PAPA FRANCISCO
MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE
Um bom advogado
Terça-feira 3 de Junho de 2014
Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 23 de 5 de junho de 2014
A nosso favor, temos o melhor advogado defensor, que «não fala muito mas ama» e «precisamente neste momento» está a rezar por todos nós, e a mostrar «as suas chagas ao Pai», para lhe recordar «o preço que pagou para nos salvar». «Rezo por eles; não pelo mundo, mas por quantos me deste, porque são teus» são as palavras de Jesus ao Pai no seu «discurso de despedida», como é apresentado no Evangelho de João (17, 1-11). Mas a liturgia, frisou o Pontífice, oferece-nos na primeira leitura também outro «discurso de despedida»: de Mileto são Paulo manda chamar a Éfeso os idosos da Igreja para se despedir, segundo os Actos dos Apóstolos (20, 17-27).
São Paulo diz-lhes que não conhece o seu destino: «Só sei — afirma — que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me confirma que me esperam correntes e tribulações». A narração continua com a notícia de que «todos explodiram num grande pranto e lançando-se aos braços de Paulo beijavam-no, aflitos sobretudo porque disse que não voltariam a ver o seu rosto. E acompanharam-no até à embarcação». Contudo, Paulo, encorajou-os a ir em frente, a anunciar o Evangelho, a não desanimar.
São Paulo, explicou o Papa, «no capítulo oito da Carta aos romanos diz-nos que é uma oração de intercessão». Assim, «hoje, enquanto rezamos aqui, Jesus ora por nós, reza pela sua Igreja». E «o apóstolo João» garante-nos que se pecarmos, temos «um advogado diante do Pai, alguém que reza por nós, nos defende diante do Pai, nos justifica».
É importante, frisou o Pontífice, «pensar nesta verdade, nesta realidade: neste momento Jesus está a rezar por mim. Posso prosseguir na vida porque tenho um advogado que me defende. Se sou culpado, se tiver muitos pecados», Jesus «é um bom advogado defensor e falará ao Pai sobre mim».
E como reza Jesus hoje? «Penso que não fale muito com o Pai: ama», respondeu o Papa. E acrescentou: «Mas uma coisa que Jesus faz hoje, estou certo que o faz: mostra ao Pai as suas chagas. E Jesus com as suas chagas reza por nós. Como se dissesse: “Pai, eis o preço! Ajuda-os, protege-os, são os teus filhos que salvei”».
Caso contrário, advertiu Francisco, «não se compreende porque Jesus depois da ressurreição teve este corpo glorioso, lindíssimo: sem manchas nem feridas da flagelação, tudo puro, só com as cinco chagas».
«Nós — prosseguiu — devemos ter fé que Jesus neste momento intercede diante do Pai por nós, por cada um de nós. E quando rezamos, peçamos: Jesus ajuda-me, dá-me forças, resolve este problema, perdoa-me!».
O Pontífice concluiu, repropondo as palavras de Jesus a Pedro, a sua oração «para que a tua fé nunca desfaleça». Com a certeza de que ele está a rezar do mesmo modo por «cada um de nós: “Peço por ti irmão, irmã, rezo por ti, para que a tua fé nunca desfaleça!”». Por isso, devemos «confiar nesta oração de Jesus, com as suas chagas, diante do Pai».
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