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SYNODUS EPISCOPORUM
BOLETIM

II ASSEMBLEIA ESPECIAL PARA A ÁFRICA
DO SÍNODO DOS BISPOS
4-25 OUTUBRO 2009

A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz.
"Vós sois o sal da terra ... Vós sois a luz do mundo" (Mt 5, 13.14)


Este Boletim é somente um instrumento de trabalho para uso jornalístico.
A
s traduções não possuem caráter oficial.


Edição portuguesa

24 - 14.10.2009

SUMÁRIO

- INTERVENIENTES “IN SCRIPTIS” DOS PADRES SINODAIS
- INTERVENIENTES “IN SCRIPTIS” DOS DELEGADOS FRATERNOS
- INTERVENIENTES “IN SCRIPTIS” DOS AUDITORES E DAS AUDITORAS
- AVISOS

Enquanto continuam hoje, 14 de Outubro (Sessões II e III), amanhã à tarde, 15 de Outubro (Sessão IV) e depois de amanhã, 6 de Outubro de 2009 (Sessões V e VI), os trabalhos dos Círculos menores (Sessões II, III e IV) - para a redacção e a aprovação por parte de cada Círculo Menor dos projectos de textos para as Proposições (as fórmulas de consenso sinodal relativas a alguns temas consideradas importantes pelos Padres sinodais, sugestões dadas ao Santo Padre como fruto do trabalho sinodal) - publicamos as intervenções “In scriptis” dos Padres sinodais e dos Auditores e das Auditoras, não proferidos na Sala.

Na Décima Quinta Congregação Geral de amanhã de manhã, 15 de Outubro de 2009, serão apresentados os Relatórios dos Círculos Menores, cujos resumos (preparados pelos relatores dos Círculos Menores) serão publicados no próximo Boletim N. 25.

INTERVENÇÕES “IN SCRIPTIS” DOS PADRES SINODAIS

Os seguintes Padres sinodais entregaram só uma intervenção escrita:

- S. Em. R. Card. Gabriel ZUBEIR WAKO, Arcebispo de Cartum (SUDÃO)
- S. E. R. Dom Désiré TSARAHAZANA, Bispo de Toamasina (MADAGASCAR)
- S. E. R. Dom Lewis ZEIGLER, Arcebispo Coadjutor de Monróvia, Presidente da Conferência Episcopal (LIBÉRIA)
- S. E. R. Dom Arlindo GOMES FURTADO, Bispo de Santiago de Cabo Verde (CABO VERDE)
- S. E. R. Dom Rudolf DENG MAJAK, Bispo de Wau, Presidente da Conferência Episcopal (SUDÃO)
- S. E. R. Dom Giuseppe FRANZELLI, M.C.C.J., Bispo de Lira (UGANDA)
- S. E. R. Dom Ayo-Maria ATOYEBI, O.P., Bispo de Ilorin (NIGÉRIA)
- S. E. R. Dom António Francisco JACA, S.V.D., Bispo de Caxito (ANGOLA)
- S. E. R. Dom Mathieu MADEGA, Bispo de Port-Gentil (GABÃO)
- S. E. R. Dom Augustine SHAO, C.S.Sp., Bispo de Zanzibar (TANZÂNIA)
- S. E. R. Dom Jean ZERBO, Arcebispo de Bamako (MÁLI)
- S. E. R. Dom Beatus KINYAIYA, O.F.M. Cap., Bispo de Mbulu (TANZÂNIA)

Publicamos a seguir a síntese das intervenções não proferidas na Sala, mas entregues pelos Padres sinodais como textos escritos:

- S. Em. R. Card. Gabriel ZUBEIR WAKO, Arcebispo de Cartum (SUDÃO)

A coisa mais importante para nós africanos é não permitir que sejamos convencidos, dominados e guiados por tudo aquilo que nos fizeram nos últimos séculos da nossa história, do tráfico de escravos à atual globalização ultra-liberal. Todavia, por detrás desta evidente verdade, existe hoje, para cada africano, uma exigência radical: a necessidade de combater com todas as forças contra a nossa irrelevância, a nossa incoerência e o nosso ontológico menosprezo por nós mesmos, com a finalidade de construir uma nova sociedade sem ditaduras e impotências.
Como africanos, agora todos nós devemos ter coragem, crer em nós mesmos, aceitar-se e conquistar um lugar de respeito entre as nações do mundo. Garantem a estabilidade sobre nós, antes de tudo, a coragem da “história completa”, a visão honesta da nossa existência, a nossa história e a nossa realidade nos seus altos e baixos, nos seus momentos tristes e alegres.
O problema entre o sul e o norte do Sudão é antigo quanto o Sudão mesmo. Aquilo que agora é conhecido como “o problema do sul” é uma rede de questões complexas que vão das desigualdades no desenvolvimento entre norte e sul, às desigualdades nas oportunidades concedidas pelo governo central aos povos das duas partes do país. A esses se acrescentam também as diferenças raciais e religiosas entre os dois povos.
O isolamento do Sudão representa uma das realidades mais dolorosas. A comunidade internacional, e ONGs e outros países vizinhos sempre estiveram do lado os mais fracos. A África tem necessidade de pleno respeito e também deve dar-se o respeito. A assinatura do Acordo de paz em 2005 significou o fim do conflito no Sudão. Foi necessário um grande trabalhos para atuar o Acordo. Neste período de grandes incertezas com uma paz muito delicada, o Sudão tem necessidade da intervenção das pessoas que amam a paz.
A situação instável no sul - e em medida cada vez maior também no norte - não permite mais uma eficácia das ajudas ao desenvolvimento e da atuação do acordo de paz. A comunidade internacional não pode fazer outra coisa senão reagir e prestar ajuda. O máximo que se possa fazer é administrar o conflito e evitar que se agrave.
Este sínodo é destinado a desenhar uma autêntica “road map” para a salvação da África.
O último sínodo concentrou-se sobre a filosofia da comunidade africana como Família de Deus. O presente sínodo deveria basear-se sobre a ontologia da vida africana! Isto reabilitaria o passado africano no presente como fator para edificar uma nova África. Cristo veio ao mundo para que tivéssemos vida, e vida em abundância (Jo 10,10).

[00282-06.03] [IS001] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Désiré TSARAHAZANA, Bispo de Toamasina (MADAGASCAR)

Aquilo que se verifica no nosso continente africano interpela a nossa consciência cristã. Muitos padres sinodais já explicaram que as causas da pobreza, dos conflitos, muitas vezes mortais, são múltiplos e portanto não pretendo insistir sobre essa questão, mas gostaria de dirigir-me, sobretudo, a nós discípulos de Cristo, chamados a ser sal da terra e luz do mundo: não há talvez um abismo entre a fé e a vida que conduzimos? Esta pergunta não é dirigida só aos nossos dirigentes, aos nossos políticos, mas a todos nós membros da Igreja.
Todos os anos, por ocasião da assembleia plenária nós bispos de Madagáscar iniciamos a reunião tornando os demais participes do que ocorre em cada diocese. Em 2007 isso nos levou a celebrar um sínodo nacional sobre a vida dos sacerdotes. Observamos que os nossos sacerdotes têm necessidade de apoio, de serem ajudados a fim de que a sua pregação traduza-se em fatos. As palavras, por mais importantes que sejam, não são suficientes sem o testemunho de vida. Como se diz entre nós, a palavra pode suscitar o entusiasmo, mas é sobretudo o testemunho a atrair.
Assim, entre as diversas resoluções tomadas encontram-se:
Um maior discernimento na escolha e na formação dos futuros sacerdotes.
Criação de um centro nacional para a formação permanente dos sacerdotes.
A participação da família na formação dos sacerdotes.
Sem esquecer a importância do acompanhamento espiritual dos sacerdotes.
Ao mesmo tempo, os esforços para ajudar os leigos a viver a sua fé na política devem ser uma grande solicitude da Igreja. A mudança de mentalidade, a conversão dos corações: são estes grandes desafios para a África, a fim de que o desenvolvimento seja tangível, afim de que reinem a justiça e a paz.

[00283-06.04] [IS002] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Lewis ZEIGLER, Arcebispo Coadjutor de Monróvia, Presidente da Conferência Episcopal (LIBÉRIA)

Um dos âmbitos no qual podemos servir é o ministério dos jovens. Na situação post-bélica que vivemos na Libéria os jovens são vulneráveis. Eles têm necessidade de formação. Têm necessidade de uma orientação moral e de uma guia.
No campo da instrução, a Igreja na Libéria oferecia sobretudo uma formação acadêmica. Mas durante a guerra civil teve que mudar de setor para responder às exigências dos jovens, sobretudo daqueles privados de meios para ir além da educação elementar. A Igreja introduziu programas de desenvolvimento para os jovens nas áreas rurais, ensinando agricultura, marcenaria, mecânica e trabalho de pedreiro. A duração prevista de todos esses programas é de dois anos. São simples programas de formação, desenvolvidos porém de modo profissional. Para cada setor são aceitos vinte estudantes cada vez.
Estes programas nasceram durante a guerra porque os jovens tinham de ser ajudados. Um sacerdote idealizou este modo para fazê-lo. Foram então realizados os programas, que funcionam bem; e os jovens demonstram muito interesse...
Para aqueles que concluíram os estudos com sucesso e se demonstraram aplicados, foram encontrados empregos em ONGs e empresas. Também a diocese utiliza alguns deles. O programa prossegue e já ajudou muitos jovens a encontrar trabalho para se manter. Ajudou também a tirá-los de actividades que certamente lhes causariam problemas, principalmente se não tivessem nada para fazer.
Durante este período recebem também outros tipos de formação. Aprendem a ler e a escrever (isso para aqueles que não frequentaram a escola), rezam juntos todos os dias e recebem uma instrução catequética e são informados sobre Vih/Sida.

[00284-06.03] [IS003] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Arlindo GOMES FURTADO, Bispo de Santiago de Cabo Verde (CABO VERDE)

Quando a democracia funciona e as estruturas de um Estado de direito ganham consistência, os partidos políticos vão-se vigiando e controlando mutuamente, especialmente no uso dos bens públicos e na implementação de projectos sociais e de desenvolvimento. Deste modo, muitos problemas sociais serão mais facilmente resolvidos e a população alcança mais rapidamente uma melhor qualidade de vida.
Neste aspecto, Cabo Verde tem feito grandes progressos no campo da educação, da saúde, de infra-estruturas e de esperança de vida.
Mas os desafios continuam a ser mais que muitos: a instabilidade da estrutura familiar, motivada pela emigração, pelo divórcio e pelo receio generalizado do compromisso familiar pelo matrimónio, sem primeiro fazer uma experiência; deficit na educação cívica e de cidadania; a situação de crianças em risco, e .delinquência juvenil; o desemprego que atinge um índice elevado, sobretudo na camada juvenil; a invasão de seitas, com falsas promessas e grande domínio na comunicação social, muitas vezes agressivas contra a Igreja católica; o perigo de entrada em força do Islão devido à forte imigração dos irmãos vizinhos do continente e perspectiva de grande investimento na promoção do Islão no único país católico da região.
Cerca de um terço dos habitantes do país de uma forma ou de outra está ligado ao sistema de ensino, devido a uma grande aposta na educação para todos e a atitude de promoção e de concorrência. Ora tudo isso está a exigir da Igreja um outro nível de responsabilidade, da pastoral e da formação dos seus agentes. É em todas essas esferas da sociedade que nós, os cristãos, somos chamados a ser sal da terra e luz do mundo, com a discrição necessária, com a visibilidade de quem está disponível para servir, com a leveza própria da gratuidade, mas com a eficácia que se impõe, para que o Evangelho, a fé, a esperança, a hospitalidade, a honestidade e o respeito pelos direitos de todos e de cada um possam andar de mãos dadas.

