EVANGELII GAUDIUM - page 148

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isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o
clamor do pobre e socorrê-lo. Basta percorrer as
Escrituras, para descobrir como o Pai bom quer
ouvir o clamor dos pobres: «Eu bem vi a opres-
são do meu povo que está no Egipto, e ouvi o
seu clamor diante dos seus inspectores; conheço,
na verdade, os seus sofrimentos. Desci a fim de
os libertar (...). E agora, vai; Eu te envio...» (
Ex
3,
7-8.10). E Ele mostra-Se solícito com as suas ne-
cessidades: «Os filhos de Israel clamaram, então,
ao Senhor, e o Senhor enviou-lhes um salvador»
(
Jz
3, 15). Ficar surdo a este clamor, quando so-
mos os instrumentos de Deus para ouvir o po-
bre, coloca-nos fora da vontade do Pai e do seu
projecto, porque esse pobre «clamaria ao Senhor
contra ti, e aquilo tornar-se-ia para ti um pecado»
(
Dt
15, 9). E a falta de solidariedade, nas suas
necessidades, influi directamente sobre a nossa
relação com Deus: «Se te amaldiçoa na amargu-
ra da sua alma, Aquele que o criou ouvirá a sua
oração» (
Sir
4, 6). Sempre retorna a antiga per-
gunta: «Se alguém possuir bens deste mundo e,
vendo o seu irmão com necessidade, lhe fechar
o seu coração, como é que o amor de Deus pode
permanecer nele?» (
1 Jo
3, 17). Lembremos tam-
bém com quanta convicção o Apóstolo São Tia-
go retomava a imagem do clamor dos oprimidos:
«Olhai que o salário que não pagastes, aos traba-
lhadores que ceifaram os vossos campos, está a
clamar; e os clamores dos ceifeiros chegaram aos
ouvidos do Senhor do universo» (5, 4).
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