitar certos meios de acção sindical ou manobras políticas que não correspondem às exigências claras da justiça, as únicas em favor das quais eles se obrigaram.
Também no interior das próprias comunidades, estes religiosos e religiosas saberão levar à maturidade os valores de comunhão evitando polarizações inaceitáveis. Tal atitude ajudará a fazer progredir as comunidades para opções equilibradas e dignas de crédito.
d) A consciência de que aos leigos, pela sua própria vocação e missão, toca particularmente o esforço de promover os valores de solidariedade e justiça no interior das estruturas temporais [38], é considerada como outro essencial critério que deve guiar a presença dos religiosos. O seu papel de complementaridade, especialmente neste campo, exprimir-se-á sobretudo com o testemunho e com o contributo para uma preparação cada vez mais adequada do laicado.

4. O compromisso na "actividade política"

11. Os religiosos demonstraram, em geral, estar conscientes de a sua participação na promoção humana ser serviço do Evangelho e do homem, não opção preferencial de ideologias ou de partidos políticos.

Mais, em possíveis intromissões desse género, eles vêem o risco de uma perda de identidade própria da vida religiosa e da missão da Igreja [39], juntamente com uma perigosa tendência para absolutizar ideias e métodos, objecto de fáceis e interessadas instrumentalizações.

12. Alguns princípios directivos, no que toca ao Magistério, parecem portanto necessários para ilustrar uma matéria de per si incandescente e por vezes desorientadora.

a) A "política" pode entender-se num sentido mais amplo e geral, isto é, como organização dinâmica de toda a vida social.
Sob este aspecto, constituiu ela dever de participação humana, responsável e activa, para todos os cidadãos.
Nesta perspectiva, o papel dos religiosos, nas actividades e nas obras, reveste significados profundos de estímulo e compromisso, a caminho daquelas transformações culturais e sociais que influem na promoção humana.
b) Mas se "política" quer significar participação directa em opções partidárias (o que se chama "actividade política"), então é preciso recorrer às qualificações que motivam a vocação e missão dos religiosos na Igreja e na sociedade, para recolher os justos critérios de um possível compromisso.

1) Os religiosos, reconhecendo o valido contributo que deriva da força do seu testemunho evangélico e da variedade das suas iniciativas apostólicas, não devem deixar-se atrair pela ilusão de poderem influir mais, no desenvolvimento das pessoas e dos povos, substituindo os seus encargos específicos por um "compromisso político" em sentido estrito [40],

2) Construir o Reino de Deus nas estruturas mesmas do mundo, enquanto animação evangélica da história do homem, é certamente tema de vivo interesse para toda a comunidade cristã, e portanto também para os religiosos. Mas não no sentido de se deixarem eles próprios absorver directamente na "actividade política". Com as instituições escolares, os meios de comunicação, as múltiplas iniciativas religiosas e educativas, elas podem, pelo contrário, contribuir activamente para a preparação sobretudo dos jovens tornando-os agentes da promoção humana e social, cujos reflexos não deixarão de manifestar-se também no sector político. Isto não por estratégia de conquista, mas por aquele serviço ao homem e à sociedade para que a inteira comunidade eclesial foi enviada por Cristo (Lc 22, 25-27).

3) É neste aspecto que são incitadas as iniciativas empreendidas pelas religiosas a fim de cooperarem na promoção da mulher, de maneira que lhe favoreçam a adequada inserção naqueles sectores da vida pública, além da eclesial, que melhor correspondem à natureza e às qualidades que lhe são próprias [41].

4) Deste modo, com o testemunho e com as obras, os religiosos e as religiosas tornam-se aceitáveis "especialistas do Evangelho", fazendo-se úteis, como tais, para o melhoramento e a construção da sociedade, mesmo quando devidamente se apartem de concretas opções políticas, para se apresentarem não como homens e mulheres de partido, mas como instrumentos de pacificação e de solidariedade fraterna.

De facto, para o primado do amor de Deus que as suas opções manifestam com energia [42], os religiosos apresentam-se como homens do Absoluto no dinamismo da Igreja sedenta do absoluto de Deus [43].

Desta opção fundamental, que promove e condiciona todas as outras, eles são chamados a tornar-se sinal e estímulo no meio do povo de Deus.

5) Permanece, portanto, excepção e facto de substituição, para ser avaliado segundo critérios especiais, uma participação política activa. Quando circunstâncias extraordinárias a requeressem, poder-se-iam examinar os casos particulares para deles tirar, com a aprovação dos responsáveis da Igreja local e dos Institutos religiosos, as conclusões correspondentes ao bem da comunidade eclesial e civil.

Devem ter-se continuamente presentes, com efeito, a prioridade da missão específica, que pertence à Igreja e à vida religiosa, e os modos que a ela competem [44].