[00285-06.02] [IS004] [Texto original: português]

- S. E. R. Dom Rudolf DENG MAJAK, Bispo de Wau, Presidente da Conferência Episcopal (SUDÃO)

Ao realizar as tarefas que nos foram confiadas por Deus, em meio às aflições do nosso país, nós, bispos católicos do Sudão, dedicamos o nosso ministério pastoral à busca da reconciliação e da paz concreta no Sudão. Iniciámos diálogos directos com os líderes sudaneses, escrevemos, aproximamo-nos e pedimos a intervenção directa da comunidade internacional, dos países irmãos, dos nossos irmãos na fé dos países da AMECEA, do SECAM e dos bispos sul-africanos, a quem somos muito agradecidos, pedindo insistentemente a sua demonstração de solidariedade e cooperação com as iniciativas de paz no Sudão.
Dentro da nossa Conferência Episcopal, reforçámos a Comissão Justiça e Paz, que possui sedes em todas as nove dioceses do Sudão. A Comissão é muito activa na resolução dos conflitos que estão a se agravar, e ao possibilitar a reconciliação entre os diversos grupos étnicos do Sudão. Dedicou-se muito interesse ao diálogo inter-religioso, que naturalmente, obtém pouco sucesso.
Nas dioceses e em todos os ministérios pastorais próximos aos sudaneses atingidos pela guerra e pelo sofrimento, os bispos dedicam-se a curar os traumas e a cicatrizar as feridas, através de acções espirituais e sacramentais. Na maior parte do Sudão, as Igrejas comprometeram-se especialmente com as actividades de desenvolvimento sócio-económico. Durante todo o longo período de conflitos no país, as coisas mais elementares de que as pessoas precisam, como o alimento, a assistência médica, as escolas e o progresso social, foram fornecidas pela Igreja. Actualmente, ainda existem no solo sudanês sementes de violências latentes.
Juntas, as controvérsias e as incertezas criam um clima de instabilidade propício à eclosão de violências entre o Norte e o Sul. Urge a tentativa de administrar o conflito, para evitar que se agrave.
Com o objectivo de prevenir e controlar futuros conflitos, é preciso promover actividades para a gestão e a resolução dos conflitos entre as diversas tribos e os políticos. Mais do que desarmamentos forçados, esta situação requer a reacção rápida, ao surgir dos primeiros sinais da violência no Sul; atenção à segurança da população e o controlo das armas de pequeno porte. É necessária uma aproximação regional para enfrentar às ameaças do Exército de Resistência do Senhor.

[00286-06.03] [IS005] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Giuseppe FRANZELLI, M.C.C.J., Bispo de Lira (UGANDA)

A Boa Nova de Cristo, nossa reconciliação, justiça e paz, que tocou e mudou a nossa vida pessoal e a das nossas comunidades cristãs. Não nos foi dada para o nosso exclusivo uso e consumo. É uma Palavra que visa realizar o seu percurso completo e comunicar a própria vida - na plenitude - ao mundo inteiro. A Igreja existe para compartilhar este dom. A evangelização é a nossa missão.
A África viu nos últimos 15 anos sucessos e fracassos neste campo. O sonho de uma emissora de rádio continental nunca se materializou. Por outro lado temos hoje 163 rádios diocesanas que transmitem a Boa Nova para toda a África. Em algumas localidades, estão a ser lançadas as televisões diocesanas. Ouvimos testemunhos positivos sobre os efeitos das rádios diocesanas na formação das consciências nos países que vivem em paz, como a Zâmbia e o Madagáscar.
Nos longos anos da guerra no Norte de Uganda, Radio-Wa, uma pequena rádio diocesana, desempenhou um papel decisivo no processo de retorno à casa de centenas de meninos-soldados sequestrados e de rebeldes do LRA.
Na delicada e difícil situação do pós-guerra no Sul do Sudão, os institutos missionários combonianos, os bispos de todas as dioceses do país e outras organizações católicas internacionais criaram a Sudan Catholik Radio Network (SCRN). A partir da Radio Bakhita, em Juba, esta cadeia de emissoras de rádio católicas, uma vez completada, unirá as oito dioceses da região, superará a fragmentação étnica e apoiará o processo de paz e de reconciliação no Sudão.
Efectivamente, visto que a mídia e as novas tecnologias da informação e comunicação são os novos areópago (IL 144), as nossas Igrejas locais devem fazer da comunicação uma prioridade pastoral. Isto implica, por outro lado, que nós estejamos prontos para investir e pagar os custos dos meios de comunicação, que são elevados.
Em alguns casos, os meios de comunicação podem representar um custo excessivamente alto para os balanços das dioceses. Logo, a sinergia e a cooperação de várias dioceses e das congregações missionárias, com a ajuda das Igrejas irmãs e das organizações internacionais, podem ajudar definitivamente a alcançar objectivos que, caso contrário, seriam impossíveis.

[00287-06.03] [IS006] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Ayo-Maria ATOYEBI, O.P., Bispo de Ilorin (NIGÉRIA)

Se a Igreja de Deus na África quiser aprofundar o seu serviço em favor da reconciliação, da justiça e da paz, deve rezar como Jesus a fim de que, como uma nova efusão do seu poder, o Espírito Santo possa renovar-nos e fazer de nós agentes de uma nova ordem mundial nas esferas espiritual, sociopolítica, económica e médica, e possibilitar uma revolução africana no campo das ciências.
Sem a ajuda da força do Alto, a única que nos pode levar a contribuir espiritual, social, moral e cientificamente com o progresso da humanidade, não poderemos ser realmente sal eficaz da terra e luz que traz consigo o esplendor. Consequentemente, não seremos levados em consideração pela comunidade das nações. Chegou a hora que nós, africanos, despertemos para dar início ao nosso renascimento. Devemos rezar, e rezar para fazê-lo.
As Escrituras narram-nos que Jesus rezou em vários lugares. Para resolver as dificuldades e ser menos dependentes da criatividade dos outros, devemos dirigir-nos a Deus na oração. As coisas não podem melhorar sem a oração pessoal consciente, coerente, constante e comprometida. Jamais será suficientemente destacada a necessidade de perseverar na oração, no ascetismo, na pregação, no ensinamento e na acção, na busca da reconciliação, da justiça e da paz.
Ninguém pode tocar o coração do próximo se não tocar antes o coração do Deus da reconciliação, da justiça e da paz.
O nosso povo não quer que sejamos directores de banco ou políticos para mudar as coisas para melhor, mas que sejamos formadores de suas consciências, homens e mulheres espirituais, que encorajem as pessoas a cumprir suas responsabilidades de cidadãos como sal da terra e luz do mundo.

[00288-06.03] [IS007] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom António Francisco JACA, S.V.D., Bispo de Caxito (ANGOLA)

A guerra civil e fratricida que assolou Angola nos últimos trinta anos, para além do seu cortejo de mortes, deixou traumas profundos no nosso povo: milhares de famílias destroçadas e desestruturadas; milhares de viúvas e órfãos, milhares de ex-militares, não suficientemente assistidos e alguns votados ao abandono, e uma grande parte do nosso povo vivendo ainda no limiar da pobreza, etc.
Se por um lado há um investimento significativo, o que é louvável, em vistas a reconstrução das infra-estruturas destruídas pela guerra, por outro lado, pouco ou quase nada ainda se tem feito no sentido de ajudar a reconstruir o tecido humano fortemente ferido pelos longos anos de guerra civil. As consequências já se fazem sentir, sobretudo com o aumento assustadoramente a criminalidade protagonizada por jovens e adolescentes.
É notória hoje a preocupação da sociedade angolana. O desespero vai tomando conta das famílias mais pobres que não têm o necessário para viver e muitos pais já não sabem como educar os seus filhos. As nossas Igrejas e Santuários tornam-se assim, muitas vezes, locais de refúgio, para solicitar ajuda, chorar as penas e procurar uma palavra de consolo. Uma palavra de consolo que as famílias nem sempre encontram, pois, e digo isto com muita tristeza, muitos dos nossos sacerdotes, ocupados em muitas outras coisas, não estão disponíveis para as atender e não prestam a necessária atenção pastoral mormente no sacramento da reconciliação e no ministério da escuta).
O êxodo populacional das aldeias para a cidade, provocou mudanças profundas no modus vivendi das populações. A família, mais uma vez, foi afectada, sobretudo no que diz respeito a educação dos filhos. A título de exemplo: as crianças, sobretudo nas grandes cidades, permanecem sozinhas em casa, enquanto os pais, obrigados a sair de madrugada para o trabalho, deixam os filhos a dormir, e voltando à casa, tarde à noite, os encontram a dormir. Quem cuida destas crianças durante todo o dia? Abandonadas à sua, sorte, têm como companhia outras crianças, a rua, a Televisão etc. Vemos assim, crianças cuidando de outras crianças, educadas na rua, à mercê de tudo e de todos.
Assiste-se também à invasão silenciosa da Televisão na vida das famílias. É inegável a influência negativa nas crianças e jovens de certos programas difundidos pelos canais de televisão nacionais e internacionais: telenovelas, filmes de violência, vídeo-clips, músicas com linguagem imprópria (também largamente difundidas pelas Rádios), exibindo um modus vivendi alheio à nossa realidade, incentivando à violência e outros comportamentos anti-sociais. Também convém aqui assinalar certos conteúdos difundidos via Internet ou via telemóvel por SMS e vídeo mensagens, estes meios modernos de comunicação de que a nova geração faz grandemente uso. Neste último campo são os próprios adolescentes e jovens os protagonistas da transmissão de mensagens indecorosas de uns para outros.
Em muitos bairros da periferia, sobretudo nas grandes cidades, existem "salas" de cinema precárias improvisadas onde crianças e adolescentes "consomem" inocentemente filmes de violência e outros não aconselháveis a menores.

[00289-06.02] [IS008] [Texto original: português]

- S. E. R. Dom Mathieu MADEGA, Bispo de Port-Gentil (GABÃO)

Nós falamos da Família “de” Deus seja como género seja como espécie. Ao dizer Família de Deus, referimo-nos à família que é de Deus, ou seja, “de Deo”, “ex Deo”, ou até mesmo “cum, in, per, propter, secundum Deum” : isto é, Deus como origem, Pai e fim. O Instrumentum laboris (88) afirma que a paternidade divina é fundamento da imagem Igreja-Família de Deus. Paternidade-Maternidade de Deus, progenia e irmandade divinas do homem. “Divinizados”, tornamo-nos “deuses”, ou seja, consanguíneos divinos, de modo “sacramental”. Temos, portanto, uma irmandade “divina”, que de agora em diante, deve superar todas as outras irmandades, porque selada no e com o pacto de sangue do Cordeiro de Deus. Ser parte da Igreja-Família de Deus significa, por conseguinte, levar consigo em todos os lugares, agora e sempre, a identidade divina. A reconciliação ad intra, entre os filhos de Deus, torna-se sinónimo de amor divino, quase uma “pericorese” na própria Família. Uma vez realizada esta reconciliação e mantida ad intra, ela prolonga-se naturalmente ad extra, para ser “sal da terra” e “luz do mundo”. Visto que toda consanguinidade limitadamente humana será sempre inferior à consanguinidade divina, entende-se o porquê da “revolução sinodal” auspiciada, que, segundo Colossenses 3,11, assim re-escrevemos: “Na Família de Deus, não haverá mais mulher nem homem, nem autóctone nem imigrante, nem rico nem pobre, nem explorador nem explorado, nem fabricante de armas nem vendedor, nem comprador nem utilizador de armas contra o homem, pois será verdadeiro filho de Deus e verdadeiro irmão ou irmã!”.

