The Holy See Search
back
riga

 

SYNODUS EPISCOPORUM
BOLETIM

II ASSEMBLEIA ESPECIAL PARA A ÁFRICA
DO SÍNODO DOS BISPOS
4-25 OUTUBRO 2009

A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz.
"Vós sois o sal da terra ... Vós sois a luz do mundo" (Mt 5, 13.14)


Este Boletim é somente um instrumento de trabalho para uso jornalístico.
A
s traduções não possuem caráter oficial.


Edição portuguesa

16 - 10.10.2009

SUMÁRIO

- DÉCIMA CONGREGAÇÃO GERAL (SÁBADO, 10 DE OUTUBRO DE 2009 - PARTE DA MANHÃ)
- ROSÁRIO COM OS UNIVERSITÁRIOS (SÁBADO, 10 DE OUTUBRO DE 2009)
- CAPELA PAPAL (DOMINGO, 11 DE OUTUBRO DE 2009)
- AVISOS

DÉCIMA CONGREGAÇÃO GERAL (SÁBADO, 10 DE OUTUBRO DE 2009 - PARTE DA MANHÃ)

- INTERVENÇÕES NA SALA (CONTINUAÇÃO)
- AUDITIO AUDITORUM (III)

Às 09h00 de hoje, sábado 10 de Outubro de 2009, com o canto da Hora Terça, começou a Décima Congregação Geral, para a continuação das intervenções na Sala sobre o tema sinodal A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz “Vós sois o sal da terra ... Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13.14).

Presidente Delegado de turno S.Em. Card. Wilfrid Fox NAPIER, O.F.M., Arcebispo de Durban (ÁFRICA DO SUL).

A esta Congregação Geral, que se concluiu às 12h30, com a oração do Angelus Domini, estavam presentes 211 Padres.

INTERVENÇÕES NA SALA (CONTINUAÇÃO)

Nesta Décima Congregação Geral intervieram os seguintes Padres:

- S. E. R. Dom Almachius Vincent RWEYONGEZA, Bispo de Kayanga (TANZÂNIA)
- S. E. R. Dom Fridolin AMBONGO BESUNGU, O.F.M. Cap., Bispo de Bokungu-Ikela (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)
- S. E. R. Dom Zacchaeus OKOTH, Arcebispo de Kisumu (QUÊNIA)
- S. E. R. Dom Telesphore George MPUNDU, Arcebispo de Lusaka (ZÂMBIA)
- S. E. R. Dom Philip SULUMETI, Bispo de Kakamega (QUÊNIA)
- S. E. R. Dom Marcel MADILA BASANGUKA, Arcebispo de Kananga (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)
- S. E. R. Dom Youssef Ibrahim SARRAF, Bispo do Cairo dos Caldeus (EGITO)
- S. E. R. Dom Gabriel MBILINGI, C.S.Sp., Arcebispo Coadjutor de Lubango, Presidente do "Inter-regional Meeting of Bishops of Southern Africa" (I.M.B.I.S.A.) (ANGOLA)
- S. E. R. Dom Robert Patrick ELLISON, C.S.Sp., Bispo de Banjul (GÂMBIA)
- S. E. R. Dom Lucio Andrice MUANDULA, Bispo de Xai-Xai, Presidente da Conferência Episcopal (MOÇAMBIQUE)
- S. E. R. Dom Gabriel 'Leke ABEGUNRIN, Bispo de Osogbo (NIGÉRIA)
- S. E. R. Dom Joseph Effiong EKUWEM, Bispo de Uyo (NIGÉRIA)
- S. E. R. Dom Matthias SSEKAMANYA, Bispo de Lugazi, Presidente da Conferência Episcopal (UGANDA)
- S. E. R. Dom Peter William INGHAM, Bispo de Wollongong, Presidente da "Federation of Catholic Bishops' Conferences of Oceania" (F.C.B.C.O.) (AUSTRÁLIA)
- S. E. R. Dom Denis KIWANUKA LOTE, Arcebispo de Tororo (UGANDA)
- Rev. Pe. Aquiléo FIORENTINI, I.M.C., Superior-Geral do Instituto da Missóes da Consolata (UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)
- S. Em. R. Card. Théodore-Adrien SARR, Arcebispo de Dakar, Primeiro Vice-Presidente do Simpósio das Conferências Episcopales da África e Madagascar (S.C.E.A.M.) (SENEGAL)
- S. E. R. Dom Valerian OKEKE, Arcebispo de Onitsha (NIGÉRIA)
- S. E. R. Dom Anthony John Valentine OBINNA, Arcebispo de Owerri (NIGÉRIA)
- S. Em. R. Card. Giovanni Battista RE, Prefeito da Congregação para os Bispos (CIDADE DO VATICANO)
- Rev. Mons. Obiora Francis IKE, Diretor do "Catholic Institute for Development, Justice and Peace" (CIDJAP), Enugu, Nigeria (NIGÉRIA)
- S. E. R. Dom Séraphin François ROUAMBA, Arcebispo de Koupéla, Presidente da Conferência Episcopal (BURKINA FASO)

Damos aqui os resumos das intervenções:

- S. E. R. Dom Almachius Vincent RWEYONGEZA, Bispo de Kayanga (TANZÂNIA)

A evangelização da família comporta levar a sério a família como “igreja doméstica” onde o encontro com Cristo ocorre cotidianamente. A família é o veículo através do qual a fé católica é nutrida através da leitura e da meditação da Palavra de Deus, da oração comunitária da busca da recepção e celebração dos sacramentos da vida. A unidade da família é solidificada e tutelada pela partilhar de valores e exercícios espirituais comuns. Gostaria de apresentar algumas razões-chave para rever a catequese e a prática dos matrimónios mistos dentro das instituições da nossa Igreja na África:
Primeiro, os casamentos mistos fomentaram o surgimento de incompreensões entre os sacerdotes católicos e os pastores de várias comunidades cristãs. Além disso, o persistente problema do insuficiente conhecimento das obrigações por parte dos sacerdotes católicos, disputas sobre onde devem ser celebrados os sacramentos criando as primeiras bases de divisões sobre como praticar a própria fé.
Segundo, em muitos desses casamentos, os pais ficam divididos porque ambos gostariam de batizar e crescer os filhos na própria fé.
Terceiro, há uma crescente tendência por parte dos pais, em muitos matrimónios mistos, a ignorar a tradição comum de transmitir valores cristãos. A falta de união que essas diferenças provocam na vida de oração acaba por repercutir-se sobre o amor, a justiça, a reconciliação e a paz dentro da família.
Enquanto procuramos os meios para construir a reconciliação, a justiça e a paz na África, definindo o bom direito da família como agente completo e primário de justiça, de reconciliação, de solidariedade e de paz, é importante não subestimar o problema dos matrimónios mistos. Se não nos empenharmos a reexaminar a celebração de matrimónios mistos, corre-se o perigo de continuar a viver a tragédia da divisão entre os cristãos até mesmo dentro da família.
Os diversos pontos de vista sobre os valores da fé, inclusive o significado do matrimónio, podem representar uma fonte de tensão e criar confusão na educação dos filhos. Isto está na base da crescente indiferença religosa. (CIC, nº 1634). O matrimónio misto pode facilmente tornar-se uma casa construída sobre a areia, onde se torna difícil produzir frutos de amor, reconciliação, justiça e paz. Chegou o momento em que a posição da Igreja sobre os matrimónios mistos seja revista e reexaminada a catequese sobre matrimónios mistos. Se estes dois passos para tutelar a família não forem dados, os esforços para promover a reconciliação, a justiça e a paz permanecerão inadequados.

