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do-se deles, certamente não cancelaram todos os
seus sofrimentos, nem puderam explicar todo o
mal. A fé não é luz que dissipa todas as nossas
trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos
na noite, e isto basta para o caminho. Ao homem
que sofre, Deus não dá um raciocÃnio que expli-
que tudo, mas oferece a sua resposta sob a forma
duma presença que o acompanha, duma história
de bem que se une a cada história de sofrimento
para nela abrir uma brecha de luz. Em Cristo, o
próprio Deus quis partilhar connosco esta estrada
e oferecer-nos o seu olhar para nela vermos a luz.
Cristo é aquele que, tendo suportado a dor, Se tor-
nou « autor e consumador da fé » (
Heb
12, 2).
O sofrimento recorda-nos que o serviço da
fé ao bem comum é sempre serviço de esperança
que nos faz olhar em frente, sabendo que só a
partir de Deus, do futuro que vem de Jesus res-
suscitado, é que a nossa sociedade pode encon-
trar alicerces sólidos e duradouros. Neste senti-
do, a fé está unida à esperança, porque, embora
a nossa morada aqui na terra se vá destruindo,
há uma habitação eterna que Deus já inaugurou
em Cristo, no seu corpo (cf.
2 Cor
4, 16 â 5,
5). Assim, o dinamismo de fé, esperança e cari-
dade (cf.
1 Ts
1, 3;
1 Cor
13, 13) faz-nos abraçar
as preocupações de todos os homens, no nosso
caminho rumo àquela cidade, « cujo arquitecto e
construtor é o próprio Deus » (
Heb
11, 10), por-
que « a esperança não engana » (
Rm
5, 5).
Unida à fé e à caridade, a esperança projec-
ta-nos para um futuro certo, que se coloca numa