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DISCURSO DO SANTO PADRE
 DURANTE O ENCONTRO COM OS  PEREGRINOS
 VINDOS A ROMA PARA A BEATIFICAÇÃO DE 7 DE OUTUBRO

Segunda-feira, 8 de Outubro de 2001

 

 


Venerados Irmãos no Episcopado
e no Sacerdócio
Caríssimos Religiosos e Religiosas
Irmãos e Irmãs

1. Ainda está vivo em todos nós o eco da solene celebração litúrgica do dia de ontem, durante a qual foram elevados à glória dos altares sete novos Beatos. A todos vós, amados peregrinos vindos a Roma para este feliz acontecimento, dirijo a minha mais cordial saudação.

Em primeiro lugar desejo compartilhar convosco, e confiar ao Senhor, a angústia e a preocupação que suscita em nós este delicado momento da vida internacional.

No clima familiar do encontro de hoje, temos a oportunidade de juntos dar graças ao Senhor pelos novos Beatos e deter-nos para reflectir uma vez mais acerca do seu testemunho evangélico e da rica herança espiritual que eles nos deixaram.

Sede bem-vindos, caros peregrinos que vos encontrais em Roma para participar na Beatificação de D. Inácio Maloyan. Saúdo todos os Bispos da Igreja arménio-católica aqui presentes, bem como os representantes das autoridades civis da Arménia. Dirijo uma saudação especial aos jovens, pedindo ao Senhor que eles sejam testemunhas corajosas do Evangelho. Durante a minha recente visita à Arménia, pude dar-me conta do apego do povo à fé cristã, cujo testemunho está presente em numerosos episódios da sua história! Este é o bonito testemunho que nos deixa também o Beato Inácio. Homem corajoso e cheio de fé, pôs o amor a Cristo no centro da sua vida e do seu ministério. Quando a ameaça contra o povo arménio se tornou mais grave e prenunciou a iminência da perseguição, ele escolheu, a exemplo de Santo Inácio de Antioquia, seguir Jesus até às últimas consequências, derramando o seu sangue pelos irmãos. O seu exemplo convida todos os baptizados a recordar que foram mergulhados na morte e na ressurreição de Cristo, e que devem segui-lo todos os dias.

Saúdo o Senhor Cardeal Jean-Claude Turcotte e os peregrinos vindos do Canadá para a Beatificação de Emília Gamelin, em particular as Religiosas da Providência. A figura da nova Beata constitui um paradigma para os homens e as mulheres de hoje. Surpreende sempre a fecundidade de uma vida que se abandona nas mãos de Deus, haurindo da contemplação a força e a audácia para a vida quotidiana e para a missão. À imagem de Maria aos pés da Cruz, ela recebeu Jesus para viver exclusivamente dele e para Ele. A sua vida espiritual deu-lhe a força para a sua missão de caridade, despojando-se de tudo e encontrando a energia para confortar todas as pessoas. A exemplo da Beata Emília, encorajo-vos a pôr-vos ao serviço dos pobres e dos membros mais necessitados da sociedade, que são os amados de Deus, para aliviar os seus sofrimentos, fazendo  assim  resplandecer  a  sua dignidade.

3. Saúdo afectuosamente os peregrinos alemães, sobretudo os fiéis das Dioceses de Essen e de Monastério, acompanhados dos seus Pastores, D. Hubert Luthe e Reinhard Lettman. Queridas Irmãs e Irmãos, nos mártires Nicolau Gross e na religiosa clementina Eutímia as vossas Igrejas locais receberam como dádiva dois novos Beatos. Para as vossas Dioceses, estes cristãos exemplares são como um cartaz publicitário. Deveis orgulhar-vos deles! Nestes dias de festa passados em Roma, não chegastes a uma meta. Com efeito, a Beatificação é um início, dado que os novos Beatos convidam as pessoas a seguir os seus passos na sua própria terra.

