PAPA FRANCISCO
MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE
Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 38 de 22 de Setembro de 2013
É preciso evitar ceder à tentação de idolatrar o dinheiro. Significaria debilitar a nossa fé e deste modo correr o risco de se tornar dependente do engano dos desejos insensatos e prejudiciais, aqueles que levam o homem a ponto de se afogar na ruína e na perdição. Sobre este perigo o Papa Francisco advertiu-nos durante a homilia da missa celebrada na sexta-feira 20 de Setembro, na capela de Santa Marta. «Jesus — afirmou o Santo Padre comentando as leituras — disse-nos claramente, e também de maneira definitiva, que não podemos servir a dois senhores: não podemos servir a Deus e ao dinheiro. Entre eles alguma coisa não se harmoniza. Há algo na atitude de amor pelo dinheiro que nos afasta de Deus». E citando a primeira carta de são Paulo a Timóteo (6, 2-12), o Papa disse: «Aqueles que querem enriquecer caem na tentação do engano de muitos desejos insensatos e prejudiciais, que fazem com que os homens se afoguem na ruína e na perdição».
De facto, a avidez — prosseguiu — «é a raiz de todos os males. Subjugados pelo desejo, alguns desviaram-se da fé e encontraram muitos tormentos. É o poder do dinheiro que nos faz desviar da fé pura. Priva-nos da fé, debilita-se e acabamos por perdê-la». E, permanecendo na carta paulina, frisou que o apóstolo afirma em seguida que «se alguém ensina diversamente e não segue as palavras sadias de nosso Senhor Jesus Cristo e a doutrina em conformidade com a religiosidade verdadeira fica cego de orgulho, nada compreende e torna-se um maníaco de questões ociosas e conversas inúteis». Depois, o Papa explicou o pecado ligado ao desejo do dinheiro, com todas as suas consequências, no primeiro dos dez mandamentos: peca-se de «idolatria», disse: «O dinheiro — evidenciou — torna-se ídolo e tu prestas-lhe culto. E por isso Jesus diz-nos: não podes servir ao ídolo dinheiro e ao Deus vivo. Um ou outro». Os primeiros Padres da Igreja «diziam uma palavra forte: o dinheiro é esterco do diabo. É assim, porque nos torna idólatras e adoece a nossa mente com o orgulho, tornando-nos maníacos de questões ociosas e afasta-nos da fé. Corrompe». O apóstolo Paulo por sua vez diz-nos para nos inclinarmos para a justiça, a piedade, a fé, a caridade, à paciência. Contra a vaidade e o orgulho «serve a mansidão». Aliás, «este é o caminho de Deus, não o do poder idolátrico que o dinheiro pode dar. É o caminho da humildade de Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre para nos enriquecer precisamente com a sua pobreza. Este é o caminho para servir Deus. E que o Senhor ajude todos nós a não cair na armadilha da idolatria do dinheiro».
Como uma mãe que nos ama, nos defende, nos dá a força para ir em frente na luta contra o mal. Eis a imagem da Igreja caracterizada pelo Papa Francisco na terça-feira 17 de Setembro, durante a missa celebrada de manhã cedo em Santa Marta.
Comentando o trecho do Evangelho de Lucas que narra a ressurreição do filho da viúva de Naim (7, 11-17), o Pontífice descreveu Jesus que, ao ver a mulher diante do cadáver do seu único filho, «sentiu grande compaixão». E definiu o sentimento de Cristo como «a capacidade de sofrer connosco, de estar próximo dos nossos sofrimentos e fazê-los seus». Ele sabia bem «o que significava ser viúva naquele tempo», quando as mães que ficavam sozinhas a crescer os filhos dependiam da ajuda e da caridade de outros. Em relação a elas o Senhor mostra uma particular «atenção, um amor especial», a ponto que elas acabam por constituir «um ícone da Igreja, porque — explicou — também a Igreja é num certo sentido viúva: o seu esposo foi embora e ela caminha na história esperando encontrá-lo. Então ela será a esposa definitiva». «Entretanto, admoestou, a Igreja está sozinha», e o Senhor não é visível para ela: portanto, «tem uma certa dimensão de viuvez». A primeira consequência desta viuvez é que a Igreja se torna «corajosa», à semelhança de uma mãe «que defende os filhos». Da coragem deriva depois um segundo elemento, a força, como testemunham outras viúvas descritas nas Escrituras. E dado que o Papa vê a «nossa mãe Igreja nesta viúva que chora», é preciso perguntar-nos o que diz o Senhor a esta mãe para a confortar. A resposta está nas próprias palavras de Jesus referidas por Lucas: «Não chores!», porque «eu estou contigo, acompanho-te, espero-te lá, nas núpcias, as últimas núpcias, as do Cordeiro»; não chores, «este teu filho que estava morto agora vive». E a esta última, terceira figura presente no cenário evangélico, o Senhor dirige-se ordenando-lhe: «Jovem, eu te digo: levanta-te!». Para o Pontífice são as mesmas palavras que o Senhor dirige aos homens no sacramento da reconciliação, «quando morremos para o pecado pedindo-lhe perdão». O Papa concluiu afirmando que «não há caminho de vida, não há perdão, não há reconciliação fora da mãe Igreja», e por isso é sempre necessário «pedir ao Senhor a graça de ser confiantes nesta mãe que nos defende, ensina, faz crescer».
Um bom cristão participa activamente na vida política e reza para que os políticos amem o próprio povo e o sirvam com humildade. Foi a reflexão proposta pelo Papa Francisco na missa celebrada a 16 de Setembro, em Santa Marta.
Comentando o trecho do evangelho de Lucas (7, 1-10) no qual é narrada a cura, por obra de Jesus, do servo do centurião em Cafarnaum, o Pontífice realçou «duas atitudes do governante». Antes de tudo, «deve amar o seu povo. Um governante que não ama não pode governar. No máximo, pode pôr um pouco de ordem mas não pode governar». Para o Papa Francisco o governante deve ser também humilde como o centurião do Evangelho, que teria podido orgulhar-se do seu poder, se Jesus lhe tivesse pedido para ir ter com ele, mas «era um homem humilde e disse ao Senhor: não te preocupes, não sou digno que entreis em minha casa, mas diz uma palavra e o meu servo será curado. Estas são as duas virtudes de um governante: amor ao povo e humildade». Contudo, também os governados devem fazer a suas escolhas. A política, diz a doutrina social da Igreja, é uma das mais elevadas formas de caridade, porque é servir o bem comum. Por conseguinte, devemos colaborar, com a nossa opinião, com a nossa palavra e também com a nossa correcção. Um bom católico participa na política oferecendo o melhor de si para que o governante possa governar». Então, o que «podemos oferecer de bom» aos governantes? «A oração», respondeu o Pontífice. Rezemos pelos governantes para que nos governem bem. Para que levem em frente a nossa pátria, a nossa nação e também o mundo; e que haja paz e bem comum.
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