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Após a saudação inicial do cardeal Angelo Bagnasco, presidente da Conferência, o Pontífice dirigiu aos presentes as seguintes palavras.

Agradeço a Vossa Eminência esta saudação, e parabéns inclusive pelo trabalho desta Assembleia! Muito obrigado a todos vós. Estou convicto de que o trabalho foi árduo, porque tendes muitas tarefas. Em primeiro lugar: a Igreja na Itália — todos — o diálogo com as instituições culturais, sociais e políticas, que vos compete, e não é fácil. Também a labuta de fortalecer as Conferências regionais, a fim de que constituam a voz de todas as regiões, tão diversas entre si; e isto é bonito. E depois o trabalho; sei que há uma Comissão para reduzir um pouco o número tão elevado de dioceses. Não é fácil, mas para isto existe uma Comissão. Ide em frente com irmandade; a Conferência episcopal dê continuidade a este diálogo, como eu disse, com as instituições culturais, sociais e políticas. É algo que voz compete. Em frente!


HOMILIA DO SANTO PADRE FRANCISCO

 

Prezados Irmãos no Episcopado

As Leituras bíblicas que ouvimos fazem-nos meditar. Levam-me a uma profunda reflexão. Preparei como que uma meditação para nós, Bispos, em primeiro lugar para mim, Bispo como vós, e compartilho-a convosco.

É significativo — e estou particularmente feliz por isto — que o nosso primeiro encontro se realize precisamente aqui, no lugar que conserva não só o túmulo de Pedro, mas também a memória viva do seu testemunho de fé, do seu serviço à verdade, do seu doar-se até ao martírio pelo Evangelho e pela Igreja.

Esta tarde, este altar da Confissão torna-se assim o nosso lago de Tiberíades, em cujas margens voltamos a ouvir o diálogo maravilhoso entre Jesus e Pedro, com a pergunta dirigida ao Apóstolo, mas que deve ressoar também no nosso coração de Bispos.

«Amas-me?»; «És meu amigo?» (cf. Jo 21, 15 ss.).

A pergunta é dirigida a um homem que, não obstante solenes declarações, se deixou levar pelo medo e tinha renegado.

«Amas-me?»; «És meu amigo?».

Esta pergunta é dirigida a mim e a cada um de nós, a todos nós: se evitarmos responder de maneira demasiado apressada e superficial, ela impele-nos a olhar para dentro, a entrar em nós mesmos.

«Amas-me?»; «És meu amigo?».

Aquele que perscruta os corações (cf. Rm 8, 27) faz-se mendigo de amor e interroga-nos sobre a única questão verdadeiramente essencial, premissa e condição para apascentar as suas ovelhas, os seus cordeiros, a sua Igreja. Cada ministério está assente nesta intimidade com o Senhor; viver dele é a medida do nosso serviço eclesial, que se exprime na disponibilidade à obediência, à humilhação, como ouvimos na Carta aos Filipenses, e à doação total (cf. 2, 6-11).

De resto, a consequência do amar o Senhor é entregar tudo — tudo, até a própria vida — por Ele: é isto que deve distinguir o nosso ministério pastoral; é a prova definitiva que nos diz com que profundidade nós abraçamos o dom recebido, respondendo à chamada de Jesus, e quanto estamos ligados às pessoas e às comunidades que nos foram confiadas. Não somos expressão de uma estrutura, nem de uma necessidade organizativa: também com o serviço da nossa autoridade somos chamados a ser sinal da presença e da acção do Senhor ressuscitado, portanto a edificar a comunidade na caridade fraterna.

Não é uma certeza: com efeito, até o maior amor, quando não é alimentado continuamente, debilita-se e apaga-se. Não é sem motivo que o apóstolo Paulo admoesta: «Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentar a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com o seu próprio sangue» (Act 20, 28).

A falta de vigilância — como sabemos — torna o Pastor insípido; fá-lo distraído, esquecido e até intolerante; sedu-lo com a perspectiva da carreira, a sedução do dinheiro e os compromissos com o espírito do mundo; torna-o negligente, transformando-o num funcionário, num clérigo de Estado, preocupado mais consigo mesmo, com a organização e com as estruturas, do que com o verdadeiro bem do Povo de Deus. Então, como o apóstolo Pedro, corremos o risco de renegar o Senhor, embora formalmente nos apresentemos e falemos em seu nome; ofusca-se a santidade da Mãe Igreja hierárquica, tornando-a menos fecunda.

Irmãos, quem somos nós diante de Deus? Quais são as nossas provas? Temos muitas; cada um de nós tem as suas. O que nos diz Deus através delas? No que nos apoiamos para as superar?

