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ça, e as tuas iniquidades, pela piedade para com
os infelizes; talvez isto consiga prolongar a tua
prosperidade» (
Dn
4, 24). Nesta mesma perspec-
tiva, a literatura sapiencial fala da esmola como
exercÃcio concreto da misericórdia para com os
necessitados: «A esmola livra da morte e limpa
de todo o pecado» (
Tb
12, 9). E de forma ainda
mais sensÃvel se exprime Ben-Sirá: «A água apa-
ga o fogo ardente, e a esmola expia o pecado»
(3, 30). Encontramos a mesma sÃntese no Novo
Testamento: «Mantende entre vós uma intensa
caridade, porque o amor cobre a multidão dos
pecados» (
1 Pd
4, 8). Esta verdade permeou pro-
fundamente a mentalidade dos Padres da Igreja,
tendo exercido uma resistência profética como
alternativa cultural face ao individualismo hedo-
nista pagão. Recordemos apenas um exemplo:
«Tal como, em perigo de incêndio, correrÃamos
a buscar água para o apagar (...), o mesmo de-
verÃamos fazer quando nos turvamos porque, da
nossa palha, irrompeu a chama do pecado; assim,
quando se nos proporciona a ocasião de uma
obra cheia de misericórdia, alegremo-nos por ela
como se fosse uma fonte que nos é oferecida e
na qual podemos extinguir o incêndio».
160
194.âà uma mensagem tão clara, tão directa,
tão simples e eloquente que nenhuma herme-
nêutica eclesial tem o direito de relativizar. A
reflexão da Igreja sobre estes textos não deveria
160
âS
anto
A
gostinho
,
De catechizandis rudibus
, I, XIV, 22:
PL
40, 327.