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VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE À ÁFRICA
(2-12 DE MAIO DE 1980)

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AOS BISPOS VISITANTES PRESENTES NO GANA

Capela do Seminário Menor de Kumasi
Sexta-feira, 9 de Maio de 1980

 

Caros irmãos Bispos

1. É para mim uma alegria estar hoje convosco. Viestes das vossas respectivas dioceses — e eu de Roma — e nós todos aqui nos reunimos no nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sentimos verdadeiramente a Sua presença no meio de nós. De facto, viemos ao Gana para celebrar o seu Evangelho e o centenário da fundação da sua Igreja nesta região, Os nossos pensamentos, portanto, dirigem-se para a grande realidade da evangelização. Para nós isto é muito natural, uma vez que somos os sucessores dos Doze e como eles somos chamados a servir o Evangelho, proclamando Jesus Cristo e a sua mensagem de Redenção.

O nosso ministério faz-nos muitas instâncias. O pregar efectivamente o Evangelho, que é "poder de Deus para a salvação de todo o crente" (Rom 1, 16), pede-nos constantes esforços para ir ao Povo de Deus com profunda compreensão da sua cultura, das suas necessidades pastorais e das pressões que o mundo moderno exerce sobre ele. Evangelizar requer de nós uma programação previdente, a utilização dos meios adequados e a total colaboração das igrejas locais. Mas hoje, quero limitar-me a uma breve consideração sobre o conteúdo da evangelização, daquilo que Paulo VI chamava sua "base e centro" e que descrevia como "uma clara proclamação de que, em Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem, morto e ressuscitado, a salvação é oferecida a todos os homens como dom da graça e da misericórdia do próprio Deus" (Evangelii nuntiandi, 27).

2. Como Bispos devemos reflectir não só sobre o nosso dever, mas também sobre o imenso privilégio de levar ao povo esta mensagem fundamental de salvação. Esta é a essência da nossa divina missão, isto explica o significado da tarefa humana que :tos é confiada: proclamar a salvação em Jesus Cristo. Como é maravilhoso o ministério de anunciar um Evangelho de redenção em Jesus, de explicar ao nosso povo, que foi escolhido por Deus Pai para viver em Cristo Jesus, que o Pai nos livrou do poder das trevas e nos transferiu para o Reino de Seu Filho muito amado, no Qual temos a redenção e a remissão dos pecados (Col 1, 13-14).

3. O dom da salvação de Cristo está na origem do nosso ministério sacramental e de todos os nossos esforços para construir a comunhão da Igreja, uma comunidade remida que vive a nova vida de Cristo. Visto que a nossa mensagem é a mensagem de salvação, é também um constante convite ao nosso povo para corresponder ao dom de Deus e viver uma vida digna do chamamento que recebeu (cfr. Ef 4, 1). A mensagem de salvação traz consigo o convite ao nosso povo para louvar a Deus pela Sua bondade, se alegrar pelo Seu dom, perdoar aos outros do mesmo modo como foram perdoados e amar os outros assim como eles próprios foram amados.

Deus concede este grande dom de salvação mediante a Igreja por meio do nosso ministério. Conforme a vontade de Deus prossigamos com a nossa actividade evangelizadora, anunciando com perseverança a Boa Nova de salvação e proclamando explicitamente: "E em Cristo e por meio do seu sangue que fomos remidos e que os nossos pecados foram perdoados, tão imensamente generoso é o favor de Deus por nós". Esta proclamação é fundamental para toda a nossa doutrina moral, para o nosso ensino social e para a nossa preocupação pastoral pelos pobres. É a base do nosso ministério pastoral em favor dos necessitados, dos que sofrem e dos prisioneiros. E fundamental para tudo o que fazemos e para todo o nosso ministério episcopal.

Caros irmãos: seja louvado Jesus Cristo que nos chamou a proclamar a sua salvação e que nos ampara com o seu amor. Oxalá Ele nos mantenha fortes na alegria, perseverantes na oração juntamente com sua Mãe Maria, e unidos até ao fim. Louvado seja Jesus Cristo!

 



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