[00125-06.04] [IN085] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Fridolin AMBONGO BESUNGU, O.F.M. Cap., Bispo de Bokungu-Ikela (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)

A exploração dos recursos naturais é um dos pressupostos para a paz duradoura na RDC. As repetidas guerras que vivemos recentemente revelaram que os recursos naturais que fazem da RDC um “escândalo geológico” são, uma fortuna enquanto carta economicamente importante para a recuperação do país, mas, ao mesmo tempo, uma desfortuna, pois é uma fonte de constante cobiça, de conflitos, de corrupção ou até da máfia internacional, da qual alguns congoleses são cúmplices. As causas principais destas guerras económicas, que colocam novamente em discussão o princípio da soberania dos povos sobre os seus recursos, são: a inexistência de um quadro jurídico internacional vinculante para as multinacionais e para as indústrias de extracção transnacionais, a militarização do sector minerário, o aumento exponencial da demanda de minerais actualmente estratégicos, a subordinação dos interesses diplomáticos aos interesses económicos das grandes potências, o desrespeito pela dignidade do povo congolês, do qual são apreciadas exclusivamente as riquezas, a intenção de “balcanizar” a RDC, avantajando os pequenos países, facilmente manipuláveis, etc. A CENCO intervém em três sectores prioritários. A CENCO criou uma Comissão Episcopal ad hoc para os recursos naturais, encarregada de acompanhar a questão da exploração dos recursos. No que concerne à educação, a CENCO publicou um vademecum do cidadão sobre a gestão dos recursos naturais. Este documento coloca o homem no centro da questão da exploração dos recursos; ajuda os cidadãos a organizarem-se a partir da base para exigir que as multinacionais respeitem as responsabilidades sociais das empresas; pede o respeito dos direitos dos homens e das comunidades. Vista a dimensão internacional da questão da exploração dos recursos, a CENCO espera que as Igrejas-irmãs elevem sua voz em solidariedade para com este povo, que já sofreu tanto, a fim de que a administração destes recursos, no respeito do direito, possa tornar-se uma ocasião de fraternidade e de desenvolvimento.

[00179-06.05] [IN106] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Zacchaeus OKOTH, Arcebispo de Kisumu (QUÊNIA)

Cura e Reconciliação são motivadas por Deus, sem o evangelho nada será realizado. Normalmente, como nós sabemos, a natureza humana sem a graça de Deus é vingativa e então é estranho para alguns imaginar que muitas tribos no Quénia não vão estar novamente em desacordo uns com os outros, dando uma oportunidade para antagonismo no futuro, a menos que a cura e a reconciliação não sejam uma prioridade.
Nosso país, o Quénia, foi deixado de lado, vizinhos se voltam contra vizinhos, filhas contra os pais, irmãos contra irmãos, mães contra os filhos, tribos se voltaram contra tribos. Em suma, as pessoas lutaram, as pessoas morreram, mulheres e meninas foram violadas, propriedades foram perdidas, reservas e investimentos viraram fumaça em poucos dias, senão horas. Essa sequência de trágicas e deliberadas destruições gratuitas, desejadas e executadas por alguns grupos de pessoas ainda é muito recente.
A Igreja no Quénia sente fortemente a necessidade de prover uma clara direcção no processo de reconciliação. A Bíblia e o ensinamento da Igreja provê como uma visão sobre o processo de reconciliação. É a fé que dá a você o que Jesus chama de novo modelo mais alto que o velho (Mt 5, 20-48). A Reconciliação tem que ser um processo de cura do impossível ódio e pode ser atingida através de cinco estágios:
Relembrar os pecados, actos errados e declarar que nós estamos comprometidos em tudo sem desculpas.
Sentir dor por causa deles e prometer a nós próprios não os repetir novamente
Arrepender-se em liberdade do fundo de nosso ser
Confessá-los abertamente e experimentar o remorso
Fazer a reparação pelo mal que causámos e pelos danos que fizemos a nós próprios, à comunidade, à natureza e a Deus.

[00156-06.03] [IN111] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Telesphore George MPUNDU, Arcebispo de Lusaka (ZÂMBIA)

Esta intervenção se refere ao Instrumentum Laboris, aos números 20, 32, 59, 114 e 117, que falam sobre a dignidade das mulheres, sobre seu grande dom para a humanidade, sua enorme contribuição à Igreja, não obstante o seu carisma não seja adequadamente reconhecido, utilizado de maneira suficiente e convenientemente celebrado. Não existe desenvolvimento significativo, se pelo menos 50% da população é marginalizada, ou seja, as mulheres, que são sistematicamente excluídas. Sem verdadeira justiça entre homens e mulheres, o desenvolvimento permanece somente um sonho irrealizável, nada mais que uma perigosa miragem.
O Livro do Gênesis 1, 27 diz claramente que Deus criou a humanidade e os criou homem e mulher, a sua imagem e semelhança. Então uma plena e igual participação das mulheres em todos os campos da vida é essencial para o desenvolvimento social e económico. A negação da igualdade das mulheres é uma afronta à dignidade humana e a negação de um verdadeiro desenvolvimento da humanidade.
Infelizmente, temos que admitir com vergonha que, na Zâmbia, as mulheres infelizmente muitas vezes são vítimas de abuso, de violência doméstica, que, até mesmo causam a sua morte, práticas culturais e costumes discriminantes, e as leis expressam claramente preconceitos em relação a elas. Nós bispos devemos falar de maneira clara e insistente em defesa da dignidade das mulheres à luz das Escrituras e da Doutrina Social da Igreja.Sim, foi uma mulher, Maria, a levar por primeiro Jesus à África como refugiado [Mt 2, 13-15]. Hoje é a mulher que, de muitos modos, leva Jesus até nós, na Zâmbia. Mulheres religiosas e leigas ajudam a nossa Igreja a estar a serviço da reconciliação, da justiça e da paz, com especial atenção aos pobres.
Para promover o respeito pelas mulheres e a sua integração nas estruturas eclesiais de responsabilidade, decisão e projectos, convidamos o Sínodo a recomendar a todas as dioceses, instituir ou consolidar o apostolado familiar e departamentos que tratam do problema feminino, tornando-os operativos e plenamente funcionais.

[00157-06.04] [IN112] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Philip SULUMETI, Bispo de Kakamega (QUÊNIA)

Este é o momento de fazer uma honesta reflexão e perguntar, quais são os programas concretos que temos que implementar para tornar a mulher mais participativa, responsável, autêntica e activamente visível em nossa Igreja. Nós temos as coisas como presumidas e lentamente estamos perdendo este precioso grupo.
É da mulher que nós temos a imagem da Igreja como uma família de Deus. É aqui que os sacramentos estão vivos e activos, é aqui que vocações e carreiras estão no futuro próximo.
As mulheres no Quénia faz 80% de todo trabalho na agricultura e 90% de todo trabalho doméstico. Lembramos que a maioria delas fazem esse trabalho sem acesso a utensílios modernos, treinamento e utensílios essenciais e ainda seu trabalho raramente tem algum valor monetário. Isto é um sinal de um das maiores formas de estrutura de “pecado” esmagando nossa família africana.
As mulheres são capazes de fazer qualquer coisa positiva, se lhes é dado o direito de tentar. Lembramos que se você educa um homem você educa uma pessoa, se você educa uma mulher você educou uma família, mas se você educa mulheres você educa uma nação.
Meu pedido a esta assembleia especial de Bispos para a África é que à mulher seja dada formação de qualidade para a fortalecer nas suas responsabilidades e para lhe abrir todas as carreiras sociais desde a tradicional até a moderna sociedade que tende a excluí-la sem razão. Para fazer disso uma realidade, os homens são chamados a submeterem-se a uma mudança radical e a uma conversão fundamental.

[00158-06.03] [IN113] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Marcel MADILA BASANGUKA, Arcebispo de Kananga (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)

Todas as formas de violência perpetrada nestes últimos anos na África em particular na RD do Congo, influíram negativamente sobre a natureza, a existência e o funcionamento da família. Podemos dizer que a família está na mira daqueles que não querem a paz e a reconciliação na África.
Conforme o número 20 do Instrumentum Laboris, quais estratégias e quais programas poderá elaborar esta augusta Assembleia a favor da família em relação aos vários desafios enumerados durante esta assembleia? Sugiro 6:
- Formar e sensibilizar os cristãos eleitos que participam na elaboração de leis sobre a família a fim de que defendam a dignidade e a nobreza desta instituição. Os instrumentos jurídicos são fundamentais nos sistemas democráticos de hoje;
- Denunciar “as ditaduras e um certo colonialismo legislativo” do qual a África é muitas vezes vítimas no que se refere a família;
- Divulgar a carta de direitos da família e ter coragem de propô-la à comunidade política no quadro dos debates democráticos entre governantes e governados;
- Ajudar a África a não sofrer pressões de alguns organismos que impõem a ela sua visão da família em nome da ajuda fornecida;
- Favorecer a expansão de associações para a família ou criar novas a fim de consolidar a família, fazer resplandecer a dignidade e a nobreza do sacramento do matrimónio;
- Introduzir nos seminários e nos outros institutos de formação análises sociopastorais sobre o contexto a fim de descobrir, criticar e prevenir as ameaças e os riscos que pesam sobre a instituição familiar.

