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que esta será sempre inexaurÃvel, mas por entrar,
todo inteiro, na luz.
34.âÂÂA luz do amor, própria da fé, pode ilumi-
nar as perguntas do nosso tempo acerca da ver-
dade. Muitas vezes, hoje, a verdade é reduzida a
autenticidade subjectiva do indivÃduo, válida ape-
nas para a vida individual. Uma verdade comum
mete-nos medo, porque a identificamos â como
dissemos atrás â com a imposição intransigen-
te dos totalitarismos; mas, se ela é a verdade do
amor, se é a verdade que se mostra no encontro
pessoal com o Outro e com os outros, então fica
livre da reclusão no indivÃduo e pode fazer parte
do bem comum. Sendo a verdade de um amor,
não é verdade que se impõe pela violência, não
é verdade que esmaga o indivÃduo; nascendo do
amor pode chegar ao coração, ao centro pessoal
de cada homem; daqui resulta claramente que a
fé não é intransigente, mas cresce na convivência
que respeita o outro. O crente não é arrogante;
pelo contrário, a verdade torna-o humilde, sa-
bendo que, mais do que possuirmo-la nós, é ela
que nos abraça e possui. Longe de nos endure-
cer, a segurança da fé põe-nos a caminho e torna
possÃvel o testemunho e o diálogo com todos.
Por outro lado, enquanto unida à verdade do
amor, a luz da fé não é alheia ao mundo material,
porque o amor vive-se sempre com corpo e alma;
a luz da fé é luz encarnada, que dimana da vida
luminosa de Jesus. A fé ilumina também a maté-
ria, confia na sua ordem, sabe que nela se abre