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VIAGEM APOSTÓLICA À ESPANHA
31 DE OUTUBRO - 9 DE NOVEMBRO DE 1982

SAUDAÇÃO DO PAPA JOÃO PAULO II
 AOS JOVENS UNIVERSITÁRIOS

Madrid, 3 de Novembro de 1982

 

Queridos universitários e universitárias

1. Ao terminar o meu precedente encontro, que em grande parte era o vosso, dais-me a agradável surpresa de vir em tão grande número para me saudar. Agradeço-vos muito esta manifestação. Correspondo, pela minha parte, com uma cordial saudação a vós e a todos os universitários da Espanha.

Conheço por experiência pessoal a vossa vida, aprecio-a profundamente e compreendo-a. E encorajo-vos a continuar cultivando o espírito universitário, esse espírito que é abertura e, sobretudo, itinerário de busca. Pois, dizer "universidade" é dizer busca, investigação, futuro da sociedade.

2. Sei que na vossa generosidade de jovens não vos satisfazem tantas coisas da nossa sociedade actual, que desejaríeis mais justa e solidária. Sei também que buscais algo que possa dar razão, verdadeiramente, ao mais profundo de vós mesmos, a essa profundidade do espírito humano que sentis, ou ao menos pressentis. Sei que não vos bastam — para fundamentar as vossas vidas — os dados áridos da cultura técnica ou da informática. Não vos basta dispor de notícias e conhecimentos dispersos e fragmentários. Vislumbrais que é preciso dar com uma realidade que comunique às realidades desagregadas um sentido decisivo e final.

Sinto sobre mim o dever de proclamar diante de vós que esse algo, o "Deus desconhecido" que os homens buscam às apalpadelas, existe e é o fundamento de tudo e "Aquele que faz novas todas as coisas" (cf. Act 17, 23 s.; Apoc 21, 5). Como Paulo no areópago de Atenas, anuncio-vos hoje o Deus vivo e o seu Filho, Jesus Cristo, que esteve morto e agora, senhor da chave da vida e da morte, é o Vivo pelos séculos dos séculos (cf. Act 17, 31; Apoc 1, 18).

3. A sociedade actual tem multa afinidade com aquela em que teve início a primeira pregação do Evangelho. Sentimo-nos, como muitos homens daquela época, aprisionados na nossa impotência, submersos em múltiplas ofertas de salvação que vemos como não definitivas e enganadoras. Mas, como sucedeu com os homens daquela antiga geração, da experiência da nossa limitação temos hoje a vivência de que um dom transbordante, uma misericórdia sumamente acolhedora, pode salvar-nos em plenitude, oferecendo-nos a gratuidade do seu amor.

Eu, servidor de Jesus Cristo, tenho a missão de vos afirmar que essa salvação é certa para aqueles que crêem e confiam no nome de Jesus. Sim, Cristo — o Filho de Deus vivo — confere toda a sua grandeza ao nosso ser pessoal, é o garante daquilo que pensamos e queremos ser, é quem possibilita viver a vida com dignidade e colocá-la à disposição dos outros, para os ajudar a dignificar-se mais; quem avalia as genuínas contribuições das ciências e os saberes humanos e os projecta em horizontes mais amplos; quem nos torna capazes de nos colocarmos sem temor diante do futuro, empenhados em construir a "utopia" de um mundo novo, mais justo e humano.

4. Acolhei a Cristo com ânimo aberto. Acolhei a Cristo na sua Igreja que é a sua presença permanente na história. Porque "Cristo mais a Igreja não é mais que Cristo só" (São Tomás de Aquino, Comentarium in Ephesios).

A Igreja é a transparência de Cristo entre os homens, obscurecida às vezes pelo comportamento dos cristãos, pecadores "como os demais homens" (cf. Lc 18,11). A Igreja, que é vista com visão de fé, não é um anteparo que intercepta a comunhão dos homens com Cristo, o Salvador. Aqueles que perseveraram junto do viageiro misterioso, como os discípulos de Emaús, acabaram por reconhecê-1'O e dirão talvez como eles: "Não estava o nosso coração a arder cá dentro, quando Ele nos falava pelo caminho?" (Lc 24, 32).

Permiti-me terminar estas palavras com as estrofes de um dos hinos da liturgia:

Ficai connosco / o dia já está no ocaso / Como Te encontraremos, / se o Teu caminho não é o nosso? (Hino de Vésperas).

Cristo acompanhe sempre o vosso caminho e vos abençoe, queridos universitários e universitárias.

 



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