Como para Pedro, a pergunta insistente e urgente de Jesus pode deixar-nos desolados e ainda mais conscientes da debilidade da nossa liberdade, ameaçada como é por mil condicionamentos internos e externos, que muitas vezes suscitam confusão, frustração e até incredulidade.

Sem dúvida, não são estes os sentimentos e as atitudes que o Senhor tenciona suscitar; ao contrário, quem se aproveita deles é o Inimigo, o Diabo, para isolar na amargura, na lamúria e no desânimo.

Jesus, Bom Pastor, não humilha nem abandona ao remorso: nele fala a ternura do Pai, que consola e relança; faz passar da desagregação da vergonha — porque verdadeiramente a vergonha nos desagrega — para o tecido da confiança; restitui a coragem, atribui novas responsabilidades e entrega à missão.

Pedro, purificado no fogo do perdão, pode dizer humildemente: «Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que te amo» (Jo 21, 17). Estou persuadido de que todos nós podemos dizê-lo de coração. E Pedro, purificado, na sua primeira Carta exorta-nos a apascentar «o rebanho de Deus [...]. Tende cuidado dele, não constrangidos, mas espontaneamente [...], não por amor a interesses vergonhosos, mas com dedicação, não como dominadores absolutos sobre as comunidades que vos são confiadas, mas como modelos do vosso rebanho» (1 Pd 5, 2-3).

Sim, ser Pastor significa acreditar cada dia na graça e na força que nos vem do Senhor, não obstante a nossa debilidade, e assumir até ao fundo a responsabilidade de caminhar diante da grei, livres de pesos que impedem a sadia disponibilidade apostólica, e sem hesitações na orientação, para tornar reconhecível a nossa voz, quer por quantos abraçaram a fé, quer por aqueles que ainda «não são deste aprisco» (Jo 10, 16): somos chamados a fazer nosso o sonho de Deus, cuja casa não conhece exclusão de pessoas ou de povos, como anunciava profeticamente Isaías na primeira Leitura (cf. Is 2, 2-5).

Por isso, ser Pastor quer dizer também dispor-se a caminhar no meio e atrás do rebanho: ser capaz de ouvir a narração silenciosa de quantos sofrem e de acompanhar o passo de quem tem medo de vacilar; atento a levantar-se de novo, a acalentar e a infundir esperança. Da partilha com os humildes, a nossa fé sai sempre fortalecida: portanto, deixemos de lado qualquer forma de soberba, para nos debruçarmos sobre quantos o Senhor confiou à nossa solicitude. Entre estes, reservemos um lugar particular, muito especial, aos nossos sacerdotes: sobretudo para eles, o nosso coração, as nossas mãos e a nossa porta permaneçam abertas em todas as circunstâncias. Eles são os primeiros fiéis que nós Bispos temos: os nossos sacerdotes. Amemo-los! Amemo-los de coração! Eles são os nossos filhos e os nossos irmãos!

Caros irmãos, a profissão de fé que agora renovamos em conjunto não é um gesto formal, mas consiste em renovar a nossa resposta ao «Segue-me!», com que se conclui o Evangelho de João (cf. 21, 19): leva a desenvolver a própria vida segundo os desígnios de Deus, comprometendo-nos completamente a favor do Senhor Jesus. Daqui nasce aquele discernimento que conhece e assume os pensamentos, as expectativas e as necessidades dos homens do nosso tempo.

É com este espírito que agradeço de coração a cada um de vós o vosso serviço e amor à Igreja.

E a Mãe está aqui! Coloco-vos a vós e a mim também sob o manto de Maria, Nossa Senhora.

Mãe do silêncio, que conservas o mistério de Deus,
liberta-nos da idolatria do presente, à qual se condena quem esquece.
Purifica os olhos dos Pastores com o colírio da memória:
voltaremos ao vigor das origens, para uma Igreja orante e penitente.

Mãe da beleza, que floresce da fidelidade ao trabalho quotidiano,
desperta-nos da inércia da indolência, da mesquinhez e do derrotismo.
Reveste os Pastores daquela compaixão que unifica e integra: descobriremos a alegria de uma Igreja serva, humilde e fraterna.

Mãe da ternura, que cobre de paciência e de misericórdia,
ajuda-nos a dissipar a tristeza, a impaciência e a rigidez de quantos não conhecem a pertença.
Intercede junto do teu Filho para que sejam ágeis as nossas mãos, os nossos pés e os nossos corações: edificaremos a Igreja com a verdade na caridade.
Mãe, seremos o Povo de Deus que peregrina rumo ao Reino. Amém!



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