II. CRITÉRIOS GERAIS DE DISCERNIMENTO

13. Quatro grandes fidelidades motivam de preferência e guiam o papel dos religiosos na promoção humana, segundo os princípios conciliares do renovamento [45] e tendo-se em conta os problemas até aqui examinados:

— fidelidade ao homem e ao nosso tempo,
— fidelidade a Cristo e ao Evangelho,
— fidelidade à Igreja e à sua missão no mundo,
— fidelidade à vida religiosa e ao carisma do próprio Instituto.

1. Presentes ao homem e ao nosso tempo

14. As transformações culturais, sociais e políticas, que abrangem, não sem dificuldade, povos e continentes, pedem à Igreja uma presença evangélica que se torne resposta às esperanças e aspirações mais generalizadas da humanidade [46].

Esta viva preocupação pastoral, tornada mais aguda pelas reflexões e perspectivas do Vaticano II, reapareceu nos Sínodos dos Bispos e nas exortações apostólicas, solicitando com clareza e insistência a comunidade eclesial a empreender opções corajosas de renovação, para avizinhar o homem contemporâneo da fonte de toda a autêntica promoção humana e social, o Evangelho [47].

15. A história do mundo de hoje que se encarna na existência concreta de cada homens, torna-se livro aberto para a meditação apaixonada da Igreja e de todos os cristãos [48].

Ela traduz-se, de facto, num desafio que atinge todas as vocações na Igreja, provocando-as para uma exigente revisão de vida e de compromisso.

Os religiosos, pela radicalidade das suas opções evangélicas, sentem-se mais profundamente visados.

Compreendem que, na medida da sua "conversão" ao original projecto de Deus sobre o homem, como se revela no Homem Novo, Jesus [49], contribuirão para acelerar também nos outros aquela "conversão" de mentalidade e de atitudes que torna verdadeira e estável a reforma das estruturas económicas, sociais e políticas, ao serviço de uma mais justa e pacífica convivência [50].

16. Com este fim, na tensão para o renovamento dos seus testemunhos e missão, todos os Institutos religiosos são exortados a procurarem aos próprios membros "um apropriado conhecimento quer das condições dos tempos e dos homens, quer das ansiedades da Igreja, de modo que estes — sabendo rectamente julgar as circunstâncias actuais deste mundo, segundo os critérios da fé, e ardendo em zelo apostólico — sejam capazes de ajudar os outros mais eficazmente" [51].

2. Com a força transformante de Cristo e do Evangelho

17. Os Evangelhos dão testemunho a Cristo da fidelidade com que satisfez a missão para a qual o Espírito o tinha consagrado [52].

Missão de evangelização e redenção humana que O conduziu a viver com o Seu povo, partilhando-lhe as vicissitudes, que Ele todavia iluminava e orientava, pregando e testemunhando o Evangelho de conversão ao "Reino de Deus" [53].

A Sua perturbante proposta das "Bem-aventuranças" introduziu radical renovamento de perspectiva na apreciação das realidades temporais e nas relações humanas e sociais, que Ele queria centradas numa justiça-santidade animada pela nova lei do Amor [54].

As Suas opções de vida assinalam e purificam particularmente os religiosos, que tornam própria a mesma forma de vida que o Filho de Deus abraçou quando veio ao mundo" [55].

18. Fiéis a esta "regra suprema" [56], os religiosos sabem que estão responsabilizados num quotidiano caminho de conversão para o "Reino de Deus" que os torna, na Igreja e diante do mundo, sinal capaz de atrair, chamando a profundas revisões de vida e de valores [57].

É este, sem dúvida, o mais esperado e fecundo "compromisso" a que eles são chamados [58], mesmo nos campos em que a comunidade cristã opera em favor da promoção humana e do desenvolvimento de relações sociais, inspiradas em princípios de solidariedade e de comunhão fraterna.

Deste modo, cooperam para "salvaguardar a originalidade da libertação cristã e as energias que é capaz de desenvolver. Libertação no seu significado integral, profundo, como o anunciou e realizou Jesus" [59].

19. A força de transformação que o espírito das bem-aventuranças encerra, penetrando dinamicamente na vida dos religiosos, caracteriza-lhes a vocação e missão [60].

Eles aceitam, como primeira bem-aventurança e primeira "libertação", o encontro com Cristo pobre entre os pobres, testemunhando crer verdadeiramente na preeminência do reino de Deus, sobre todas as coisas terrenas e nas suas exigências supremas [61].

Dilatando, assim, o sentido cristão e profundamente humano das realidades da história, que se origina no programa das Bem-aventuranças, tornadas critério quotidiano de vida, os religiosos demonstram quão íntima é a relação entre o Evangelho e a promoção do homem na convivência social.

Por isso, a Igreja pode apresentar o testemunho evangélico dos religiosos como modo esplêndido e singular de demonstrar que o caminho das Bem-aventuranças é o único capaz de "transfigurar o mundo e oferecê-lo a Deus" [62].