[00290-06.04] [IS009] [Texto original: italiano]

- S. E. R. Dom Augustine SHAO, C.S.Sp., Bispo de Zanzibar (TANZÂNIA)

Desejo reiterar que o tema do Sínodo refere-se à região na qual desempenho o meu trabalho, que é 99% muçulmana. O meu desafio é: como levar a reconciliação numa situação em que algumas pessoas dizem possuir toda a verdade e sob esta lógica, todo o estilo de vida, a cultura, a economia e a política são dirigidos e controlados por uma religião? O nosso problema principal é a disparidade na distribuição das entradas do governo: uma religião é inteiramente financiada e sustentada enquanto as outras continuam a ser grupos tolerados enquanto não se converterem!
A reconciliação, a justiça e a paz na África poderão ser uma realidade somente quando nós, líderes religiosos, mudaremos o nosso comportamento mental sobre as nossas culturas, tradições e tabús, usados e praticados pelas religiões tradicionais africanas. A linguagem e os nomes destes grupos não encorajam minimamente o diálogo e a abertura. Denominações como pagãos ou animistas não podem definir a verdade sobre a crença das pessoas. Consequentemente, existem os cristãos dos domingos, que durante os outros seis dias da semana, praticam a religião tradicional africana. A Igreja na África deve comprometer-se cotidianamente no processo para harmonizar e levar a paz às consciências dos fiéis africanos, que querem ser discípulos autênticos de Cristo, mas encontram-se numa encruzilhada. Sugiro, portanto, que esta segunda assembleia sinodal dedique grande atenção à questão do diálogo e da inculturação. Observe-se que o diálogo requer que pensemos nas pessoas de modo positivo. Elas devem ser vistas, antes de tudo, como pessoas humanas, independentemente da sua religião. Aceitar o próximo exige a negação de si.
A história da Tanzânia demonstra a tolerância religiosa, mas nos últimos tempos, este valor tão apreciado tem sido ameaçado pelo fundamentalismo religioso. Enquanto o arquipélago de Zanzibar continua a ser 99% islâmico, com tribunais islâmicos (tribunais Kathi), a situação é diferente na Tanzânia continental. Enquanto o país se esforça para continuar a ser um Estado leigo, onde vige a liberdade religiosa, há pressões para que se construam tribunais islâmicos e para que se una à OIC, às custas dos contribuintes. A estratégia islâmica para demonstrar a sua predominância se concentra na proliferação de mesquitas e no controlo dos negócios e da política. Na Tanzânia, 80-90% dos meios transportes de longa distância pertencem a muçulmanos, o que facilita a exigência de transformar a sexta-feira em um dia festivo.

[00291-06.03] [IS010] [Texto original: inglês]

- S. E. R. Dom Jean ZERBO, Arcebispo de Bamako (MÁLI)

Nas nossas relações com as autoridades políticas, nas deveríamos agir de maneira diferente. As relações inter-pessoais permitem corrigir as injustiças mais do que as declarações espalhafatosas. Foi o que fizeram os nossos mais velhos Bispos do Mali e especialmente Dom Luc Sangaré. Segundo o profeta Natã e sobretudo inspirando-se nos conselhos e exemplos de Jesus, ele não hesitou em pedir audiências pessoalmente aos responsáveis políticos de todos os níveis. Alguns receberam-no, outros preferiram ir ter com ele. Graças a esses encontros feitos no respeito recíproco e no amor pela verdade, preparado na oração e na meditação, ele conseguiu que inimigos e adversários políticos se falassem, se apertassem as mãos. É segundo o seu exemplo, que nós nos esforçamos por caminhar de forma a que a nossa Igreja seja serva fiel e sentinela de justiça, de reconciliação e de paz.
Trata-se de um apelo a interrogar-nos, de maneira especial neste ano sacerdotal, sobre a maneira como são tratados os bispos, os padres, os religiosos, as religiosas e os catequistas, idosos, doentes, reformados. Estão numa condição que lhes permita viver de verdade a promessa de Jesus: de ter nesta terra pais, mães, irmãos, irmãs, filhos - quer dizer, viver rodeados pelo amor grato das pessoas pelas quais eles aceitaram deixar tudo para seguir Jesus? Eu gostaria de convidar este Sínodo a chamar a atenção dos Institutos missionários sobre a maneira de tratar os seus membros quando eles chegam à idade de se aposentar. O regresso à terra nem sempre é aceito por todos. De facto, se alguns exprimem claramente a sua vontade de regressar ao país natal e viver ali reformados, outros, pelo contrário, vivem esse regresso com um terrível sofrimento. A obediência obriga alguns, mas um sofrimento interior vivido no silêncio se percebe nas casas de repouso de forma muito comovente.

[00292-06.02] [IS011] [Texto original: francês]

- S. E. R. Dom Beatus KINYAIYA, O.F.M. Cap., Bispo de Mbulu (TANZÂNIA)

O continente africano tem duas faces. Em alguns lugares alguém iria encontrar a África no seu melhor: florestas com todo tipo de fauna e flora e montanhas lindas. Mas em outros lugares a África está sangrando por causa da degradação da terra.
A melhor parte da África está atraindo milhares de turistas que estão contribuindo bastante para nossos orçamentos nacionais. Mas, a má notícia é que a Igreja na África não está fazendo justiça aos turistas católicos que precisam de acompanhamento espiritual. Em muitos lugares onde esses turistas visitam não há capelães designados especificamente para eles. Eu, por consequência, apelo aos Padres Sinodais para pronunciar a todas dioceses que trabalham com turistas para que assegurem que estes turistas estejam cuidando de sua espiritualidade.
A segunda face da África é aquela da destruição. A degradação da terra através de nossas actividades irresponsáveis é descontrolada. A consequência é que a África está agora a enfrentar severas secas, erosão do solo e mesmo inundações em alguns lugares. Dada a situação, algumas pessoas dessas áreas são forçadas a tornarem-se ‘refugiados do meio ambiente’. Esses refugiados do meio ambiente também estão sofrendo como os outros refugiados. Temos que dar justiça a eles também. É por essa razão que apelo a este sínodo para que nos pressione a todos e a nossos governos, seja na África ou na Europa e América, para usar os recursos de nosso planeta com moderação e de maneira sustentável.

[00293-06.02] [ISQ12] [Texto original: inglês]

INTERVENÇÕES “IN SCRIPTIS” DOS DELEGADOS FRATERNOS

O seguinte Delegado Fraterno entregou só por escrito uma intervenção:

- Sua Graça
Owdenburg Moses MDEGELLA, Bispo da Diocese Luterana de Iringa (TANZÂNIA)

Publicamos a seguir a síntese da intervenção não pronunciada na Sala, mas entregue por escrito pelo Delegado Fraterno:

- Sua Graça Owdenburg Moses MDEGELLA, Bispo da Diocese Luterana de Iringa (TANZÂNIA)

A minha intervenção é sobre o Instrumentum laboris, capítulo 1, seção 11, p. 5, última sentença. Contudo, muito disso já foi visto no sumário do sínodo de 13 de Outubro. Brevemente falarei sobre três âmbitos, nomeadamente, arrependimento, resistência e colaboração.
Cito, “Basicamente o que escurece (a) sociedade africana vem do coração (cf. Mt 15, 18-19; Mc 7,15; ver também Gn 4)”. Um foco especial é dado a Gn 4.
As forças que têm reduzido a África têm sido internas e externas. Muito se falou sobre as forças externas neste sínodo e através dos anos. E vou-me concentrar nas forças internas.
Arrependimento: Para a verdadeira reconciliação, justiça e paz terem lugar na África e haver uma viável metanoia, os líderes africanos em todas as esferas de influência e em todos os caminhos da vida devem ser transformados e serem agentes de transformação. Enquanto a fé é provavelmen­te acolhida, o arrependimento não é. A Igreja universal tem que chamar os líderes nacionais africanos ao arrependimento no que concerne às atrocidades, brutalidade, derramamen­to de sangue, violência, fraude, abuso dos recursos naturais, excessivo uso do poder, abusos, violações, votos de cabresto, manipulação, corrupção e muito mais.
Resistência: a igreja universal tem que resistir aos líderes que não temem a Deus e fazer com que eles mudem. Ao contrário, ela deve levá-los a temer a Deus, exercitando a confiança, o respeito pela liberdade, pela justiça e pelos direitos humanos e pela dignidade de todo o povo e procurar a paz e a reconciliação.
Colaboração: Com reverência e humildade, suponho que nenhuma denominação eclesial deva ficar sozinha na busca da reconciliação, paz e justiça. Nenhuma igreja pode brilhar sozinha e pode ser globalmente agradável sozinha. Sendo luz do mundo e sal da terra, a igreja universal deve promover o espírito do ecumenismo entre outras denominações e estar em diálogo com outras fés.

