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ção do mundo, (...) nos predestinou para sermos
adoptados como seus filhos » (
Ef
1, 4-5). No caso
de Abraão, a fé em Deus ilumina as raÃzes mais
profundas do seu ser: permite-lhe reconhecer a
fonte de bondade que está na origem de todas
as coisas, e confirmar que a sua vida não deriva
do nada nem do acaso, mas de uma chamada e
um amor pessoais. O Deus misterioso que o cha-
mou não é um Deus estranho, mas a origem de
tudo e que tudo sustenta. A grande prova da fé
de Abraão, o sacrifÃcio do filho Isaac, manifes-
tará até que ponto este amor originador é capaz
de garantir a vida mesmo para além da morte. A
Palavra que foi capaz de suscitar um filho no seu
corpo «âÂÂjá sem vida (â¦), como sem vida estava
o seio » de Sara estéril (
Rm
4, 19), também será
capaz de garantir a promessa de um futuro para
além de qualquer ameaça ou perigo (cf.
Heb
11,
19;
Rm
4, 21).
A fé de Israel
12.âÂÂA história do povo de Israel, no livro do
ÃÂxodo, continua na esteira da fé de Abraão. De
novo, a fé nasce de um dom originador: Israel
abre-se à acção de Deus, que quer libertá-lo da
sua miséria. A fé é chamada a um longo caminho,
para poder adorar o Senhor no Sinai e herdar uma
terra prometida. O amor divino possui os traços
de um pai que conduz seu filho pelo caminho (cf.
Dt
1, 31). A confissão de fé de Israel desenrola-
-se como uma narração dos benefÃcios de Deus,
da sua acção para libertar e conduzir o povo (cf.