DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
A UM GRUPO DE ESTUDANTES ORTODOXOS
Domingo, 20 de Maio de 1979
Caríssimos
Do fundo do coração vos dou as boas-vindas e cordialmente vos saúdo. Teólogos empenhados em diferentes modos ao serviço da vossa Igreja, viestes a esta cidade para vos especializar, e ao mesmo tempo para conhecer de modo directo o grande esforço de reflexão teológica e de renovação pastoral, conduzido a todos os níveis da vida da Igreja católica, sobretudo depois do recente Concílio. Esforço de aprofundamento espiritual, de tensão purificante para o que é essencial, de fidelidade cada vez mais dinâmica e coerente ao nosso único Senhor e em todos os aspectos da sua mensagem de salvação, que devemos anunciar aos homens e às mulheres de hoje.
Neste vasto campo da missão da Igreja no mundo contemporâneo, as possibilidades de colaboração entre a Igreja Católica e as veneráveis Igrejas ortodoxas, a que pertenceis, são vastas, pois nascem da comunhão, se bem que ainda não total, que já nos une. Por outro lado, é exactamente esforçando-nos por viver e apresentar juntos a realidade do Evangelho dada à Igreja e transmitida, de geração em geração, até nós, que poderemos dissipar melhor e superar as divergências herdadas das incompreensões do passado.
Não só esta colaboração é possível desde este momento, como também é necessária, se verdadeiramente nós quisermos ser fiéis a Cristo. Ele quer a nossa unidade. Rezou pela nossa unidade. Hoje mais do que nunca, num mundo que reclama autenticidade e coerência, a nossa divisão é um contratestemunho intolerável. E como se negássemos na nossa vida, aquilo que professamos e anunciamos.
Quis comunicar-vos estes pensamentos, recebendo-vos aqui pela primeira vez, para vos pedir que comuniqueis aos vossos Bispos e aos vossos Patriarcas, a minha firme vontade de colaborar com eles no progresso em direcção a uma unidade plena, manifestando na vida das nossas Igrejas aquela unidade que existe já entre nós. É necessário que essa caridade sem engano, na qual nos encontramos e reencontramos durante estes últimos anos, se torne inventiva e corajosa para procurar caminhos seguros e rápidos que nos conduzam à comunhão plena que selará a nossa fidelidade ao nosso único Senhor.
Eis a mensagem que vos peço transmitais àqueles que vos enviaram a estudar nos diferentes Institutos da Igreja de Roma, a Igreja que preside à caridade.
A vós, caros estudantes, desejo que esta estadia romana seja fecunda, sobretudo para o vosso crescimento em Cristo sob a acção do Espírito Santo. Uma sólida vida espiritual pessoal é condição indispensável para todo o trabalho teológico e a fonte na qual todo o verdadeiro serviço da Igreja deve continuamente alimentar-se e renovar-se. E possa esta estadia ser também frutuosa para a vossa preparação para os cargos que amanhã vos serão confiados.
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