[00296-06.02] [DF005] [Texto original: inglês]

INTERVENVENÇÕES “IN SCRIPTIS” DOS AUDITORES E DAS AUDITORAS

Os seguintes Auditores e Auditoras entregaram só uma intervenção escrita:

- Sr.
Ngon-Ka-Ningueyo (François) MADJADOUM, Diretor da Assistência Catolica e Desenvolvimento (SECADEV) (CHADE)
- Sra. Marie-Madeleine KALALA NGOY MONGI, Advogada, Ministra Honorária dos Direitos Humanos (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)
- Rev.da Irmã. Marie-Bernard ALIMA MBALULA, Segcretaria da Commissão Justiça e Paz da Conferêcencia Episcopal Nacional do Congo (CENCO) e da Associação das Conferêrencias Episcopaais da Africa Central (A.C.E.A.C.), Kinshasa (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)
- Dr. Victor M. SCHEFFERS, Secretario Geral da Comissão Justiça e Paz dos Países Baixos, Haja (PAÍSES BAIXOS)
- Rev.da Irmã. Bernadette MASEKAMELA, C.S., Superiora Geral das Irmãs do Calvário (BOTSUANA)
- Prof. Gustave LUNJIWIRE-NTAKO-NNANVUME, Secretario internacional do Movimiento de Ação Catolica Xavéri (MAC Xavéri), responsável encarregado pelo laicato na região de Kivu (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)
- Sr. Kpakile FÉLÉMOU, Diretor do Centro DREAM, Conakry (GUINEA)
- Sra. Rose BUSINGYE, Fundadora e Presidente do Ponto de Incontro Internacional, Kampala (UGANDA)
- Sra. Axelle FISCHER, Secretario Geral da Commissão Justiça e Paz, Bruxelas (BÉLGICA)
- Dr. Christophe HABIYAMBERE, Presidente de "Fidesco", Kigali (RUANDA)
- Rev.da Irmã. Mary Anne Felicitas KATITI, L.M.S.I., Superiora Provincial da Congregação das Pequenas Servas de Maria Imaculada (ZÂMBIA)
- Rev.da Irmã. Bédour Antoun (Irini) SHENOUDA, N.D.A., Siperiora Provincial das Irmãs de Nossa Senhora dos Apóstolos, Cairo (EGITO)
- Rev.da Irmã. Cecilia MKHONTO, S.S.B., Superiora Geral das Irmãs de Santa Brigida (ÁFRICA DO SUL)
- Sr. Maged MOUSSA YANNY, Diretor Executivo da Associação do Alto Egito para a Educação e o Desenvolvimento (EGITO)
- Dr. Orochi Samuel ORACH, Assistente do Secretario Executivo do "Uganda Catholic Medical Bureau", Kampala (UGANDA)
- Sr. Emmanuel Habuka BOMBANDE, Diretor Executivo da rede de construção da paz na África ocidental (W.A.N.E.P.) (GHANA)
- Sr. Jules Adachédé HOUNKPONOU, Secretario Geral da Coordenação Internacional da Jovens Traballadoras Cristãs (C.I.G.i.O.C.) (BENIN)
- Pe. Joaquín ALLIENDE, Presidente da Associação Internacional “Kirche in Not”, Alemanha (CHILE)
- Dr. Munshya CHIBILO, Chefe dos projetos de adoção à distância da Associação "Comunidade Papa João XXIII" (ZÂMBIA)
- Sr. Augustine OKAFOR, Especialista em administração pública (NIGÉRIA)

Publicamos a seguir a síntese das intervenções não proferidas na Sala, mas entregues pelos Auditores e pelas Auditoras como textos escritos:

- Sr.
Ngon-Ka-Ningueyo (François) MADJADOUM, Diretor da Assistência Catolica e Desenvolvimento (SECADEV) (CHADE)

Após o conflito do Darfur e a partir de 2003, os refugiados sudaneses afluíram ao Leste do Chade. A estes refugiados, que são mais de 250 mil, somam-se mais de 1.500.000 cabeças de gado. Esta chegada em massa acentuou a pressão sobre os recursos naturais.
O SECADEV (Secours Catholique et Développement, Assistência Católica e Desenvolvimento) é responsável por três campos de refugiados: Kounoungou, Milé e Farchana, que hospedam actualmente 55 mil pessoas. Coordena a assistência humanitária, ocupa-se da disposição das tendas e das infra-estruturas, da distribuição dos víveres e dos outros géneros, do abastecimento da água potável, da higiene, da desinfestação e do meio-ambiente.
A convivência pacífica entre os refugiados e a população anfitriã deve-se ao facto que pertencem ao mesmo grupo étnico. A única controvérsia neste relacionamento positivo de convivência é a questão fundiária.
O SECADEV é uma Caritas cuja missão é primeiramente socorrer e depois, “colocar de pé”. Com os financiamentos da rede Caritas, relançou rapidamente as actividades agrícolas e a pecuária em alguns vilarejos.
Ao tratar-se de conflitos motivados pela palha, pela lenha ou pelas terras, verificam-se agressões contra mulheres que vão buscar a lenha ou rejeições ao dar as terras a cultiva aos refugiados, etc...
Como resposta a esta situação, foi activada uma formação específica do sector sócio-comunitário, para seguir e acompanhar as mulheres vítimas de agressão.
O SECADEV faz o que está ao seu alcance para “a missão ao serviço da paz”, serve a sociedade sem distinções de etnia, de religião e de nacionalidade: todos os homens são criados à imagem de Deus e o seu dever é socorrer aquele que está mais necessitado.
O SECADEV trabalha num ambiente no qual o Islã é dominante (mais de 90% da população) e portanto, a sua acção é uma forma de diálogo com o Islã. É reconhecido como obra cristã, mas é apreciado e respeitado.

[00209-06.06] [UD025] [Texto original: francês]


- Sra. Marie-Madeleine KALALA NGOY MONGI, Advogada, Ministra Honorária dos Direitos Humanos (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)

Se é verdadeiro que o número de cristãos católicos aumentou depois da primeira Assembleia sinodal, a imagem da África deveras se transformou? Os seus filhos melhores participaram e participam na governação dos próprios países, mas uma vez no poder, mudam atitude, como recordou nesta sala um dos Padres sinodais que falou sobre a coexistência de duas consciências! São os mesmos que se vêem ao domingo na missa e que participam contemporaneamente nos chamados grupos do despertar e nas lojas maçónicas.
Enquanto existir pobreza e guerra, será difícil encontrar famílias unidas como a de Nazaré, dentro das quais além do amor, considerar-se-á prioritária a educação. A educação transforma o ser humano e, com os valores éticos, pode combater os falsos deuses (feticismo, feitiçaria, enriquecimento indébito, egoísmo, misticismo, etc.).
É preciso que a nossa Igreja:
- empenhe-se sem temor no caminho, não só da denúncia, mas também da desaprovação e porque não da condenação do comportamento desvirtuado dos líderes católicos;
- exorte-os a reconstruir a família no seio da sociedade através de uma melhor política social que permita também o acesso de todos à instrução;
- aumente as subvenções aos capelães dos jovens e dos estudantes;
- intensifique a formação dos leigos e das famílias cristãs, em particular através de uma maior difusão do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, que deveria ser o livro predilecto de todos os homens de boa vontade;
- aumente os momentos e os espaços de colaboração com os diversos protagonistas;
- garanta o acompanhamento dos leigos católicos empenhados em política através dos mecanismos bem compreendidos por todos.

[00210-06.03] [UD026] [Texto original: francês]

- Rev.da Irmã. Marie-Bernard ALIMA MBALULA, Segcretaria da Commissão Justiça e Paz da Conferêcencia Episcopal Nacional do Congo (CENCO) e da Associação das Conferêrencias Episcopaais da Africa Central (A.C.E.A.C.), Kinshasa (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)

Deus dotou a mulher de dons específicos a fim de que cuidasse da vida. De fato, o acolhimento, a gratuidade, o dom de si, a compaixão, a ternura, a paciência, a previdência, a solidariedade, a atenção, a bondade, a compreensão etc, são todos valores presentes na mulher e indispensáveis para dar a vida.
A consciência destes dons torna-se então uma missão, uma tarefa que compromete a mulher num testemunho específico que a sociedade espera em particular dela. Em todos os setores em que é chamada a trabalhar, ou seja, na família, na Igreja, na política, na sociedade, a sua luta, o seu contributo é de pôr a vida humana no centro de todas as preocupações. As mulheres são chamadas a enriquecer todos estes setores de valores humanos através de sua presença, eficaz e eficiente.
Infelizmente, muitas vezes não se percebem os efeitos desta presença sobretudo no campo da política. É então legítimo perguntar-se: onde estão as mulheres empenhadas na política quando os governantes africanos adotam leis que destroem a África? O silêncio das mulheres sobre as questões vitais deveria preocupar-nos.
A missão da mulher é exigente, porque requer espírito de iniciativa, criatividade, inventiva e encoraja a ir contra a cultura da morte e da violência que condenamos. Ela as obriga a mudar, a partir de dentro, a organização social dando um toque feminino.
Na realização desta missão delicada, as mulheres precisam da colaboração dos homens para que juntos, homens e mulheres, possam contribuir para uma sociedade mais humana.

[00238-06.04] [UD027] [Texto original: francês]

- Dr. Victor M. SCHEFFERS, Secretario Geral da Comissão Justiça e Paz dos Países Baixos, Haja (PAÍSES BAIXOS)

A Igreja na Europa não pode se distanciar dos problemas políticos, sociais e econômicos dos países africanos. Nesta intervenção gostaria de dar atenção à resposta holandesa ao apelo de nossas comissões irmãs do exterior e da África em particular.
Quando foi criada em 1968 pela Conferência dos Bispos holandeses, Justitia et Pax Netherlands teve a tarefa de despertar no seio da comunidade católica e além dela, a consciência da responsabilidade e capacidade das pessoas de tomarem parte na promoção da justiça e da paz, em nosso país e em todo o mundo. Justitia et Pax-Netherlands intepreta hoje esta tarefa, informando, inspirando, motivando e mobilizando católicos para contribuir com a promoção de uma sociedade global justa; influenciando também os processos sociais e políticos, conjuntamente com outros em nossa sociedade civil que partilham essa visão.
Nossa solidariedade com comissões-irmãs trabalhando por justiça, paz e reconciliação, pode assumir muitas formas. Nós as assistimos para construir sua capacidade de fazer valer os seus próprios direitos, e tom amos parte activamente no processo de tomada de consciência, no apoio e nas campanhas políticas nos seus países e no campo internacional, desenvolvendo uma estratégia que liga a indignação moral (como foi articulada por muitos bispos durante este Sínodo) a soluções políticas práticas que são apresentadas ao mesmo tempo e da mesma forma para nossos governos, à União Européia, e às Nações Unidas.
Gostaria de encorajar todos os bispos a convidarem os leigos, mulheres e homens, a trabalhar com eles em comissões justiça e paz em todos os níveis da Igreja

[00239-06.03] [UD028] [Texto original: inglês]

- Rev.da Irmã. Bernadette MASEKAMELA, C.S., Superiora Geral das Irmãs do Calvário (BOTSUANA)

Submeto-vos o meu tópico “Diocesan Congregations v. Self Reliance” (Congregações diocesanas para a auto-suficiência das ajudas). Refiro-me ao capítulo 1 do Instrumentum laboris (20) que fala de auto-suficiência, visto que as ajudas à África estão a reduzir-se. Acredito que progredimos muito como africanos, e que muitos dos nossos países passaram da extrema pobreza a um estado económico muito mais aceitável. No caso das congregações diocesanas, não só as ajudas provenientes do exterior estão a diminuir, mas a assistência diocesana também é mínima, quando não inexistente, ao abandonar suas estruturas e seus projectos.
As congregações diocesanas fazem parte da estrutura da Igreja. Se quiserem participar da missão da Igreja a todos os níveis, inclusive naquele mais elevado da política e do direito em todos os campos, precisam ser espiritual, teológica e profissionalmente formadas. Pergunto-me como podem ser formadas se não possuem os meios. Este é o desafio que gostaria de apresentar à leadership que atua com as congregações diocesanas, assim como às próprias congregações diocesanas, para que levantem e façam algo.
Logo, segundo o meu ponto de vista, reverendíssimos padres e madres, acredito firmemente que, se nós, como congregações religiosas, devemos ser agentes de justiça, de paz e de reconciliação (a partir, naturalmente, de nós mesmos e das nossas comunidades), temos que tomar iniciativas mais importantes para melhorar as nossas capacidades. Isto contribuiria também para promover uma colaboração maior com os líderes da Igreja.
O meu apelo às congregações diocesanas é o seguinte: examinar seriamente a diversificação dos nossos recursos económicos e sermos auto-suficientes. Diversificar o nosso apostolado e formar irmãs que possam participar dos vários fóruns de alto nível. Enfim, devemos preparar-nos para sair dos confins das nossas dioceses para oferecer a nossa competência a nível regional, nacional e internacional.