3. Na orgânica comunhão eclesial

20. A vocação comum dos cristãos à união com Deus e entre os homens para a salvação do mundo [63] deve considerar-se, antes ainda da diversidade dos homens e dos ministérios.

Na comum vocação fecundam-se as relações de comunhão entre as componentes eclesiais e, em particular, com aqueles que o Espírito Santo colocou como Bispos para apascentar a Igreja de Deus [64].

21. Os religiosos, unidos mais intimamente à Igreja [65], participam, do modo que lhes é próprio, na natureza sacramental do Povo de Deus [66]; e, nas Igrejas locais, pertencem por motivo especial à Família diocesana [67].

O decreto conciliar sabre o múnus pastoral dos Bispos dedica atenção ao papel dos religiosos, colocando-os entre os cooperadores do Bispo numa dupla perspectiva:

— a aplicação às exigências pastorais,
— a conformidade cor as finalidades características dos vários Institutos [68].

22. A identidade da vida religiosa e do seu papel específico recebe nova luz da pluriformidade e complementaridade das vocações e dos ministérios na Igreja.

É necessário, por isso, conhecer e estimar os encargos que pertencem a cada uma das componentes: o ministério hierárquico, a vida consagrada nas suas várias formas, e o laicado.

Assim o exercício da própria função dá-se na constante busca de uma convergência fraterna e de um mútuo auxílio que é ao mesmo tempo confirmação da própria identidade e da comunhão eclesial.

1. É critério geral de discernimento, melhor evidenciado quando se têm bem presentes as competências dos vários grupos eclesiais e se lhes procuram os aspectos complementares.

— É próprio dos leigos procurar o Reino de Deus ao tratarem das coisas temporais e ordená-las segundo Deus [69].
— A natureza `"secular" de alguns Institutos, entre as formas de vida consagrada, permite presença mais directa e inclusão mais plena na realidade e nas estruturas seculares. Nestes Institutos, chamados por isso "seculares", os seus membros exercem individualmente, em qualquer sector conveniente, o seu específico apostolado valorizando as estruturas mesmas do mundo [70].

Os religiosos, se com as opções de vida que os caracterizam, se colocam pelo contrário fora das estruturas seculares, não se tornam, por isso, estranhos à acção das outras componentes da Igreja na construção da cidade terrestre, como lugar capaz de acolher o Reino de Deus [71].

Eles, porém, encontram-se nela presentes do modo que lhes é próprio: quer dizer, não substituindo-se às tarefas e às modalidades que competem às outras componentes eclesiais, mas tornando-se sinal ainda mais radical de um estilo evangélico de vida e de participação, para o testemunho tornado público da profissão deles e que se actua comunitariamente em todas as suas expressões.

Se depois, como presbíteros, os religiosos participam do sacerdócio ministerial, são, a este novo título, exortados a presidir e servir as comunidades eclesiais, prestando testemunho ainda mais atento de comunhão [72].

24. "Versados em comunhão", os religiosos são portanto chamados a ser, na Igreja, comunidade eclesial e, no mundo, testemunhas e artífices daquele "projecto de comunhão" que está no vértice da história do homem segundo Deus [73].

Primeiro que tudo, com a profissão dos conselhos evangélicos, que liberta de todo o impedimento o fervor da caridade, eles tornam-se comunitariamente sinal profético da íntima comunhão com Deus sumamente amado [74].

Além disso, pela quotidiana experiência de uma comunhão de vida, de oração e de apostolado, como componente essencial e distintiva da sua forma de vida consagrada [75], fazem-se "sinal de comunhão fraterna". Testemunham, de facto — num inundo muitas vezes tão profundamente dividido, e diante de todos os seus irmãos na fé — a capacidade de comunhão dos bens, do afecto fraterno, do projecto de vida e de actividade, que lhes provém de terem escutado o convite a seguirem mais livremente e mais de perto Cristo Senhor, enviado pelo Pai para que, primogénito entre muitos irmãos, instituísse, no dom do Seu Espírito, uma nova comunhão fraterna [76].

25. Do projecto comunitário de vida deriva para eles aquele estilo de presença e de participação que os deve caracterizar na missão da Igreja, que agora sublinhamos em vista das opções relativas à promoção humana.

Como se pôde concluir da variedade dos dons e dos ministérios já aludida, diferentemente dos leigos e dos membros dos Institutos seculares (que podem assumir a título individual responsabilidades apostólicas, sociais e políticas, correspondentes às finalidades a eles assinaladas pelo Espírito), os religiosos escolheram, livre e conscientemente, "partilhar", em toda a sua missão de testemunho, a presença e a actividade apostólica, na obediência ao comum projecto e aos superiores do Instituto.

Partilha que exprime fraternidade e apoio, particularmente quando o mandato apostólico expõe religiosos e religiosas a maiores e mais exigentes responsabilidades, no âmbito de difíceis contextos sociais.

