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VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE
À NIGÉRIA, BENIN, GABÃO E GUINÉ EQUATORIAL
12-19 DE FEVEREIRO DE 1982

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
DURANTE A VISITA
AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA DO GABÃO

Libreville, 17 de Fevereiro de 1982

 

Senhor Presidente

1. É-me particularmente grato agradecer-lhe aqui, na sua residência, as pródigas manifestações de cordialidade usadas para com o meu predecessor Paulo VI, e para comigo mesmo, quando veio ao Vaticano para se encontrar com o Papa. Com estas visitas de Vossa Excelência, era já o Gabão que testemunhava o próprio desejo de manter laços cada vez mais estreitos com a Santa Sé, e é por este motivo que ao dirigir-me hoje à mais alta Autoridade do Estado, é o Gabão inteiro que saúdo com emoção.

2. O Gabão distingue-se pelo esforço que lhe permitiu, a partir das enormes riquezas naturais que possui, e sob o seu impulso, assegurar rapidamente o próprio desenvolvimento económico. Quem poderia não o felicitar por isto? Trata-se de um factor considerável para a sua subsistência e o seu progresso, para o seu futuro. Formulo os melhores votos pela prosperidade do mesmo.

Este esforço, pelo qual se interessam particularmente o Governo e os diversos responsáveis da vida do país, é de facto o de todos os gabaneses, porque a difícil tarefa que o desenvolvimento requer para ser completo, compete a todo o homem e beneficiar o conjunto dos homens diz respeito, em definitivo, a cada cidadão. De facto tal progresso é fundado não só na riqueza e no trabalho, mas igualmente nos outros valores, como os da justiça social, da liberdade, do sentido do bem comum, da honestidade e da solidariedade com os mais desprovidos. Um progresso económico que não se apoiasse em tais virtudes poria em perigo a sua finalidade: a promoção de uma sociedade fraterna, capaz de integrar harmoniosamente as jovens gerações, as diferentes etnias do país, e de acolher os estrangeiros. Tudo isto depende da parte de responsabilidade que cada um está disposto a tomar na sociedade. A própria Igreja tem aqui a sua parte para recordar esta necessidade e dar o próprio contributo concreto. O desígnio de Deus é, de facto, que o homem progrida dia após dia, graças ao seu trabalho bem dominado e ao seu sentido ético, nas suas relações familiares e sociais. É assim que a adoração por ele dedicada ao Criador segundo a própria consciência, com a própria comunidade, exprime a obediência a Ele devida. Sei que entre vós não faltam exemplos deste desenvolvimento conquistado pelo homem africano. É necessário prosseguir incansavelmente o caminho traçado. E eu vim para vos encorajar nisto!

3. Uma das características da nação, é a sua cultura. Esta traz ao homem, entre outras coisas, um modo de viver, um modo de sentir em conjunto. É-se feliz de estar ou de se reencontrar no próprio país, porque se experimenta a sensação de pertencer a uma grande família. A cultura de um povo é o que ele tem de original, o que o distingue dos seus vizinhos, sem por outro lado o separar deles, e o que os chama a levar aos outros o seu próprio contributo. A cultura africana, e a do Gabão é uma das suas expressões singulares, é um bem precioso. Deve ser capaz de incluir as tradições ancestrais, no que elas têm de melhor, e não ter medo da novidade, reconhecendo-se bastante forte para permanecer o que é. Sobretudo desenvolve em cada um dos filhos da nação um sentimento de orgulho que provoca o respeito dos outros. Senti pois orgulho em ser gabaneses!

4. Não soube o vosso país assumir um papel notável nestes últimos anos, no concerto das nações, e de modo particular na África? Oxalá a vossa acção, apesar dos obstáculos de ordem social, étnica, económica e ideológica, contribua para lhe dar a paz de que tanto necessita, a fim de se estabelecer uma cooperação frutuosa entre os povos, no respeito das diferentes sensibilidades e centralizada nos grandes objectivos que devem continuar a ser os do desenvolvimento adequado a estes países! É a isto que, por seu lado, se dedica a Santa Sé, no quadro da sua missão espiritual, favorecendo o mais possível tudo o que diz respeito à paz, à compreensão, ao respeito dos direitos do homem e ao crescimento das jovens nações.

5. Sei, e é-me grato testemunhá-lo aqui, que a Igreja católica no Gabão goza de liberdade e da consideração das Autoridades públicas. É verdade que deu o seu grande contributo — não raro tomando mesmo iniciativas — para as obras que têm por objectivo instruir e educar, assegurar melhores condições de saúde, assistir os mais pobres e formar para as diversas responsabilidades cívicas. Está pronta a continuar esta participação na medida das suas possibilidades, como vem fazendo há um século e meio. Como Vossa Excelência salientou amável e oportunamente, ela contribuiu em grande medida para a maturação do Gabão moderno.

Senhor Presidente, a compreensão e a ajuda que pessoalmente ofereceu ao ensino católico demonstram bem a estima em que tem esta missão. De facto, o contributo da Igreja para a educação da juventude constitui para todos, com a garantia do respeito da liberdade de consciência, uma abertura do espírito e do coração dos jovens para os valores morais e espirituais que são essenciais, como eu disse no início. Dá-se o mesmo quando a possibilidade é concretamente oferecida à maioria, como é o caso no Gabão, de seguir através da rádio ou da televisão programas propostos pela Igreja. Desejo exprimir-lhe a minha gratidão por isto.

Mas o meu reconhecimento é-lhe especialmente devido hoje, Senhor Presidente, como a todas as Autoridades públicas, pelo magnífico acolhimento que me é reservado e por todas as facilidades oferecidas com tanta gentileza, para que eu pudesse realizar, nas melhores condições, a minha visita pastoral.

Deus abençoe o Gabão! E acolha favoravelmente todos os votos que neste dia formulo por ele e pelos seus governantes!

 



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