O Beato Nicolau Gross ensina-nos a obedecer mais a Deus do que aos homens. O nosso tempo tem grande necessidade de cristãos verdadeiramente convictos, que escutem a voz da consciência e tenham a coragem de falar, quando se trata da dignidade do homem. Também a Beata Irmã Eutímia nos transmite uma mensagem actual. A sua vida demonstra-nos que coisas aparentemente insignificantes podem ser grandíssimas aos olhos de Deus. Do ponto de vista humano, esta religiosa não foi uma "estrela" sob as luzes da ribalta, mas a sua obra silenciosa foi para muitos uma consolação que ainda hoje persiste.

O exemplo de ambos os novos Beatos deveria estimular-vos e a sua intercessão acompanhar-vos durante a vossa vida. É de bom grado que vos concedo a Bênção Apostólica.

4. Neste clima de íntima alegria, sinto-me feliz por expressar as minhas mais cordiais felicitações à Comunidade diocesana de Nocera Inferiore-Sarno, que viu serem elevados às honras dos altares dois dos seus filhos presbíteros:  Afonso Maria Fusco e Tomás Maria Fusco. Não eram parentes, mas Irmãos no Sacerdócio, e a Providência associou-os agora também na glória dos Beatos no Céu. Saúdo o Bispo, D. Gioacchino Illiano, e todos vós, que viestes dessa Diocese em grande número. É com especial afecto que me dirijo às filhas espirituais dos dois novos Beatos:  as Irmãs de São João Baptista e as Filhas da Caridade do Preciosíssimo Sangue.

Caríssimas, a vossa alegria é também minha e da Igreja inteira. Agradeço-vos a fidelidade devota e concreta com que honrastes a memória dos vossos Fundadores, cuja exemplaridade encontrou agora o solene reconhecimento eclesial.

Em Angri, a sua cidade natal, o cónego Afonso Maria Fusco era venerado pelo seu espírito de humildade e simplicidade, que inspirava simpatia e confiança. Com a calma interior típica dos Santos, devida à fé absoluta em Deus e na sua Providência, ele conseguiu realizar o "sonho" da sua vida:  instituir uma Congregação feminina para a assistência e a educação da juventude necessitada. Hoje, as Religiosas Baptistinas levam a sua mensagem a muitas regiões do mundo.

Um apóstolo da caridade foi também o Beato Tomás Maria Fusco. À infinita caridade do Pai, que se tornou visível no Preciossíssimo Sangue de Jesus Cristo, derramado como demonstração de "amor terníssimo", ele respondeu com a dedicação incondicional de si mesmo no ministério sacerdotal e no serviço aos mais pequeninos e aos pobres em geral. Hoje, o seu programa de vida continua graças a vós, amadas Filhas da Caridade do Preciosíssimo Sangue, que o tornais presente e actual na vossa actividade quotidiana.

5. Agora, dirijo-me a vós, Irmãos e Irmãs que exultais com a Beatificação de Eugénia Picco, originária da Igreja ambrosiana e filha adoptiva da Igreja de Parma. Saúdo com carinho os Pastores das vossas Comunidades eclesiais, juntamente com as Pequenas Filhas dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria e com todos vós, dilectos peregrinos vindos para prestar homenagem à nova Beata. Na Congregação fundada pelo venerável Agostinho Chieppi, ela foi animadora sábia e prudente das suas Irmãs, em conformidade com a inspiração recebida do Fundador. Plenamente inserida na Igreja local, fez-se mãe de todos, de maneira particular dos pobres, de quem soube compartilhar os dramas, as lutas e as esperanças. A experiência da enfermidade, especialmente nos últimos anos de vida, temperou a sua alma. Hoje, ela é capaz de ensinar a todos o modo de enfrentar as situações de dificuldade com a ajuda da graça, de servir a Igreja com a força da contemplação e de aproximar os irmãos com o ardor da caridade.

6. Caríssimos Irmãos e Irmãs! Enquanto agradeço ao Senhor os luminosos exemplos de santidade oferecidos pelos novos Beatos, renovemos-lhe a oração pela paz:  "Da pacem Domine in diebus nostris! Concedei-nos, Senhor, a paz nos nossos dias!".

Acompanhe-nos e sustente-nos sempre a Virgem Maria, afectuosamente amada pelos novos Beatos. Confio-vos a todos à sua materna protecção enquanto, de coração, vos abençoo, juntamente com as vossas Comunidades eclesiais, religiosas e familiares.

 

 



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