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são capazes de distinguir que nem todos os cren-
tes â nem todos os lÃderes religiosos â são iguais.
Alguns polÃticos aproveitam esta confusão para
justificar acções discriminatórias. Outras vezes,
desprezam-se os escritos que surgiram no âmbito
duma convicção crente, esquecendo que os tex-
tos religiosos clássicos podem oferecer um signi-
ficado para todas as épocas, possuem uma força
motivadora que abre sempre novos horizontes,
estimula o pensamento, engrandece a mente e a
sensibilidade. São desprezados pela miopia dos
racionalismos. Será razoável e inteligente relegá-
-los para a obscuridade, só porque nasceram no
contexto duma crença religiosa? Contêm prin-
cÃpios profundamente humanistas que possuem
um valor racional, apesar de estarem permeados
de sÃmbolos e doutrinas religiosos.
257.âComo crentes, sentimo-nos próximo tam-
bém de todos aqueles que, não se reconhecen-
do parte de qualquer tradição religiosa, buscam
sinceramente a verdade, a bondade e a beleza,
que, para nós, têm a sua máxima expressão e a
sua fonte em Deus. Sentimo-los como preciosos
aliados no compromisso pela defesa da dignida-
de humana, na construção duma convivência pa-
cÃfica entre os povos e na guarda da criação. Um
espaço peculiar é o dos chamados novos
Areópa-
gos
, como o «Ãtrio dos Gentios», onde «crentes e
não-crentes podem dialogar sobre os temas fun-
damentais da ética, da arte e da ciência, e sobre a