[00163-06.04] [IN116] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Youssef Ibrahim SARRAF, Bispo do Cairo dos Caldeus (EGITO)

As Igrejas Orientais e as Igrejas na África do Norte e também na Etiópia que viveram a primeira fase da Evangelização da África testemunham ainda hoje a vitalidade cristã que remete às suas raízes apostólicas, como por exemplo, no Egito e na Etiópia e até no século XVII, na Núbia. Temos que fazer um grande mea maxima culpa porque, por razões antropológicas e históricas, a Evangelização da África parou na Núbia, na Etiópia e na África do Norte. Estas Igrejas na África do Norte e Orientais têm também hoje uma função a desempenhar na Evangelização e na missão da Igreja e também a serviço da reconciliação, da justiça e da paz na África, como os estados políticos? Seria oportuno falar da presença e da função das Igrejas Orientais e daquelas da África do Norte para que se desenvolvam na comunhão eclesial e não sejam reduzidas somente a “Monumenta Archeologiae Christianae”.
A Igreja universal- Família de Deus deveria se interessar pela África e não somente as Igrejas que lá se encontram. Eis o porque do Sínodo dos Bispos da Igreja Universal. Me pergunto: quantos fora do continente africano leram a “Ecclesia in Africa”?
Fala-se muito de conflitos de civilizações, culturas e religiões. Por que não falar do encontro de civilizações, culturas e religiões para uma melhor compreensão e colaboração através do diálogo?

[00164-06.05] [IN117] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Gabriel MBILINGI, C.S.Sp., Arcebispo Coadjutor de Lubango, Presidente do "Inter-regional Meeting of Bishops of Southern Africa" (I.M.B.I.S.A.) (ANGOLA)

Propõe-se aprofundar e aplicar na prática a Doutrina Social da Igreja Católica relativa à vida empresarial e às instituições empenhadas na promoção da paz social, no desenvolvimento harmonioso, no bem-estar social e individual, com base nos princípios da Ética geral e da Ética económica e empresarial em particular, à luz do direito Canónico e da Legislação Civil.
O lema da a Associação Cristã de Gestores e Dirigentes (ACGD) é: "Virtude, Ética e Missão". Está a estender-se a todas as Dioceses de Angola e S. Tomé e Príncipe. A Associação representa um desafio lançado pela Igreja de Angola e S. Tomé ao seu laicado e um desafio que o laicado angolano e santomense lança às Dioceses e seus Pastores na obra da evangelização das nossas terras numa colaboração que se espera cada vez mais fecunda.Espera-se que, desta forma, os seus membros participem activa e responsavelmente da vida e da missão da Igreja local, prestando serviço à pessoa humana, à cultura, à economia e à politica, visando mudar, paulatinamente, as mentalidades, as instituições e estruturas sociais, as leis injustas e tudo o que ofende e oprime a dignidade da pessoa humana: a miséria, a exploração, o racismo, o tribalismo, os abusos dos poderosos, as desigualdades sociais, etc.
É neste contexto que se inscreve o empenho que, em nome do Evangelho, o fiel leigo deve prestar ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz. Esta missão do leigo no mundo exige dele uma boa preparação científica, doutrinal e espiritual. Para o efeito, os leigos da ACGD contam com assistentes eclesiásticos para o seu acompanhamento doutrinal e espiritual. Têm encontros de formação nos vários domínios da sua actividade profissional, realizam retiros espirituais e convívios fraternos, apoiados na sua fé e procurando viver a comunhão na diversidade.
Contamos com a ACGD como fermento para iniciativas de autonomia financeira das Dioceses e sobretudo para uma boa governação dentro e fora da Igreja nos nossos países, um dado que constitui um sonho para a nossa região da IMBISA e para todo o continente africano.
Esta categoria de fiéis leigos espera, certamente, da presente Assembleia sinodal uma palavra encorajadora especificamente dirigida a eles.

[00165-06.02] [IN118] [Texto original: português]

- S. E. R. Dom Robert Patrick ELLISON, C.S.Sp., Bispo de Banjul (GÂMBIA)

A Educação tem sido um grande componente da missão da Igreja para o povo da Gâmbia, cuja maioria é constituída por muçulmanos (90%). Isso conta para o positivo espírito de tolerância, entendimento e respeito que existe entre os muçulmanos e as comunidades cristãs hoje no país.
A Gâmbia não possui nenhum recurso natural ou mineral de significância. Talvez, por causa disso (e não a despeito disso) goza de um significante nível de paz e estabilidade que são importantes elementos para o aumento do desenvolvimento. Em geral, as pessoas por si mesmas são amantes da paz por natureza.
Quando o último Papa João Paulo II foi para uma visita pastoral à Gâmbia em 1992, o tema escolhido pela Igreja Católica para a visita papal foi: ‘Sejais o Sal da Terra; sejais a Luz do Mundo’. Como uma Igreja pequena, que é parte de uma ainda menor presença cristã em um país predominantemente muçulmano, o tema do presente sínodo é mais um desafio para nós nos tornarmos sinal e instrumento para levar a justiça, a paz e o mútuo respeito entre as várias tribos, grupos religiosos e sociais que constituem a sociedade da Gâmbia. Ainda existem muitas desigualdades.
Acreditamos que a educação a todos os níveis é um caminho com o qual podemos ajudar a realizar isto, sublinhando os valores religiosos e morais comuns do Islão e do Cristianismo - apesar dos vários obstáculos que nos confrontam.

[00166-06.03] [IN119] [Texto original: inglês]


- S. E. R. Dom Lucio Andrice MUANDULA, Bispo de Xai-Xai, Presidente da Conferência Episcopal (MOÇAMBIQUE)

Durante esta assembleia sinodal, por diversas ocasiões ouviu-se dizer que, não raras vezes, os fiéis leigos envolvidos activamente na vida política dos nossos países acabam por assumir comportamentos e atitudes nefastas em relação aos princípios fundamentais da fé e da moral cristãs. De facto, na sua vida quotidiana, os fiéis leigos vêm-se frequentemente divididos entre a fé cristã e a opção política, como se a vida cristã e a actividade política fossem duas realidades a prior incompatíveis.
Para obviar tal situação, esta assembleia sinodal deveria examinar atentamente as razões mais profundas desta dicotomia, para permitir que os fiéis possam no futuro viver serenamente a sua vocação cristã, sem terem necessariamente que abdicar da sua participação activa na política.
Na realidade, sem descurar que o desejo desordenado do poder e da grandeza muitas vezes ofuscam aquela luz da fé com que os fiéis leigos deveriam iluminar o mundo da política, acho que os cristãos católicos envolvidos na actividade política em África experimentam uma grande solidão e um certo abandono por parte da hierarquia das suas igrejas particulares. Não sendo suficientemente acompanhados e encorajados pelos seus pastores e devendo actuar num mundo tecido de intrigas e de ambições sem fim, acabam por perder-se, causando algumas vezes danos irreparáveis à própria Igreja de que são filhos. Apesar de alguns deles terem sido formados nas nossas universidades católicas e de serem cristãos de primeira fila nas missas dominicais das nossas catedrais, não raras vezes os vemos envolvidos na aprovação de leis contrárias à fé católica, como é o caso da liberalização do aborto. Infelizmente, vivem a sua fé cristã como algo desligado da vida quotidiana e da actividade social através da qual devem contribuir na construção do bem comum.

[00167-06.02] [IN120] [Texto original: português]

- S. E. R. Dom Gabriel 'Leke ABEGUNRIN, Bispo de Osogbo (NIGÉRIA)

A Igreja precisa de estar mais presente na corajosa proclamação da Verdade na África de hoje onde em muitos lugares a banalidade política e a negociação silenciosa não tem sido efectivas (cf. Papa Bento XVI, Caritas in veritate). A voz profética da igreja em favor dos pobres e oprimidos nunca deve ser comprometida ou sacrificada no altar de uma amizade irreligiosa ou ganho material.
Um dos grandes desafios que deveria ser afrontado neste sínodo é o destino de um considerável número de imigrantes Africanos presente em todos os países do Ocidente. Desde o início da crise económica, muitos desses países do ocidente estabeleceram leis e estruturas defensivas para sustentar suas economias. Infelizmente entre esses métodos, leis foram mudadas chegando muito perto de negar até mesmo os direitos humanos dos imigrantes, especialmente daqueles da África. Na Itália, especialmente, a imigração clandestina tornou-se ilícita e a assistência aos imigrantes de organizações caritativas voluntárias foi deliberadamente reduzida.
Na própria África, o mau governo consistente de corrupção, patronagem e desrespeito pelo papel da lei, da justiça e da reconciliação.
Na África, do Norte ao Sul, do Leste ao Oeste, nossos jovens são a maior força mas também as primeiras vítimas da violência étnica, do genocídio, dos bandidos armados, da criminalidade, do tráfico humano, da corrupção e do mau governo.
Em tudo isso, a voz profética da igreja deve ser ouvida sem ambiguidade.