2. A urgência do fundamental critério de comunhão tornou-se mais aguda por aquela diversidade de situações em que, sobretudo no campo sócio-político, vêm a encontrar-se os cristãos no mundo [77].

Daqui a exigência de que se tenha sempre presente a indicação de Octogesima Adveniens, 4, [78], quando se trata de opções que, referindo-se à relação evangelização-promoção humana, incluem necessariamente, além da própria comunidade religiosa, também a eclesial.

3. A profunda natureza eclesial da vida religosa traduz-se, portanto, pela característica de "comunhão", que deve penetrar as estruturas mesmas de convivência e de actividade, num aspecto preeminente da missão delas no interior da Igreja e da própria sociedade civil [79].

Sob este aspecto, acolher o ministério dos Bispos, como centro de unidade na orgânica comunhão eclesial, e promover igual acolhimento, nos outros membros do povo de Deus, corresponde a uma exigência específica dos religiosos na comunidade cristã.

Nem do carácter `"hierárquico" de tal comunhão eclesial [80] devem os religiosos temer alguma rémora à generosidade e criatividade das suas iniciativas [81], porque todo o poder sagrado é concedido para promover harmonicamente carismas e ministérios [82]. E, mais, à "genialidade dos projectos e das iniciativas" são os religiosos animados [83], porque ela tanto concorda com a natureza carismática e profética da vida religiosa mesma.

Pela sua missão, aberta à Igreja universal e praticada no âmbito das Igrejas locais [84], os religiosos estão por isso nas condições mais aptas para valorizarem aquelas formas de "oportuna coordenação" que Mutuae Relationes apresenta como caminho de uma orgânica comunhão eclesial [85].

4. Em fidelidade dinâmica à própria Consagração segundo o carisma do Fundador

28. Uma renovada presença dos religiosos, na missão da Igreja para a evangelização e a promoção humana, não resultaria plenamente autêntica se houvesse de renunciar, mesmo só em parte, às características da vida religiosa e à índole própria de cada Instituto [86].

Esta exigência, que temos visto surgir constantemente, deve constituir sem dúvida um compromisso assíduo das comunidades religiosas.

29. É fidelidade dinâmica, aberta ao impulso do Espírito, que passa através dos acontecimentos eclesiais e dos sinais dos tempos, de que se torna portadora a perseverante exortação do Magistério,

Tornadas mais vigilantes por um melhor conhecimento das necessidades do homem de hoje, dos seus problemas, das suas buscas e aspirações [87], as comunidades religiosas podem discernir melhor, nos acontecimentos e nas expectativas em que tomam parte junto com as outras componentes da Igreja, quais são os verdadeiros sinais da presença e do desígnio de Deus.

O diálogo comunitário [88], guiado pela fé, pelo recíproco acolhimento e pela valorização das pessoas e pela obediência religiosa, torna-se o lugar preferencial deste discernimento.

Exactamente porque sobre a fé são edificadas, por sua natureza, as comunidades religiosas, por isso guardam e irradiam esta luz que leva todo o Povo de Deus a conhecer as intenções do Senhor sabre a vocação integral do homem, para descobrir assim as soluções plenamente humanas de cada problema [89].

30. A "escaldante interrogação" que Evangelica Testificatio, 52, põe no auge da exortação apostólica sobre o renovamento da vida religiosa, apresenta-se como brado do coração com que Paulo VI exprime a sua apaixonada preocupação pastoral, o seu grande amor pelo homem e o mundo de hoje, a confiança que deposita nos religiosos e nas religiosas.

As opções concretas de renovamento são iluminadas por essa interrogação. A urgência delas chama a uma fidelidade capaz de reconduzir, ao hoje da vida e da missão de cada Instituto, a ousadia com que os Fundadores se tinham deixado conquistar pelas intenções originais do Espírito [90].

31. É constante referência à "vida na sua dinâmica profunda, como nos reconfirma a iluminadora palavra do Papa João Paulo II [91]. "A vida, assim como ela se apresenta diante de nós hoje, trazendo consigo a riqueza das tradições do passado, para nos oferecer a possibilidade de gozarmos dela hoje.

Devemos com toda a perspicácia, assim nos exorta, interrogar-nos sobre o modo como deve ser ajudada hoje a vocação religiosa a tomar consciência de si mesma e a atingir a maturidade; como deve haver-se a vida religiosa no conjunto da vida da Igreja contemporânea. A esta pergunta estamos sempre procurando, e com razão, uma resposta. Encontramo-la no ensinamento do Vaticano II, na exortação Evangelii Nuntiandi,, nas numerosas afirmações dos Pontífices, dos Sínodos e das Conferências episcopais. Esta resposta é fundamental e multiforme".

O Papa reafirma a sua esperança numa vida religiosa fiel a estes princípios que fazem dela "um capital imenso de generosidade" sem o qual "a Igreja não seria plenamente ela mesma'".

