EVANGELII GAUDIUM - page 166

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213. Entre estes seres frágeis, de que a Igreja
quer cuidar com predilecção, estão também os
nascituros, os mais inermes e inocentes de todos,
a quem hoje se quer negar a dignidade humana
para poder fazer deles o que apetece, tirando-
-lhes a vida e promovendo legislações para que
ninguém o possa impedir. Muitas vezes, para ri-
diculizar jocosamente a defesa que a Igreja faz
da vida dos nascituros, procura-se apresentar a
sua posição como ideológica, obscurantista e
conservadora; e no entanto esta defesa da vida
nascente está intimamente ligada à defesa de
qualquer direito humano. Supõe a convicção de
que um ser humano é sempre sagrado e inviolá-
vel, em qualquer situação e em cada etapa do seu
desenvolvimento. É fim em si mesmo, e nunca
um meio para resolver outras dificuldades. Se cai
esta convicção, não restam fundamentos sólidos
e permanentes para a defesa dos direitos huma-
nos, que ficariam sempre sujeitos às conveniên-
cias contingentes dos poderosos de turno. Por
si só a razão é suficiente para se reconhecer o
valor inviolável de qualquer vida humana, mas,
se a olhamos também a partir da fé, «toda a vio-
lação da dignidade pessoal do ser humano clama
por vingança junto de Deus e torna-se ofensa ao
Criador do homem».
176
214. E precisamente porque é uma questão
que mexe com a coerência interna da nossa men-
176
 J
oão
P
aulo
II, Exort. ap. pós-sinodal
Christifideles laici
(30 de Dezembro de 1988), 37:
AAS
81 (1989), 461.
1...,156,157,158,159,160,161,162,163,164,165 167,168,169,170,171,172,173,174,175,176,...224
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