Estimados irmãos e irmãs!

Saúdo com carinho e gratidão todos vós, representantes de várias conferências de religiosos e religiosas e de numerosos institutos de vida consagrada, apostólica e contemplativa, reunidos para refletir sobre um tema que me é muito caro: como construir comunidades onde a dignidade de cada pessoa, especialmente dos menores e dos mais vulneráveis, seja salvaguardada e promovida.

A dignidade é um dom de Deus, que criou o ser humano à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 26). Não é algo que se obtém por mérito ou por força, nem depende do que possuímos ou realizamos. É um dom que nos precede: nasce do olhar de amor com que Deus nos quis, um por um, e continua a querer-nos. Em cada rosto humano, até quando é marcado pelo cansaço ou pela dor, há o reflexo da bondade do Criador, uma luz que escuridão alguma pode ofuscar.

Também o cuidado e a tutela do homem para com o seu próximo são fruto de um olhar que sabe reconhecer, de um coração que sabe ouvir. Nascem do desejo de se aproximar com respeito e ternura, de compartilhar os fardos e as esperanças do outro. É quando assumimos a responsabilidade pela vida do próximo que aprendemos a verdadeira liberdade, aquela que não domina mas serve, não possui mas acompanha.

A vida consagrada, expressão do dom total de si a Cristo, é chamada de maneira especial a ser lar acolhedor e lugar de encontro e graça. Quem segue o Senhor no caminho da castidade, pobreza e obediência descobre que o amor autêntico nasce do reconhecimento dos próprios limites: do saber que somos amados até na debilidade, e é precisamente isto que nos torna capazes de amar os outros com respeito, delicadeza e coração livre.

Portanto, aprecio e encorajo o vosso propósito de compartilhar experiências e percursos de aprendizagem sobre o modo como prevenir todas as formas de abuso e prestar contas, com verdade e humildade, dos caminhos de tutela empreendidos. Exorto-vos a levar em frente este compromisso a fim de que as comunidades se tornem cada vez mais exemplo de confiança e diálogo, onde cada pessoa seja respeitada, ouvida e valorizada. Onde se vive a justiça com misericórdia, a ferida transforma-se em fenda de graça.

Convido-vos também a continuar a colaboração com a Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, que promove e acompanha com dedicação o caminho de crescimento de toda a Igreja na cultura da salvaguarda.

Confio-vos a Cristo, Pastor e Esposo da Igreja, e a Maria Santíssima, Mãe de cada consagrado e consagrada, e a todos vós concedo de coração a minha bênção.

Vaticano, 15 de novembro de 2025

LEÃO PP. XIV

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L'Osservatore Romano