[00244-06.03] [UD029] [Texto original: inglês]

- Prof. Gustave LUNJIWIRE-NTAKO-NNANVUME, Secretario internacional do Movimiento de Ação Catolica Xavéri (MAC Xavéri), responsável encarregado pelo laicato na região de Kivu (REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO)

Um breve resumo objectivo sobre a África destes tempos nos revela que de 60 a 70% da população africana tem menos de 30 anos.
Essa juventude vive em crise. Mesmo se Africanos, os jovens estão mais orientados para um estilo de vida; atitudes; valores e pensamentos inspirados pelo mundo ocidental.
Eles levam geralmente uma vida sem ideais e sem esperança de um amanhã seguro. Os que têm possibilidade de estudar, fazem-no sem ter a esperança de arranjar um trabalho a curto ou a médio prazo.
Segue-se um desemprego sistemático e uma dispersão da juventude caracterizada por: entrada para grupos armados; fuga de cérebros e emigração clandestina; criminalidade juvenil em todas as suas formas, toxicodependência, prostituição, etc.
A inadequação entre as infra-estruturas de educação e a evolução demográfica tem efeitos negativos sobre o desenvolvimento das capacidades dos jovens, com todas as consequências que isso implica em todos os níveis.
Moralmente vulneráveis, são eles os mais abrangidos pelas novas ideologias, as seitas, a homossexualidade, a toxicodependência, o tráfico de seres humanos, o recrutamento por parte de mercenários e rebeldes armados.
Futuros dirigentes de instituições governamentais e eclesiais; os jovens não beneficiam de uma atenção e de um acompanhamento proporcionados à sua importância demográfica.
A durabilidade da reconciliação, da justiça e da paz em África poderia ter como actores os jovens e os Movimentos de Acção católica à semelhança do Movimento Xaveri.
Esta missão que lhe confiamos implica a formação permanente dos quadros. Por outro lado, deveria-se promover a inculturação, favorecer e apoiar os encontros entre os jovens e os membros dos movimentos dos vários países; das várias regiões; para lhes dar ocasiões de partilha de experiências de paz, de justiça, promotores da convivência pacífica; e agentes da Evangelização, testemunhas da sua fé no contexto africano actual, que amam a sua cultura e que a ela se referem na transmissão da Mensagem e no desenvolvimento.

[00245-06.02] [UD030] [Texto original: francês]

- Sr. Kpakile FÉLÉMOU, Diretor do Centro DREAM, Conakry (GUINEA)

No evangelho de Mateus, no capítulo 25, o Senhor se reconhece nos pobres. João diz aos discípulos: «Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto; porque, sem mim, nada podeis fazer» (Jo 15, 5).
Estas são as dimensões da Comunidade de Santo Egídio: permanecer em Cristo e amar os pobres e abrir-se à sociedade, ao mundo. Em cerca de trinta países africanos, as nossas Comunidades vivem no ritmo da oração, no ritmo dos pobres: Santo Egídio é um amigo seguro e um auxílio fiel para todos: prisioneiros, crianças órfãs, meninos da rua, estrangeiros, doentes, doentes de HIV/SIDA e suas famílias, refugiados, a lista é longa. Nós estamos a serviço da paz, e para benefício de todos, ricos e pobres, hoje em dia esse nosso serviço é muito conhecido após os acordos de paz de Moçambique, assinados em 1992 graças à mediação da Comunidade e do Governo italiano. As universidades da Guiné, da Costa do Marfim, dos Camarões, etc. são os novos areópagos onde nós muitas vezes propusemos o Evangelho. A nossa experiência de movimento nos faz compreender quais são as numerosas questões relativas à Igreja em África, mas também quanto Espírito há. É bonito ver os leigos africanos empenhar-se na oração e a favor dos pobres. Nos movimentos, os africanos libertam-se da sensação de ser vítimas, da resignação e do medo inútil das práticas ocultas, tão difundidas no nosso continente.
Os movimentos são muitas vezes uma ponte entre a África e o Norte do mundo, ajudam leigos competentes a superar as distâncias. Concluindo:
- O Sínodo, assim nos parece, é uma boa ocasião para encorajar os movimentos de leigos, os mais adequados a recuperar os jovens sem fé e a responder às necessidades da fé, à espiritualidade do seu estado de alma e à amizade eficaz que responde aos problemas que eles vivem.
- Os jovens, muitas vezes desorientados, desejam uma vida digna. Eles procuram um futuro melhor e esforçam-se por amar os seus países. Servir os pobres, para eles, é também uma libertação da ditadura do materialismo prático que ameaça as suas vidas. Assim o encontro com os muçulmanos é concreto e menos problemático. Os Bispos do norte e os de África devem tornar-se mais amigos, ter mais confiança, devem fazer evoluir a sua visão da história.
- Os Bispos da África devem aproveitar este sínodo para acabar em África com a prorrogação dos mandatos presidenciais terminados ou próximos do fim, com todas as modalidades de apresentação possíveis. Além disso, deveriam reduzir o mais possível a transmissão do poder central aos descendentes. Hão-de ser aplaudidos e apoiados pela África que sofre e pelo mundo inteiro indignado. Corremos o risco de que, nos próximos dez anos, na sociedade africana nasçam outra vez rebeliões, consequência dos mandatos presidenciais já prorrogados.

[00246-06.02] [UD031] [Texto original: francês]

- Sra. Rose BUSINGYE, Fundadora e Presidente do Ponto de Incontro Internacional, Kampala (UGANDA)

A fé deve penetrar os estratos mais profundos do ser humano, deve chegar onde se formam os critérios de percepção das coisas, deve penetrar também o que é considerado profano e o transformar num bem para todos. Existe um ponto de partida. O início está no gesto de Deus. Se o homem crê nisso, é a estrada para que possa reconhecer-se e viver esta pertença, este apego a Deus, obedecendo à sua companhia, a Igreja, chegando assim à felicidade, à justiça e à paz para si mesmo e para todos. Um homem que sabe de onde vem e para onde está a ir. Da fé nasce um critério novo de relacionar-se com as coisas, com os filhos, com a escola, a política, o meio ambiente.
Para construir justiça, reconciliação e paz só se pode começar por construir o humano, ajudar o homem a ser ele mesmo, ser homem; não partir de um particular, mas da sua totalidade.
O homem «é» desejo de justiça, de paz, de reconciliação. Para mim, o Sínodo é uma ocasião para descobrir qual é o significado destas palavras, ou seja, qual é o significado da vida e de todos os problemas que existem na África e no mundo inteiro. Para mim o Sínodo é uma provocação para descobrir a plena dignidade da vida humana.
Sem a consciência da nossa humanidade não nos podemos ajudar a nós mesmos e nem dar uma ajuda real aos outros. Em vez de ajudar aos outros e a nós mesmos, continuaremos a lamentar-nos, a oferecer só compaixão e, apenas para responder algo, a enganá-los.
Se alguém entender o significado do valor da vida humana, trata bem a si mesmo e aos outros, tem as razões adequadas para a mudança da vida e torna-se um ponto de mudança para todos, como foram os monges beneditinos, que construíram a civilização europeia. Mas quando também eles cederam na fé, entrou o dualismo e a divisão, que traz destruição e caos.
A partir da fé vi nascer um povo novo, um povo mudado. Em Uganda um grupo paupérrimo de doentes de sida vive quebrando pedras e vendendo-as aos construtores; fazem uma refeição por dia. Quando eles souberam do tsunami e do furacão Katrina nos Estados Unidos, e tínhamos pedido que rezassem pelas vítimas, disseram: «Sabemos o que quer dizer viver sem casa, sem comer. Se pertencem a Deus, pertencem também a nós». Organizaram-se, formando grupos para quebrar pedras; no fim recolheram dois mil dólares e enviaram o dinheiro à embaixada americana. E este ano depois do terremoto de Áquila disseram: «Estes são italianos, o país do Papa; são nossos amigos, aliás a nossa tribo» e recolheram e enviaram dois mil euros. Os jornalistas escandalizaram-se: foram ver se essas pessoas eram pobres verdadeiramente. Na sua opinião não era justo: quando alguém faz a caridade dá o que sobra, não o que precisa. Uma mulher doente disse-lhes: «o coração do homem é internacional, não tem raça, nem cor, e comove-se».

[00247-06.03] [UD032] [Texto original: italiano]

- Sra. Axelle FISCHER, Secretario Geral da Commissão Justiça e Paz, Bruxelas (BÉLGICA)

O perdão é um dom. Dá-se e recebe-se no nível mais alto da liberdade.
O que nós podemos e devemos fazer, é ajudar a criar as condições que favorecem esse perdão.
A paz é o desejo de Deus, o outro nome dela é Jesus. Então, nós pomo-nos a questão: como ligar a paz anunciada na fé com a realidade dilacerante do nosso mundo?
A Justiça é complexa, tem várias caras. A justiça é transitória e acciona processos para acabar com o conflito e levar à reconciliação, seguindo mecanismo às vezes não judiciários, outras vezes judiciários. Mas a justiça também pode ser punitiva, a nível nacional antes que mais, e depois, se não é suficiente, também a nível internacional, através da Corte Penal Internacional ou tribunais penais internacionais. A justiça pode também ser restauradora, com o objectivo de reparar os prejuízos causados. Por fim, a justiça também pode ser feita segundo rituais tradicionais.
Estes vários aspectos da justiça são complementares e nada impede que um país aprenda o que de bom foi feito noutra parte do mundo. Mas a via da reconciliação poderá ser empreendida só se todas as populações receberem uma formação cívica e uma consciência política, que os actores políticos deverão ter em conta. Isto é válido para África, mas também para os chamados países «desenvolvidos».
As violências sexuais, já por si atrozes, ainda o são mais se usadas como armas de guerra: semeiam voluntariamente o terror nas comunidades e destabilizam a sociedade. Muitas mulheres padecem estas violências. Ainda vivas, elas seguem em frente pelos seus filhos e pelas suas famílias. Sei que algumas cultivam o campo à noite, correndo risco de vida, para que a comunidade possa continuar a ter o que comer.
Ser vítimas não é o papel das mulheres. Elas são agentes de justiça, de paz e de reconciliação. Reconhecê-lo significa dar dignidade a todas as mulheres e a todos os homens, a todos na Igreja e na sociedade, trabalhando juntos para que a paz seja o fruto da justiça.

[00248-06.02] [UD033] [Texto original: francês]

- Dr. Christophe HABIYAMBERE, Presidente de "Fidesco", Kigali (RUANDA)

A Comunidade Emanuel, fundada por Pierre Goursat, chegou a Ruanda em 1990 graças a Cyprien e Daphrose Rugamba. Desde o início riuniu ruandeses sem distinções de etnia. Cyprien dizia: “Não existe nem Hutu nem Tutsi, somos todos filhos de Deus”. A nossa Comunidade pagou um preço alto durante o genocídio: cerca de vinte irmãos - e entre eles Cyprien e Daphrose - morreram em 1994, deixando belíssimos testemunhos. Em 1997, outros irmãos foram mortos nos campos de Bukavu, depois de ter evangelizado até o sacrifício extremo da vida.
A comunidade participou na elaboração do caminho de reconciliação que a Igreja em Ruanda realizou antes do Grande Jubileu.
A Comunidade Emanuel também está comprometida no apoio aos católicos que estão engajados na política e nas altas esferas dos dirigentes do nosso país através do Centro Santo Tomás More. Este grupo de apoio reza e jejua pelos políticos quando eles são confrontados com situações críticas ou decisões difíceis, e oferece-lhes retiros, formação, documentação relativa à fé católica.