"Na fidelidade sempre renovada ao carisma dos Fundadores, as Congregações devem esforçar-se por corresponder às expectativas da Igreja; aos compromissos que a Igreja, com os seus Pastores, considera os mais urgentes hoje, para desempenhar uma missão que tanto precisa de operários qualificados" [92].

III. EXIGÊNCIAS FORMATIVAS

32. Os problemas, que a vida religiosa deve enfrentar para renovar-se, no modo que é requerido pela harmonia entre evangelização e promoção humana, reflectem-se no plano formativo.

Tudo isso pode requerer uma revisão de programas e métodos formativos, tanto no primeiro período de iniciação, como nas fases sucessivas e na formação permanente.

Nova leitura, a esta luz, dos critérios conciliares de renovamento demonstrará não tratar-se de simples adaptações em certas formas exteriores. É educação profunda, de mentalidade e de estilo de vida, que torna as pessoas capazes de continuarem a ser elas mesmas, se bem que em modos novos de presença. Presença sempre "de consagrados" que orientem, com o testemunho e as obras, a transformação das pessoas e da sociedade na direcção do Evangelho [94].

33. Alguns aspectos da formação, nesse campo, parecem mais dignos de atenção:

a) Verificar a consciência da natureza profunda e das características da vida religiosa, em si mesma e no seu dinâmico participar na missão da comunidade eclesial, dentro da sociedade de hoje.
A nova descoberta fiel e a inserção criativa da identidade específica do Instituto, para um esforço de renovamento no plano das actividades e das obras, constitui um dos aspectos preeminentes da formação inicial e da permanente,
b) A profissão dos conselhos evangélicos — quanto à vida religiosa, à Igreja e ao mundo contemporâneo — pode exigir atitudes novas que atendam ao valor de sinal profético, como força de conversão e de transformação do mundo, das suas concepções e da suas relações [95].
c) A vida comum, vista particularmente como experiência e testemunho de "comunhão", desenvolve capacidades de adaptação [96] para corresponder a formas diversas de actividades. Elas não enfraquecem, antes podem, nesta atitude, reforçar os vínculos fraternos e a solidária partilha do serviço específico do Instituto dentro da Igreja.
Novos contextos de inserção, quais foram descritos no exame dos problemas que recordámos, criam situações talvez imprevistas. Pedem que se seja introduzido na vida religiosa com uma preparação, espiritual e humana, que ajude a realizar uma presença adulta de consagrado com vista em relações renovadas, tanto no interior como no exterior das próprias comunidades.
d) A participação na vida da Igreja e na sua missão, em atitudes de co-responsabilidade e complementaridade, sugere um conhecimento actualizado das suas iniciativas e das finalidades que ela se propõe alcançar [97].

Da doutrina do Vaticano II e da insistência com que a ele voltaram os Sínodos dos Bispos parece não ser possível separar a formação no compromisso inderrogável do Evangelho e da promoção do homem segundo os desígnios de Deus.

Por isso, não seria adequado e completo um programa formativo e de renovamento, nos Institutos religiosos, sem clara tomada de consciência do pensamento da Igreja em tal matéria [98].

Isto mostra-se ainda mais necessário se se quer que os religiosos, como é seu dever apostólico, fiquem depois capazes de "despertar as consciências" [99] e de formar outros cristãos, particularmente os leigos, para que possam assumir em plenitude e equilíbrio a sua parte nesta comum missão de evangelização e promoção humana [100].

E, como as dimensões "missionárias" da Igreja estão particularmente confiadas à generosa disponibilidade dos religiosos [101], a formação de todos os que estão convidados a esta excelente forma de evangelização e promoção humana, terá necessidade de uma apropriada adaptação correspondente às culturas, as sensibilidades e aos problemas específicos do lugar [102].

34. O papel dos Cabidos e das Cúrias Gerais reveste importância considerável quando se pensa na programação e animação deste caminho de actualização e renovamento, na fidelidade ao Espírito e à história:

— discernir as opções mais convenientes, hoje, para as finalidades originais do Instituto;
— orientar religiosos e comunidades por meio de adequadas iniciativas de informação e formação;
— promover, no diálogo atento e concreto, o repensamento das obras para estimular eventuais posições pouco actualizadas e para animar e guiar a busca de novas e oportunas expressões.

E tudo isto, para favorecer também uma redescoberta mais luminosa e atraente dos valores de consagração e de missão, que estão na base de uma consciente e alegre inserção no próprio Instituto.

35. As Conferências dos religiosos para o conhecimento mais imediato dos contextos eclesiais e sociais, estão em condição de melhor descobrir os problemas que se apresentam nos diversos países e continentes. Através da troca de experiências e de encontros de reflexão, colaborando com as Conferências Episcopais e dentro do respeito dos vários carismas, poderão encontrar soluções e caminhos mais concordes com as expectativas de uma integral promoção do homem, a qual se inspire no Evangelho na constante orientação do Magistério da Igreja.

