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dade local, seja capaz de criar novas sÃnteses cul-
turais. Como são belas as cidades que superam a
desconfiança doentia e integram os que são dife-
rentes, fazendo desta integração um novo factor
de progresso! Como são encantadoras as cida-
des que, já no seu projecto arquitectónico, estão
cheias de espaços que unem, relacionam, favore-
cem o reconhecimento do outro!
211.âSempre me angustiou a situação das pes-
soas que são objecto das diferentes formas de trá-
fico. Quem dera que se ouvisse o grito de Deus,
perguntando a todos nós: «Onde está o teu ir-
mão?» (
Gn
4, 9). Onde está o teu irmão escravo?
Onde está o irmão que estás matando cada dia
na pequena fábrica clandestina, na rede da pros-
tituição, nas crianças usadas para a mendicidade,
naquele que tem de trabalhar às escondidas por-
que não foi regularizado? Não nos façamos de
distraÃdos! Há muita cumplicidade... A pergunta
é para todos! Nas nossas cidades, está instalado
este crime mafioso e aberrante, e muitos têm as
mãos cheias de sangue devido a uma cómoda e
muda cumplicidade.
212.âDuplamente pobres são as mulheres que
padecem situações de exclusão, maus-tratos e
violência, porque frequentemente têm menores
possibilidades de defender os seus direitos. E
todavia, também entre elas, encontramos conti-
nuamente os mais admiráveis gestos de heroÃsmo
quotidiano na defesa e cuidado da fragilidade das
suas famÃlias.