[00249-06.02] [UD034] [Texto original: francês]

- Rev.da Irmã. Mary Anne Felicitas KATITI, L.M.S.I., Superiora Provincial da Congregação das Pequenas Servas de Maria Imaculada (ZÂMBIA)

Ao falar como mulher africana, e de modo especial, da Zâmbia, peço a este Sínodo que dedique uma atenção particular à dignidade da mulher, que ainda precisa ser promovida, quer na Igreja, quer na sociedade. Parece-me que quando se fala do seu papel, dos seus direitos, e do seu contributo na obra da evangelização, as mulheres não têm uma verdadeira voz.
O importante problema das mulheres deve ser levado em consideração pela nossa Igreja se quisermos que a nossa idéia de reconciliação, de justiça e de paz seja arraigada na realidade do nosso continente africano. Sabemos bem que as mulheres são incumbidas de penosas responsabilidades nas difíceis condições económicas de hoje, sobretudo nos níveis mais baixos, e devem enfrentar todo tipo de abuso e de violência em suas casas e na sociedade em geral.
O que podemos aprender do exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao aceitar hoje o desafio da justiça para as mulheres na África? Recordar que Jesus cresceu e proclamou a mensagem do Reino numa sociedade e numa cultura dominadas pelos homens. Como viajavam as mulheres em companhia de Jesus? Sabemos isso das palavras de Lucas (Lc 8, 1-3).
Ao analisar a condição das mulheres hoje, aquilo que o Senhor Jesus fez é decididamente revolucionário. Contrariamente às fortes regras religiosas e culturais, Jesus queria que no grupo restrito e privilegiado que vivia com ele enquanto viajava de um vilarejo ao outro, estivesse também as mulheres. A Igreja da África de hoje, e a Igreja no mundo, não podem seguir o revolucionário exemplo de Jesus?
Não há dúvidas de que a Igreja como Família deve viver a justiça em seu interior, e a justiça exige que consideremos seriamente as funções e o tratamento das mulheres na Igreja, e como as mulheres podem participar mais dos processos decisórios, principalmente como agentes de pastoral.

[00250-06.05] [UD035] [Texto original: inglês]

- Rev.da Irmã. Bédour Antoun (Irini) SHENOUDA, N.D.A., Siperiora Provincial das Irmãs de Nossa Senhora dos Apóstolos, Cairo (EGITO)

Papel de guias espirituais e de animadores: as nossas comunidades interculturais e a vida comunitária fazem de nós testemunhas de comunhão e de amor, em um mundo fragmentado.
Papel na educação e no desenvolvimento social: um testemunho da verdade da mensagem evangélica e da sinceridade dos cristãos na sua fé. Uma atenção especial aos pobres, aos emigrados que são terreno fértil para a conversão ao islã....Papel de apoio aos cristãos no aprofundamento do espírito de pertença à pátria.
Diálogo inter-religioso em todas as suas formas: o diálogo de vida, o diálogo na vida, um diálogo popular e cotidiano.
O diálogo de ação, através do qual os cristãos colaboram com os irmãos e as irmãs para o desenvolvimento integral e a libertação das pessoas.
O diálogo das experiências religiosas, ousar a admitir a própria fé e ousar reconhecer os valores religiosos do outro que tem uma fé diferente.
Qualquer que seja o caminho já percorrido e os “resultados” das nossas atividades apostólicas, somos convidados a progredir sempre e a afrontar alguns desafios.
Na perspectiva da fé e da reconciliação, é urgente intensificar a formação religiosa das jovens irmãs para viver intensamente essas formas de diálogo, a escuta, a colaboração, os contatos e o desafio da desconfiança e do desenvolvimento que permitem um olhar generoso e uma abertura do espírito como também uma abordagem ao islã como religião, fé, credo e não como inimigos, agressores ou terroristas. Se queremos que o fanatismo diminua, façamos trabalhar juntos cristãos e muçulmanos.
O verdadeiro desafio para o futuro é representado pela ignorância, pela miséria e pela injustiça, terreno fértil para a violência e o extremismo. Nasce do profundo da nossa natureza de mulher, o desejo de encontrar uma resposta criativa e cheia de compaixão para as novas situações de sofrimento, de exclusão, de pobreza e de marginalização, sobretudo nas grandes cidades. Acolher mas também dedicar tempo para “ir ao encontro deles”.

[00251-06.03] [UD036] [Texto original: francês]

- Rev.da Irmã. Cecilia MKHONTO, S.S.B., Superiora Geral das Irmãs de Santa Brigida (ÁFRICA DO SUL)

Para compreender realmente o conceito de Igreja como família devemos olhar aos valores da família no contexto africano. Os membros de uma família cuidam uns dos outros e suas vidas e suas acções refletem a imagem de um único corpo; é também um aspecto sintetizado numa só palavra: ubuntu. Nós responsáveis pela Igreja, bispos, sacerdotes e religiosos somos chamados a ser exemplos da família de Deus especialmente nas situações que nos chamam a fazê-lo; devemos refletir constantemente sobre como testemunhamos esta realidade.
Quais são os problemas que devem enfrentar as religiosas diocesanas?
1. Carência na educação, que muitas vezes põe as religiosas diocesanas numa posição de desvantagem em relação à participação a um nível mais elevado de apostolado na Igreja, que poderia torná-las melhores como pessoas e melhorar as suas condições de vida.
2. Grandes expectativas, por parte das famílias das religiosas de receberem uma ajuda financeira, expectativas que são causa de conflitos interiores e em grande parte prejudicam a comunidade. Isso faz com que algumas religiosas sejam muito apegadas à sua família biológica.
3. O trauma vivido pela perda de muitos membros da própria família por causa do Hiv/Aids. Os filhos de pessoas que morrem com vírus Hiv/Aids permanecem órfãos sem ninguém que possa cuidar deles.
4. Condições de trabalho difíceis para as religiosas, sobretudo por causa de contratos inadequados assinados com os líderes da Igreja ou total ausência de um contrato.
À luz destes problemas, as religiosas estão divididas entre a família e a vida religiosa, vivem uma vida não satisfatória, contrária ao que Cristo as chamou a fazer dizendo: “Se queres seguir-me, vende tudo o que tens e segue-me”.
Se devemos ser uma família cristã, então peço para que cuidemos uns dos outros e reflitamos sobre os seguintes pontos:
- Iguais tratamentos para os sacerdotes e as religiosas diocesanas;
- Um bom ministério para a família, que instrua as pessoas em relação à Igreja e em particular sobre a vida religiosa, a fim de reduzir as expectativas dos homens e das mulheres consagradas.
- Não podemos falar de justiça externa sem rever as nossas estruturas e melhorar as condições de trabalho de nossos trabalhadores, incluindo as irmãs diocesanas.

[00267-06.03] [UD039] [Texto original: inglês]

- Sr. Maged MOUSSA YANNY, Diretor Executivo da Associação do Alto Egito para a Educação e o Desenvolvimento (EGITO)

As perguntas que são sempre feitas pelos cristãos que vivem em países de maioria muçulmana são:
1. Nós cristãos devemos entrar em diálogo com os muçulmanos, mesmo se as vezes percebemos hostilidade e violência por parte de grupos extremistas islâmicos e intolerância e rejeição por parte de nossos vizinhos?
2. Como podem os membros da Igreja trabalhar para construir a paz?
Gostaria de falar sobre a experiência da Comissão Justiça e Paz no Egito, que foi uma das primeiras iniciativas no país.
Nos anos oitenta e noventa o Egito viveu um período difícil de violência por parte de grupos extremistas indianos... Funcionários eminentes, escritores, policias e muitos cristãos foram vítimas desta violência. Em 1992 a Comissão Justiça e Paz convidou muçulmanos e cristãos para participarem de uma mesa redonda (escritores, jornalistas, peritos da comunicação, activistas dos direitos humanos, membros do movimento da fraternidade muçulmana e membros de vários partidos). A comissão ofereceu um espaço para expressar livremente os próprios pontos de vista.
A ideia por trás deste diálogo era encontrar o problema, sugerir se possível soluções e reforçar os valores de cidadania, tolerância e aceitação. O diálogo foi publicado num livro intitulado “Diálogo Nacional”. Ainda hoje podemos ver os resultados quando os participantes defendem os valores e as ideias de reconciliação e cidadania. Alguns pontos importantes que emergiram durante o encontro e aos quais devemos prestar atenção são:
- A importância de trabalhar com as crianças nas escolas para instilar nelas indirectamente os valores da reconciliação, da aceitação, etc;
- Eliminar dos programas de educação todos os textos que levam a uma maior intolerância e ódio;
- A importância dos meios de comunicação que muitas vezes trabalham contra a construção da paz;
- É necessário prestar atenção à mensagem transmitida pelos homens de fé, tanto muçulmanos quanto cristãos,
- Por fim, penso que o diálogo não possa permanecer distante como se fosse para uma elite, dentro de salas fechadas, mas é preciso pô-lo em prática. Deve alcançar o público para fazer efeito. Continuemos então a dialogar com os irmãos muçulmanos a fim de construir um mundo melhor, reconciliado, pacífico e justo.

[00268-06.03] [UD040] [Texto original: inglês]

- Dr. Orochi Samuel ORACH, Assistente do Secretario Executivo do "Uganda Catholic Medical Bureau", Kampala (UGANDA)

A assistência médica recebeu importantes contributos de organizações religiosas dos outros continentes, graças principalmente ao apoio dos nossos irmãos e irmãs do exterior que ajudam todos os países africanos. As estruturas médicas eclesiásticas ocuparam-se da assistência aos pobres, sobretudo nos momentos de conflito. Tornaram-se um sinal de esperança quando a corrupção apoderou-se do sistema de saúde nacional. Não só as guerras destruíram os nossos hospitais e as escolas; actualmente, também a sustentabilidade destas contribuições está a ser economicamente ameaçada.
A maioria ou todos os governos da África, não são auto-suficientes em relação à assistência médica. No entanto, existem fortes pressões para desviar as ajudas exteriores dirigidas às organizações não-governamentais e conduzi-las aos orçamentos dos governos. A Declaração de Paris sobre a Eficácia das Ajudas e o Plano de Acção de Acra (2008) tendem a confluir as ajudas aos governos e a tê-los como guia. Aparentemente, isso é positivo, mas as ajudas chegam através de modalidades diversas, o que faz com que o acesso das Igrejas aos recursos dependa dos humores dos governos africanos. Em Uganda, o apoio financeiro do governo está a reduzir-se e no ano passado, cobriu apenas 19% das despesas previstas nas estruturas médicas. Enquanto isso, a demanda de assistência e os custos dos serviços aumentam vertiginosamente, tornando difícil reduzir o custo da contribuição para os pobres. Ao mesmo tempo, o governo exige que as estruturas médicas religiosas ofereçam assistência gratuita.
Nos países onde as organizações religiosas são vistas como críticas em relação às políticas governamentais, a Declaração de Paris oferece aos governos o caminho para limitar o acesso às ajudas económicas por parte das estruturas religiosas. Nós sabemos que as verbas são doadas por católicos de outros países, que querem que os destinatários de seu dinheiro sejam as estruturas médicas católicas.

