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DISCURSO DO SANTO PADRE
AO NOVO EMBAIXADOR DA REPÚBLICA DOMINICANA
JUNTO À SANTA SÉ POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DAS
 CARTAS CREDENCIAIS

11 de Dezembro de 2000

 

Senhor Embaixador Victor A. Hidalgo Justo!

1. É-me grato receber as Cartas Credenciais que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República Dominicana junto da Santa Sé, manifestando-lhe ao mesmo tempo a minhas mais cordiais boas-vindas e os melhores votos para a missão que o seu Governo lhe confiou. Agradeço as suas amáveis palavras e, em particular, a deferente saudação do Senhor Presidente da República, Engenheiro Hipólito Mejía, da qual se faz portador. Peço-lhe a bondade de lhe transmitir o meu apreço, juntamente com os melhores votos para o querido povo dominicano.

Não posso esquecer que, seguindo a rota dos primeiros evangelizadores, essa foi a primeira terra americana que me recebeu no início do meu Pontificado. Era como a porta de entrada para uma parte do mundo, cheia de riqueza humana e de hospitalidade, na qual se enraizou com vigor a Cruz de Cristo e floresceu a Igreja, à qual desejei levar "nova esperança à sua esperança" (Discurso de chegada a Santo Domingo, 25 de Janeiro de 1979, ed. port. de L'Osservatore Romano de 4/2/1979, pág. 1).

A este primeiro encontro sucedeu outro, particularmente significativo para a Igreja e para a América, quando, de novo na República Dominicana, celebrei o V Centenário da primeira evangelização. Naquela ocasião convidei os Bispos, reunidos para a IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, a receber a herança do incomensurável esforço dos primeiros missionários, com outro não menos empenhativo e importante para o novo milénio, que é o da nova evangelização.

2. Nesta perspectiva da evangelização, que é a missão própria da Igreja, adquirem um significado particular as relações diplomáticas com a Santa Sé, que o seu Governo lhe confiou. A respeito disto, a mensagem de Cristo propõe a salvação para a pessoa humana na sua integridade e, por conseguinte, pregar o Evangelho significa oferecer luz, infundir esperança e dar renovado estímulo ao ser humano nas suas possibilidades como indivíduo e como sujeito essencialmente social. De facto, "a fé ilumina todas as coisas com uma luz nova e faz-nos conhecer a vontade divina sobre a vocação integral do homem, orientando assim o espírito para soluções plenamente humanas" (Gaudium et spes, 11).

Portanto, a Igreja no respeito estrito das competências próprias das autoridades civis, busca o bem das pessoas, das famílias, das instituções sociais e da comunidade nacional. Por isso, uma estreita colaboração com quantos têm a responsabilidade de administrar o bem comum de um povo, será sem dúvida alguma em benefício do progresso humano, social e espiritual de todos.

3. Os pontos de encontro e de colaboração entre a Igreja e os Estados são bem conhecidos e, mais do que a interesses concretos e particulares, correspondem àqueles âmbitos nos quais se decide a plena dignidade humana e se cultivam os valores sobre os quais se deverá construir um mundo cada vez mais justo, solidário e pacífico. Num momento histórico como o actual, no qual muitos factores levam a pensar unicamente em resultados imediatos, causando desconcerto nas pessoas e instabilidade na sociedade, é extremamente importante velar por que não se perca o que há de mais genuíno e profundo na natureza humana.

Eis por que a Igreja pede um esforço da parte de todos, a fim de que a sociedade, que deve proteger e levar à plenitude a existência de todos os seres humanos, não se converta, através de fórmulas enganadoras, precisamente numa ameaça para a sua vida. A inviolabilidade da vida humana, nas diferentes fases do seu desenvolvimento ou em qualquer situação em que se encontre, é uma premissa dos restantes direitos humanos, limite para qualquer poder humano e fundamento para uma consciente e infatigável busca da paz.

4. A Igreja na República Dominicana não tem deixado de se preocupar pelo bem do seu povo e pelo progresso humano do País. Faz isto com as suas instituições educativas e assistenciais, mas sobretudo infundindo um espírito de esperança cristã e de empenho social, para que todos se sintam responsáveis pela construção de um futuro melhor. Com isto, só pretende cumprir a sua missão de evangelizar, firmemente persuadida de que esta é a forma mais nobre e eficaz de orientar a profunda convicção de cada dominicano para a excelsa dignidade que Deus lhe deu.

5. Senhor Embaixador, exprimo-lhe os meus melhores votos para o desempenho da sua importante Missão diplomática, e também para que Vossa Excelência e a sua distinta família tenham uma permanência em Roma repleta de felicidade e de proveito. Vossa Excelência chega num momento particular, quando o Jubileu do Ano 2000 da Encarnação de Cristo está a chegar à sua conclusão. A Igreja de Roma esteve aberta ao mundo, a todos os sectores da sociedade, aos fiéis de qualquer idade e condição social. Vieram procurar uma paz interior que unicamente a reconciliação com Deus e com os irmãos pode dar. Mas, ao mesmo tempo, encheram com as suas profundas experiências e enriqueceram com a sua diversidade todos os recantos desta antiquíssima Sede de Pedro.

Ao pedir-lhe que se digne transmitir as minhas saudações ao Senhor Presidente da República, garanto-lhe a minha oração ao Todo-Poderoso, pela materna intercessão de Nossa Senhora da Altagraça, para que assista sempre com os seus dons Vossa Excelência, os seus colaboradores, os governantes e cidadãos do seu nobre País, os quais recordo sempre com particular afecto.

 

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