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CELEBRAÇÃO MARIANA
PARA A CONCLUSÃO DO MÊS DE MAIO
NO VATICANO

DISCURSO DO PAPA BENTO XVI

Jardins do Vaticano
Sábado, 30 de Maio de 2009

Venerados Irmãos
Queridos irmãos e irmãs

Saúdo-vos a todos com afecto, no final da tradicional vigília mariana que encerra o mês de Maio no Vaticano. Este ano ela adquiriu um valor todo especial porque coincide com a vigília de Pentecostes. Reunindo-vos, espiritualmente recolhidos em volta da Virgem Maria, e contemplando os mistérios do Santo Rosário, reviveis a experiência dos primeiros discípulos, reunidos no Cenáculo com "a mãe de Jesus", que "se entregavam assiduamente à oração", na expectativa da vinda do Espírito Santo (cf. Act 1, 14). Também nós, nesta penúltima noite de Maio, da Colina do Vaticano, invoquemos a efusão do Espírito Paráclito sobre nós, sobre a Igreja que está em Roma e sobre todo o povo cristão.

A grande festa de Pentecostes convida-nos a meditar sobre a relação entre o Espírito Santo e Maria, uma relação estreitíssima, privilegiada, indissolúvel. A Virgem de Nazaré foi escolhida para se tornar a Mãe do Redentor por obra do Espírito Santo: na sua humildade, encontrou graça aos olhos de Deus (cf. Lc 1, 30). Com efeito, no Novo Testamento vemos que a fé de Maria, por assim dizer, "atrai" o dom do Espírito Santo. Antes de tudo, na concepção do Filho de Deus, mistério que o próprio Arcanjo Gabriel assim explica: "O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra" (Lc 1, 35). Logo depois, Maria foi ajudar Isabel, e quando chegou à sua casa e a saudou, o Espírito Santo fez saltar o menino no ventre da parente idosa (cf. Lc 1, 44); e todo o diálogo entre as duas mães é inspirado pelo Espírito de Deus, sobretudo o cântico de louvor com o qual Maria exprime os seus sentimentos profundos, o Magnificat. Toda a vicissitude do nascimento de Jesus e da sua primeira infância está guiada de maneira quase palpável pelo Espírito Santo, embora nem sempre seja mencionado. O coração de Maria, em perfeita consonância com o Filho divino, é templo do Espírito da verdade, onde cada palavra e acontecimento são conservados na fé, na esperança e na caridade (cf. Lc 2, 19.51).

Assim, podemos estar certos de que o santíssimo coração de Jesus em todo o arco da vida escondida em Nazaré sempre encontrou no coração imaculado da Mãe uma "chama" ardente de oração e de atenção constante à voz do Espírito. O que aconteceu durante as bodas de Caná é testemunho desta singular sintonia entre Mãe e Filho na busca da vontade de Deus. Numa situação cheia de símbolos da aliança, como é o banquete nupcial, a Virgem Maria intercede e provoca, por assim dizer, um sinal de graça superabundante: o "vinho bom" que remete para o mistério do Sangue de Cristo. Isto conduz-nos directamente ao Calvário, onde Maria se encontra aos pés da cruz juntamente com as outras mulheres e com o apóstolo João. A Mãe e o discípulo recolhem espiritualmente o testamento de Jesus: as suas últimas palavras e o seu último suspiro, no qual Ele começa a efundir o Espírito; e recolhem o brado silencioso do seu Sangue, inteiramente derramado por nós (cf. Jo 19, 25-34). Maria sabia de onde provinha aquele sangue: tinha-se formado nela por obra do Espírito Santo, e sabia que aquele mesmo "poder" criador teria ressuscitado Jesus, como Ele tinha prometido.
Assim, a fé de Maria apoiou a dos discípulos até ao encontro com o Senhor ressuscitado, e continuou a acompanhá-los também depois da sua Ascensão ao céu, na expectativa do "baptismo no Espírito Santo" (cf. Act 1, 5). No Pentecostes, a Virgem Mãe aparece novamente como Esposa do Espírito, para uma maternidade universal em relação a todos os que são gerados por Deus para a fé em Cristo. Eis porque, para todas as gerações, Maria é imagem e modelo da Igreja, que juntamente com o Espírito caminha no tempo invocando o retorno glorioso de Cristo: "Vinde, Senhor Jesus" (cf. Ap 22, 17.20).

Queridos amigos, na escola de Maria, aprendamos também nós a reconhecer a presença do Espírito Santo na nossa vida, a escutar as suas inspirações e a segui-las docilmente. Ele faz-nos crescer segundo a plenitude de Cristo, de acordo com aqueles bons frutos que o apóstolo Paulo enumera na Carta aos Gálatas: "Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio" (5, 22). Desejo-vos que estejais sempre repletos destes dons e que caminheis com Maria segundo o Espírito e, enquanto vos exprimo a minha gratidão, o meu louvor, pela participação nesta celebração vespertina, de coração concedo a todos vós e aos vossos entes queridos a Bênção Apostólica.

© Copyright 2009 - Libreria Editrice Vaticana



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