CONFERÊNCIA DE IMPRENSA NO VOO ISTAMBUL-BEIRUTE
Segunda-feira, 1 de dezembro de 2025
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Matteo Bruni:
Boa tarde a todos. Sejam bem-vindos. Concluímos esta primeira etapa da viagem e agradecemos ao Santo Padre pela sua presença entre nós e por ter-nos dado a oportunidade de acompanhá-lo nesta primeira parte da sua viagem.
Não sei se o senhor deseja dizer algumas palavras... Depois, há alguns jornalistas que prepararam... [algumas perguntas]
Santo Padre:
Boa tarde, boa tarde a todos. Vou falar em inglês para começar e penso que a maioria de vocês compreende. Estou feliz por vos saudar. Espero que todos tenham tido uma estadia na Turquia tão boa quanto eu: penso que foi uma experiência maravilhosa. Como sabem, a principal razão para vir à Turquia foi o 1.700º aniversário do Concílio de Niceia. Tivemos uma celebração magnífica, muito simples, mas muito profunda, no local de uma das antigas basílicas de Niceia, para comemorar o grande evento do acordo de toda a comunidade cristã e a profissão de fé, o Credo Niceno-Constantinopolitano.
Além disso, é claro, houve muitos outros eventos que celebramos. Pessoalmente, quero expressar a todos a minha gratidão por todo o trabalho que foi feito na planificação da visita, começando pelo Núncio, pelo pessoal da Nunciatura, por toda a equipa de Roma que, é claro, fez toda a organização, mas de uma forma muito especial ao governo da Turquia, ao presidente Erdogan e a tantas pessoas que ele colocou à nossa disposição para garantir que a viagem fosse um sucesso total, o seu helicóptero pessoal, muitos meios de transporte, organização, etc., a presença dos ministros em vários momentos ao longo da visita, por isso penso que foi um grande sucesso.
Fiquei muito feliz por ter tido os vários momentos que tivemos com as diferentes Igrejas, com as distintas comunidades cristãs, com as Igrejas Ortodoxas, culminando esta manhã na Divina Liturgia com o patriarca Bartolomeu. Foi, portanto, uma celebração maravilhosa e espero que todos vocês tenham partilhado essa mesma experiência. Por isso, eu agradeço-vos. Não sei se há alguma pergunta ou comentário. Mas apenas umas poucas, porque estão à minha espera para mais fotos.
Matteo Bruni:
Temos uma primeira pergunta de Baris Seçkin, um jornalista turco da agência de notícias Anadolu Ajansi.
Baris Seçkin (Anadolu Ajansi):
Muito obrigado. No início da sua viagem papal, o senhor fez referência à paz mundial e regional. A este respeito, qual é o seu comentário sobre o papel da Turquia na consecução e manutenção da paz mundial e regional, e quais foram as suas discussões com o presidente Erdogan sobre este assunto? Obrigado.
Santo Padre:
Nesta viagem, ao vir à Turquia e, claro, agora ao Líbano, havia naturalmente um tema especial, se assim entenderem: o de ser um mensageiro da paz, de querer promover a paz em toda a região. A Turquia tem várias, por assim dizer, qualidades: é um país onde a grande maioria é muçulmana, mas onde existem numerosas comunidades cristãs, embora sejam uma minoria muito pequena. E, ainda assim, pessoas de diferentes religiões conseguem viver em paz. E este é um exemplo, diria eu, do que todos nós desejaríamos para todo o mundo.
Ou seja, apesar das diferenças religiosas, apesar das diferenças étnicas, apesar de muitas outras diferenças, as pessoas podem realmente viver em paz. A própria Turquia teve na sua história, é claro, vários momentos em que as coisas foram assim, mas ter vivido esta experiência e ter podido falar também com o presidente Erdogan sobre a paz foi, penso eu, um elemento importante, um elemento valioso da minha visita.
Matteo Bruni:
Obrigado Baris, obrigado Santidade. A outra pergunta é de Seyda Canepa, da televisão turca:
Seyda Canepa:
Santidade, com o presidente Erdogan, para além das declarações oficiais, falaram sobre a situação em Gaza, visto que o Vaticano e a Turquia têm a mesma visão sobre a solução dos dois povos, dois Estados? E depois, sobre a Ucrânia, o Vaticano mais do que uma vez sublinhou o papel da Turquia, a começar pela abertura do corredor do trigo no início do conflito. Então, o senhor vê esperanças para uma trégua na Ucrânia e para um processo de paz mais rápido em Gaza neste momento? Muito obrigado.
Santo Padre:
Obrigado! Certamente falámos sobre ambas as situações. Há vários anos que a Santa Sé apoia publicamente a proposta de uma solução de dois Estados. Todos sabemos que, neste momento, Israel ainda não aceita esta solução, mas vemo-la como a única solução que poderia oferecer – digamos – uma solução para o conflito que vivem continuamente. Somos também amigos de Israel e procuramos, com as duas partes, ser uma voz mediadora que possa ajudar a aproximar-nos de uma solução com justiça para todos. Falámos sobre isso com o presidente Erdogan, que certamente concorda com esta proposta. A Turquia tem um papel importante a desempenhar neste sentido.
O mesmo aplica-se à Ucrânia. Há alguns meses, com a possibilidade de diálogo entre as partes ucraniana e russa, o presidente [Erdogan] ajudou muito a reunir as duas partes. Infelizmente, ainda não vimos uma solução, mas hoje há novamente propostas concretas para a paz. Esperamos que o presidente Erdogan, com a sua relação com os presidentes da Ucrânia, da Rússia e dos Estados Unidos, possa ajudar nesse sentido a promover o diálogo, o cessar-fogo e a encontrar uma solução para este conflito, esta guerra na Ucrânia. Obrigado.
Saúdo a todos. Boa viagem! O Matteo Bruni sugeriu que eu dissesse algumas palavras sobre a importante reunião ecuménica em Niceia. Ontem de manhã, conversámos sobre possíveis encontros futuros. Um deles seria em 2033, dois mil anos da Redenção, da Ressurreição de Jesus Cristo, que é evidentemente um evento que todos os cristãos queremos celebrar. A ideia foi bem recebida, ainda não fizemos o convite, mas existe a possibilidade de celebrar, por exemplo, em Jerusalém, em 2033, este grande evento da Ressurreição. Ainda há anos para nos prepararmos. Mas foi um encontro muito bonito, porque cristãos de diferentes tradições estiveram presentes e também puderam participar deste momento.
Obrigado! Obrigado a todos.
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