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PAPA BENTO XVI

ANGELUS

Praça de São Pedro
Domingo, 25 de Outubro de 2008

 

 Queridos irmãos e irmãs!

Com a celebração eucarística na Basílica de São Pedro concluiu-se esta manhã a XII Assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que teve por tema "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja". Cada Assembleia sinodal é uma forte experiência de comunhão eclesial, mas esta ainda mais porque no centro da atenção foi colocado aquilo que ilumina e guia a Igreja:  a Palavra de Deus, que é Cristo em pessoa. E nós vivemos todos os dias em escuta religiosa, sentindo toda a graça e beleza de sermos seus discípulos e servos. Segundo o significado originário da palavra "igreja", experimentamos a alegria de ser convocados pela Palavra e, especialmente na liturgia, encontrámo-nos a caminho dentro dela, como na nossa terra prometida, que nos faz pregustar o Reino dos céus.

Um aspecto sobre o qual muito se reflectiu foi a relação entre a Palavra e as palavras, ou seja, entre o Verbo divino e as escrituras que o exprimem. Como ensina o Concílio Vaticano II na Constituição Dei Verbum (n. 12), uma boa exegese bíblica exige quer o método histórico-crítico quer o teológico, porque a Sagrada Escritura é Palavra de Deus em palavras humanas. Isto exige que cada texto deva ser lido e interpretado tendo presentes a unidade de toda a Escritura, a tradição viva da Igreja e a luz da fé. Se é verdade que a Bíblia é também uma obra literária, aliás, o grande código da cultura universal, é também verdade que ela não deve ser despojada do elemento divino, mas deve ser lida com o mesmo espírito no qual foi composta. Exegese científica e lectio divina são portanto ambas necessárias e complementares para receber, através do significado literal, o espiritual, que Deus nos quer comunicar hoje.

No final da Assembleia sinodal, os Patriarcas das Igrejas Orientais lançaram um apelo, que faço meu, para chamar a atenção da comunidade internacional, dos leaders religiosos e de todos os homens e mulheres de boa vontade sobre a tragédia que se está a consumar nalguns países do Oriente, onde os cristãos são vítimas de intolerâncias e de cruéis violências, mortos, ameaçados e obrigados a abandonar as suas casas e a errar à procura de refúgio. Penso neste momento sobretudo no Iraque e na Índia. Estou certo de que as antigas e nobres populações daquelas Nações aprenderam, ao longo de séculos de respeitosa convivência, a apreciar a contribuição que as pequenas mas laboriosas e qualificadas minorias cristãs dão para o crescimento da pátria comum. Elas não pedem privilégios, mas desejam apenas poder continuar a viver no seu país e juntamente com os seus concidadãos, como fizeram sempre. Às Autoridades civis e religiosas em questão peço que não poupem esforço algum para que a legalidade e a convivência civil sejam depressa restabelecidas e os cidadãos honestos e leais saibam que podem contar com uma adequada protecção da parte das instituições do Estado. Depois, faço votos por que os Responsáveis civis e religiosos de todos os países, conscientes do seu papel de guia e de ponto de referência para as populações, realizem gestos significativos e explícitos de amizade e de consideração em relação às minorias, cristãs ou de outras religiões, e se tornem orgulhosos defensores dos seus legítimos direitos.

Além disso, sinto-me feliz por comunicar também a vós, aqui presentes, o que já anunciei há pouco durante a Santa Missa:  em Outubro do próximo ano terá lugar em Roma a II Assembleia Especial do Sínodo para a África. Antes daquela data, se Deus quiser no mês de Março, é minha intenção ir à África, visitando primeiro os Camarões, onde entregarei aos Bispos do Continente o Instrumentum laboris do Sínodo, e depois Angola, por ocasião do V centenário de evangelização daquele país. Confiamos os sofrimentos acima recordados, assim como as esperanças que todos trazemos no coração, em particular as perspectivas para o Sínodo da África, à intercessão de Maria Santíssima.


Depois do Angelus

Saúdo agora os peregrinos de língua portuguesa, de modo especial os brasileiros de São Carlos, de São José do Rio Preto e o grupo da Diocese de Barretos, guiados pelo Bispo diocesano D. Edmilson Amador Caetano. Faço votos que nesta homenagem filial à Virgem Maria saibam oferecer um testemunho sincero e válido da vossa fé, revestindo-vos em todos os momentos do amor e da paz de Jesus Cristo. Que Deus vos abençoe!

 

 



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