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MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II
PARA O DIA MISSIONÁRIO MUNDIAL 2005

«Missão: Pão partido para a vida do mundo»

 

A título de documentação, dá-se a conhecer que a 22 de Fevereiro, festa da Cátedra de São Pedro, o Papa João Paulo II assinou a anual Mensagem para o Dia Missionário Mundial, estabelecendo que fosse publicada em 15 de Abril de 2005 a fim de permitir que os episcopados a difundam em tempo útil para uma adequada preparação da celebração de Outubro (quarto domingo do mês).
 

Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. O Dia Missionário Mundial, no corrente ano dedicado à Eucaristia, ajuda-nos a compreender melhor o sentido «eucarístico» da nossa existência, revivendo o clima do Cenáculo, quando Jesus, na vigília da sua paixão, se ofereceu a si mesmo ao mundo: «Na noite em que era entregue, tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim"» (1 Cor 11, 23-24).

Na recente Carta Apostólica Mane nobiscum Domine, convidei a contemplar Jesus, «pão partido» para a humanidade inteira. Seguindo o seu exemplo, também nós devemos dar a vida pelos irmãos, especialmente pelos mais necessitados. A Eucaristia contém em si «o sinal da universalidade» e, de modo sacramental, prefigura aquilo que há-de acontecer, «quando os que participam da natureza humana, regenerados em Cristo pelo Espírito Santo, contemplando unanimemente a glória de Deus, puderem dizer: "Pai nosso"» (Ad gentes, 7). De tal forma, enquanto faz compreender plenamente o sentido da missão, a Eucaristia impele cada indivíduo crente, e de maneira especial os missionários, a ser «pão partido para a vida do mundo».

A humanidade tem necessidade de Cristo, «pão partido»

2. Na nossa época, a sociedade humana parece envolvida por trevas densas, enquanto é abalada por acontecimentos dramáticos e confundida por calamidades naturais catastróficas. Contudo, assim como fez «na noite em que era entregue» (1 Cor 11, 23), também hoje Jesus «parte o pão» (cf. Mt 26, 26) por nós e, nas Celebrações eucarísticas, oferece-se a si mesmo sob o sinal sacramental do seu amor por todos. Por isso, desejei recordar que «a Eucaristia não é expressão de comunhão apenas na vida da Igreja; é também projecto de solidariedade em prol da humanidade inteira» (Mane nobiscum Domine, 27); é «pão do céu» que, dando a vida eterna (cf. Jo 6, 33), abre o coração dos homens a uma grande esperança.

O próprio Redentor, que à vista da multidão necessitada sentiu compaixão, «pois ela estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor» (Mt 9, 36), presente na Eucaristia, continua ao longo dos séculos a manifestar compaixão pela humanidade pobre e sofredora.

E é em seu nome que os agentes no campo da pastoral e os missionários percorrem caminhos inexplorados, para levar o «pão» da salvação a todos. Eles são animados pela consciência de que, unidos a Cristo, «centro não só da história da Igreja, mas também da história da humanidade (cf. Ef 1, 10; Cl 1, 15-20)» (Mane nobiscum Domine, 6), é possível satisfazer as expectativas mais íntimas do coração humano. Somente Jesus pode saciar a fome de amor e a sede de justiça dos homens; somente Ele torna possível a cada pessoa a participação na vida eterna: «Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente» (Jo 6, 51).

Juntamente com Cristo, a Igreja faz-se «pão partido»

3. Quando celebra a Eucaristia, de modo especial no domingo, dia do Senhor, a Comunidade eclesial experimenta à luz da fé o valor do encontro com Cristo crucificado e adquire cada vez mais consciência de que o Sacrifício eucarístico é «por muitos» (Mt 26, 28). Se nos alimentamos do Corpo e do Sangue do Senhor crucificado e ressuscitado, não podemos conservar este «dom» somente para nós. Pelo contrário, é necessário difundi-lo. O amor apaixonado por Cristo leva ao anúncio corajoso de Cristo; anúncio que, com o martírio, se torna oferta suprema de amor a Deus e aos irmãos. A Eucaristia leva a uma acção evangelizadora generosa e a um compromisso efectivo na edificação de uma sociedade mais equitativa e fraterna.

Formulo votos cordiais, a fim de que o Ano da Eucaristia estimule todas as comunidades cristãs a ir ao encontro, «com operosidade fraterna [...] das muitas pobrezas do nosso mundo» (Mane nobiscum Domine, 28). E isto porque «do amor mútuo e, em particular, da solicitude por quem passa necessidade, seremos reconhecidos como verdadeiros discípulos de Cristo (cf. Jo 13, 35; Mt 25, 31-46). Com base neste critério, será comprovada a autenticidade das nossas celebrações eucarísticas» (Mane nobiscum Domine, 28).

Os missionários, «pão partido» para a vida do mundo

4. Também hoje Cristo ordena aos seus discípulos: «Dai-lhes vós mesmos de comer» (Mt 14, 16). Em seu nome, os missionários partem rumo a muitas partes do mundo, para anunciar e dar testemunho do Evangelho. Com a sua acção, eles fazem ressoar as palavras do Redentor: «Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, não mais terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede» (Jo 6, 35); eles mesmos tornam-se «pão partido» para os irmãos, chegando por vezes até ao sacrifício da vida.
Quantos mártires missionários, neste nosso tempo! O seu exemplo leve numerosos jovens a percorrer o caminho da fidelidade heróica a Cristo! A Igreja tem necessidade de homens e de mulheres que estejam dispostos a consagrar-se totalmente à grande causa do Evangelho.

O Dia Missionário Mundial constitui uma circunstância oportuna para tomar consciência da necessidade urgente de participar na missão evangelizadora, em que se encontram comprometidas as Comunidades locais e os numerosos Organismos eclesiais e, de modo particular, as Pontifícias Obras Missionárias e os Institutos Missionários. Trata-se de uma missão que, além da oração e do sacrifício, espera também um apoio material concreto. Uma vez mais, aproveito o ensejo para frisar o serviço prestado pelas Pontifícias Obras Missionárias e convido todos a assisti-las com uma cooperação espiritual e material generosa.

A Virgem, Mãe de Deus, nos ajude a reviver a experiência do Cenáculo, para que as nossas Comunidades eclesiais se tornem autenticamente «católicas»; ou seja, Comunidades em que a «espiritualidade missionária», que é «comunhão íntima com Cristo» (Redemptoris missio, 88), se põe em íntima relação com a «espiritualidade eucarística», que tem como modelo Maria, «mulher "eucarística"» (Ecclesia de Eucharistia, 53); Comunidades que permanecem abertas à voz do Espírito e às necessidades da humanidade; e Comunidades onde os fiéis, e especialmente os missionários, não hesitam em fazer-se «pão partido para a vida do mundo».

Concedo-vos a todos a minha Bênção!

Vaticano, 22 de Fevereiro de 2005, Festa da Cátedra de São Pedro.

 

IOANNES PAULUS II



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