[00269-06.05] [UD041] [Texto original: inglês]

- Sr. Emmanuel Habuka BOMBANDE, Diretor Executivo da rede de construção da paz na África ocidental (W.A.N.E.P.) (GHANA)

Um dos factores críticos que causam o aumento dos conflitos violentos em muitas comunidades africanas é o modo como enfrentam o legado da história. Os precedentes históricos, desde o tráfico de escravos ao colonialismo, semearam a desconfiança e a divisão entre os grupos e tornaram-se um ponto frágil sobre os quais certos líderes políticos e civis mobilizam seus seguidores contra os outros para conquistar votos e consenso no poder.
Algumas comunidades baseiam-se no seu passado como vítimas para justificar seu ódio; outras fundam-se nas heranças de um passado vitorioso para continuar a dominar outras comunidades. Em ambos os casos, um círculo vicioso de violência e de destruição devastadora captura todos, como vítimas das injustiças do passado. Isto não pode continuar. É hora de idear e de realizar estruturas que funcionem, que promovam o significado autêntico da justiça e da paz. São estas a justiça e a paz exortadas no Instrumentum laboris, nos números 44, 45, 46 e 47.
No Gana, a Conferência episcopal dos bispos católicos exortou as organizações da sociedade civil, como a WANEP, a apoiar os esforços dos bispos e promover o diálogo inter-comunitário e intra-comunitário. Este compromisso envolve também os líderes políticos e civis. Algumas comunidades que estiveram divididas por mais de oitenta anos, como os Nkonya e os Alavanyo, superaram a violência e estão aprendendo a coexistir pacificamente, enfrentando seus desacordos de modo não violento e reciprocamente respeitoso.
Em 2008, o Gana teve que enfrentar desafios semelhantes a muitos outros países africanos, e em dezembro de 2008, realizaram-se eleições gerais. Ao expressar de modo concreto a missão profética da Igreja, os bispos comprometeram-se activamente, no momento em que foi necessário, e colocaram a disposição um espaço, com o apoio do diálogo com a sociedade civil, no qual os líderes dos principais partidos políticos encontraram-se e expressaram com franqueza a sua desconfiança e os suspeitos mútuos, e enfim, qual seria, ao seu ver, o resultado das eleições. Neste espaço, os líderes foram chamados a responder às suas responsabilidades, para assegurar que as eleições se realizassem sem violências. O processo de envolvimento, através do diálogo, reduziu também as possibilidades de violências pós-eleitorais.
As tendências atuais indicam claramente que as eleições na África tendem a ser altamente contestadas, com a possibilidade de um aumento das violências relacionado às eleições.
[00270-06.04] [UD042] [Texto original: inglês]

- Sr. Jules Adachédé HOUNKPONOU, Secretario Geral da Coordenação Internacional da Jovens Traballadoras Cristãs (C.I.G.i.O.C.) (BENIN)

Resume-se em dois pontos o objectivo da JOC desde que foi criada em 1925 pelo Padre Joseph Cardijn para ajudar os jovens das camadas populares a pôr as suas vidas em relação com a fé e a reduzir a distância da contradição que existe entre a Verdade da Realidade e a Verdade da fé. A missão de anunciar o Evangelho às nações é sempre actual e levar a luz do Evangelho às camadas mais vulneráveis vítimas de todas as formas de injustiça é cada vez mais urgente.
A nível nacional, os movimentos organizam formação ao compromisso e à responsabilidade, ao recolhimento e campanhas de acção durante onde os jovens são verdadeiros “apóstolos dos jovens para os jovens”.
Em nível sub-regional e internacional e depois da Ecclesia in Africa, o Secretariado Internacional da JOC organizou 12 reuniões para intercâmbio e formação de responsáveis nacionais, capelães e acompanhantes.
O benefício destes encontros é que eles favorecem a solidariedade entre os jovens, o encontro de culturas, o intercâmbio de diferentes realidades sócio-culturais e políticas, a abertura de espírito e a tomada de consciência dos jovens sobre a dimensão regional ou internacional das situações em que vivem.
O quadro da situação da juventude na África não é muito brilhante.
O peso das dificuldades distanciam os jovens da sua fé. Eles separam a vida profissional de sua fé. Eles são espiritualmente frágeis e não têm consciência de que o engajamento na Igreja pode ajudá-los a serem mais fortes. Eles precisam de encontrar jovens da sua idade e da sua profissão para serem transformados.
Eu sugiro que:
- O conhecimento da Acção católica seja reforçado nos seminários a fim de preparar os futuros sacerdotes a este tipo de acompanhamento;
- Que os movimentos de Acção católica sejam também utilizados como meios estratégicos no plano de acção pastoral em vista da reconciliação, da justiça e da paz.

[00279-06.07] [UD043] [Texto original: francês]

- Pe. Joaquín ALLIENDE, Presidente da Associação Internacional “Kirche in Not”, Alemanha (CHILE)

A encarnação do Verbo não é apenas o conteúdo da nossa mensagem mas é também o método da nossa acção. Nós sabemos que a etimologia grega da palavra «método» significa caminho para chegar à meta. Por outro lado, a capacidade de encarnação da cultura africana é conhecida. Eu próprio venho de uma cultura não toda europeia. Eu venho da América Latina e pertenço ao Movimento mariano de Sschoenstatt fundado por um padre profético que trouxe à Igreja uma pedagogia da liberdade para a maturidade cristã. Eu fui o superior do Santuário Nacional do Chile, a minha pátria, dedicado à Nossa Senhora. Tudo isso permitiu-me viver de maneira concreta este método da encarnação. Eu vou apresentar-vos, com respeito, três reflexões.
A tradição mariana da Igreja é um tesouro precioso do qual devemos cuidar e que devemos fazer crescer. Não é uma realidade que está ali como uma coisa, que existe como um facto natural. A presença feminina de Maria é necessária para encontrar a boa síntese entre a fé revelada e a riqueza afectiva do homem e da mulher. É um carisma pedagógico para estabelecer a relação entre a fé revelada e a vida existencial, entre pessoas e comunidades, entre a construção da Igreja e a fraternidade solidária no mundo e na cultura.
O Espírito Santo levou à santidade vários baptizados da África. São histórias comoventes de amor que deveriam se tornar sinais e forças missionárias. Muitos deles poderão ser beatificados e canonizados. Há casos de uma exemplaridade excepcional sobre os quais se poderiam concentrar esforços conjuntos. Basta pensar na maravilhosa história de testemunho de reconciliação dos mártires do Seminário de Buta no Burundi. De forma mais geral, talvez fosse útil preparar um manual para as beatificações em África.
Na tradição viva da Igreja, os santuários são um espaço privilegiado de evangelização e de santidade. Também as religiões naturais e o Islão têm lugares sagrados. Para nós, o Verbo encarnado santificou os tempos e a terra. Por outro lado, a Igreja tem o tempo litúrgico e a localidade do templo. A história da pastoral diz-nos que ao longo dos séculos os métodos de encarnação tiveram nos santuários os centros de criatividade audaz para evangelizar e santificar o povo.

[00280-06.02] [UD044] [Texto original: francês]

- Dr. Munshya CHIBILO, Chefe dos projetos de adoção à distância da Associação "Comunidade Papa João XXIII" (ZÂMBIA)

Gostaria de destacar a importância de trabalhar em prol da reconciliação com os jovens, através de uma abordagem não violenta que promova a educação para os pobres. Gostaria de ilustrar isso através da experiência específica da nossa Comunidade Papa João XXIII em um dos nossos projetos em Ndola, no Zâmbia para a crianças de rua, neste caso os meninos.
A nossa comunidade observara que quando íamos jogar fora os detritos em um lixão, muitas vezes encontrávamos adolescentes que vinham revistar o nosso lixo e que imediatamente começavam a dividi-lo. Os adolescentes eram organizados de tal modo que o mais velho era o líder do grupo e dava instruções para os demais.
A nossa Comunidade Papa João XXIII iniciou a interessar-se pela situação e a ir todos os dias até o lixão e ficar ali durante uma hora. Conversamos com eles e algumas vezes levamos um pouco de alimento. Assim, tornamo-nos amigos e soubemos das suas histórias do por que se encontravam em um lugar tão perigoso. Eis algumas razões:
- A maior parte deles era órfã, tendo perdido um ou ambos os pais por causa de diversas doenças, entre as quais a malária, o Vih e a Sida.
- Não podiam ir a escola porque não tinham dinheiro para as despesas.
- Não podiam encontrar trabalho porque não tinham nenhum diploma escolar.
- A pobreza era uma experiência comum nas suas casas.
- Em alguns casos, com a morte do pai os parentes tinham se apropriado dos bens, inclusive da casa, e as crianças tinham sido ameaçadas de morte através da bruxaria se se oupessem ou fossem à polícia ou a um tribunal.
Chichetekelo é um centro de atração seja para o governo seja para a população local. Alguns jovens concluíram a escola secundária e agora frequentam a universidade, enquanto aqueles com capacidade profissional conseguiram um emprego em boas empresas.
Creio que esta experiência da nossa comunidade seja um evidente testemunho de um ato não violento de justiça e de paz na verdade, através do qual as pessoas reconciliam-se entre si e com o seu Deus. De fato, é possível encontrar soluções sustentáveis para que as nossas crianças sejam melhor protegidas e possam ter a possibilidade de crescer para se tornar boas pessoas do mundo e boas pessoas de Deus.
[00281-06.03] [UD045] [Texto original: inglês]

- Sr. Augustine OKAFOR, Especialista em administração pública (NIGÉRIA)

A edição 2007/2008 do Relatório sobre o desenvolvimento humano, publicado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, mostra que todos os países da África subsaariana, excepto três, entram na categoria de países subdesenvolvidos do mundo. Os dados/estatísticos sobre a pobreza estão piorando na maior parte dos países africanos.
Estou convicto que os governos de todos os países, sobretudo na África, tenham a responsabilidade maior de tirar seus cidadãos da pobreza degradante e que o governo deve investir no desenvolvimento humano sustentável. Na Carta Encíclica Populorum Progressio, Paulo VI articulou a sua visão de desenvolvimento com o objectivo de fazer tirar os povos sobretudo da fome, da miséria, das doenças endémicas e do analfabetismo. Sugere-se que o Estado empregue suas energias e recursos a um consistente melhoramento no âmbito da educação, da segurança alimentar, do desenvolvimento de suas infra-estruturas sociais e físicas, a igualdade entre os sexos, a promoção das capacidades internas das comunidades desfavorecidas. A este propósito devemos sublinhar a promoção da participação ativa da sociedade civil não somente no governo, mas em todos os aspectos do desenvolvimento humano e social. A pergunta que surge daquilo que eu apenas disse é: “Qual é a função da Igreja ao enfrentar os desafios do desenvolvimento que se apresentam nos países africanos? O Santo Padre Bento XVI abordou tal questão de maneira extensiva na Encíclica “Caritas in Veritate”. Antes de tudo reconheceu a exigência de cultivar “novas modalidades de exercício, de enfrentar os desafios do mundo actual”. A Igreja é uma parte integrante da sociedade e deve demonstrar um maior envolvimento no programa de desenvolvimento humano e social do Estado.
Pode realizar esta função através de um mecanismo institucionalizado para encaminhar a sua participação ou o seu interesse na formulação e na actuação de políticas e de programas públicos. Deve também desenvolver estruturas para facilitar e promover o diálogo, a colaboração e o contato regular com o governo e os seus entes. A Igreja na África deve aumentar a sua visibilidade como voz de quem não tem voz e dos membros desfavorecidos da sociedade. Os fiéis leigos devem ser sensibilizados e incluídos nesta tarefa Igreja-Estado. Enfim, gostaria de mencionar o conselho recordado pelo Santo Padre na Caritas in veritate, ou seja, que o “homem é o autor, o centro e o fim de toda a vida socioeconomica”.

