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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Quem intercede por nós

Quinta-feira, 22 de Janeiro de 2015

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 5 de 29 de Janeiro de 2015

«Jesus salva e Jesus é o intercessor: estas são as duas palavras-chave» para compreender «o ponto essencial», o que é «mais importante» na nossa vida. Foi a verdade de fé que o Papa Francisco reafirmou durante a missa.

Para a meditação sobre o ministério de Jesus, o Papa inspirou-se no trecho do Evangelho proposto pela liturgia hodierna (Mc3, 1-12) onde, observou, «por três vezes se pronuncia a palavra “multidão”». Com efeito, o trecho evangélico narra-nos como «o povo de Deus vê em Jesus uma esperança porque o seu modo de agir, de ensinar, toca o coração, chega ao coração, porque tem a força da Palavra de Deus». E «o povo sente isto e vê que em Jesus se cumprem as promessas, que em Jesus há uma esperança».

Além disso, acrescentou Francisco, aquele «povo estava um pouco entediado pelo modo de ensinar a fé dos doutores da lei daquele tempo que carregavam nos ombros numerosos mandamentos, muitos preceitos, mas não chegavam ao coração das pessoas». Portanto, «quando vê e sente Jesus, as propostas de Jesus, as bem-aventuranças, sente dentro algo que se move — é o Espírito Santo que suscita isto! — e vai ao encontro de Jesus». Mas o evangelista Marcos, segundo Francisco, «quer explicar porque tanta gente vai ter com Jesus». O Evangelho diz-nos que «fala com autoridade, não como falam os escribas, os fariseus, os doutores da lei». Depois «Jesus cura as pessoas» que, contudo, «procuram o próprio bem». Aliás, reconheceu, «nunca podemos seguir Deus com pureza de intenção desde o início, sempre um pouco para nós, um pouco para Deus, e o caminho consiste em purificar esta intenção». Portanto, «as pessoas vão, procuram Deus, mas procuram também a saúde, a cura». E por esta razão «se lançam sobre Ele para o tocar, para que saísse aquela força e os curasse».

«Jesus é assim — explicou Francisco — e este é um momento da vida de Jesus que se repete». Mas «além disso há algo mais importante». De facto, o que é deveras «mais importante não é que Jesus cura», que contudo é também «sinal de outra cura». Ou que «Jesus pronuncie palavras que chegam ao coração» embora «isto ajuda a percorrer o caminho de Deus».

A fim de compreender bem «o que é mais importante no ministério de Jesus» Francisco repropôs o conteúdo da primeira carta (Carta aos Hebreus, 7, 25 – 8, 6) onde, afirmou, «há duas palavras» fundamentais: «Irmãos, Cristo pode levar a termo a salvação daqueles que por ele vão a Deus, porque vive sempre para interceder em seu favor». Portanto, «Jesus salva e Jesus é o intercessor. Estas são as duas palavras-chave».

Sim, reiterou o Papa, «Jesus salva!». E «estas curas, estas palavras que chegam ao coração são o sinal e o início de uma salvação». São «o caminho da salvação de muitos que começam a percorrer para ouvir Jesus ou pedir uma cura e depois voltam ter com ele e sentem a salvação. Eis então que o aspecto mais importante, reafirmou Francisco, não é que Jesus cura e ensina, mas que salva. Porque «ele é o Salvador e nós fomos salvos através dele». E isto «é mais importante» e «é a força da nossa fé».

A segunda palavra-chave é «intercede». De facto, recordou o Papa, «Jesus foi ter com o Pai e a partir dali ainda intercede, todos os dias, todos os momentos por nós». E «isto é actual, «todos os dias Jesus intercede». Portanto, «quando nós, por qualquer razão» estivermos «um pouco deprimidos, recordemo-nos que é ele que reza por nós, intercede por nós constantemente».

Nesta perspectiva Francisco sugeriu que rezássemos com estas simples palavras: «“Senhor Jesus, tende piedade de mim”. Intercede por mim!». É importante, insistiu, «dirigir-se ao Senhor pedindo esta intercessão». O «ponto central» é o que escreve o autor da Carta aos Hebreus que nos recorda que «nós temos um sumo sacerdote tão grande, que se sentou à direita do trono da Majestade dos Céus». Precisamente «este é o ponto central: que lá temos um intercessor».

Em síntese, prosseguiu o Pontífice, «a multidão procura Jesus com aquela intuição da esperança do povo de Deus que aguardava o Messias, e procura encontrar nele a saúde, a verdade, a salvação, porque Ele é o salvador e como salvador ainda hoje, neste momento, intercede por nós». Francisco concluiu desejando «que na nossa vida cristã estejamos sempre mais convictos de que nós fomos salvos, que temos um salvador, Jesus à direita do Pai, que intercede. Que o Senhor, o Espírito Santo, nos faça compreender estas realidades».

 



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