EVANGELII GAUDIUM - page 169

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218. A paz social não pode ser entendida como
irenismo ou como mera ausência de violência ob-
tida pela imposição de uma parte sobre as outras.
Também seria uma paz falsa aquela que servisse
como desculpa para justificar uma organização
social que silencie ou tranquilize os mais pobres,
de modo que aqueles que gozam dos maiores be-
nefícios possam manter o seu estilo de vida sem
sobressaltos, enquanto os outros sobrevivem
como podem. As reivindicações sociais, que têm
a ver com a distribuição das entradas, a inclusão
social dos pobres e os direitos humanos não po-
dem ser sufocados com o pretexto de construir
um consenso de escritório ou uma paz efémera
para uma minoria feliz. A dignidade da pessoa
humana e o bem comum estão por cima da tran-
quilidade de alguns que não querem renunciar
aos seus privilégios. Quando estes valores são
afectados, é necessária uma voz profética.
219. E a paz também «não se reduz a uma au-
sência de guerra, fruto do equilíbrio sempre pre-
cário das forças. Constrói-se, dia a dia, na busca
duma ordem querida por Deus, que traz consigo
uma justiça mais perfeita entre os homens».
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Enfim, uma paz que não surja como fruto do
desenvolvimento integral de todos, não terá fu-
turo e será sempre semente de novos conflitos e
variadas formas de violência.
179
 P
aulo
VI, Carta enc.
Populorum progressio
(26 de Março
de 1967), 76:
AAS
59 (1967), 294-295.
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