Cidade do Vaticano, 12 de Agosto de 1980.

 

Eduardo Card. Pironio,
Prefeito

Augustim Mayer, O.S.B.,
Secretário


Notas

[1] Evangelii Nuntiandi, 18-19.

[2] Gaudium et Spes, 4 - "Não é com certeza por oportunismo e por desejo de novidade que a Igreja, perita em humanidade, se levanta em defesa dos direitos humanos. É por um autêntico compromisso evangélico que, como aconteceu no que se refere a Cristo, diz respeito àqueles que estão em maior necessidade" (João Paulo II, Puebla, disc. inaug.. III, 3).

[3] Lumen Gentium, 46.

[4] Lumen Gentium, 44; Mutuae Relationes, 8; 10.

[5] Evangelica Testificatio, 52-53.

[6] Gaudium et Spes, 10.

[7] Evangelii Nuntiandi, 69.

[8] Populorum Progressio, 12.

[9] Evangelica Testificatio, 17; Gaudium et Spes, 63; Evangelica Testificatio, 52.

[10] Evangelii Nuntiandi, 30.

[11] Evangelii Nuntiandi, 33-34. No disc. inaug. em Puebla (III, 4), João Paulo II recordava: "Cristo não ficou indiferente diante deste amplo e exigente imperativo da moral social. E também a Igreja não o poderia ficar. No espírito da Igreja, que é o Espírito de Cristo, e apoiados na sua vasta e sólida doutrina, metamo-nos ao trabalho neste campo".

[12] Evangelii Nuntiandi, 69; Lumen Gentium. 31; Mutuae Relationes, 14, a.

[13] Evangelii Nuntiandi, 69.

[14] Mutuae Relationes, 59-60 ss.

[15] AAS, 1971, pp. 928-932.

[16] Evangelii Nuntiandi, 39.

[17] "O Papa quer ser a nossa voz, a voz daqueles que não podem falar ou daqueles que são reduzidos ao silêncio, para ser consciência das consciências, convite à acção, para se recuperar o tempo perdido que muitas vezes é tempo de sofrimentos prolongados e de esperanças não satisfeitas" (João Paulo II, aos Camponeses da América Latina, 29 de Janeiro de 1979).

[18] Sínodo de 1971, ib. pág. 973.

[19] Evangelii Nuntiandi, 69.

[20] Lumen Gentium, 46.

[21] Perfectae Caritatis, 1; Lumen Gentium, 46.

[22] Evangelica Testificatio, 52.

[23] Mutuae Relationes, 19; 23, f; 41.

[24] Evangelii Nuntiandi, 69; doc. de Puebla, nn. 733-734: a abertura pastoral das obras e a opção preferencial pelos pobres é a tendência mais notável da vida religiosa latino-americana. De facto encontram-se sempre mais religiosos e religiosas nas zonas marginalizadas e difíceis. Esta escolha não pressupõe a exclusão de alguém, mas, isto sim, uma preferência e uma aproximação para com o pobre. Isto levou à revisão de obras tradicionais para responder melhor às exigências de evangelização...

[25] Lumen Gentium, 9-12; 34-36; Christus Dominus, 33-35; Evangelii Nuntiandi, 13; 58; Apostolicam. Actuositatem, 2, 6-10.

[26] Cf. doc. da Sagrada Congregação para a Educação Católica, Sobre a escola católica (19 de Março de 1977), n. 60-61: participação da comunidade cristã no projecto educativo da escola católica.

[27] Christus Dominus, 35; Mutuae Relationes, 22-23.

[28] Perfectae Caritatis, 13; Evangelica Testificatio, 20; cf. Gaudium et Spes, 67-72, acerca das componentes humanas e cristãs do trabalho.

[29] Presbyterorurn Ordinis, 8; Octogesima Adveniens, 48. O documento do Sínodo dos Bispos que trata do sacerdócio ministerial (cf. AAS, 1971, pp. 912-913), apelando para Presbyterorurn Ordinis, 8, precisa que o ministério sacerdotal é considerado como actividade já de per si plenamente válida, melhor à luz da fé, mais excelente que as outras. Por isso ordinariamente a ele é dedicado um tempo pleno. Se, em circunstâncias particulares, se julgasse útil unir outras actividades a este ministério, o critério de conveniência deve ser buscado no serviço que dele pode derivar para a missão pastoral da Igreja. E disto é juiz sobretudo o Bispo com o seu Presbitério, ouvida, quando necessário, a Conferência Episcopal.

[30] Mutuae Relationes, 10; Lumen Gentium, 44.

[31] Cf. Evangelica Testificatio, 20: "As vossas actividades não podem derrogar a vocação dos vossos diversos Institutos, nem comportar habitualmente trabalhos que sejam tais que se substituam às suas tarefas específicas". Cf. também doc. da Sagrada Congregação para a Educação Católica, Sobre a escola, nn. 74-76.