[00168-06.05] [IN121] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Joseph Effiong EKUWEM, Bispo de Uyo (NIGÉRIA)

O Instrumentum laboris refere-se à feitiçaria no n. 32. Alguns podem ter um entendimento ou uma definição diferente de feitiçaria. A linha comum de entendimento através do continente é que a feitiçaria é uma força má capaz de infligir danos espirituais e físicos a uma pessoa. Como é de esperar, esta crença em poderes diabólicos é extremamente exagerada, e faz assim a feitiçaria tão poderosa como se fosse Deus. Nosso povo acredita fortemente na existência de um tipo de força do mal e nas suas obras maliciosas.
Sabemos que Deus existe. Ele é Todo-poderoso e criador de todas as coisas que existem - visíveis e invisíveis. Isso é o que acreditamos e professamos em nosso credo. Ele é todo-poderoso e o único Supremo Ser em três divinas pessoas. Existe Satanás, o príncipe das trevas. No Génesis, ele é chamado de serpente que ludibriou nossos primeiros pais (cf. Gn 3,13) levando-os a pecar contra Deus. O livro do Apocalipse o chama de antiga serpente, referindo-se ao evento do Génesis do pecado original. É chamado por outros nomes: o dragão vermelho, o demónio, satanás e o acusador de nossos irmãos (cf. Ap 12,9). Os anjos, isto é, os anjos caídos, que são fiéis a ele constituem seu exército (Ap 12, 7.9).
Longe de mera interpretação literal do texto e longe de uma exegese ou de uma aproximação mutilada de um escrito apocalíptico do tipo o livro do Apocalipse que citei, como toda Bíblia, Antigo e Novo Testamentos dão testemunho da existência do demónio.
A Igreja reconheceu isso e ofereceu cursos sobre “de Demonio”. Além disso, ela não somente providenciou o rito do exorcismo mas criou espaço para os exorcistas. Isso parece ter caído em desuso ao longo das últimas décadas.
Eu gostaria, portanto, de sugerir:
1. Que uma autêntica catequese profundamente bíblica e teológica seja provida e possivelmente oferecida como um curso em nossas faculdades teológicas. Uma versão mais simples pode ser também provida para o ensino dos fiéis.
2. Um novo rito baseado no antigo rito de exorcismo deve ser colocado para uso dos sacerdotes.
3. Cada ordinário, de acordo com o código das leis universais deve apontar um exorcista para sua igreja particular.
Nós devemos a nosso povo de acordo com nosso ofício de ensino, ensiná-los e salvá-los das garras das falsas crenças e das terríveis práticas ocultas como a feitiçaria.

[00169-06.02] [IN122] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Matthias SSEKAMANYA, Bispo de Lugazi, Presidente da Conferência Episcopal (UGANDA)

Temos razão em dar graças a Deus pelas positivas contribuições de nossos padres, religiosos e leigos fiéis, que testemunham a missão da Igreja em ser sal da terra e luz do mundo. Muitos deles servem como agentes de reconciliação, justiça e paz. Então, um bom número de igrejas fundaram escolas e hospitais que atraem muitas pessoas, mesmo não cristãos, por causa da qualidade dos serviços baseados na justiça, no amor e noespírito de reconciliação cristã. Em algumas dioceses existem leigos e leigas que dedicam suas vidas como animadores e líderes de fiéis em conselhos paroquiais ou associações organizadas de leigos.
Entretanto, apesar das contribuições positivas de muitos membros dedicados do clero, religiosos e leigos, que contribuem para o constante aumento de cristãos na Igreja em África, isto ainda não tem sido sempre acompanhado por uma profunda fé e espiritualidade entre muitos cristãos africanos.
Sobre a nota triste, esperanças de aumentada auto-confiança têm sido enfraquecidas por difundida pobreza e insuficiente treinamento de nossos fiéis como um resultado de sérios problemas económicos em muitos âmbitos da vida da Igreja. Então, a rápida urbanização é a experiência comum em muitas partes da África. Jovens desesperadamente enchem cidades e vilas à procura de algum tipo de trabalho para sobreviverem. Mas, ao mesmo tempo, a urbanização está levando grande parte do povo africano a perder o sentido da solidariedade e da colaboração natural na família. Isso traz um declínio nas práticas cristãs saudáveis. Dessa forma, a mentalidade individualista, a perda do sentido natural de pertença e perda dos anciãos, causam impacto sobre a juventude. Esse tipo de vida em isolamento leva muitos jovens à promiscuidade sexual, ao vício nas drogas e a violências de todos os tipos.
Há um sério apelo para os pastores na África usarem diferentes meios e recursos para proclamar a Palavra de Deus para que essa se torne para muitos sal da terra e luz do mundo, levando-os à prática da reconciliação, da justiça e da paz. Há necessidade a todos os níveis de uma séria formação na Doutrina Social da Igreja e da profunda implementação da inculturação em nossa catequese.

[00170-06.03] [IN123] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Peter William INGHAM, Bispo de Wollongong, Presidente da "Federation of Catholic Bishops' Conferences of Oceania" (F.C.B.C.O.) (AUSTRÁLIA)

Muitas dioceses na Austrália e na Nova Zelândia possuem um Fundo para o Desenvolvimento Católico (CDF).
Isso gera substanciais fundos de empréstimo para financiar e manter construções da Igreja, onde os fundos da Igreja se acumulam e se tornam fontes de empréstimos para construções eclesiásticas e para o trabalho apostólico.
Os CDF estão conectados com um banco maior, então os depósitos e levantamentos podem ser feitos em suas filiais. Cada CDF em uma diocese tem que encontrar requisitos de solvência anualmente para uma empresa estabelecida pela Conferência dos Bispos Católicos Australianos.
A diocese encoraja o leigo a investir no CDF em vez de somente com instituições comerciais lucrativas como um compromisso pessoal para ajudar trabalhos caritativos, religiosos e educacionais da Igreja Católica.
O CDF está sob um grupo de pessoas competentes no ramo financeiro que escrutinam os investimentos do Fundo e aprovam os empréstimos. O Conselho Financeiro Diocesano trabalha em conjunto com o CDF para assegurar que nenhuma paróquia ou organização eclesial realize um débito e não possa pagar.
O modesto lucro do CDF permite aos bispos pagarem justos salários aO seu pessoal de escritório e permite o trabalho pastoral da diocese.
Uma Companhia de Seguros Eclesial nacional chamada “Catholic Church Insurances” foi estabelecida há 98 anos na Austrália. As Dioceses e Ordens Religiosas são os accionistas nesta empresa cooperativa que oferece protecção a todos, mas especialmente às dioceses mais pobres nas mais remotas áreas que não podem pagar taxas de seguro comerciais.
Trago essas práticas empresas para sua atenção para dar algum encorajamento. Maiores informações podem ser providenciadas.

[00171-06.03] [IN124] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Denis KIWANUKA LOTE, Arcebispo de Tororo (UGANDA)

Nos últimos dois anos, diferentes partes de Uganda experimentaram severas inundações seguidas de severas secas. Ambos fenómenos resultaram em uma falência das safras. Estamos dizendo que essas extensas inundações e secas são resultado de uma injustificada derrubada de árvores sem o replantio.
Em outro lugar do mundo estamos dizendo que a mudança climática é causada por excesso de pastagens, imprópria eliminação de lixo e por resíduos industriais. O resultado de toda essa desertificação é a seca de fontes de água e a contaminação da água e doenças.
Este triste estado dos casos foi já previsto há dois séculos atrás por um fenomenologista. Ele alertou que se você mexe com a natureza, a natureza se obriga a bater de volta. Aparentemente o povo ignorou o alerta, portanto a contínua destruição de ecosistemas que experimentamos hoje. As leis naturais não podem ser ignoradas, da mesma forma que alguém ignora as instruções contidas num manual de um fabricante se alguém deseja que sua máquina funcione bem. O mundo físico tem leis que devem ser respeitadas.
Ambos os profetas da devastação e da esperança têm extensivamente escrito sobre a deteriorada condição desta terra como lar do homem, e muitos deles têm feito sugestões sobre como reverter a situação. A protecção do meio ambiente se tornou um tema global merecendo atenção de todos. Tal como a pandemia de HIV/SIDA não infecta somente algumas pessoas, mas afeta a todos, também o aquecimento global infecta e afeta a todos. Por essa razão a Igreja na África deveria, através desse Sínodo seriamente dirigir o tema das mudanças climáticas como uma obrigação moral para todos. Este Sínodo deveria encontrar maneiras de reconciliação entre a terra como uma vítima e o homem como o ofensor.

