Lumen Fidei - page 21

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também no facto de Ele ser Filho de Deus. Pre-
cisamente porque é o Filho, porque está radicado
de modo absoluto no Pai, Jesus pôde vencer a
morte e fazer resplandecer em plenitude a vida.
A nossa cultura perdeu a noção desta presença
concreta de Deus, da sua acção no mundo; pen-
samos que Deus Se encontra só no além, noutro
nível de realidade, separado das nossas relações
concretas. Mas, se fosse assim, isto é, se Deus
fosse incapaz de agir no mundo, o seu amor não
seria verdadeiramente poderoso, verdadeira-
mente real e, por conseguinte, não seria sequer
verdadeiro amor, capaz de cumprir a felicidade
que promete. E, então, seria completamente in-
diferente crer ou não crer n’Ele. Ao contrário, os
cristãos confessam o amor concreto e poderoso
de Deus, que actua verdadeiramente na história
e determina o seu destino final; um amor que se
fez passível de encontro, que se revelou em ple-
nitude na paixão, morte e ressurreição de Cristo.
18. A plenitude a que Jesus leva a fé possui ou-
tro aspecto decisivo: na fé, Cristo não é apenas
Aquele em quem acreditamos, a maior manifes-
tação do amor de Deus, mas é também Aquele a
quem nos unimos para poder acreditar. A fé não
só olha para Jesus, mas olha também a partir da
perspectiva de Jesus e com os seus olhos: é uma
participação no seu modo de ver. Em muitos âm-
bitos da vida, fiamo-nos de outras pessoas que
conhecem as coisas melhor do que nós: temos
confiança no arquitecto que constrói a nossa
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