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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Pecadores com luvas brancas

Terça-feira, 17 de Junho de 2014

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 25 de 21 de junho de 2014

A porta de saída da corrupção é o pedido de perdão, o arrependimento, frisou o Papa Francisco voltando a tratar o tema da corrupção durante a celebração da missa. «Quando lemos nos jornais — disse — que este é corrupto, que aquele é corrupto, que cometeu o delito de corrupção, que o suborno se encontra aqui e ali, e até muitas notícias relativas a prelados», é «nosso dever de cristãos pedir perdão por eles», pedir ao Senhor que «lhes conceda a graça de se arrependerem, que não morram com o coração corrupto». Portanto, «condenar os corruptos, sim; pedir a graça de não se tornar corrupto, sim», mas «também rezar pela sua conversão!». O trecho bíblico proposto pela liturgia que inspirou a reflexão do Pontífice foi o martírio de Nabot, tirado do primeiro livro dos Reis (21, 17-29). Francisco indicou três aspectos para meditar: a definição da corrupção, o destino dos corruptos e a possibilidade de que eles se salvem.

O bispo de Roma afirmou que «o corrupto, quando inicia a estrada da corrupção, mata, usurpa e vende-se continuamente». Praticamente «é como se deixasse de ser uma pessoa e se tornasse uma mercadoria». Aliás, o corrupto «é precisamente uma mercadoria! Compra e vende: “este homem custa tanto: tu podes comprá-lo e depois vendê-lo!”». Esta é a definição: «é uma mercadoria!».

Quanto ao segundo aspecto — que fará o Senhor com os corruptos — o Papa recordou as três categorias que indicou na homilia de ontem: «o político corrupto, o homem de negócios corrupto e o eclesiástico corrupto», explicando que «os três prejudicam os inocentes, os pobres, porque são os pobres que pagam a festa dos corruptos! A conta é apresentada a eles». E voltando à questão do destino dos corruptos, evidenciou que é o próprio Senhor quem o diz na leitura hodierna: «farei cair o mal sobre ti, varrer-te-ei, exterminarei todos os que pertencerem à família de Acab, escravo ou livre em Israel... porque provocaste a minha ira e fizeste pecar Israel!».

Certamente, quando dizemos «este homem é um corrupto...», devemos reflectir, perguntando-nos se temos provas de quanto afirmamos. Porque «afirmar que uma pessoa é corrupta é dizer que está condenada, que o Senhor a expulsou». Ela arrisca incorrer na «maldição de Deus» porque explorou os inocentes, e o «fez com luvas brancas, de longe, sem sujar as mãos».

De qualquer forma, existe «uma porta de saída para os corruptos». Ela está na mesma leitura: «Ao ouvir estas palavras, Acab rasgou as suas vestes, cobriu-se de saco e jejuou». O Pontífice comparou a experiência de Acab com a de «um homem muito bom mas que caiu na corrupção: o santo David. “pequei!”. Chorava e fazia penitência; arrependia-se». Portanto, «pedir perdão» é «a porta de saída para os corruptos». E exortou todos a rezar pelos corruptos, pedindo perdão por eles a fim de que obtenham «a graça de se arrependerem».

 



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