[00172-06.05] [IN125] [Texto original: inglês]

- Rev. Pe. Aquiléo FIORENTINI, I.M.C., Superior-Geral do Instituto da Missóes da Consolata (UNIÃO DOS SUPERIORES GERAIS)

O ministério da reconciliação engloba a dimensão horizontal e vertical, com os outros e com Deus. Requer uma verdadeira escola para reaprender a perdoar e a se reconciliar, que prevê um método e conteúdos.
Uma contribuição significativa que as Igrejas de 14 países do Continente americano podem oferecer à Igreja na África como metodologia para obter perdão e reconciliação é a experiência das ES.PE.RE (Escolas de Perdão e Reconciliação). Estas são escolas formadas por grupos de 15 a 20 pessoas que decidem viver uma forte experiência de cura da memória não grata (raiva, rancor, ódio, vingança), e que desejam se abrir ao perdão e à reconciliação como caminho obrigatório rumo à reconstrução pessoal, familiar e social, e ao restabelecimento da paz no próprio bairro, na cidade e no país.
As ESPERE utilizam uma metodologia variada: a lúdica, o sociodrama, exercícios de reformulação e hermenêutica, espaços de escuta, troca de funções e outros; trabalha sobre cinco dimensões do ser humano: cognitiva, emocional, comportamental/atitudes, comunicativa e transcendente; possui a sua coluna vertebral no trabalho dos pequenos grupos, onde os participantes reelaboram raiva, ódio e desejos de vingança; promove e ajuda cada participante para que se transforme em animadores/multiplicadores; pode ser utilizada pelas crianças, jovens e adultos; é uma proposta ecuménica.
É uma proposta pedagógica realizada em 10 passos, cada um de cerca de 8 horas. Cada passo segue com uma sequência parecida. Os primeiros 5 passos são dedicados ao perdão. Os outros 5 se referem à reconciliação e tocam conceitos fundamentais como: verdade, justiça e pacto.
Com esta proposta se busca levar o perdão aos cenários da vida cotidiana, para influir também na vida pública e política das cidades. O paradigma do perdão e da reconciliação é possível somente para quem se situa num novo espaço cósmico, histórico, espiritual, cultural e psicológico: a perspectiva de uma nova criação (cf. 2Cor 5, 17-18).

[00173-06.04] [IN127] [Texto original: italiano]

- S. Em. R. Card. Théodore-Adrien SARR, Arcebispo de Dakar, Primeiro Vice-Presidente do Simpósio das Conferências Episcopales da África e Madagascar (S.C.E.A.M.) (SENEGAL)

Um dos tristes fenómenos que alimenta a imagem negativa da África através dos meios de comunicação é a migração clandestina de milhares de africanos para a Europa ocidental, em particular a perda de vidas humanas que se verifica periodicamente entre as areias do Saara, nas águas do Oceano Atlântico e do Mediterrâneo, que a mídia nunca deixa de informar. Gostaria de ressaltar o carácter revelador do fenómeno da migração clandestina. A aventura tão arriscada dos migrantes clandestinos é um verdadeiro grito de desespero, que proclama a gravidade das suas frustrações e o ardor do seu desejo de maior bem-estar, diante do mundo.
Percebemos este clamor de desconforto e o deixamos penetrar no nosso coração a ponto de procurar entender o seu sentido e alcance? Deixamo-nos interpelar por estes dramas até buscar as causas do fenómeno. Limito-me a citar algumas, indicadas nos números 12 e 25-28 do Instrumentum laboris: são os factores que impedem a realização de um desenvolvimento económico que reduza progressivamente a pobreza nos países no Sul do Saara. Assinalamos o saque denunciado com frequência dos recursos naturais da África. Outra chaga denunciada frequentemente é a corrupção dos dirigentes africanos que concedem, através de comissões secretas, vantagens e lucros despropositados às multinacionais, em detrimento do próprio país. Como não mencionar todos os conflitos internos, fomentados ou alimentados pelos comerciantes de armas para os seus negócios, que lançam tantos homens, mulheres, crianças e jovens nas estradas do exílio? Na minha opinião, eis algumas das tristes realidades que devem suscitar as nossas consciências toda vez que os meios de comunicação nos narrar o drama da migração clandestina. Acrescentemos o conhecimento das causas desta migração a fim de nos empenhar
mais na luta para pôr fim a estes dramas. De facto, sabemos que não são as barreiras da polícia, por quanto possam ser intransponíveis, a deter a migração clandestina, mas a redução efectiva da pobreza através da promoção de um desenvolvimento económico e social que se estenda às massas populares do nosso país. Eis porque, no CERAO, nutrimos a ambição de suscitar em nós mesmos e junto dos africanos subsaarianos, um incitamento ou um renascimento do homem negro , radicado no encontro com Cristo e na comunhão com Ele. «Levanta-te, toma o teu leito, e anda» (Jo 5, 8), disse Cristo ao paralítico na piscina de Betesda. Que todos nós podemos encontrá-lo, de modo a ouvi-lo dizer também a nós «Levanta-te, toma o teu leito, e anda», «Levanta-te, toma o teu destino, e anda»! Esta segunda Assembleia Especial é um tempo de graça que o Senhor nos oferece para que nos empenhemos a procurá-lo para o encontrar, para nos fazer curar por Ele, para nos fazer reconciliar com Deus, connosco mesmos e com os outros por meio d’Ele, para alcançar por Ele o amor e a força para nos dedicar à promoção da justiça e do desenvolvimento dos povos, a fim de construir a paz no nosso país. Colhamos este tempo de graça para lançar apelos pela reconciliação, pela promoção da justiça e do desenvolvimento para construir a paz:
- apelos aos governantes dos nossos países, a fim de que se levantem e tomem nas mãos o destino do seu povo, até esquecer os próprios interesses pessoais e resistindo às pressões externas;- apelos a todas as forças externas que sobrecarregam negativamente sobre o destino da África negra: que aqueles que tomam as decisões reconheçam sinceramente os males causados à África e se empenhem a actuar pelo seu desenvolvimento autêntico, para reparar e para lhe fazer justiça.
Eis um modo para contribuir para a luta contra a migração clandestina e a fuga dos intelectuais.[00180-06.03] [IN129] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Valerian OKEKE, Arcebispo de Onitsha (NIGÉRIA)

A imagem da Igreja como Família de Deus baseia-se na paternidade de Deus, e isto destaca os valores da solidariedade da família africana, da compartilha, do respeito pelo próximo, da hospitalidade, da fraternidade, etc.(Instrumentum Laboris, n. 88). É necessário que esta Família de Deus, à qual todos nós pertencemos em Cristo, seja enfatizada, especialmente na África, onde os laços familiares excluem as guerras, a injustiça e todas as coisas contrárias à reconciliação e à paz. Atribuindo à família africana a sua devida importância para servir à reconciliação, à justiça e à paz, recomendamos:
‒ que seja dedicada mais atenção à preparação dos casais para o matrimónio, instruindo-os para enfrentar os desafios, os deveres e as obrigações da vida familiar, assim como a sua importância para do bem-estar da Igreja e da sociedade;
‒ que se realize continuamente a catequese familiar, nivelada de acordo com as necessidades do compromisso catequético de cada igreja local;
‒ que os organismos diocesanos especiais se concentrem nas necessidades das famílias no contexto social. Estes organismos devem manter um diálogo constante com as autoridades civis, para se assegurar e que as exigências fundamentais das famílias não sejam esquecidas;
- dedicar mais atenção às dificuldades dos casais sem filhos na África. Eles devem ser encorajados a interpretar a sua condição como uma ocasião de graça. Quando a adopção é uma
opção, devem ser empreendidos esforços para assegurar que esta não se transforme na comercialização ou noutras práticas que lesem a dignidade humana;
- a criação de ocasiões especiais na vida da Igreja local que atraiam a atenção para a importância fundamental da família;
- a formação especial e permanente dos pastores e dos outros agentes de evangelização sobre as necessidades das famílias, especialmente na África.
A fim de favorecer a reconciliação, a justiça e a paz na África e no mundo, é imperativo confluir os esforços para formar os membros da família de Deus desde o início e a partir do seu ambiente mais natural. A família é a célula mais elementar da sociedade; é dela que se deve iniciar este esforço.