[00294-06.03] [UD046] [Texto original: inglês]

AVISOS

- CONCERTO EM HOMENAGEM AO SANTO PADRE
- COLETIVAS DE IMPRENSA
- “BRIEFING”
- “POOL”
- BOLETIM SYNODUS EPISCOPORUM
- COBERTURA DE TV AO VIVO
- NOTICIÁRIO TELEFÓNICO
- HORÁRIO DE ABERTURA DA SALA DE IMPRENSA DA SANTA SÉ

CONCERTO EM HOMENAGEM AO SANTO PADRE

A Academia de Piano Internacional “Encontros com o Mestre” de Imola oferecerá um concerto em homenagem a Sua Santidade Bento XVI, com a sua presença. Sábado, 17 de Outubro de 2009, às 18h, na Sala Paulo VI, no Vaticano, a pianista chinesa Jin Ju se exibirá em sete instrumentos pertencentes à Colecção do Palácio Monsignani de Imola, desde o forte-piano de mesa de fins do século XVIII ao piano de cauda moderno do início do século XX. O concerto narrará sinteticamente a história e a evolução do piano, e coincide com o vigésimo aniversário da Academia, fundada em 1989 por Franco Scala. A missão da Academia é formar concertistas mediante a meticulosa selecção de talentos, a proposta didática de qualidade, o estudo de programas musicais voltados à formação de amplos repertórios. Jin Ju, nascida em Xangai em 1976 numa família de músicos, iniciou a estudar piano aos quatro anos. Obteve o Master no Conservatório central de Pequim e o diploma de honra na Academia Chigiana de Siena. Actualmente, é assistente de piano na Academia de Piano Internacional de Imola. Na ocasião, serão executados: o Prelúdio n.1 do clavicembalo ben temperato, vol. 1 BWV 846, de J.S. Bach; a Sonata em dó maior K 159 de D. Scarlatti, com Forte-piano de mesa Wood small, Edimburgo fins dos anos ‘700; Variações KV 500, de W.A. Mozart, com Forte-piano Johann Schantz, Vienna 1798 ca.; Variações de «La ricordanza» ob.33, de C. Czerny, com Forte-piano Johann Schantz, Viena 182o; Sonata quase uma fantasia em dó men. ob. 27 n. 2 «Claro d Lua», de L.van Bethoven, com Forte-piano Conrad Graf n. 1041, Viena 1825; Balada n.4 em fá men. ob. 52 F. Chopin, com Piano-forte Erard, Paris fins dos anos ‘800; «As estações» ob. 37, outubro n.10, agosto n. 8, de P.J. Tchajkovsky, com Piano Steinway&Sons 1885; Paráfrase de Rigoletto de G. Verdi R. 267, F. Liszt, com Piano Steinway&Sons 1900. Os jornalistas podem solicitar o bilhete-convite junto ao Escritório de Credenciamento da Sala de Imprensa da Santa Sé.

[00295-06.03] [RE000] [Texto original: italiano]

COLETIVAS DE IMPRENSA


A segunda Coletiva de Imprensa sobre os trabalhos sinodais (com a tradução simultânea em italiano, inglês, francês e português) realizar-se-à hoje Quarta-feira 14 de outubro 2009 (após a Relatio post disceptationem), por volta das 12h45, na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé. Participarão:

- S. Em. R. Card. Wilfrid Fox NAPIER, O.F.M., Arcebispo de Durban (ÁFRICA DO SUL), Presidente Delegado
- S. Em. R. Card. Théodore-Adrien SARR, Arcebispo de Dacar, Primeiro Vice-Presidente do Simpósio das Conferências Episcopales da África e Madagáscar (S.E.C.A.M.) (SENEGAL), Presidente Delegado
- S. Em. R. Card. John NJUE, Arcebispo de Nairóbi, Presidente da Conferência Episcopal (QUÉNIA), Presidente de Comissão para a Informação
- S. E. R. Dom Manuel António MENDES DOS SANTOS, C.M.F., Bispo de São Tomé e Príncipe (SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE), Membro de Comissão para a Informação

A terceira Coletiva de Imprensa sobre os trabalhos sinodais (com a tradução simultânea em italiano, inglês, francês e português) realizar-se-à Sexta-feira 23 de outubro 2009 (após a Nuntius), por volta das 12h45, na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé. Participarão:

- S. E. R. Dom John Olorunfemi ONAIYEKAN, Arcebispo de Abuja (NIGÉRIA), Presidente de Comissão para a Mensagem
- S. E. R. Dom Youssef Ibrahim SARRAF, Bispo do Cairo dos Caldeus (EGITO), Vice- Presidente de Comissão para a Mensagem
- S. E. R. Dom
Francisco João SILOTA, M. Afr., Bispo de Chimoio, Segundo Vice-Presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (S.E.C.A.M.) (MOÇAMBIQUE), Membro de Comissão para a Mensagem

A quarta Coletiva de Imprensa sobre os trabalhos sinodais (com a tradução simultânea em italiano, inglês, francês e português) realizar-se-à sábado, 24 de outubro 2009 (após a Nuntius), por volta das 12h45, na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé. Participarão:
- S. Em. R. Card. Peter Kodwo Appiah TURKSON, Arcebispo de Cape Coast, Presidente da Associação das Conferências Episcopais da África Ocidental (A.C.E.A.O./A.E.C.W.A.) (GANA), Relator Geral
- S. E. R. Dom Damião António FRANKLIN, Arcebispo de Luanda, Presidente da Conferência Episcopal (ANGOLA), Secretário Geral
- S. E. R. Dom Edmond DJITANGAR, Bispo de Sarh (CHADE), Secretário Geral

As Coletivas de Imprensa são presididas pelo Rev. Pe. Federico LOMBARDI, S.I., Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Secretário ex-ufficio da Comissão para a Informação da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos.

Os fotógrafos e operadores audiovisuais (cinegrafistas e técnicos) para obter a autorização de acesso devem dirigir-se ao Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.


“BRIEFING”

O oitavo “Briefing” para os grupos linguísticos será realizado (nos lugares e com os Assessores de Imprensa indicados no Boletim N. 2) quinta-feira 15 de Outubro de 2009, por volta das 13h10.

Recorda-se que os fotógrafos e operadores audiovisuais (cinegrafistas e técnicos) para obter a autorização de acesso (muito limitado) devem dirigir-se ao Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.

Os próximos “Briefing” terão lugar, geralmente às 13h10:
- Sexta-feira, 16 de Outubro de 2009 (com a presença de um Padre sinodal para cada um dos grupos linguísticos; publicaremos a lista dos nomes no Boletim que vai sair amanhã, quinta-feira, 15 de Outubro, no início da tarde, no final da Décima Quinta Congregação Geral)
- Sábado 17 de Outubro de 2009
- Terça-feira 20 de Outubro de 2009

“POOL”

Estão previstos “Pools” de jornalistas credenciados para entrar na Sala do Sínodo, possivelment­e, para a oração de abertura das Congregações Gerais no início da manhã, nos seguintes dias:
- Quinta-feira 15 de Outubro de 2009
- Sábado 17 de Outubro de 2009
- Terça-feira 20 de Outubro de 2009- Sexta-feira 23 de Outubro de 2009
- Sábado 24 de Outubro de 2009

No Escritório de Informação e Credenciamento da Sala de Imprensa da Santa Sé (na entrada, à direita) serão colocadas à disposição dos jornalistas listas de inscrição aos “Pools”.

Para os “Pools” os fotógrafos e os operadores TV devem dirigir-se ao Pontifício Conselho das Comunicações Sociais.

Os participantes nos “Pools” devem estar às 08h30 no Setor Imprensa, montado diante da entrada da Sala Paulo VI, de onde serão acompanhados por um membro da Sala de Imprensa da Santa Sé (para os jornalistas) e por um membro do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais (para os fotógrafos e operadores TV). É solicitado um traje apropriado à circunstância.

BOLETIM SYNODUS EPISCOPORUM

O próximo Boletim, com os resumos dos
Relatórios dos Círculos Menores, que serão apresentados pelos Relatores dos Círculus Menores na Décima Quinta Congregação Geral de amanhã de manhã, quinta-feira, 15 de Outubro de 2009, estará à disposição dos jornalistas credenciados no final do “Briefing”.

COBERTURA DE TV AO VIVO

Serão transmitidas, ao vivo, através de monitores na Sala das Telecomunicações, na Sala dos jornalistas na Sala João Paulo II da Sala de Imprensa da Santa Sé:
- Domingo 25 de Outubro de 2009 (09h30): Solene Concelebração da Santa Missa de encerramento do Sínodo (Basílica de São Pedro)

Eventuais variações serão publicadas quando for possível

NOTICIÁRIO TELEFÓNICO

Durante o período sinodal estará em função um noticiário telefónico:
- +39-06-698.19 com o Boletim ordinário da Sala de Imprensa da Santa Sé;
- +39-06-698.84051 com o Boletim do Sínodo dos Bispos, parte da manhã;
- +39-06-698.84877com o Boletim do Sínodo dos Bispos, parte da tarde.

HORÁRIO DE ABERTURA DA SALA DE IMPRENSA DA SANTA SÉ

A Sala de Imprensa da Santa Sé, por ocasião da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos permanecerá aberta conforme o seguinte horário, de 2 a 25 de outubro de 2009:
- De quarta-feira 14 de Outubro a sábado 17 de Outubro: 09h – 16h
- Domingo 18 de Outubro: 11h – 13h
- De segunda-feira 19 de Outubro a sábado 24 de Outubro: 09h – 16h
- Domingo 25 de Outubro: 09h – 13h

Os funcionários do Escritório de informação e credenciamento estarão à disposição (na entrada à direita):
- Segunda a sexta-feira: 09h – 15h
- Sábado: 09h – 14h

Eventuais mudanças serão comunicadas, quando for possível, através de anúncios no quadro de avisos da Sala dos jornalistas na Sala de Imprensa da Santa Sé, no Boletim da Comissão para a informação da II Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos e na área Comunicações de serviço do site de Internet da Santa Sé.

 

 

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- Índice Boletim Synodus Episcoporum - Assembleia Especial para a África - 2009
 
[Espanhol, Francês, Inglês, Italiano,
Plurilingüe, Português]

- Índice Sala de Imprensa da Santa Sé
 
[Alemão, Espanhol, Francês, Inglês, Italiano, Português]

 

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