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DISCURSO DO PAPA FRANCISCO
AOS ORGANISMOS DE CARIDADE CATÓLICOS
 QUE TRABALHAM NO CONTEXTO DA CRISE NA SÍRIA

 

Eminência, Excelências Prezados irmãos e irmãs

Agradeço-vos a vossa presença neste encontro, promovido pelo Pontifício Conselho Cor Unum. Estou-vos grato principalmente pela contribuição quotidiana que vós, como organismos de caridade católicos, continuais a oferecer na Síria e nos países próximos, para ajudar as populações atingidas por aquele terrível conflito. Saúdo o Cardeal Robert Sarah e dirijo calorosas boas-vindas a todos vós, especialmente a quantos se puseram a caminho do Médio Oriente para estar hoje aqui — e também eu trago nos olhos e no coração o Médio Oriente, depois da minha peregrinação à Terra Santa nos últimos dias.

Há um ano reunimo-nos para confirmar o compromisso da parte da Igreja nesta crise e para, juntos, lançar um apelo a favor da paz na Síria. Agora encontramo-nos de novo, para traçar um balanço do trabalho até hoje levado a cabo e para renovar a vontade de prosseguir este caminho, com uma colaboração ainda mais estreita. No entanto, temos o dever de reconhecer com profunda dor que a crise síria ainda não foi resolvida, aliás continua, enquanto subsiste o risco de nos habituarmos à mesma, de esquecermos as vítimas quotidianas, os sofrimentos indescritíveis, os milhares de refugiados, entre os quais idosos e crianças, que padecem e às vezes morrem de fome e de enfermidades causadas pela própria guerra. Esta indiferença faz mal! Mais uma vez, devemos repetir o nome da doença que nos faz tão mal no mundo de hoje: a globalização da indiferença.

A obra de paz e o trabalho de assistência humanitária que os organismos de caridade católicos desempenham neste contexto constituem uma expressão fiel do amor de Deus pelos seus filhos, que se encontram na opressão e na angústia. Deus escuta o seu clamor, conhece os seus sofrimentos e deseja libertá-los; e a Ele vós emprestais as vossas mãos e as vossas capacidades. É importante que trabalheis em comunhão com os Pastores e com as comunidades locais; esta reunião constitui uma oportunidade para encontrar formas oportunas de colaboração estável, no diálogo entre os vários protagonistas, com a finalidade de organizar cada vez melhor os vossos esforços, a fim de apoiar as Igrejas locais e todas as vítimas da guerra, sem distinções étnicas, religiosas ou sociais.

Hoje estamos aqui reunidos para dirigir novamente um apelo às consciências dos protagonistas do conflito, das instituições mundiais e da opinião pública. Todos nós estamos conscientes de que o futuro da humanidade se constrói com a paz, e não com a guerra: a guerra destrói, mata e empobrece povos e países. A todas as partes peço que, olhando para o bem comum, permitam imediatamente a realização da obra de assistência humanitária e, quanto antes, façam calar as armas e se comprometam a negociar, pondo em primeiro lugar o bem da Síria, de todos os seus habitantes, até daqueles que, infelizmente, tiveram de se refugiar algures e que têm o direito de voltar quanto antes para a sua pátria. Penso de modo particular nas amadas comunidades cristãs, rosto de uma Igreja que sofre e espera. A sua sobrevivência em todo o Médio Oriente é uma profunda solicitude da Igreja universal: o Cristianismo deve poder continuar a viver onde se encontram as suas origens.

Prezados irmãos e irmãs, a vossa obra caritativa e assistencial é um importante sinal da proximidade da Igreja inteira, e da Santa Sé em particular, ao povo sírio e aos demais povos do Médio Oriente. Renovo-vos a minha gratidão por quanto levais a cabo, enquanto invoco sobre vós e o vosso trabalho a Bênção do Senhor. Que Nossa Senhora vos proteja! Rezo por vós e peço-vos que oreis por mim!



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