[00181-06.06] [INI30] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Anthony John Valentine OBINNA, Arcebispo de Owerri (NIGÉRIA)

Co-filiação é a nossa participação na progénie de Jesus que nos torna filhos e filhas de Deus e capazes de acolher os outros como filhos e filhas de Deus. A co-filiação é particularmente importante para novamente dignidade, reconciliar e curar a nós, africanos, pessoal, cultural, política e economicamente. Isto exige que, ao reconciliar os africanos e actuar a justiça, sejam continuamente respeitadas e salvaguardadas a sacralidade e a dignidade de todas as pessoas inclusive no meio do sofrimento e da amargura. Por isso, a longo prazo, reconciliação é recta filiação, um ajustamento das nossas relações tanto com Deus como entre uns e outros.
Com a alegria que experimento em Cristo, como filho de Deus reinvestido da dignidade e filho da África, cada dia recolho o desafio de trabalhar no e com o espírito de co-filiação para dar novamente dignidade aos meus irmãos africanos, reconciliar pessoas e resolver problemas. Entre os Igbo, etnia à qual pertenço, trabalhei com outros filhos e filhas de Deus para eliminar a idolátrica discriminação de Diala e Osu (nascidos livres e nascidos escravos) que proíbe também aos católicos de contrair matrimónio entre si. A oposição a esta situação continua. Não obstante, como resultado deste trabalho de co-filiação, está a celebrar-se um maior número de matrimónios, eliminando esta detestável divisão.
O espírito de co-filiação é posto em prática para dar dignidade a outras áreas da cultura africana e para resolver conflitos familiares e sociais. A Igreja-Família de Deus deveria adoptá-lo como dinâmica constitutiva da família.

[00182-06.03] [IN131] [Texto original: inglês]

- S. Em. R. Card. Giovanni Battista RE, Prefeito da Congregação para os Bispos (CIDADE DO VATICANO)

Para o serviço à reconciliação, à justiça e à paz, gostaria de realçar a importância de apostar na educação à reconciliação, prestando atenção especial à dimensão pessoal.
Com efeito, a reconciliação começa dentro do coração: falo do coração no sentido bíblico, que é o núcleo mais íntimo da pessoa humana na sua relação com o bem, com os outros e com Deus.
Anular totalmente os conflitos e as tensões entre as nações, as raças, as tribos, as classes sociais vai além das possibilidades actuais da Igreja.
A tarefa da Igreja, e em particular dos Bispos, é educar as consciências, recordar aos homens que são irmãos, pregar o Evangelho da justiça e do perdão, ensinar -lhes a superar o espírito de vingança e amar-se reciprocamente.
A tarefa da Igreja é educar a saber perdoar: não existe justiça verdadeira sem perdão. O perdão não oculta as injustiças mas eleva a um nível superior que cura as feridas e restabelece as relações humanas.
Portanto, gostaria de exortar todos a ter mais confiança na educação à reconciliação e ao perdão. Certamente é um empenho difícil, porque restabelecer a harmonia entre o ofendido e o ofensor inclui uma grande complexidade: é preciso criar um novo coração. É difícil, mas não impossível, porque através da acção pastoral se implanta nos corações a obra da graça.
Para esta finalidade, devemos oferecer uma visão cristã das relações humanas. Só reconhecendo Deus como Pai de todos, podemos reconhecer os outros como irmãos, porque somos filhos do mesmo Pai, embora pertencendo a tribos e raças diversas.
Para actuar uma vasta obra de educação que alcance as mentes e os corações, a Igreja na África pode contar com as inúmeras Escolas católicas, entre as quais também algumas Universidades, que podem incidir sobre a cultura local, favorecendo a reconciliação, a justiça e a paz. A Igreja pode contar também com muitas iniciativas louváveis e programas educativos promovidos pelas Comunidades de Vida Consagrada. É importante também o papel desempenhado pelos numerosos ótimos catequistas.
Contudo, parece-me que nós, Bispos, devemos fazer todos os esforços para envolver nesta obra de educação e de formação das consciências, em primeiro lugar os sacerdotes, que devem sentir como missão própria o anúncio da reconciliação.
A Igreja caminha com os pés dos sacerdotes, que são «os pés do mensageiro que anuncia a paz» (cf. Is 52, 7). Todos os Bispos devem ter a peito particularmente a formação dos futuros sacerdotes e depois a formação permanente dos próprios sacerdotes, que deve ser relacionada inclusive com o aprofundamento da doutrina social da Igreja sobre a justiça e a paz.

[00183-06.03] [IN132] [Texto original: italiano]

- Rev. Mons. Obiora Francis IKE, Diretor do "Catholic Institute for Development, Justice and Peace" (CIDJAP), Enugu, Nigeria (NIGÉRIA)

A Igreja na África deve ser eco da mensagem do Papa Bento XVI, que exorta todas as nações e povos a trabalhar por uma nova ordem mundial no âmbito económico, que inclua e não exclua a África. Se os pobres forem excluídos da economia mundial, com o passar do tempo também os ricos tornar-se-ão pobres. Devemos pregar que chegou o fim da economia que visa o lucro para si mesma, da economia de mercado que não entende a liberdade como uma responsabilidade, de uma economia que não vê a família humana como o seu fundamento. Portanto, convido a Igreja na África a realizar uma profunda análise para se empenhar em actividades de micro-economia que favoreçam os pobres e os ajudem a aceder a meios para se sustentar e para progredir. Também as nações são chamadas a empenharem-se em investimentos consistentes para o desenvolvimento de infra-estruturas na África, comparados ao plano Marshall na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial. A contínua exclusão das economias africanas das transações de câmbio representa uma marginalização. A inclusão no mundo da economia, não a exclusão, representa para todas as nações uma nova oportunidade para despertar do momento negativo.
Por causa da pobreza, muitos jovens e profissionais do continente que lutam pela sobrevivência desvirtuam-se. Alguns deles são inocentes, e todavia tornam-se vítimas da corrupção nos processos judiciários do sistema de justiça penal das nossas nações. Ao mesmo tempo, os verdadeiros ladrões da riqueza do país ficam impunes e continuam a roubar de acordo com conspirações locais e internacionais. A Igreja deve levar a luz de Cristo ao mundo das prisões, para ser luz e sal combatendo e comprometendo-se a favor dos direitos e da liberdade dos detentos, pedindo a sua libertação e um tratamento justo; deve enviar capelães para assistir as necessidades espirituais dos prisioneiros, onde quer que eles se encontrem, e insistir a nível internacional, a fim de que os detentos na África sejam tratados com dignidade e no respeito pelos direitos humanos, como exigem os padrões das Nações Unidas. O fim da pena de morte em todos os nossos estatutos dever tornar-se um desafio evangélico.

[00184-06.03] [IN133] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Séraphin François ROUAMBA, Arcebispo de Koupéla, Presidente da Conferência Episcopal (BURKINA FASO)

Durante o período crítico que o nosso País atravessou, a Igreja local acompanhou, com os membros de outras confissões religiosas, o processo de actuação de uma democracia pluralista. Contribuiu à reconciliação dos corações presidindo estruturas ad hoc ou participando delas. Deve ainda ser sublinhado o compromisso das duas conferências episcopais da Costa do Marfim e de Burquina Faso que promoveram um encontro em Abidjã para manifestar a sua unidade e a profunda aspiração dos seus povos à paz, à justiça e à reconciliação. Foram lançadas as bases para futuras acções concordadas.
Propostas a favor de acção eficaz da Igreja-Família em prol da causa da paz:
- pastores que sejam construtores de paz e amem profundamente o seu povo;- uma doutrina social da Igreja mais conhecida e difusa a nível de toda a Igreja-Família;
-fazer compreender que a construção da paz é um tema que diz respeito a todos e ensinar a cada um como realizar gestos de paz na vida cotidiana;
- o respeito pelas minorias e pelos pequenos. Assim, a Igreja será instrumento eficaz nas mãos do Senhor.

