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PEREGRINAÇÃO APOSTÓLICA DO SANTO PADRE
À ÁSIA ORIENTAL OCEANIA E AUSTRÁLIA
(25 DE NOVEMBRO A 5 DE DEZEMBRO DE 1970)

SANTA MISSA NO «STADIUM» EM JACARTA, INDONÉSIA

HOMILIA DO PAPA PAULO VI

Quinta-feira, 3 de Dezembro de 1970

 

Queridos Filhos e Filhas

É uma grande alegria para o Papa encontrar-se aqui no meio de vós e poder unir a sua oração às vossas, para dar graças a Deus.

Ao celebrarmos este rito religioso, o mais sagrado e, ao mesmo tempo, o mais comunitário, o mais social e o mais fraternal, o Santo Sacrifício da Missa, quereríamos responder a uma pergunta, que deve surgir, talvez, no íntimo dos vossos corações: porque foi que o Papa veio de tão longe até nós ? Qual é a finalidade da sua viagem? Terá ele um interesse material? Procura ele, por acaso, a fama e o prestígio?

A razão da Nossa vinda aqui é simplesmente esta: impelido pelo mesmo motivo que, outrora, movia os vossos missionários, animado pela mesma convicção da vossa comunidade católica, Nós cremos, com toda a força do Nosso espírito, que os homens têm uma aspiração suprema, primária e evidente, que não pode ser satisfeita senão por Jesus Cristo, primogénito entre os homens, chefe da humanidade nova, em que a pessoa humana realiza a sua própria plenitude, porque « o mistério do homem só se esclarece verdadeiramente no mistério do Verbo Incarnado » (Gaudium et Spes, n. 22).

Embora Filho de Deus, Jesus Cristo quis fazer-se um de nós para nos resgatar. Compartilhou connosco a condição humana, inserindo-se no mundo do seu tempo, falando a língua da sua província e haurindo na vida local os exemplos para ilustrar os seus ensinamentos de justiça, de verdade, de esperança e de caridade.

A sua doutrina, difundida hoje através do mundo, adapta-se, também ela, na sua expressão, a todas as línguas, a todas as tradições e culturas. Nenhum livro foi traduzido em tantos idiomas como o seu Evangelho e nenhuma oração foi recitada em tantas línguas como o « Pai-Nosso », ensinado pelo próprio Jesus Cristo.

Também o cristão não é um estranho entre os seus. Compartilha com eles todos os costumes honestos e cultiva, como bom cristão, o amor da sua pátria. Entretanto, professa uma fé católica, quer dizer, a mesma que é professada pelo africano, pelo americano e pelo europeu. Como é possível isto? É-o, porque o homem da história, que se chamava Jesus de Nazaré, era, ao mesmo tempo, o Filho de Deus. Porque o homem, que nós somos, criado por Deus, foi criado para Deus e é, no seu próprio ser, atraído por Aquele que o chamou à existência. Este elemento é tão pessoal e tão essencial, que todo o homem que exclui Deus da sua vida arrisca-se a rejeitar também os seus semelhantes como seus irmãos.

Jesus Cristo vem às nossas vidas como resposta àqueles germes de apelo, colocados por Deus no coração de cada um de nós (cfr. Ad Gentes, n. 11). A Sua palavra, que é a revelação do Deus de amor, e a Sua graça, que é a comunicação da própria vida de Deus, pelo Espírito Santo e mediante os Sacramentos, edificam a comunidade do Povo de Deus, que se chama Igreja, unida por um só Baptismo, uma só fé e um só Senhor e que vive para um só « Deus e Pai de todos, que está acima de todos, actua em todos e está em todos » (Ef 4, 5-6).

E qual é a resposta que nós, membros deste Povo Santo, devemos dar ? Corresponder à graça de Deus, pela fidelidade à Sua Palavra que nos salva, por meio de um comportamento de «homens novos ». A santidade infinita de Deus, que nos é comunicada, deve corresponder a nossa santidade infinita, tomando por modelo a de Jesus Cristo. E, então, tudo se transforma e se ilumina: a vida das pessoas, a vida das famílias, o uso dos bens deste mundo, as nossas relações com os outros, toda a vida da sociedade, porque é o homem integral que Cristo liberta, eleva e salva. O que viemos anunciar-vos, dilectos Filhos, é Jesus Cristo! Ele é o nosso Salvador e, ao mesmo tempo, o nosso Senhor. E « o Caminho, a Verdade e a Vida » (Jo 14, 6), e quem O segue não andará nas trevas (cfr. Ibid 8, 12). Desejaríamos que esta verdade ficasse gravada nas vossas almas, para sempre!

 



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