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â desta Igreja que, segundo as palavras de Ro-
mano Guardini, « é a portadora histórica do olhar
global de Cristo sobre o mundo »,
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âÂÂ, a fé perca
a sua «medida », já não encontre o seu equilÃbrio,
nem o espaço necessário para se manter de pé.
A fé tem uma forma necessariamente eclesial, é
professada partindo do corpo de Cristo, como
comunhão concreta dos crentes. A partir deste
lugar eclesial, ela abre o indivÃduo cristão a todos
os homens. Uma vez escutada, a palavra de Cris-
to, pelo seu próprio dinamismo, transforma-se
em resposta no cristão, tornando-se ela mesma
palavra pronunciada, confissão de fé. São Paulo
afirma: « Realmente com o coração se crê (â¦)
e com a boca se faz a profissão de fé » (
Rm
10,
10). A fé não é um facto privado, uma concepção
individualista, uma opinião subjectiva, mas nasce
de uma escuta e destina-se a ser pronunciada e
a tornar-se anúncio. Com efeito, « como hão-de
acreditar nâÂÂAquele de quem não ouviram falar?
E como hão-de ouvir falar, sem alguém que O
anuncie? (
Rm
10, 14). Concluindo, a fé torna-se
operativa no cristão a partir do dom recebido, a
partir do Amor que o atrai para Cristo (cf.
Gl
5,
6) e torna participante do caminho da Igreja, pe-
regrina na história rumo à perfeição. Para quem
foi assim transformado, abre-se um novo modo
de ver, a fé torna-se luz para os seus olhos.
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«
Vom Wesen katholischer Weltanschauung (1923) »,
in:
Unterscheidung des Christlichen. Gesammelte Studien 1923-1963
(Mainz 1963), 24.