EVANGELII GAUDIUM - page 33

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se diz que é próprio de Deus usar de misericórdia
e é, sobretudo nisto, que se manifesta a sua om-
nipotência».
41
38. É importante tirar as consequências pas-
torais desta doutrina conciliar, que recolhe uma
antiga convicção da Igreja. Antes de mais nada,
deve-se dizer que, no anúncio do Evangelho,
é necessário que haja uma proporção adequa-
da. Esta reconhece-se na frequência com que
se mencionam alguns temas e nas acentuações
postas na pregação. Por exemplo, se um pároco,
durante um ano litúrgico, fala dez vezes sobre a
temperança e apenas duas ou três vezes sobre
a caridade ou sobre a justiça, gera-se uma des-
proporção, acabando obscurecidas precisamente
aquelas virtudes que deveriam estar mais presen-
tes na pregação e na catequese. E o mesmo acon-
tece quando se fala mais da lei que da graça, mais
da Igreja que de Jesus Cristo, mais do Papa que
da Palavra de Deus.
39. Tal como existe uma unidade orgânica entre
as virtudes que impede de excluir qualquer uma
delas do ideal cristão, assim também nenhuma
verdade é negada. Não é preciso mutilar a inte-
41
Ibid.
II-II, q. 30, a. 4. Cf. ainda II-II, q. 40, a. 4, ad 1: «O
nosso culto a Deus com sacrifícios e com ofertas exteriores não
é exercido em proveito d’Ele, mas nosso e do próximo. Na rea-
lidade, Deus não precisa dos nossos sacrifícios, mas deseja que
os mesmos Lhe sejam oferecidos para nossa devoção e utilidade
do próximo. Por isso a misericórdia, pela qual se socorre a mi-
séria alheia, é o sacrifício que mais Lhe agrada, porque assegura
mais de perto o bem do próximo».
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