[00185-06.04] [IN134] [Texto original: francês]

AUDITIO AUDITORUM (III)

Depois, intervieram os seguintes Ouvintes:

- Prof. Edem KODJO, Secretario-geral emérito da Organização da Unidade Africana (O.U.A.); ex Primeiro Ministro, Professor de Patrologia no Institudo St. Paul de Lomé (TOGO)
- Sra. Geneviève Amalia Mathilde SANZE, Responsável da Obra de Maria (Movimento dos Focolares), Abidjan (COSTA DO MARFIM)
- Rev.da Irmã. Jacqueline MANYI ATABONG, Assistente da Superiora Geral das Irmãs ei Santa Teresa do Menino Jesus da Diocese de Buea; Coordenadora da International Catholic Commission for Prison Pastoral Care (ICCPPC) na Africa, Douala (CAMARÕES)
- Dr. Pierre TITI NWEL, Coordenador emérito do Serviço nacional Justiça e Paz da Conferência Episcopal de Camarões (C.E.N.C.), Yaoundé (CAMARÕES)

Damos aqui a seguir os resumos das intervenções dos Ouvintes:

- Prof. Edem KODJO, Secretario-geral emérito da Organização da Unidade Africana (O.U.A.); ex Primeiro Ministro, Professor de Patrologia no Institudo St. Paul de Lomé (TOGO)

1- A Igreja na África progride, mas o continente não muito. As várias injustiças conduzem a conflitos graves.
2- A África precisa de reconciliação e de paz
3- Por que os africanos não se reconciliam e como fazê-lo? Objectivo da reconciliação.
4 - Reconciliação, justiça e perdão
5 - Função dos leigos cristãos a “serem sal da terra e luz do mundo”
Preâmbulos: tomar consciência e formação
6 - Formação cristã
7 - Proposições

[00178-06.04] [UD014] [Texto original: francês]

- Sra. Geneviève Amalia Mathilde SANZE, Responsável da Obra de Maria (Movimento dos Focolares), Abidjan (COSTA DO MARFIM)

O Movimento dos Focolares está presente na África sub-sahariana desde 1963. A partir daí, a sua presença alargou-se a todos os países africanos, mesmo se ali se realizou de maneira diferente. Hoje em dia mais de 170 000 pessoas procuram viver a sua espiritualidade.Como é que contribui para a reconciliação, a justiça e a paz em África? Sendo a sua espiritualidade a comunhão, os membros querem testemunhar Cristo através da prática do Evangelho. O Movimento trabalha também na formação de «homens novos» que, renovados no Evangelho sob todos os aspectos da sua vida, são capazes de transformar a sociedade.
Para citar apenas um exemplo, podemos falar da ‘Nova Evangelização que se faz em Fontem, junto de uma população dos Camarões. Em 2000, Chiara Lubich, forte da experiência fraterna vivida por todos em conjunto, propõe à população: «... é como uma semente pela qual nós nos comprometemos a estarmos sempre em paz entre nós e a refazer a paz, no caso dela ser ameaçada... Todos vocês são livres de seguir a fé dos vossos pais, se vocês a sentem na vossa consciência, mas vocês não podem ser livres de não amar». A população aderiu a esta proposição com entusiasmo. Depois, com o rei, foi elaborado um programa concreto e começaram encontros regulares em 10 aldeias. Os frutos são numerosos: pedido de perdão e de reconciliação entre familiares e vizinhos, respeito dos valores morais, regresso aos sacramentos, experiência da paz interior que dá e que cria a família, quer em casa quer na comunidade local, etc. Hoje em dia, 16 chefes tradicionais e os seus povos participam da ‘Nova Evangelização’ que vai crescendo de ano em ano. Os reis (Fon), afirmaram várias vezes já não ter instâncias de reconciliação, porque os problemas são resolvidos na caridade fraterna.
Em 1992, em Nairobi (Quénia), Chiara Lubich funda uma escola de Inculturação, cujo objectivo é aprofundar o enraizamento do Evangelho nas culturas africanas à luz do carisma da unidade. Cada seminário é sobre um tema específico que é abordado segundo as tradições africanas, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja, mesmo se segundo o carisma da unidade. É uma experiência de grande interesse, de descobrir e exprimir os valores e os limites das nossas próprias culturas. Um âmbito, para dizer a verdade, novo, mesmo para nós Africanos. Trata-se de um verdadeiro dom recíproco que nos faz crescer no amor e na vida, que nos dá uma nova consciência das nossas próprias raízes e que nos abre a novos horizontes, dando-nos a possibilidade de nos apercebermos do património comum. Ajuda-nos também a fazer ouvir a voz da África ao resto do mundo, numa relação de dignidade recíproca em vista da fraternidade universal e para um desenvolvimento harmonioso da vida sócio-cultural e eclesial.

[00162-06.03] [UD010] [Texto original: francês]

- Rev.da Irmã. Jacqueline MANYI ATABONG, Assistente da Superiora Geral das Irmãs ei Santa Teresa do Menino Jesus da Diocese de Buea; Coordenadora da International Catholic Commission for Prison Pastoral Care (ICCPPC) na Africa, Douala (CAMARÕES)

O nosso mundo está se tornando cada vez mais temeroso, por causa do aumento do índice de criminalidade. O sistema de justiça punitiva praticado hoje não conseguiu reduzir a criminalidade. Os ofensores não parecem ameaçados suficientemente com a prisão, a reincidência está aumentando, as vítimas permanecem na dor, os ofensores na servidão e a sociedade no medo.
Precisamos questionar e revisar nossos métodos! Em nossa era os velhos métodos de atenção ao crime e ofensores como igreja ainda são efectivos ou precisamos de novas estratégias? Sabemos que muitas de nossas prisões são calabouços e estão superlotadas com pessoas pobres e desprovidos. Elas são estruturalmente inadequadas e trazem práticas que são desumanas, violentas, supressivas e podem algumas vezes causar a morte. O direito dos prisioneiros não é respeitado e a reinserção dos ex-prisioneiros é um suplício. Sabemos que em muitas dioceses o apostolado carcerário ainda não existe, pobremente organizado, com pequeno ou não treinado pessoal e tem mínimo ou nenhum apoio das autoridades da Igreja ou do Estado.Para a Igreja melhor cumprir seu ministério de reconciliação, ela precisa ser mais do que nunca uma comunidade reconciliada, um lugar onde a reconciliação não é somente proclamada mas também verdadeiramente vivida. Ela precisaria tomar cada oportunidade de ter certeza que o apostolado para aqueles afetados pelo crime não é negligenciado. Cristo condena qualquer lei ou prática que não salva a vida. Muitas de nossas instituições prisionais não promovem a vida. Se nós, como Igreja, podemos fazer algo sobre isso mas falhamos em fazer, então devemos responder a nosso Senhor.
Quais alternativas então nós temos? Precisamos de uma melhor organização da capelania prisional nos âmbitos nacional, diocesano e paroquial com o envolvimento de pequenas comunidades cristãs, pessoal propriamente treinado e uma equipe que ofereça cuidado holístico.
Justiça restauradora! Justiça restauradora é um processo no qual todos os afetados por um incidente de fatos errados vêm juntos para lidar com as consequências. Eles partilham seus sentimentos, responde, falam, tomam responsabilidades e conhecem as dores, feridas e necessidades de uma pessoa que foi ferida, uma pessoa que causou um ferimento, e a comunidade afetada pela ferida de forma que a comunidade possa encontrar a cura.

[00175-06.05] [UD011] [Texto original: inglês]

- Dr. Pierre TITI NWEL, Coordenador emérito do Serviço nacional Justiça e Paz da Conferência Episcopal de Camarões (C.E.N.C.), Yaoundé (CAMARÕES)

No mundo actual, os dirigentes que se preocupam com o bem-estar dos seus compatriotas e com a honra dos seus países, são os que são livremente eleitos e regularmente controlados nas suas acções, pelo povo. Na maioria dos nossos países, o acesso das pessoas ao poder foge ao controle do povo. Desta forma, os dirigentes fazem o que eles querem e como querem. É por isso que nós sofremos tanto. A minha convicção, que queria aqui partilhar convosco é que, antes ou ao mesmo tempo que a Igreja tenta converter os corações dos dirigentes, ela deve assumir esta simples verdade, que todos os cidadãos de um país têm o direito e o dever de escolher livremente os seus dirigentes e de os demitir quando é o momento oportuno. Esta verdade, nós conhecemo-la de forma intelectual, mas devemo-nos também organizar para a realizar concretamente, lutando, junto com a sociedade civil e com as forças políticas, contra a confisca do poder por parte de leis iníquas.
Nestes últimos anos, a Igreja empenhou-se aqui e acolá na observação das eleições. Ela deve agora ir mais longe, abrindo os olhos dos seus fiéis e dos homens e das mulheres de boa vontade sobre as realidades políticas e o seu impacto na vida de todos e de cada um. É a tarefa de acompanhamento do povo no caminho da democracia que Ecclesia in Africa confiou à Igreja. Assim fazendo, que os eclesiásticos não tenham má consciência: eles são, na sua maioria, cidadãos dos países nos quais trabalham e eles educam o povo à cidadania.

