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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

No início do Céu

Sexta-feira, 17 de Outubro de 2014

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 43 de 23 de Outubro de 2014

O cristão não pode ser «tíbio»: tem uma identidade bem determinada que lhe é dada pelo selo do Espírito Santo. Volta a reflexão sobre o início da Carta aos Efésios e sobre os cristãos «escolhidos pelo Senhor antes da criação do mundo» durante a missa em Santa Marta. Entre os presentes também Enzo Camerino, sobrevivente ao Shoah, que já tinha encontrado o Pontífice a 16 de Outubro de 2013, no septuagésimo aniversário da rusga do gueto de Roma.

«O Senhor — disse o Pontífice na homilia recordando as palavras de são Paulo — não só nos escolheu», mas também «nos deu uma identidade». E, explicou, não recebemos em herança simplesmente um nome, «mas uma identidade, um modo de viver, que não é apenas uma série de hábitos, é mais: é precisamente uma identidade». De que maneira fomos «marcados» tão profundamente? Escreve isto o apóstolo: «Recebestes o selo do Espírito Santo». A nossa identidade, disse o bispo de Roma, «é precisamente este selo, esta força do Espírito Santo, que todos nós recebemos no Baptismo».

E dado que o Espírito Santo que nos fora prometido por Jesus, «selou o nosso coração» e, ainda mais, «caminha connosco» não só nos dá a identidade, mas, também, «é penhor da nossa herança. Com Ele o Céu começa». Eis então que o cristão age na vida terrena mas já vive na perspectiva da «eternidade. Com este selo nós temos o Céu nas mãos». Mas a vida diária está constelada de tentações, antes de tudo a de «não nos darmos conta desta beleza, que recebemos». Quando isto acontece, o Espírito, para usar uma expressão paulina, «entristece-se»: acontece, frisou, «quando queremos, não digo eliminar a identidade, mas torná-la opaca».

É o caso do «cristão tíbio», aquele que «vai à missa ao domingo, sim, mas na sua vida a identidade não se vê», aquele que mesmo sendo um cristão, substancialmente «vive como um pagão». Há depois outro risco, outro pecado «do qual Jesus falava aos discípulos» quando os admoestava: «Precavei-vos bem do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia». Acontece, recordou o Papa, que se «finge ser cristãos», que falta a “transparência” do agir, que se professa com palavras uma coisa mas nas acções faz-se diversamente». «E era isto que faziam os doutores da lei», o fermento da «hipocrisia» que corre o risco de crescer dentro de nós.

Qual é, então, questionou o Pontífice, «a atitude verdadeira de um cristão?». Aprendemo-lo precisamente de Paulo: «O fruto do Espírito, aquele que vem da nossa identidade, é amor, alegria, paz, magnanimidade, benevolência, bondade, fidelidade, mansidão, domínio de si». É este, concluiu o Papa Francisco, o nosso caminho para o Céu».

 


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