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PEREGRINAÇÃO JUBILAR  DO PAPA JOÃO PAULO II
À GRÉCIA, SÍRIA E MALTA
(4 - 9 DE MAIO DE 2001)

DECLARAÇÃO CONJUNTA DO SANTO PADRE
  E DO ARCEBISPO DE ATENAS E DE TODA A GRÉCIA

 

 Nós, Papa João Paulo II, Bispo de Roma, e Christódoulos, Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, diante do bema (pódio) do Areópago, do qual São Paulo, o Grande Apóstolo das Gentes, "Apóstolo por vocação, escolhido para anunciar o Evangelho de Deus" (Rm 1, 1) pregou aos Atenienses o único Deus verdadeiro, Pai, Filho e Espírito Santo e os chamou à fé e à conversão, queremos declarar em conjunto:

1. Damos graças a Deus pelo nosso encontro e pela comunicação recíproca, nesta ilustre Cidade de Atenas, Sede Primacial da Igreja Apostólica Ortodoxa da Grécia.

2. Repetimos a uma só voz e um só coração as palavras do Apóstolo das Gentes:  "Rogo-vos, irmãos, pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos o mesmo, e que entre vós não haja divisões; sede perfeitos no mesmo espírito e no mesmo parecer" (1 Cor 1, 10). Elevamos a nossa oração para que o mundo inteiro acolha esta exortação e, assim, possa haver paz entre "aqueles que, em qualquer lugar, invocam o nome de Jesus Cristo Senhor deles e nosso" (1 Cor 1, 2). Condenamos todo o recurso à violência, ao proselitismo, ao fanatismo em nome da religião. Acreditamos firmemente que as relações entre os cristãos, em todas as suas manifestações, devem ser caracterizadas pela  honestidade,  pela  prudência  e pelo conhecimento dos problemas em questão.

3. Damo-nos conta de que a evolução social e científica do homem não foi acompanhada por uma mais profunda investigação do significado e do valor da vida, que em todos os instantes é dom de Deus, nem de um análogo apreço da única dignidade do homem, feito à imagem e semelhança do Criador. Além disso, o desenvolvimento económico e tecnológico não pertence em medida igual a toda a humanidade, mas é concedido apenas a uma sua pequeníssima parte. A melhoria do modo de vida, pois, não foi acompanhada da abertura do coração dos homens aos seus semelhantes que sofrem fome e vivem com privações. Somos chamados a trabalhar em conjunto a fim de que prevaleça a justiça, seja dado conforto a quantos estão em necessidade e seja prestada uma atenção solícita a quantos sofrem, tendo sempre presente as palavras de São Paulo:  "o Reino de Deus não consiste em comer e beber, mas em justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Rm 14, 17).

4. Vivemos angustiados ao ver que as guerras, massacres, torturas e martírio constituem para milhões de irmãos nossos uma terrível realidade quotidiana e comprometemo-nos a agir para que a paz prevaleça em toda a parte, a vida e a dignidade do homem sejam respeitadas e haja solidariedade em relação a quantos estão em necessidade. Estamos contentes por juntar a nossa voz à de tantos que no mundo inteiro expressaram a esperança de que, por ocasião dos Jogos Olímpicos programados na Grécia para 2004, possa fazer-se reviver a antiga tradição grega da Trégua Olímpica, segundo a qual qualquer guerra deve ser interrompida e devem cessar o terrorismo e a violência.

5. Seguimos atentamente e com dificuldade a chamada globalização e é nosso voto que ela traga bons frutos. Todavia, desejamos sublinhar que haverá consequências perniciosas se ela não tiver o que se poderia definir como "globalização da fraternidade" em Cristo, com plena sinceridade e eficácia.

6. Alegramo-nos pelo sucesso e progresso da União Europeia. A unidade do Continente europeu numa única entidade civil, sem que, todavia, os povos que a compõem percam a sua auto-consciência nacional, as suas tradições e a sua identidade, foi uma intuição dos seus pioneiros. A tendência que daí deriva para transformar alguns Países europeus em Estados secularizados sem referência alguma à religião constitui um retrocesso e uma negação da sua herança espiritual. Somos chamados a intensificar os nossos esforços a fim de que a unificação da Europa chegue a ser realizada. Será nosso dever fazer o que for possível, para que sejam conservadas as raízes e a alma cristã da Europa.

Com esta Declaração Conjunta, nós, Papa João Paulo II, Bispo de Roma, e Christódoulos, Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, fazemos votos para que "o próprio Deus, nosso Pai, e Nosso Senhor Jesus Cristo dirijam os nossos caminhos a fim de podermos crescer e abundar em caridade uns para com os outros e para com todos, para tornar mais sólidos e irrepreensíveis o corações de todos em santidade, diante de Deus, nosso Pai, por ocasião da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os Seus santos" (cf. 1 Ts 3, 11-13). Ámen.

Do Areópago de Atenas, 4 de Maio de 2001.

 



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