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queza e o nosso sofrimento. O próprio Apóstolo
se encontra numa situação de morte que redunda
em vida para os cristãos (cf.
2 Cor
4, 7-12). Na
hora da prova, a fé ilumina-nos; e é precisamente
no sofrimento e na fraqueza que se torna claro
como « não nos pregamos a nós mesmos, mas a
Cristo Jesus, o Senhor » (
2 Cor
4, 5). O capÃtulo 11
da Carta aos Hebreus termina com a referência
a quantos sofreram pela fé, entre os quais ocupa
um lugar particular Moisés que tomou sobre si a
humilhação de Cristo (cf. vv. 26.35-38). O cristão
sabe que o sofrimento não pode ser eliminado,
mas pode adquirir um sentido: pode tornar-se
acto de amor, entrega nas mãos de Deus que não
nos abandona e, deste modo, ser uma etapa de
crescimento na fé e no amor. Contemplando a
união de Cristo com o Pai, mesmo no momen-
to de maior sofrimento na cruz (cf.
Mc
15, 34),
o cristão aprende a participar no olhar próprio
de Jesus; até a morte fica iluminada, podendo ser
vivida como a última chamada da fé, o último
« Sai da tua terra » (cf.
Gn
12, 1), o último «Vem! »
pronunciado pelo Pai, a quem nos entregamos
com a confiança de que Ele nos tornará firmes
também na passagem definitiva.
57.âÂÂA luz da fé não nos faz esquecer os sofri-
mentos do mundo. Os que sofrem foram media-
dores de luz para tantos homens e mulheres de fé;
tal foi o leproso para São Francisco de Assis, ou
os pobres para a Beata Teresa de Calcutá. Com-
preenderam o mistério que há neles; aproximan-