[32] Evangelica Testificatio, 20.

[33] Lumen Gentium. 44; Perfectae Caritatis, 1; Evangelica Testificatio, 3.

[34] Perfectae Caritatis, 15; Evangelica Testificatio, 21; 39.

[35] Octogesima Adveniens, 48.

[36] Octogesima Adveniens, 4 e 50.

[37] Cf. doc. de Puebla, nn. 1162, 1163 e 1244 (disc. de João Paulo II aos Operários).

[38] Lumen Gentium, 31; 33; Apostolican Actuositatem, 7; 13; Gaudium et Spes, 67; 68; 72.

[39] Gaudium et Spes, 42; 76; Sínodo de 1971, AAS, p. 932; doc. de Puebla, nn. 558-559.

[40] Cf.  Discurso de João Paulo II aos Superiores-Gerais, 24 de Novembro de 1978, no qual exortava a "interpretar à justa luz evangélica a opção pelos pobres e por todas as vítimas do egoísmo humano, sem ceder a radicalizações sócio-políticas... aproximar-se do povo e inserir-se no meio dele, sem pôr em questão a própria identidade religiosa, nem ofuscar a originalidade específica da própria vocação". Cf. também doc. de Puebla. n. 528.

[41] Mutuae Relationes, 49-50.

[42] Evangelica Testificatio, 1; Perfectae Caritatis, 6.

[43] Evangelii Nuntiandi, 69; doc. de Puebla, nn. 527-529.

[44] Cf. Sínodo de 1971, AAS, p. 912-913: o critério dado para os Presbíteros, como já aludido para as outras formas de inserção nas estruturas escolares (n. 8), guia também o comportamento dos religiosos, pela estrita conexão da vida religiosa com o apostolado hierárquico (Christus Dominus, 34) e pela especial relação que a vincula à responsabilidade pastoral da Igreja (Lumen Gentium, 45-46). Em Mutuae Relationes (ms. 5-10-36) expõem-se mais amplamente as razões teológicas e vêm indicadas as consequências práticas de obediência eclesial e de conveniente ordenação. Cf. também doc. de Puebla, n. 769, onde são citadas as palavras do Papa: "sois sacerdotes e religiosos; não sois dirigentes sociais, líderes políticos ou funcionários de um poder temporal. Por isso vos repito: não nos façamos a ilusão de servir o Evangelho se procuramos diluir o nosso carisma através de um exagerado interesse para com o vasto campo dos problemas temporais" (AAS LXXI, p. 193).

[45] Perfectae Caritatis, 2.

[46] Gaudium et Spes, 9.

[47] Cf. particularmente o Sínodo de 1971 e o de 1974; a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, que encontra o seu complemento pelo aspecto mais directamente social e político, na Octogesima Adveniens.

[48] Cf. Redemptoris hominis, 14: "A Igreja não pode abandonar o homem. O homem na plena verdade da sua existência, do seu ser pessoal e ao mesmo tempo do seu ser comunitário e social. Este homem é o primeiro caminho que a Igreja deve percorrer no cumprimento da sua missão".

[49] Gaudium et Spes, 22; Redemptoris hominis, 8.

[50] Gaudium et Spes. 63.

[51] Perfectae Caritatis, 2, d; Mutuae Relationes, nn. 26-32.

[52] Is 42, 1-7; 61, 1-4; Lc 4, 17-19; cf. doc. de Puebla, n. 1130: "A evangelização dos pobres foi para Jesus um dos sinais messiânicos, e também para nós será sinal de autenticidade evangélica".

[53] Mc 1, 15.

[54] Mt 5, 3-12; 5, 20.43-48.

[55] Lumen Gentium, 44; Perfectae Caritatis, 1.

[56] Perfectae Caritatis, 2, a.

[57] Lumen Gentium, 44; Evangelii Nuntiandi, 69.

[58] Mutuae Relationes, 16; 26-28.

[59] João Paulo II, Puebla, disc. inaug. III, 6; Evangelii Nuntiandi, 9; 30-39: cf. também, no mesmo discurso inaugural, I, 2-5, a alusão a uma sólida cristologia e ao único Evangelho, sem novas leituras redutivas ou deformantes, como fundamento da nossa capacidade de "servir o homem, os nossos povos, de penetrar com o Evangelho a cultura deles, de transformar os corações, de humanizar sistemas e estruturas". Cf. Redemptoris hominis, 11.

[60] Lumen Gentium, 31.

[61] Lumen Gentium, 44.

[62] Lumen Gentium, 31.

[63] Mutuae Relationes, 4.

[64] Act 20. 28; Mutuae Relationes, 5-9.

[65] Lumen Gentium, 44.

[66] Mutuae Relationes, 10.

[67] Christus Dominus, 34; os princípios teológicos de aplicação são amplamente descritos no doc. Mutuae Relationes.