[00176-06.04] [UD012] [Texto original: francês]

ROSÁRIO COM OS UNIVERSITÁRIOS (SÁBADO, 10 DE OUTUBRO DE 2009)

Uma “Segunda visita virtual à África”. Foi o que disse o Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos para a África, Dom Nikola Eterovic, no encerramento da Quinta Congregação Geral, definindo assim o encontro de hoje, 10 de outubro, na Sala Paulo VI, no Vaticano. O Santo Padre Bento XVI presidirá o Terço intitulado “Com a África e para a África”. Estarão presentes no encontro os Padres Sinodais e os estudantes das universidades pontifícias de Roma, conectados via satélite com os jovens universitários de 9 capitais africanas: Cairo (Egipo), Nairóbi (Quênia), Cartum (Sudão), Antananarivo (Madagáscar), Joanesburgo (África do Sul), Onitsha (Nigéria), Kinshasa (República Democrática do Congo), Maputo (Moçambique), Uagadugu (Burquina Faso).
O encontro é promovido pela Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos e pelo Departamento de Pastoral Universitária do Vicariato de Roma, por ocasião da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos. A vigília iniciará às 17h e às 18h o Santo Padre entrará na Aula para presidir o Terço. A animação está a cargo da Orquestra Nacional dos Conservatórios de Música e dos Coros dos Conservatórios e das Universidades Italianas. No final da vigília, “Peregrinação da Cruz”.

[00113-06.04] [RE000] [Texto original: italiano]

CAPELA PAPAL (DOMINGO, 11 DE OUTUBRO DE 2009)

Amanhã, 11 de Outubro de 2009, XXVIII Domingo do Tempo “per annum”, às 10h, o Santo Padre Bento XVI presidirá a Solene Concelebração Eucarística no adro da Basílica Vaticana e procederá à Canonização dos Bem-aventurados: Zygmunt Szsczęsny Feliński, Bispo, fundador da Congregação das Irmãs Franciscanas da Família de Maria; Francisco Coll y Guitart, sacerdote da Ordem dos Padres Pregadores (Dominicanos), fundador da Congregação das Irmãs Dominicanas da Anunciação da Bem-aventurada Virgem Maria; Jozef Damiaan de Veuster, Sacerdote da Congregação dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria e da Adoração Perpétua do Santíssimo Sacramento do Altar; Rafael Arnáiz Barón, religioso da Ordem Cisterciense da Estrita Observância; Marie de la Croix (Jeanne) Jugan, virgem, fundadora da Congregação das Pequenas Irmãs dos Pobres. Concelebrarão 7 cardeais, 9 arcebispos, 14 bispos e 20 sacerdotes.

[00187-06.05] [00000] [Texto original: italiano]

AVISOS

- COLETIVAS DE IMPRENSA
- “BRIEFING”
- “POOL”
- BOLETIM SYNODUS EPISCOPORUM
- COBERTURA DE TV AO VIVO
- NOTICIÁRIO TELEFÓNICO
- HORÁRIO DE ABERTURA DA SALA DE IMPRENSA DA SANTA SÉ

COLETIVAS DE IMPRENSA

A segunda Coletiva de Imprensa sobre os trabalhos sinodais (com a tradução simultânea em italiano, inglês, francês e português) realizar-se-à quarta-feira 14 de outubro 2009 (após a Relatio post disceptationem), por volta das 12h45, na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé.
Os nomes dos participantes serão comunicados quando for possível.

Os fotógrafos e operadores audiovisuais (cinegrafistas e técnicos) para obter a autorização de acesso devem dirigir-se ao Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.

As sucessivas Coletivas de Imprensa serão realizadas:
- Sexta-feira, 23 de outubro 2009 (após o Nuntius)
- Sábado, 24 de outubro 2009 (após o Elenchus finalis propositionum)

“BRIEFING”

O sexto “Briefing” para os grupos linguísticos será realizado (nos lugares e com os Assessores de Imprensa indicados no Boletim N. 2) amanhã, segunda-feira 12 de Outubro de 2009, por volta das 13h10.

Recorda-se que os fotógrafos e operadores audiovisuais (cinegrafistas e técnicos) para obter a autorização de acesso (muito limitado) devem dirigir-se ao Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.

Os próximos “Briefing” terão lugar, geralmente às 13h10:
- Terça-feira 13 de Outubro de 2009
- Quinta-feira 15 de Outubro de 2009
- Sábado 17 de Outubro de 2009
- Terça-feira 20 de Outubro de 2009

“POOL”

São previstos “Pools” de jornalistas credenciados para entrar na Sala do Sínodo, possivelmente, para a oração de abertura das Congregações Gerais no início da manhã, nos seguintes dias:
- Segunda-feira 12 de Outubro de 2009
- Terça-feira 13 de Outubro de 2009
- Quinta-feira 15 de Outubro de 2009
- Sábado 17 de Outubro de 2009
- Terça-feira 20 de Outubro de 2009
- Sexta-feira 23 de Outubro de 2009
- Sábado 24 de Outubro de 2009

No Escritório de Informação e Credenciamento da Sala de Imprensa da Santa Sé (na entrada, à direita) serão colocadas à disposição dos jornalistas listas de inscrição aos “Pools”.

Para os “Pools” os fotógrafos e os operadores TV devem dirigir-se ao Pontifício Conselho das Comunicações Sociais.

Os participantes nos “Pools” devem estar às 08h30 no Setor Imprensa, montado diante da entrada da Sala Paulo VI, de onde serão acompanhados por um membro da Sala de Imprensa da Santa Sé (para os jornalistas) e por um membro do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais (para os fotógrafos e operadores TV). É solicitado um traje apropriado à circunstância.

BOLETIM SYNODUS EPISCOPORUM

O próximo Boletim, com a homilia do Santo Padre Bento XVI pronunciada durante a Santa Missa de Canonização de domingo, 10 de outubro de 2009, será publicado na abertura da Sala de Impernsa da Santa Sé.

COBERTURA DE TV AO VIVO

Serão transmitidas, ao vivo, através de monitores na Sala das Telecomunicações, na Sala dos jornalistas na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé:
- Sábado 10 de Outubro de 2009 (17h): Oração do Terço com os Universitários dos Ateneus Romanos (Sala Paulo VI)
- Domingo 11 de Outubro de 2009 (10h): Solene Concelebração Eucarística com Canonização dos Bem-aventurados Zygmunt Szsczęsny Feliński, Francisco Coll y Guitart, Jozef Damiaan de Veuster, Rafael Arnáiz Barón e Marie de la Croix (Jeanne) Jugan (Praça São Pedro)
- Terça-feira 13 de Outubro de 2009 (16h30): Parte da Congregação Geral durante a qual será apresentada a Relatio post disceptationem
- Domingo 25 de Outubro de 2009 (09h30): Solene Concelebração da Santa Missa de encerramento do Sínodo (Basílica de São Pedro)

Eventuais variações serão publicadas quando for possível

NOTICIÁRIO TELEFÓNICO

Durante o período sinodal estará em função um noticiário telefónico:
- +39-06-698.19 com o Boletim ordinário da Sala de Imprensa da Santa Sé;
- +39-06-698.84051 com o Boletim do Sínodo dos Bispos, parte da manhã;
- +39-06-698.84877com o Boletim do Sínodo dos Bispos, parte da tarde.

HORÁRIO DE ABERTURA DA SALA DE IMPRENSA DA SANTA SÉ

A Sala de Imprensa da Santa Sé, por ocasião da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos permanecerá aberta conforme o seguinte horário, de 2 a 25 de outubro de 2009:
- Sábado 10 de Outubro: 09h -19h
- Domingo 11 de Outubro: 09h – 13h
- Segunda-feira 12 de Outubro: 09h – 16h
- Terça-feira 13 de Outubro: 09h – 20h
- De quarta-feira 14 de Outubro a sábado 17 de Outubro: 09h – 16h
- Domingo 18 de Outubro: 11h – 13h
- De segunda-feira 19 de Outubro a sábado 24 de Outubro: 09h – 16h
- Domingo 25 de Outubro: 09h – 13h

Os funcionários do Escritório de informação e credenciamento estarão à disposição (na entrada à direita):
- Segunda a sexta-feira: 09h – 15h- Sábado: 09h – 14h

Eventuais mudanças serão comunicadas, quando for possível, através de anúncios no quadro de avisos da Sala dos jornalistas na Sala de Imprensa da Santa Sé, no Boletim da Comissão para a informação da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos e na área Comunicações de serviço do site de Internet da Santa Sé.

 

Voltar à:

- Índice Boletim Synodus Episcoporum - Assembleia Especial para a África - 2009
 
[Espanhol, Francês, Inglês, Italiano,
Plurilingüe, Português]

- Índice Sala de Imprensa da Santa Sé
 
[Alemão, Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Português]

 

top