ENCONTRO "A ESPERANÇA É ITINERANTE, MEU PAI E MINHA MÃE ERAM ARAMEUS ERRANTES” (cf. Dt 26,5)
DISCURSO DO PAPA LEÃO XIV
AOS PARTICIPANTES NO JUBILEU DE ROMA, SINTI E CAMINANTI
Sala Paulo VI
Sábado, 18 de outubro de 2025
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Diálogo com as crianças durante o encontro com os ciganos
No final do encontro com os ciganos, o Papa respondeu a perguntas feitas por quatro crianças e jovens presentes.
[Em francês] Bom dia, Santo Padre! Nós, jovens, como podemos fazer para ser mais amigos de Jesus?
Perdoa-me, mas responderei em italiano! Ser mais amigos de Jesus. Acho que é uma pergunta muito importante. E a própria pergunta ajuda a abrir o coração. Ser amigo de Jesus começa com ser amigo. É muito importante que todos aprendam a ser amigos, a respeitar uns aos outros e a ver como é bom ter uma verdadeira amizade. Além disso, ser amigo de Jesus significa conhecer Jesus. Não podemos ser amigos de alguém que não conhecemos. Ser amigo significa procurar conhecer o outro, e que o outro me conheça. E, portanto, o diálogo com Jesus, que acontece sobretudo na oração, é um elemento importante. A sinceridade! Nenhuma amizade será boa, se não houver verdade e sinceridade. Por conseguinte, como jovens, é preciso ver como procurar ser sempre sincero com a verdade na própria vida, com os próprios amigos. Ser sincero com Jesus significa ser humilde, entrar em diálogo com Jesus na oração, com a Palavra de Deus. E depois, este é um valor importante para as vossas realidades, procurar Jesus inclusive na comunidade. Jesus, através da Igreja, apresenta-se a nós e, portanto, amar Jesus, ser amigo de Jesus, significa ser amigo na Igreja: e assim na vida na Igreja, nos Sacramentos, na Santa Missa. Também procurar a ajuda da Igreja é um caminho muito importante para ser sempre amigo de Jesus. Obrigado!
[Em italiano] Bom dia, Papa Leão! Gostaria de te dizer algo: nós, crianças, podemos crescer num mundo sem guerras? Podemos fazer algo para que isto aconteça?
Bem, obrigado por esta pergunta. Para as crianças é muito importante, mas também para nós, adultos. Todos queremos viver num mundo sem guerra... [aplauso]. Isto é para ti! E certamente devemos procurar sempre ser promotores da paz, construtores de pontes, firmemente convictos de que a paz é possível, que não é apenas um sonho, que podemos viver em paz. Então, para viver em paz, também nós devemos encontrar a maneira de ser pessoas de paz. Se quisermos mudar o mundo, deveremos começar por nós mesmos, com os amigos, os colegas de estudo, na família, entre as famílias. É muito importante que procuremos sempre esta capacidade de diálogo, de respeito mútuo e de promover os valores que nos ajudam a construir um mundo de paz. Acredito que isto é possível e espero que um dia todos encontremos, vejamos um mundo onde reine a paz e onde todos possamos viver em paz. Obrigado!
[Em italiano] Papa Leão, como se acolhe quem é diferente? Como se superam os preconceitos em relação a quem pertence a uma minoria não amada?
Bem, muito bem, obrigado por esta pergunta! De certa forma, penso que esta pergunta é de um adulto, porque as crianças não se preocupam tanto com quem é diferente! Quando as crianças veem outra criança, querem brincar, desejam ver como fazer amizade, não se preocupam com a diversidade, mas dizem: «Todos nós somos crianças, podemos brincar juntos, podemos viver juntos em paz», e isto é muito bonito nas crianças! E, na maioria das vezes, somos nós, adultos, que começamos a dizer: «Mas ele é assim, ou ela é assim... esta cultura, esta nação... esta religião são diferentes...», e começamos a fazer certas separações, certos julgamentos. Acho que a atitude de uma criança é realmente correta, é Jesus que o diz no Evangelho: «Quem agir como uma criança pertence ao Reino de Deus»; portanto, procurar deixar um pouco de lado esta distinção de quem é diferente e começar com o respeito por todos os seres humanos. Cada ser humano nasceu à imagem de Deus. Se alguém é pobre, se alguém vem de uma família rica, se alguém tem propriedades, se alguém não as tem, somos todos irmãos e irmãs. Então, se respeitarmos esta fraternidade de todos, veremos que também aí o mundo poderá mudar. Obrigado!
[Em espanhol] Santidade, gostaria de lhe perguntar o que nós, crianças, devemos fazer para amar mais os pobres?
[Em italiano] Como fazer para amar mais os pobres.
[Em espanhol] Se quiserdes, posso responder em espanhol. A primeira parte da resposta vem um pouco da última pergunta, ou seja, que as distinções somos nós, adultos, que as fazemos. Somos todos seres humanos, ricos e pobres. E amar os pobres significa amar um irmão, uma irmã, sem fazer tais distinções e respeitar a pessoa porque é filho de Deus, filha de Deus!
Significa também deixar um pouco de lado certos preconceitos que podemos ter; às vezes pensamos: «Ah, não, não vou aproximar-me dele, porque tem uma casa um pouco feia ou não tem uma casa. Tem isto, aquilo, não se veste bem, segundo as últimas modas...».
E o Senhor ensina-nos algo muito diferente: no Evangelho, Jesus nunca faz tais distinções. Ama a todos, quer ser amigo de todos. Aproxima-se de todos. E aí há uma lição que todos podemos aprender: oferecem-te um pedaço de pão, vais a outra casa e talvez te ofereçam um banquete... pois bem, é preciso aprender a aceitar o que nos é oferecido, aproximando-nos com o coração aberto.
Ao dizer que todas as pessoas são boas, podemos descobrir a bondade em cada pessoa. Aproximemo-nos para caminhar com o outro — com respeito pela dignidade da pessoa — e para reconhecer que, aos olhos de Deus, não existe esta distinção. Pelo contrário, o Senhor ensina-nos a amar a todos, a ser amigos de todos e a não procurar eliminar nem evitar as pessoas que, devido à pobreza económica ou de outros tipos, talvez estejam um pouco mais distantes. Que possamos aprender isto: amar a todos, como nossos irmãos. Obrigado!
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L'Osservatore Romano
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