[68] Christus Dominus, 33-35.

[69] Lumen Gentium, 31.

[70] Motu Proprio Primo feliciter, AAS, 1948, p. 285; Perfectae Caritatis, 11,

[71] Lumen Gentium, 46.

[72] Lumen Gentium, 28; Gaudium et Spes, 43; Mutuae Relationes, 36.

[73] Gaudium et Spes, 19; 32; cf. doc. de Puebla, nn. 211-219; 721: "A vida consagrada é em si mesma evangelizadora cm ordem à comunhão e à participação".

[74] Lumen Gentium, 44.

[75] Perfectae Caritatis, 15: cf. doc. de Puebla, nn. 730-732.

[76] Gaudium et Spes, 32.

[77] Octogesima Adveniens, 3.

[78] "Diante de situações tão diversas, lê-se em Octogesima Adveniens, n. 4, é-nos difícil pronunciar uma palavra única e propor ousa solução de valor universal. Toca às comunidades cristãs analisar objectivamente a situação do seu país, esclarecê-la à luz das palavras imutáveis do Evangelho, ir buscar princípios de reflexão, critérios de juízo e directrizes de acção no ensinamento social da Igreja. Compete às comunidades cristãs reconhecer, com a assistência do Espírito Santo, em comunhão com os Bispos responsáveis e em diálogo com os outros irmãos cristãos e com todos os homens de boa vontade, as opções e os compromissos que é conveniente tomar para operar as transformações sociais, políticas e económicas que se manifestam urgentes e necessárias em muitos casos. Nesta busca de mudanças que hão-de ser promovidas, os cristãos deverão primeiro que tudo renovar a sua confiança na força e na originalidade das exigências evangélicas". doc. de Puebla, n. 473.

[79] "Os religiosos não só aceitem, mas tendam lealmente para uma união indissolúvel de intentos e de acções com os Bispos. Não pode, não deve faltar-lhes a colaboração, ao mesmo tempo responsável e activa, mas também dócil e confiada, dos religiosos, cujo carisma faz deles ministros bem mais aptos para o serviço do Evangelho" (João Paulo II, disc. inaug. de Puebla, II).

[80] Mutuae Relationes, 5.

[81] Mutuae Relationes, 19; 41.

[82] Lumen Gentium 10-12; 27; Presbyterorurn Ordinis, 9; Apostolicam Actuositatem, 2.

[83] Evangelii Nuntiandi, 69.

[84] Lumen Gentium, 4546; Christus Dominus, 33-35; cf. Discursode João Paulo II aos Superiores-Gerais, 24 de Novembro de 1978.

[85] Mutuae Relationes, 52 ss.

[86] Lumen Gentium, c. 6; Perfectae Caritatis, 2; Mutuae Relationes, I1-12;

[87] Gaudium et Spes, 1-10; Evangelica Testificatio, 25.

[88] Perfectae Caritatis, 14; Evangelica Testificatio, 25.

[89] Gaudium et Spes, 11.

[90] Mutuae Relationes, 23, f.

[91] Discurso aos Superiores-Gerais, 24 de Novembro de 1978.

[92] Disc. às Superioras-Gerais, 16 de Novembro de 1978.

[93] Perfectae Caritatis, 2; 18; Ecclesiae Sanctae, II, 15-19; 33-38.

[94] Perfectae Caritatis, 18.

[95] Evangelica Testificatio, 13-29; cf, doc. de Puebla, n. 476: "O nosso comportamento social é parte integrante do nosso seguimento de Cristo".

[96] Perfectae Caritatis, 3; 15,

[97] Perfectae Caritatis, 2, c.

[98] "Em relação com tal ensinamento, a Igreja tem uma missão para cumprir: deve pregar, educar as pessoas e as colectividades, formar a opinião pública, orientar os responsáveis dos povos. Bebei, portanto, nestas fontes autênticas. Falai da humanidade contemporânea com a linguagem da experiência, da dor e da esperança" (João Paulo II, Puebla, disc. inaug. III, 4).

[99] Evangelica Testificatio, 18.

[100] O documento sobre a Justiça no Mundo (Sínodo de 1971, AAS, pp. 935, 937), juntamente com uma síntese das principais intervenções doutrinais da Igreja, oferece também indicações sobre o compromisso de uma "educação para a justiça".

E ainda João Paulo II (ib. Puebla, III, 7): "Permiti portanto que recomende a urgência de sensibilizar os fiéis sobre esta doutrina social da Igreja. É necessário atribuir particular cuidado à formação de uma consciência social a todos os níveis e em todos os sectores. Quando aumentam as injustiças e cresce dolorosamente a distância entre pobres e ricos, a doutrina social, de forma criativa e aberta aos vastos campos da presença da Igreja, deve ser precioso instrumento de formação e de acção".

[101] Evangelii Nuntiandi, 69.

[102] Ad Gentes, 18; 25-27.

 

 

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